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Beatriz N Ferreira Edema, Hiperemia e Congestão Edema: ● Acúmulo de líquidos nos tecidos (edemas) ou nas cavidades corporais fechadas (efusões). ● Os distúrbios que afetam as funções cardiovasculares, renal ou hepática geralmente são marcados por esses episódios. ● Normal: ➔ Pressão hidrostática vascular (empurra água e saias de dentro dos capilares para o espaço intersticial) → esse feito é balanceado pela pressão coloido-osmótica plasmática (puxa água e sais de volta para o leito venoso) ➔ Há um pequeno espalhamento de líquido no interstício que é drenado pelos vasos linfáticos e retorna para a corrente sanguínea através do ducto torácico - mantendo os tecidos "secos". ● Alteração: ➔ Pressão hidrostática elevada ou pressão coloido-osmótica diminuída rompe esse balanço e resulta no aumento da saída de líquido dos vasos. ➔ Se a taxa de saída de líquido exceder a capacidade de drenagem linfática, o líquido se acumula: tecidos → edema; superfície serosa envolvida/cavidade → efusão. ● O acúmulo de líquido pode ser inflamatório ou não inflamatório. 1) Exsudatos: Inflamatório ❏ Líquidos ricos em proteína, constituído por água, eletrólitos, nutrientes, gases dissolvidos e células inflamatórias. ❏ Geralmente turvas devido à presença dos leucócitos. ❏ Aumento da permeabilidade capilar através da contração das células endoteliais durante a inflamação (por isso ocorre seu acúmulo). ❏ Localizados em um tecido ou em suas vizinhanças, mas em estados de inflamação sistêmica. Ex: Sepse, que produz lesão e disfunção endotelial generalizada, edema generalizado pode aparecer com consequência graves. Beatriz N Ferreira 2) Transudatos: Não inflamatório ❏ Líquidos pobres em proteína. Constituído de água, eletrólitos e gases dissolvidos, moléculas de baixo peso molecular e não contém leucócitos. ❏ Geralmente translúcidas e cor de palha. - Exceção: são efusões peritoneais causadas pelo bloqueio linfático (efusão quilosa) que podem ser leitosas devido à presença de lipídios absorvidos pelo intestino. ❏ Desequilíbrio das Forças de Starling → Causas não inflamatórias (Pressão hidrostática elevada, pressão coloido-osmótica reduzida e alteração da drenagem linfática). ❏ Edemas e efusões não inflamatórias são comuns em muitas doenças, incluindo insuficiência cardíaca, hepática, doenças renais e desnutrição grave. Beatriz N Ferreira ● Sinal de Cacifo: ➔ Digitopressão (1 à 5 segundos): Escala: ❏ + 1 (depressão de 2mm). ❏ + 2 (depressão de 4mm). ❏ + 3 (depressão de 6mm). ❏ + 4 (depressão de 8 mm). ● Causas do Edema: ➔ Aumento da pressão Hidrostática. ❏ Causado principalmente por disfunções que impedem o retorno venoso. ❏ Se a obstrução for localizada (Ex: TVP - trombose venosa profunda, em uma extremidade inferior), então o edema resultante estará limitado à parte afetada. Beatriz N Ferreira ❏ Já condições que levam ao aumento sistêmico da pressão venosa (Ex: Insuficiência cardíaca congestiva ICC - coração não consegue bombear adequadamente o sg para a circulação, retorna muito sangue do ventrículo para o átrio e acaba ganhando circulação pulmonar, aumentando a pressão hidrostática no capilar pulmonar, excedendo a capacidade de drenagem linfática) estão compreensivamente associadas com edemas mais generalizados. ➔ Redução da Pressão Osmótico Plasmática. ❏ Sob normalidade, a albumina é responsável por quase metade da proteína total do plasma → condições que levam à síntese inadequada de ou ao aumento da perda de albumina da circulação são causas comuns da redução da pressão oncótica do plasma. ❏ A redução na síntese de albumina ocorre principalmente na doença hepática grave e na desnutrição protéica. - Uma causa importante da perda de albumina é a síndrome nefrótica (albumina perdida na urina - através dos capilares glomerulares com permeabilidade normal). ❏ Independentemente da causa, a pressão oncótica plasmática reduzida leva, de forma gradativa, a edema, redução do volume intravascular, hipoperfusão renal e hiperaldosteronismo secundário. ❏ A subsequente retenção de sal e água pelos rins não apenas falha na correção do déficit de volume plasmático, como também exacerba o edema por causa da persistência do defeito primário (nível de proteína plasmático baixo). ➔ Retenção de Sódio e Água. ❏ O aumento da retenção de sal, associado obrigatoriamente à retenção de água, provoca tanto o aumento da pressão hidrostática (devido à expansão de volume líquido intravascular) quanto a diminuição da pressão coloido-osmótica vascular (devido à diluição). ❏ Essa retenção de sal ocorre → função renal comprometida (distúrbios primários do rim e distúrbios cardiovasculares que diminuem a perfusão renal). ❏ A ICC é uma das mais importantes causas de hipoperfusão renal → Resulta na ativação do eixo renina-angiotensina-aldosterona. - No início: benéfico → retenção de sódio e H2O e outras adaptações, incluindo aumento do tônus vascular e níveis elevados de hormônio antidiurético → aumentam o débito cardíaco → restauram a perfusão renal normal. - Conforme a ICC piora: o débito cardíaco diminui → líquido retido aumenta apenas a pressão hidrostática → edemas e efusões. Beatriz N Ferreira ➔ Obstrução Linfática. ❏ Traumas, fibrosis, tumores invasivos e agentes infecciosos podem romper vasos linfáticos e bloquear a eliminação de líquido intersticial, resultando em linfedema na parte afetada do corpo. ❏ Filariose parasitária: organismo induz a fibrose obstrutiva dos canais linfáticos e linfonodos → edema da genitália externa e dos membros inferiores (tão espessos → elefantíase). ❏ Edema grave das extremidades superiores também pode complicar a remoção cirúrgica e/ou a irradiação da mama e dos linfonodos axilares associados em pacientes com câncer de mama. Beatriz N Ferreira ● Morfologia: 1) Edema subcutâneo: pode ser difuso ou pode ser mais evidente em regiões com pressão hidrostática elevada. - Sua distribuição geralmente é influenciada pela gravidade, recebendo o termo de edema gravitacional. 2) Edema com cacifo: A pressão digital sob o tecido subcutâneo muito edemaciado desloca o líquido intersticial e deixa uma depressão um sinal. 3) Edemas resultantes de disfunção renal: - Primeiramente aparecem nas partes do corpo com tecido conjuntivos frouxos, tais como palpebras: edema periorbital - achado em doenças renais graves. 4) Edema pulmonar: os pulmões apresentam 2 a 3 vezes o seu peso normal e a superfície de secção revela um líquido espumoso, sanguinolento, representando uma mistura de ar, líquido de edema e hemácias extravasadas. 5) Edema cerebral: pode ser localizado ou generalizado, dependendo da natureza e extensão da lesão ou processo patológico. - O cérebro apresenta sulcos estreitados e circunvoluções alargadas e achatadas, pois são comprimidas pelo crânio inflexível. 6) Efusões envolvendo cavidade pleural: - Hidrotórax ou derrame pleural: cavidade pleural. - Hidropericárdio ou derrame pericárdico: cavidade pericárdica. - Hidroperitônio ou ascite: cavidade peritoneal. Beatriz N Ferreira ● Aspectos Clínicos: ❏ Edema subcutâneo: - Sinaliza uma possível doença cardíaca ou renal de base. - Quando significativo pode também prejudicar a cura de feridas ou eliminação de infecções. ❏ Edema pulmonar: - Problema clínico comum que é mais frequentemente observado no cenário de insuficiência ventricular esquerda, podendo ocorrer também na insuficiência renal, síndrome da angústia respiratória aguda e na inflamação ou infecção pulmonar. - No edema pulmonar, não só o acúmulo de líquido em torno dos capilares nos septos alveolares impede a difusão de oxigênio, como também o líquido de edema ocupando os espaços alveolares cria um ambiente favorável à infecção bacteriana.. ❏ Efusões pleurais: - Geralmente acompanham os edemas pulmonares e podem assim, comprometer a troca de gases por comprimir o parênquima pulmonar adjacente. ❏ Efusões peritoniais (ascite): - Mais comumente resultantes de hipertensão portal, são propensas à contaminação por bactérias, levando a infecções graves e as vezesfatais. ❏ Edema cerebral: - Apresenta alto risco de morte; Quando grave, a substância cerebral pode herniar (ser expulsa) através do forame magno ou comprimir o suprimento vascular do tronco encefálico. Hiperemia ● Processo ativo resultante da dilatação arteriolar. ➔ Exemplo: músculo esquelético durante o exercício físico (preciso aumentar a perfusão do músculo, dilatação arteriolar para aumentar o aporte sanguíneo no local) ou em locais de inflamação (dilatação arteriolar, vasodilatação). ➔ Leva ao aumento do fluxo sanguíneo. Beatriz N Ferreira ● Tecidos afetados tornam-se vermelhos (eritema) devido ao aumento no fornecimento de sangue oxigenado. Congestão: ● Coloração arroxeada (cianótica) ● Processo passivo resultante da redução do efluxo sanguíneo do tecido. ● Pode ser sistêmica (insuficiência cardíaca) ou localizada (obstrução venosa isolada). ● Obstrução → Insuficiência das válvulas venosas → Compressão dos vasos. ● Leva frequentemente ao edema, como resultado do aumento da pressão hidrostática que provoca. ● Na congestão crônica de longa duração, a hipóxia crônica associada pode resultar em lesão tecidual isquêmica e cicatrização. ➔ A ruptura dos capilares aqui, pode também causar pequenos focos hemorrágicos com subsequente catabolismo das hemácias extravasadas, o que pode resultar em grupamentos "denunciadores" residuais de macrófagos carregados de hemossiderina. Beatriz N Ferreira ★ Insuficiência Cardíaca: ● A função do coração é mover sangue DESOXIGENADO do sistema VENOSO do coração DIREITO para a circulação pulmonar. Por sua vez, o sangue OXIGENADO da circulação PULMONAR segue através do coração esquerdo até a circulação ARTERIAL. ● É uma síndrome complexa resultante de qualquer distúrbio funcional ou estrutural do coração que causa e/ou aumenta o risco de desenvolvimento de manifestações de baixo débito cardíaco e/ou congestão sistêmica ou pulmonar. ➔ Débito cardíaco: Quantidade de sangue que os ventrículos ejetam por minuto. É o principal determinante do desempenho cardíaco, reflete a quantidade de batimentos do coração por minuto (FC) e quanto de sangue ele bombeia a cada contração (volume sistólico). ● A síndrome de insuficiência cardíaca pode ser produzida por qualquer condição do coração que reduza sua capacidade de bombeamento. ➔ Doença arterial coronariana, hipertensão, miocardiopatia dilatada e doença cardíaca valvar. ● A disfunção sistólica representa uma diminuição da contratilidade do miocárdio e a redução da capacidade de ejetar sangue do ventrículo esquerdo, enquanto a disfunção diastólica representa uma anormalidade no relaxamento e no enchimento ventricular. Beatriz N Ferreira 1) Insuficiência Cardíaca Congestiva Direita: ● Compromete a capacidade de mover o sangue desoxigenado da circulação sistema para a circulação pulmonar. ● Quando o ventrículo direito falha → Redução do volume de sangue movido para a circulação pulmonar → em seguida para o lado esquerdo do coração → provocando em última análise uma diminuição do débito cardíaco do ventrículo esquerdo. ● Além disso se o ventrículo direito não mover o sangue para frente, ocorre acúmulo ou congestão no sistema venoso sistêmico, provocando elevação das pessoas diastólica final do ventrículo direito, do átrio direito e venosa sistêmica. ● Desenvolvimento de edema periférico - devido aos efeitos da força da gravidade, o edema é mais pronunciado em áreas do corpo mais baixas. ➔ Fígado em "noz moscada": parênquima hepático têm sensibilidade diferentes a isquemia, a zona centrolobular é mais sensível, podendo ocorrer necrose nessa zona, essa zona fica com coloração mais escurecida e um pouco deprimida. ➔ Siderófagos Pulmonares/Células da insuficiência cardíaca:: Macrofagos ricos em hemossiderina dentro do espaço alveolar. Beatriz N Ferreira 2) Insuficiência Cardíaca Congestiva Esquerda Beatriz N Ferreira ● Compromete o movimento de sangue da circulação pulmonar de baixa pressão para o lado arterial de alta pressão da circulação sistêmica. ● Com o comprometimento da função cardíaca esquerda, há diminuição do débito cardíaco para a circulação sistêmica → Sangue se acumula no ventrículo esquerdo, átrio esquerdo e circulação pulmonar → Provoca elevação da pressão venosa pulmonar. ➔ Quando a pressão dos capilares pulmonares (aproximadamente 10mmHg) excede a pressão osmótica capilar (aproximadamente 25 mmHg) ocorre um deslocamento do líquido intravascular para o interstício pulmonar e o desenvolvimento do edema. ● Causas mais comuns: Hipertensão arterial e infarto agudo do miocárdio (pode desenvolver rapidamente insuficiência cardíaca ventricular esquerda e congestão pulmonar). Beatriz N Ferreira Caso Clínico - Insuficiência Renal Crônica devido à Rins policísticos Alice, 32 anos, parda, jornalista, casada, natural e proveniente de São Paulo Internada eletivamente há 4 dias, para receber transplante renal – o doador é seu primo Miguel. No momento da internação, relatou inapetência e fadiga, especialmente após a realização das sessões de hemodiálise (que faz às segundas, quartas e sextas). Antecedentes pessoais: ● insuficiência renal crônica devido à rins policísticos. O diagnóstico de doença policística foi feito ainda na infância, pois a mãe já tinha a mesma condição e fazia seguimento. Em hemodiálise há quatro anos. • Hipertensão arterial desde os 20 anos, cerca de dois anos depois de começar a apresentar alteração da função renal. • Vem em uso de amlodipina duas vezes ao dia (anti-hipertensivo bloqueador de canais de cálcio), atenolol uma vez ao dia (anti-hipertensivo beta-bloqueador), furosemida (diurético de alça) e eritropoetina (injeções subcutâneas duas vezes por semana). ● Anemia normocítica e normocrômica → distúrbio na produção de eritrócitos ● Ureia elevada + creatinina elevada = insuficiência renal (marcadores da função renal). Caso Clínico Insuficiência Venosa Crônica Superficial Mulher, 60 anos. QP: veias varicosas, escurecimento da pele e dor ao final do dia. Trabalha em pé - vendedora. DC: Insuficiência venosa crônica superficial. ● A insuficiência venosa se refere às consequências fisiológicas de uma trombose venosa profunda, incompetência valvular ou da combinação das duas condições. ➔ A causa mais comum é a TVP → provoca deformidade das válvulas, tornando-as incapazes de fechamento. ● Incompetencia valvular: ➔ Fluxo efetivo unidirecional do sangue e o esvaziamento das veias profundas não acontecem. Beatriz N Ferreira ➔ Bombas musculares também são ineficazes → muitas vezes conduzindo o sangue em direção retrógrada. ➔ Falha secundária nas veias comunicantes e superficiais se submete aos tecidos subcutâneos e altas pressões. ● Nos casos de Insuficiência Venosa: ➔ Sinais e sintomas: associados ao comprometimento do fluxo sanguíneo. ➔ Resulta na congestão dos tecidos, edema e insuficiência nutricional dos tecidos. ➔ Edema é exacerbado por longos períodos de pé. ➔ Ocorre necrose dos depósitos de gordura subcutânea, seguida de atrofia cutânea. ➔ Comum: observação da pigmentação castanha da pele, causada por depósitos de hemossiderina resultantes da destruição das hemácias. ➔ Desenvolve insuficiência linfática secundária, com esclerose progressiva dos canais linfáticos em face do aumento da demanda para a eliminação do líquido intersticial. ● Em casos avançados: ➔ Comprometimento da nutrição tissular provoca dermatite de estase e o desenvolvimento de úlceras de estase ou úlceras venosas. ➔ A dermatite de estase se caracteriza por pele fina, brilhante de coloração branco-azulada, com pigmentação irregular e descamação, pela falta de suporte dos tecidos subcutâneos subjacentes. ➔ Pequenas lesões resultam em ulcerações relativamente indolores, porém de difícil cicatrização. ➔ Insuficiência venosa é a causa mais comum de úlcera nos membros inferiores (80% de todos os casos). ➔ Outras causas comuns de úlceras dos membros inferiores: insuficiência arterial, neuropatia (muitas vezes devido a diabetes) e úlceras de pressão. ➔ Pessoas com insuficiência venosade longa data, também podem sofrer enrijecimento da articulação do tornozelo e perda de massa e força muscular. Beatriz N Ferreira
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