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Lombalgia x Lombociatalgia Lombalgia: dor na região lombar Lombociatalgia: dor lombar acompanhada de irradiação para os membros inferiores. Lombalgia mecânica Dor lombar mais freqüente é a lombalgia mecânica, por fatores relacionados à sobrecarga nessa região, por atividades físicas praticadas de forma incorreta. Padrão de dor que alivia com repouso e piora ao final do dia ou com atividades laborativas que demandem algum esforço físico. Fisiopatologia parece decorrer de anormalidades dos músculos posteriores da coluna vertebral, tendões e ligamentos. Não apresenta intensificação dos sintomas com manobra de Valsalva. Durante exame neurológico percebe-se: sobrepeso, encurtamento da musculatura isquiotibial, fraqueza da musculatura posterior da coluna vertebral. Permanecer sentado, falta de condicionamento físico e sobrepeso são fatores de risco Maioria dos casos, apresenta duração dos sintomas álgicos por 3-4 dias, com resolução após esse período. Tratamento Repouso pode contribuir para recuperação (no máximo de 5-6 dias), mas não deve ser prolongado, pois pode acarretar hipotrofia muscular e acelerar desmineralização óssea. Medicamentos: 1. Analgésicos: Paracetamol (pode acarretar piora da função hepática; pode ser útil para dores de leve a moderada intensidade) e Dipirona. 2. Antiflamatórios não esteroidais (AINES): podem ser seletivos para COX2 ou não. Os seletivos desencadeiam menos dispepsia e elevam discretamente risco de eventos cardiovasculares. Em longo período pode acarretar dano da função renal. 3. Corticoides: tem resultados conflitantes pois seu uso pode elevar PA, os níveis glicêmicos e acarretar lesões na mucosa gástrica. 4. Opiáceos: Codeína/Tramadol - analgésicos potentes; boa opção para lombalgia aguda, nas lombalgias Neurolocomoção crônicas deve ser evitado por risco de dependência. Em relação ao tratamento cirúrgico são descritos vários procedimentos. Lombociatalgia Dor que irradia para membros inferiores. Hérnia de disco. Principal causa de cirurgia da coluna vertebral em adultos. Faixa etária mais acometida – entre 40 e 50 anos. Prevalência de 4,8 % dos homens com idade superior a 35 anos e 2,5 % das mulheres com idade acima de 35 anos. Fatores de risco = Tabagismo, Trabalho que envolva elevação da carga e vibração prolongada. Fisiopatologia: tem 2 mecanismos: 1)Compressão direta do material herniado do disco intervertebral sobre as estruturas nervosas, como nervo espinhal, gânglio sensitivo, levando a isquemia do tecido nervoso. 2)Processo inflamatório induzido pelo material herniado. Exame de imagem = Melhor exame é Ressonância Magnética de coluna lombo-sacra, podendo observar com clareza os discos intervertebrais, nervos espinhais e demais tecidos moles. A tomografia computadorizada não revela riqueza de detalhes, mas pode ser utilizada. Tratamento: Inicialmente deve ser Conservador com AINES e repouso relativo. Maioria dos pacientes apresentam bom controle dos sintomas em 4 a 6 semanas. Pode haver benefício com fisioterapia. Bloqueio transforaminal lombar com corticoide de depósito pode evitar cirurgia desnecessária. Tratamento Cirúrgico: a) Caráter de urgência na Síndrome da Cauda Equina (Dor, Hipostesia em sela e alterações esfincterianas); b) Eletiva, para quadros de paresia importante e dor não controlada após 90 dias do início dos sintomas. Lombalgias secundárias Para identificar doenças secundárias potencialmente graves usam-se sinais de alerta/red flag: i. Alterações Esfincterianas (incontinência urinaria, incontinência fecal). Quando o paciente tem esses sintomas juntamente com perda da sensibilidade da região perineal, deve-se pensar em síndrome da cauda eqüina. ii. Febre iii. Histórico de Câncer iv. Histórico de trauma recente na coluna vertebral v. Idade Superior a 50 anos ou inferior a 20 anos vi. Infecção bacteriana recente vii. Perda de peso viii. Uso contínuo de medicamentos imunossupressores ix. Uso de drogas x. Dor com piora noturna. Se tiver algum desses sinais pode-se pensar em causas secundárias e nesse caso a conduta será outra. Lombalgias secundárias: i. Espondilite Anquilosante (coluna em bambu – fusão dos corpos vertebrais, paciente vai perdendo curvaturas fisiológicas); ii. Fibromialgia (doença que causa dor lombar e que não tem uma causa orgânica, dor lombar e dores difusas em todo corpo); iii. Tumores Metastáticos e Primários da coluna vertebral (se paciente já tem um câncer primário e começar com dor lombar, pode-se pensar em metastase); iv. Hérnia Discal Lombar (sofre irradiação, leva a dor ciática); v. Espondilolistese (tem um escorregamento da vértebra sobre a outra); vi. Fraturas Patológicas; vii. Fraturas Osteoporóticas; viii. Osteoartrite (associado ao processo degenerativo) Diagnóstico Maioria dos diagnósticos é clinico, pois não tem os sinais de alarde e assim não precisam de exames Principal etapa é anamnese: a. Onde está localizado a dor nas costas? b. A dor irradia para algumas das pernas? Se irradia para membros inferiores pode pensar em dor ciática, muito associada a hérnia de disco lombar. c. Sente dor em outra parte do corpo? Na espondilite anquilosate, por exemplo, além da região lombar, sente dor na região sacro-ilíaca. Além disso, na fibromialgia as dores são difusas. d. Quando iniciou a Lombalgia? Dores progressivas podem ter causas mais agressivas. e. Como a dor se iniciou? (Lentamente? Abruptamente?) f. Notou alguma alteração na intensidade da dor ao longo do tempo? g. Com que frequência vem sentindo essa dor nas últimas semanas? h. Tem notado se existe dormência nas pernas? Em parestesia tem compressão de nervos espinhais principalmente por hérnia de disco. i. Existe fraqueza para movimentar as pernas? Déficit motor j. Notou alguma alteração na bexiga? Tem dificuldade para urinar? Está perdendo urina sem perceber? Por conta da Síndrome da cauda eqüina. k. Tem sentido febre ou perda de peso?causa infecciosa ou maligna. l. Tem algum movimento ou posição do corpo que piora/alivia a dor? Diagnósticos diferenciais 1. Dor em membros inferiores e alterações vesicais sugerem Síndrome da Cauda Equina. Cauda eqüina fica na porção terminal da medula espinhal. Passa os nervos que vão inervar bexiga, região retal e por isso tem alterações esfincterianos. Passam os nervos que vão inervar os membros inferiores, podendo ter paresia. Além disso, a região perineal é inervada por esses ramos sacrais, então paciente perde sensibilidade da região perineal – anestesia em sela. 2. Paciente de sexo feminino, dor lombar e dores difusas, alterações de sono, possibilidade de fibromialgia 3. Paciente com perda de peso, associado com lombalgia persistente e piora a noite – possibilidade de implantes metastásicos 4. Paciente com febre, dor intensa – possibilidade de infecções dos discos intervertebrais (expondilodiscites) que em estágios avançados podem ocasionar fratura da coluna vertebral. 5. Paciente idoso com histórico de quedas – possibilidade de fraturas osteoporóticas 6. Paciente homem jovem com lombalgia persistente, dor na articulações sacro- ilíaca – possibilidade de espondilite arquilosante Inspeção Alterações no eixo da coluna como hiperlordose, escoliose, hipercifose podem gerar dor. Observar sinal de trauma na região da coluna. Analisar presença de escoliose antálgica – quando o paciente desvia a coluna por estar sentindo muita dor. Observar tumefação, pois pode ser espinha bífida que justifica dor. Observar lesões cultâneas. Espondilodiscite Processo infeccioso que acomete a coluna vertebral Principais agentes biológicos: Staphylococcus aureus Quadro clinico: febre e lombalgia intensa (aguda). Em fases avançadas: déficits neurológicos devido a fraturas ocasionadas pelo processo infeccioso Fatores de risco: Procedimentos cirúrgicos recentes na coluna vertebral e Sorologia positiva para HIV. Exames Laboratórios: Leucocitose com desvio para esquerda (elevação dos bastonetes), Velocidade de hemossedimentação (VHS) e Proteína C reativa podem estar elevadas. Hemocultura pode identificar o agente biológico. Exame de imagem indicado = Ressonância Magnética de Coluna Tratamento = Antibioticoterapia por período longo (6 semanas). Opções: Rifampicina, Levofloxacino, Teicoplanina, Vancomicina. Cirurgia pode ser indicada para: Drenagem de abscesso e obter amostra para identificar o agente etiológico. Artrodese da coluna lombar para estabilização do segmento afetado pela infecção Fibromialgia Dor difusa. Síndrome Dolorosa Músculo- Esquelética Crônica, não inflamatória. Presença de múltiplos pontos ( Tender Points) de dor distribuídos pelo corpo. Sexo Feminino mais acometido Quadro Clínico: Dor, Rigidez, Alterações do sono, Parestesia, Alterações de memória, Cefaleia, Palpitação, Tontura, Sensação de edema, Dor torácica, Síndrome do intestino irritável, Zumbido. Diagnóstico = Clínico. Tratamento = Inibidores de Recaptação de Serotonina como Fluoxetina, Antidepressivos Tricíclicos como Amitriptilina. Prática de atividade física. Tumores metastáticos da coluna vertebral Causa de lombalgia crônica, persistente Tumores malignos que mais levam metástases na coluna vertebral = Adenocarcinoma de Mama, Pulmão e Próstata Principalmente sexo masculino entre 40 e 65 anos. Quadro Clínico = Lombalgia persistente que não cessa durante o período noturno. Pode ter perda de peso, anemia, déficit de sensibilidade/motricidade, alterações esfincterianas Exame de imagem = Ressonância Magnética revela alterações nos tecidos moles com maior detalhamento que a tomografia computadorizada. Cintilografia Óssea pode identificar metástases em outros pontos do esqueleto. Manobras Manobra de Valsalva: Paciente faz expiração forçada com a glote. Tende a acentuar a dor de radiculoparia por hérnia de disco lombar Manobra de Lasegue: paciente eleva a perna retificada do lado que sente a dor. Positiva quando há a dor que irradia para membro inferior. Acontece na lombociatalgia por hérnia discal. Sinal das pontas: paciente caminha nas pontas dos dedos e depois volta sobre calcanhares. Sinal positivo quando não consegue andar sobre as pontas dos dedos (lesão S1) ou sobre os calcanhares (lesão L5). Manobra de Romberg: paciente fica de olhos fechados em ortostatismo com os pés próximos um do outro. Positiva quando há desequilíbrio e se move para uma das direções. Ocorre na estenose do canal vertebral ou na polineuropatia grave dos MMII. Referências: 1. Neuroanatomia da coluna vertebral e medula espinhal – Marcelo JS Magalhães – Amazon. 2018
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