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Prévia do material em texto

Direitos Sociais e 
Competências em 
Serviço Social
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.a Mariana Aparecida da Silva 
Prof.a Dr.a Maria Raimunda Chagas Vargas Rodriguez
Revisão Técnica:
Prof. Me. Denis Barreto da Silva
Revisão Textual:
Prof.a Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Neoliberalismo e o Estado de Bem-Estar Social
• Entendendo o Neoliberalismo
• Tendências Teóricas e Teórico-Metodológicas no 
Debate Profissional na Década de 1990
• O Desenvolvimento do Projeto Ético-Político do Serviço Social
• Implicações do Contexto Neoliberal para o Serviço Social
 · Analisar o Serviço Social no contexto no século XX;
 · Contextualizar o Neoliberalismo como doutrina e como conjunto de 
políticas econômicas;
 · Compreender as mudanças nos padrões de proteção social e suas 
implicações para o Serviço Social.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Neoliberalismo e o Estado 
de Bem-Estar Social
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Neoliberalismo e o Estado de Bem-Estar Social
Contextualização
Para entender historicamente como se desenvolveu o modelo Neoliberal, 
estudaremos como o então conhecido Welfare State (Estado de Bem-Estar Social) 
aponta uma contradição entre a seguridade e proteção social em detrimento da 
manutenção da acumulação capitalista, além de atentarmos às suas repercussões 
em contexto global.
A reportagem abaixo traz algumas características do Neoliberalismo. Durante a 
leitura tente apontar alguma (as) e registre-as para posterior conferência junto ao 
estudo do conteúdo.
FMI diz que políticas neoliberais aumentaram desigualdade https://goo.gl/VsF9zC
Ex
pl
or
8
9
Entendendo o Neoliberalismo
Para aprofundarmos nossos estudos e entendermos o contexto que marcou 
o cenário mundial e a identidade do Serviço Social, vamos estudar um pouco 
o Neoliberalismo?
Segundo Perry Anderson, o Neoliberalismo nasceu na Europa e América do 
Norte, logo após a Segunda Guerra Mundial, em meados da década de 1940.
O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região da 
Europa e da América do Norte onde imperava o capitalismo. Foi uma 
reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de 
bem-estar. (ANDERSON, 1995, p. 09)
É a partir dessa pequena contextualização que o Neoliberalismo começa a se 
expandir como movimento ideológico. O modelo pioneiro ocorreu na Inglaterra, 
em 1979, com o regime do governo Thatcher, sendo o primeiro a cortar gastos 
sociais e a criar níveis altíssimos de desemprego. Em seguida, ao modelo inglês 
foram surgindo os modelos, como o norte-americano, além de modelos de países 
europeus (França, Espanha, Portugal, entre outros).
Na América Latina, o modelo neoliberal iniciou sua tentativa de instalação, em 
1988, com a presidência de Salinas, no México, como cita Anderson (1995, p. 
20). A partir da tentativa mexicana, a Argentina, a Venezuela, o Peru e também o 
Brasil embarcaram na mesma iniciativa.
Linha do Tempo
Inglaterra EstadosUnidos
América
Latina
1979 1982 1988
Após essa contextualização inicial, vamos direcionar o estudo sobre a crise da 
sociedade contemporânea a partir das citações de alguns autores. Netto cita que 
houve dois grandes colapsos históricos que incrementaram a crise global do capital: 
o primeiro colapso foi a crise do socialismo real e o segundo foi a chamada crise 
do capitalismo democrático, em sua camuflagem de Estado de Bem-estar social.
“Entretanto, não é somente a crise do socialismo real que peculiariza a 
quadra histórica contemporânea. Conjuntamente com ela (na verdade, 
com alguma anterioridade), vem correndo, desde a passagem da década 
de sessenta à de setenta, a crise do “capitalismo democrático” (NETTO, 
2007, p. 67-68)
9
UNIDADE Neoliberalismo e o Estado de Bem-Estar Social
Essas duas crises representam a crise global da sociedade contemporânea. A 
crise do socialismo real derivou da falta ou nenhuma socialização do poder político 
e econômico. Os objetivos do socialismo real são incompatíveis com a ditadura 
imposta pelo capital. 
A interferência do estilo de vida americano (american way of life) como exemplo 
para outros países, principalmente os que tentaram desenvolver o socialismo 
(antiga União Soviética, por exemplo) carrega grande força, pois prega aberturas 
econômicas e políticas através da estatização e de um modelo de vida que opta pela 
liberdade de escolha e principalmente de consumo.
Imagem representando o estilo de vida americano
Fonte: bigbighome.org
Mas todas essa coorte de implicações não deve ocultar a gênese da 
crise, tomada em sua universalidade: a dissincronia entre as instituições 
constitutivas do sistema sócio-político e o ordenamento econômico – a 
reduzidíssima socialização do poder político (cristalizada pela autocracia 
stalinista) e a estrangulada socialização da economia (resumida na 
estatização). (NETTO, 2007, p. 71)
Segundo Faria (1998), T.H. Marshall, a partir de seus estudos da cidadania 
moderna definiu basicamente que o Estado de Bem-Estar Social “[...] seria a 
institucionalização dos direitos sociais, o terceiro elemento da cidadania.”, ou 
seja, os direitos mínimos ao cidadão (alimentação, saúde, habitação, educação 
etc.) seriam assegurados como uma política de seguridade social sem filantropia 
ou assistencialismo.
A teoria do Welfare State (Estado de Bem-Estar Social) dá ao Estado 
responsabilidades mínimas para garantir os padrões de vida aos indivíduos que já 
não encontram esse suporte em instituições sociais tradicionais, como a família, 
por exemplo.
O processo de industrialização teria criado novas demandas de gasto público, 
uma vez que a família não podia mais exercer suas funções tradicionais e 
o novo processo produtivo provocara a marginalização de determinados 
grupos de indivíduos. O Estado teria respondido de modo quase automático 
à emergência dessas novas demandas. (FARIA, 1998, p. 40)
10
11
Pereira (2009) cita que Marshall construiu uma teoria trifacetada com relação aos 
direitos de cidadania. Neste sentido, Marshall definiu que a cidadania era formada 
por direitos civis, políticos e sociais que foram se desenvolvendo em diferentes 
períodos históricos.
A concepção dos direitos civis se deu no século XVIII e se referem à liberdade 
individual, como a liberdade de ir e vir, o direito de expressão de pensamentos, 
religião, direitos básicosque não limitem ou determinem as escolhas individuais.
Os direitos civis são aqueles necessários às liberdades individuais 
(liberdades negativas, porque negam a interferência do Estado no seu 
desenvolvimento), tais como: liberdade de ir e vir, de imprensa, de 
pensamento, de fé, o direito à propriedade e o direito à justiça. Este 
último consiste no direito de defender e afirmar todos os direitos com 
vista à igualdade entre eles e ao devido encaminhamento processual. 
(PEREIRA, 2009, p. 96)
Os direitos políticos surgiram em meio ao século XIX, e partiam da premissa 
de que qualquer indivíduo poderia participar das decisões políticas que fossem de 
seu interesse, o que conhecemos como direito à prática da cidadania. Segundo 
Marshall, os direitos políticos consistem no:
[...] direito de participar do exercício do poder político, como um membro 
de um organismo investido de autoridade política ou como um eleitor dos 
membros de tal organismo. (MARSHALL, 1967, p. 163 in: PEREIRA, 
2009, p. 96)
Já os direitos sociais surgiram no século XX e se referem aos direitos mínimos 
dos indivíduos para viverem de forma digna em sociedade. Ou seja:
[...] tudo que vai desde direito a um mínimo de bem-estar econômico e 
segurança ao direito de participar por completo na herança social e levar 
uma visa de um ser civilizado de acordo com os padrões que prevalecem 
na sociedade. (MARSHALL, 63-64 in: PEREIRA, 2009, p. 96)
Para exemplificar os direitos sociais, podemos pensar no direito à remuneração 
pelas horas de trabalho (leis trabalhistas), o direito à seguridade social, como a 
aposentadoria por tempo de trabalho, além dos direitos que estão previstos desde 
a promulgação dos direitos humanos e que estão em nossa Constituição Federal 
de 1988.
Importante!
A partir da observação da imagem, quais refl exões são possíveis sobre o conteúdo? Tente 
elencar características estudadas para sistematizar as informações.
https://goo.gl/Q8d12v
Trocando ideias...
11
UNIDADE Neoliberalismo e o Estado de Bem-Estar Social
Existem várias teorias para o Estado de Bem-Estar Social que foram se adequan-
do a diferentes períodos e contextos. Segundo alguns autores neomarxistas, as 
políticas sociais podem ser muito funcionais para manter a acumulação do capital, 
pois ao mesmo tempo em que elas abrandam esse processo fornecendo suporte a 
algumas necessidades básicas humanas, elas também são capazes de abrandar os 
atritos entre capital e força de trabalho.
No texto abaixo, podemos aprofundar nossos estudos sobre as teorias sobre o então 
conhecido Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social. De forma didática, o autor vai 
contextualizando e descrevendo as teorias, suas origens, expansão e crise desse modelo.
Título: Uma Genealogia das Teorias e Modelos do Estado de Bem-Estar Social
Autor: Carlos Aurélio Pimenta de Faria
https://goo.gl/ZH79pb
Ex
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Tendências Teóricas e Teórico-
Metodológicas no Debate Profissional 
na Década de 1990
Contextualizando
A promulgação da Constituição Federal Brasileira, em 1988, apresentou a 
Assistência Social como política social ao instituir o tripé da Seguridade Social 
(Saúde, Previdência e Assistência Social). Outros marcos regulatórios reforçaram o 
caráter de política pública da Assistência Social como observamos na Lei Orgânica 
da Assistência Social – LOAS1 :
Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política 
de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, 
realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública 
e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.
A partir desse contexto de mudanças e luta do Serviço Social em se afirmar 
como área de conhecimento, que abrange uma categoria profissional, e que tenta 
se estabelecer academicamente através do desenvolvimento de pesquisas, iremos 
vislumbrar algumas mudanças na situação econômica, política e social, não só no 
Brasil, mas em âmbito mundial perante o avanço do Neoliberalismo e da constante 
crise do capital.
1 Lei nº 8.742, de 7 de Dezembro de 1993.
12
13
Com a crise do Estado de Bem-Estar Social e do avanço do Neoliberalismo que 
essencialmente reduz o sistema de seguridade social a práticas assistencialistas e 
imediatistas em detrimento da acumulação capitalista, as manifestações da questão 
social surgem a partir da precarização do trabalho, do desemprego estrutural, 
das problemáticas ambientais, das multifaces da violência e dos diversos tipos 
de discriminação.
Nessa conjuntura, emergem processos e dinâmicas que trazem para a 
profissão, novas temáticas, novos, e os de sempre, sujeitos sociais e ques-
tões como: o desemprego, o trabalho precário, os sem terra, o trabalho 
infantil, a moradia nas ruas ou em condições de insalubridade, a violência 
doméstica, as discriminações por questões de gênero e etnia, as drogas, a 
expansão da AIDS, as crianças e adolescentes de rua, os doentes mentais, 
os indivíduos com deficiências, o envelhecimento sem recursos, e outras 
tantas questões e temáticas relacionadas à pobreza, à subalternidade e à 
exclusão com suas múltiplas faces. (YAZBEK, 2009, p. 16-17)
Nesse sentido, a categoria profissional inicia o percurso de amadurecimento 
do Projeto Ético-Político do Serviço Social. A partir da influência, principalmente 
marxiana, os profissionais fortaleceram o processo de ruptura com as raízes 
conservadoras da profissão. 
Seguindo esse lastro, a década de 1990 é marcada por importantes conquistas 
no projeto profissional, como aponta Piana, o Código de Ética de 1993 e a Lei 
de Regulamentação da Profissão que surge no mesmo ano, além das diretrizes 
curriculares para os cursos de Serviço Social em 1996 e legislações importantes para 
atuação e intervenção profissionais, como o Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA -1990), a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS -1993) e a Lei Orgânica 
da Saúde que surgem em 1990.
No tocante às vertentes teóricas e metodológicas da profissão, a partir da década 
de 1980 e se expandindo para a década de 1990, além da influência de Marx nos 
estudos e práticas dos assistentes sociais, outros autores surgem para imprimir 
novas características à profissão.
Nesta tradição o Serviço Social vai apropriar-se a partir dos anos 80 do 
pensamento de Antonio Gramsci [...] Vai chegar a Agnes Heller e à sua 
problematização do cotidiano, a George Lukács e à sua ontologia do ser 
social fundada no trabalho, a E.P. Thompson e à sua concepção acerca 
das “experiências humanas”, a Eric Hobsbawn um dos mais importantes 
historiadores marxistas da contemporaneidade e a tantos outros cujos 
pensamentos começam a permear nossas produções teóricas, nossas 
reflexões e posicionamentos ideopolíticos. (YAZBEK, 2009, p. 16-17)
É importante ressaltar que a expansão universitária configurou um diferencial 
para o desenvolvimento de uma nova perspectiva profissional menos conservadora, 
pois mesmo com a inserção dos autores que já citamos, o interior da profissão ainda 
não estava e não está totalmente livre das raízes conservadoras que marcaram a 
profissão desde o seu nascimento.
13
UNIDADE Neoliberalismo e o Estado de Bem-Estar Social
Para agregar conhecimento e relembrar alguns pontos estudados. Vamos lá?
Vídeo sobre a consolidação da Assistência Social como Política Pública por Aldaíza Sposati
https://goo.gl/HIF7Gl
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A década de 1990, em outra perspectiva, aponta sintomas do movimento 
de neoliberalização que irá influenciar o contexto profissional para ações 
refilantropizadas, ou seja, ações “caritativas” camufladas em regulamentações 
estatais paliativas à questão social. É um momento marcado por privatizações 
e crescimento do terceiro setor, visto que o Estado não consegue abarcar as 
consequências da expansão da crise do sistema econômico, social e político desigual 
em que estamos inseridos.
Assim, a solidariedade difundida sustenta-se no ideário da benemerência 
e da refilantropização. A retórica da solidariedade, da flexibilizaçãoe 
da parceria embeveceram muitos ingênuos cidadãos comprometidos, 
tornando-se palavras- chave nos discursos governamentais no Brasil [...] 
(VIANA, 2000, p. 47)
O Desenvolvimento do Projeto Ético-
Político do Serviço Social
Como estamos estudando, é a partir da década de 1990 que questões éticas 
começam a surgir na atuação profissional dos assistentes sociais que pela sua 
participação em espaços de discussão em prol da garantia de direitos, vislumbra a 
necessidade de construir um Projeto Ético-Político que essencialmente tenha em seu 
conteúdo os questionamentos quanto à teoria e à práxis do serviço social perante 
o espraiamento das desigualdades sociais e que represente a categoria profissional, 
afinal, a imagem dos profissionais é construída a partir de suas definições de 
intervenção em seus diversos espaços de trabalho.
Nesse sentido:
Este projeto profissional reafirma o compromisso da categoria com um 
projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem societária, 
sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero. Ele tem como 
aspecto central a liberdade, ou seja, a possibilidade de o ser humano 
fazer concretamente suas escolhas, e com isso comprometer-se com a 
autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos. (PIANA, 
2009, p. 106)
A apropriação dos profissionais da realidade social tornou-se imprescindível 
para análises de conjuntura, o que possibilita a ampliação do conhecimento da 
14
15
categoria em torno dos direitos sociais que foram ganhando forma pelo processo 
democrático brasileiro.
A criação de um projeto profissional para a categoria criou desafios ao explicitar 
a necessidade da formação continuada dos profissionais, além de ir contra conceitos 
socialmente engessados ao instituir que os cidadãos devem ter garantidos os direitos 
sociais, civis, políticos e econômicos.
Nesse sentido, a postura dos assistentes sociais também teve que mudar a partir 
do movimento de intenção de ruptura com a essência conservadora do Serviço 
Social. Para atuar com um projeto profissional crítico e reflexivo, os profissionais 
tiveram que desenvolver essas potencialidades como forma, principalmente, de 
estudo da sociedade e das determinações da classe dominante.
Para a categoria profissional a releitura do trabalho do assistente social 
exigiu a ruptura com posicionamentos ideológicos e ações restritas, 
endógenas e focalistas do Serviço Social, transpondo as determinações da 
classe dominante. Com isso faz-se necessário um profissional propositivo, 
reflexivo, crítico [...] (PIANA, 2009, p. 109)
Para entender melhor o contexto Neoliberal e sua infl uência para a categoria profi ssional, 
leia o conteúdo do link abaixo.
https://goo.gl/EI5hll
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Implicações do Contexto Neoliberal 
para o Serviço Social
Como estamos observando, o modelo neoliberal é fruto das relações econômicas 
e políticas do capitalismo. Percebemos também como ele influenciou nos contextos 
pessoais e profissionais da sociedade.
Nessa perspectiva, para o Serviço Social, não seria diferente. O Brasil passou 
por modificações econômicas e políticas nas décadas de 1980 e 1990 com o 
processo de privatizações na indústria, o crescimento do terceiro setor e aumento 
das inflações, o que rebateu fortemente na organização da força de trabalho.
Esse contexto influenciou em como a profissão deveria se organizar diante da 
então crise do capital. Montaño (2007) analisa que as questões oriundas desse 
momento afetaram:
[...] substantivamente a base de sustentação funcional ocupacional 
do Serviço Social que devem ser consideradas para poder determinar 
a magnitude de suas consequências [sic] sobre a realidade ocupacional 
do assistente social, a funcionalidade e a legitimidade da profissão. 
(MONTAÑO, 2007, p. 3)
15
UNIDADE Neoliberalismo e o Estado de Bem-Estar Social
Ainda em seus estudos, Montaño aponta as mudanças no mundo do trabalho, 
principalmente após a inserção da tecnologia na práxis profissional que ocasionou 
no corte de funcionários de muitas empresas e um grande impacto na infraestrutura 
das organizações.
A automação da produção possibilitou o giro mais rápido do capital, pois a 
mão de obra humana foi substituída por máquinas, ou seja, o mercado tecnológico 
começou a se expandir e a substituir o trabalho vivo. O desenvolvimento de 
softwares em detrimento da humanização da produção começou a dominar o 
mercado. Vislumbramos, assim, a instalação do desemprego estrutural.
Se desde a Revolução Industrial a máquina suplanta e substitui o homem, 
este nunca pode ser totalmente eliminado do processo produtivo dada a 
necessidade de comando humano sobre a máquina. Esta, sem a manipulação 
do homem, nada podia fazer. A informática veio ocupar, através do comando 
pré-programado de atividades- desenvolvido nos software -, este papel. 
Com este panorama, não somente o trabalhador manual resulta supérfluo, 
senão muitos cargos gerenciais, de inspeção, de engenharia industrial, 
administrativos, resultam prescindíveis. (MONTAÑO, 2007, p. 4)
Nessa perspectiva, há a flexibilização dos contratos de trabalho, uma vez 
que os funcionários já não são mais imprescindíveis para as rotinas completas 
de trabalho, mas sim por demandas especificas a partir de subcontratações, e, 
assim, consequentemente, os direitos trabalhistas também foram flexibilizados, a 
previdência social já não é mais garantida.
Imagem que representa a incorporação da tecnologia no mundo globalizado
Fonte: iStock/Getty Images
16
17
No debate de mudança de contexto no mundo do trabalho, Montaño também 
inicia a discussão sobre a globalização ou “mundialização do capital” que otimizou 
a velocidade da produção e do escoamento de produtos. 
A subcontratação de mão de obra permitiu que um mesmo produto passasse 
por diferentes países até a entrega final. A empresa mantém uma matriz e espalha 
“filiais” pelo mundo, principalmente em locais que possam receber algumas 
vantagens com relação a isenções fiscais.
Assim, hoje se pode produzir (e de fato assim se faz) uma mercadoria 
montando peças produzidas em vários países, através da subcontratação 
de empresas no estrangeiro. Este fenômeno permite a empresa matriz 
subcontratar as empresas que produzem melhor e mais barato não só 
a nível nacional, senão no mundo inteiro. Desta maneira, um produto 
determinado pode ser confeccionado a partir de subprodutos (peças), 
cada um deles procedentes de um país diferente em função das vantagens 
que, para cada peça, ofereçam esses países. (MONTAÑO, 2007, p. 6)
O rebatimento desse contexto para o Serviço Social começa a aparecer no 
direcionamento da intervenção dos profissionais. O desemprego estrutural, os 
altos índices de inflação e a terceirização da responsabilidade estatal para as ONGs 
formatam um panorama diferenciado e que necessita de estratégias para a atuação 
dos assistentes sociais.
As políticas sociais começam a ser focalizadas e executadas para determinados 
grupos de indivíduos, sem o caráter da universalidade. Ao se deslocar a responsa-
bilidade do Estado para o terceiro setor, cada organização pode executar o serviço 
para o público-alvo que for determinado pela sua constituição como entidade, o 
que torna a garantia de direitos deficitária, pois as múltiplas expressões da questão 
social não se limitam a serviços socioassistenciais focalizados.
É assim que, em primeiro lugar, a orientação das políticas sociais é 
alterada de forma significativa. Por um lado elas são privatizadas, retiradas 
paulatinamente da órbita do Estado (passam ao âmbito da sociedade civil 
− Igreja, ONGs, Instituições de Apoio, Organizações de vizinhos etc.)12; 
por sua vez essas políticas sociais são focalizadas (contra o princípio 
universalista, elas se destinam hoje, apenas a uma população carente de 
determinado serviço pontual [...] (MONTAÑO, 2007, p. 10)
Não é apenas o viés social das políticas que sofreram alterações, mas também o 
econômico. A partir do momento em que focalizamos a ação das políticassociais, 
ela exclui uma parte da população que supostamente pode se autossustentar. 
Assim, há a diminuição de investimento na área social, pois a execução da política 
social perde sua amplitude.
17
UNIDADE Neoliberalismo e o Estado de Bem-Estar Social
Essa mudança no caráter das políticas sociais influencia no campo de trabalho 
dos assistentes sociais que essencialmente as executam, no entanto, com a fragi-
lização dessas políticas, a atuação profissional se torna vulnerável na mesma pro-
porção tornando-se prescindível no mercado de trabalho e que pode ser substituída 
ou descartada.
Vale dizer, se o assistente social surge como um profissional necessário 
para implementar um instrumento estatal (as políticas sociais) considerado 
fundamental a uma determinada estratégia, promovida pelos setores 
hegemônicos, de legitimação do sistema e de aumento da acumulação do 
capital e se estas perdem paulatinamente a importância que tinham, dadas 
as variações atuais na estratégia daquelas classes hegemônicas, então 
estes profissionais poderão ir passando a ser cada vez mais prescindíveis, 
menos necessários. Seu campo de trabalho na esfera estatal vai se 
reduzindo. Assim, as alterações nas políticas sociais dentro do contexto 
neoliberal não somente são prejudiciais as classes populares, beneficiárias 
de tais mecanismos, como também repercutem negativamente no (des) 
emprego do assistente social. (MONTANÕ, 2007, p. 12)
Nesse sentido, os assistentes sociais passam a ser cada vez mais solicitados 
como “empresas”, que prestam certos serviços, como assessoria, ou consultoria em 
Serviço Social, por exemplo. Nós nos deparamos, então, com o novo panorama de 
empregabilidade do profissional que deve modificar sua identidade para se adequar 
às demandas neoliberais.
O desenvolvimento de novas instrumentalidades é necessário para os assistentes 
sociais que passam pela terceirização do seu trabalho, bem como pela fragmentação 
de suas ações. Outra característica que podemos apontar nesse contexto de 
desemprego estrutural é a procura do profissional por vários empregos, que nos 
mostra a força da precarização do trabalho.
Nas próximas unidades, aprofundaremos o conteúdo e a questão dos novos espaços de 
trabalho dos assistentes sociais. Mas, enquanto isso, que tal pensarmos um pouco em como 
modelos ideológicos podem influenciar nosso cotidiano, uma vez inseridos em um sistema 
econômico excludente?
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Importante!
• Estudamos o histórico do Neoliberalismo e suas raízes europeias e norte-americanas
• A influência desses modelos para a expansão neoliberal na América Latina
• Estudamos as tendências históricas e teórico-metodológicas do debate do Serviço 
Social, nas décadas de 1980 e 1990, e os rebatimentos do Neoliberalismo para a 
categoria profissional.
Em Síntese
18
19
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Uma genealogia das Teorias e Modelos do Estado de Bem-Estar Social
FARIA, Carlos Aurélio Pimenta. Uma genealogia das Teorias e Modelos do Estado de 
Bem-Estar Social. In: Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências 
Sociais. Rio de Janeiro, nº 46, 2º semestre de 1998, pp. 3-151.
As Políticas Sociais e o Neoliberalismo: Reflexões suscitadas pelas experiências latino-americanas
DRAIBE, S.M. As Políticas Sociais e o Neoliberalismo: Reflexões suscitadas pelas 
experiências latino-americanas. Revista USP.
Política Social: temas & questões
PEREIRA, P.A.P. Política Social: temas & questões. 2ed. São Paulo: Cortez, 2009.
Balanço do neoliberalismo
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