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1 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP Doenças Exantemáticas DEFINIÇÃO Os eritemas são alterações vasculares transitórias avermelhadas/róseas com duração e apresentação variada a depender do elemento causal e, quando presente nas mucosas, essa alteração vascular é chamada de enantema. Na infância é recorrente o acometimento por patologias que levam ao surgimento de erupções cutâneas eritematosas disseminadas, também conhecidas como exantema (quando o eritema se estende por áreas extensas) ou rash cutâneo. A maioria das doenças exantemáticas são causas por vírus. CONCEITO! Eritema é uma lesão de pele com coloração avermelhada- róseo decorrente de alteração vascular. Quando é disseminada pelo corpo, chama-se eritema e, quando presente em mucosas, chama-se enantema. A análise do tipo de lesão, sinais e sintomas associados, bem como a forma de progressão dos mesmos e a epidemiologia permitem inferir o diagnóstico etiológico sem necessariamente recorrer a exames complementares, no entanto, como veremos a seguir, para algumas patologias, a realização de sorologias ou testes específicos auxiliam a fechar o diagnóstico e estabelecer cuidados direcionados. Os principais tipos de lesões elementares dentro do contexto das doenças exantemáticas são: Os microrganismos podem causar erupção cutânea por diversos mecanismos: Por invasão e multiplicação direta na pele (varicela, herpes simples) Por ação de toxinas (escarlatina e infecção estafilocócica) Por ação imunoalérgica (maioria das viroses exantemáticas) Por dano vascular causando obstrução e necrose da pele (meningococemia). CLASSIFICAÇÃO DOS EXANTEMAS 1.Maculopapular: é o padrão mais comum com presença de maculas (manchas vermelhas) e pápulas (manchas vermelhas elevadas). Observa-se no sarampo, rubéola, eritema infeccioso, exantema súbito, escarlatina, síndrome pele escaldada e doença Kawasaki. 2.Papulovesicular: Também inicia-se com maculas que evoluem para papulas e posteriormente para vesiculas (conteúdo liquido). Observa-se na varicela (tambem chamada catapora) e doença mão-pé-boca. 3.Petequial ou purpúrico: Decorre de alterações vasculares com ou sem distúrbios de plaquetas e de coagulação. É possível diferenciar do exantema maculopapular devido ele não sumir a ditopressão. É mais comum em doenças infecciosas invasivas graves, como a menigococcemia, septicemias bacterianas, febre purpúrica brasileira e febre maculosa. 2 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 1 2 3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Apesar da similaridade de alguns quadros nas doenças exantemáticas, outros possuem quadro clínico típico ou alguma peculiaridade que já permite um direcionamento diagnóstico. Para identificar os quadros clínicos típicos e peculiaridades é preciso realizar uma boa anamnese que englobe: faixa etária da criança, calendário vacinal, tempo início e progressão do exantema, presença de sinais/sintomas prodrômicos e manifestações clínicas associadas. Além disso, um bom exame físico deve ser capaz de caracterizar bem o exantema e outras lesões em pele e mucosas associadas, bem como outros sinais clínicos que ajudam a fechar o diagnóstico. Tabela 1. Diagnóstico diferencial das principais doenças exantemáticas na infância (*: lactente=29 dias a 2 anos de idade, pré-escolar=2-7 anos de idade, escolar= 7-10 anos de idade, adolescente= 10 a 20 anos incompletos). 3 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP SARAMPO (paramoxivírus; gênero mobillivirus; família paramyxoviridae) O sarampo é uma doença exantemática viral extremamente contagiosa que pode evoluir para óbitos em crianças < 1 ano e desnutridas. No Brasil, inúmeras são as medidas de controle do sarampo inseridas desde a introdução da vacina em 1968 até o momento atual, oscilando entre períodos de casos suspeitos e confirmados no território nacional. Em 2016, a OMS considerou as Américas livre da circulação do sarampo e, desde então o Brasil em fase de eliminação autóctone do vírus tanto do sarampo, quanto da rubéola. SE LIGA! O sarampo é uma doença de notificação compulsória, devendo ser preenchida a respectiva ficha de Notificação/Investigação de Doenças Exantemáticas Febris Sarampo/Rubéola mesmo que o caso seja suspeito. Além disso, a respectiva Secretaria Municipal e Estadual devem ser informadas no máximo em 24h do caso. Fonte: GUIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2019. Mecanismo de transmissão Através de secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, falar, espirrar por meio de aerossóis com partículas virais que ficam no ar. Período de incubação e de transmissão O período de incubação varia de 7-21 dias da data de exposição ao início do quadro exantemático. O período de transmissibilidade ocorre 6 dias antes e 4 dias após o exantema, sendo o pico de transmissão 2 dias antes e 2 dias depois do início do exantema. QUADRO CLÍNICO No período prodrômico (fase que antecede o aparecimento de sintomas) ocorre febre > 38,5ºC, tosse inicialmente seca, coriza, conjuntivite não purulenta, fotofobia, na região da orofaringe é possível notar enantema e, na altura do terceiro molar surgem as manchas de Koplik: manchas brancas/amareladas na mucosa oral. Cerca de 2-4 dias após o início do quadro intensifica-se aquele quadro inicial, o paciente fica prostrado e surge o exantema maculopapular morbiliforme, ou seja, existem áreas de pele livre de lesão entre as lesões. Este exantema tem progressão cefalocaudal (região retro auricular – pescoço – face – tronco – extremidades). 4 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP DIAGNÓSTICO O diagnóstico é clinico, mas todos os casos suspeitos de sarampo devem ser submetidos a exames sorológicos para identificação de IgM e IgG do vírus em amostras de soro, urina e swabs de naso e orofaringe. A identificação do vírus tem como objetivo conhecer o genótipo do mesmo para diferenciar um caso autóctone de um importado e diferenciar o vírus selvagem do vacinal, já que a vacina é feita com vírus atenuado. Para conseguir realizar essas análises, o Ministério da Saúde recomenda coleta das amostras até o 7º dia após início do exantema, sendo que o IgM é possível ser identificado desde o início da doença até 1 mês após a mesma. Importante ressaltar que, o material coletado deve ser enviado para o laboratório acompanhado daquela Ficha de Notificação. TRATAMENTO Não há tratamento específico, mas é possível realizar medidas de suporte com sintomáticos. Recomenda-se a administração de vitamina A (palmitato de retinol) em menores de 2 anos de idade (< 6 meses: 50.000 UI, 6-12 meses: 100.000 UI e > 12 meses: 200.000 UI), 1 vez ao dia, por 2 dias. Cuidado com os contactantes e prevenção Até 4 dias após o início do exantema deve ser realizado precaução respiratória com uso de máscara N95 e isolamento domiciliar do paciente. Deve-se aplicar vacina contra o sarampo até 72h após contágio e após este período, em até 6 dias, aplicar imunoglobulina. Crianças a partir de 6 meses podem receber a vacina, mas, independentemente disto, devem receber as doses usuais programadas aos 12 e 15 meses. Para gestantes, imunocomprometidos e crianças menores de 6 meses deve-se aplicar somente a imunoglobulina. COMPLICAÇÕES O sarampo pode apresentar complicações sobretudo em menores de 1 ano, adultos maiores de 20 anos e pessoas com comorbidades. A persistência da febre por mais de 3 dias após o início do exantema deve ser um sinal de alerta. Dentre as complicações a mais comum é a otite média aguda, mas a pneumonia é a complicação responsável por maior morbi/ mortalidade nas crianças. Além disso, algumas crianças apresentam convulsão febril acompanhada ou não de sinais de irritação meníngea e hipertensão intracraniana como sinais de encefalite após o sarampo, causada por um processo imunológicoapós a respectiva infecção. Ocorre também uma encefalite causada pelo sarampo onde o vírus ao atingir o sistema nervoso central (SNC), meses após o sarampo, pode acarretar epilepsia focal, perda auditiva, progressão para coma e até mesmo óbito. Outra complicação é a panencefalite esclerosante subaguda (PEES) a qual pode ocorrer meses e até 10 anos após o quadro inicial do sarampo, com piora progressiva das funções motoras e cognitivas, convulsões e até morte. RUBÉOLA (togavírus; gênero rubivirus; família tagaviridae) Assim como o sarampo, a rubéola é uma doença de etiologia viral altamente contagiosa e, sua importância epidemiológica está relacionada ao risco de abortos, natimortos e à síndrome da rubéola congênita (SRC). Após diversas campanhas e ações de vigilância epidemiológica, no ano de 2010, o Brasil cumpriu a meta de eliminação da rubéola e da SRC e, em 2015 a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) declarou as Américas livre da rubéola e SRC. SE LIGA! A Rubéola também é uma doença de notificação compulsória (deve ser preenchida a respectiva ficha de 5 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP Notificação/Investigação de Doenças Exantemáticas Febris Sarampo/Rubéola) e prevenida por vacina (tríplice viral). Mecanismo de transmissão A transmissão ocorro por gotículas de secreções nasofaríngeas e contato direto com pessoas infectadas. Período de incubação e de transmissão O período de incubação é entre 12 e 23 dias, sendo o período de transmissibilidade 7 dias antes e 7 dias após o início do quadro exantemático. QUADRO CLÍNICO Febre baixa e linfoadenopatia retroauricular e/ou occipital e/ou cervical podem ocorrer 5-10 dias antes do exantema, no entanto, em crianças pode não ocorrer tais pródromos. O exantema é maculopapular puntiforme róseo difuso com início na face – couro cabeludo – pescoço – tronco – extremidades, tais lesões têm curta duração (3 dias ou menos) e, conforme o exantema progride para um novo local, as manchas presentes no local anterior vão desaparecendo. Em alguns casos, nota-se petéquias no palato mole conhecidas como sinal de Forschemeir que não é patognomônico. DIAGNÓSTICO É clínico, mas devido a dúvida diagnóstica frequentemente causada, recomenda-se a testagem sorológica de todos os pacientes em que há suspeita clínica de rubéola por meio de coleta sanguínea onde será testado IgM e IgG desta patologia. Assim como no sarampo, o Ministério da Saúde recomenda a detecção do vírus em urina e secreção de nasofaringe como forma de conhecer o genótipo do vírus, diferenciando-o os casos autóctones dos importados e os vírus selvagens do vacinal. TRATAMENTO O tratamento é realizado com base em sintomáticos, não havendo tratamento específico direcionado ao vírus. Cuidado com os contactantes e prevenção O isolamento domiciliar por até 7 dias após o início do exantema diminui a intensidade dos contágios. A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência de casos, não havendo evidências suficientes para realização de profilaxia pós-exposição. Após contato com caso suspeito, deve ser realizada a vacinação daqueles que ainda não foram vacinados ou maiores de 50 anos que não comprovem ter recebido alguma dose da tríplice viral. Gestantes suscetíveis e crianças menores de 6 meses devem ser afastadas do contato com casos suspeitos/confirmados e seus respectivos contatos. COMPLICAÇÕES As complicações na criança são raras podendo ocorrer trombocitopenia que costuma ocorrer 2 semanas do início do exantema, no entanto, é autolimitada logo não é necessário nenhum tratamento específico. 6 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP De modo mais grave, podem ocorrer a encefalite pós-infecciosa e panencefalite por rubéola. A primeira é decorrente do efeito viral direto, ocorre 7 dias após o início do exantema provocando convulsões, cefaleia e sinais neurológicos focais e levando ao óbito em 20% dos casos. Já a panencefalite progressiva da rubéola que pode ocorrer anos após o quadro clínico da doença havendo um distúrbio neurodegenerativo evoluindo com óbito em 2-5 anos. ERITEMA INFECCIOSO (eritrovírus – parvovírus humano b19) O eritrovírus B19 é um vírus de DNA com tropismo por células eritropoiéticas, replicando-se em células eritroides da medula óssea. Boa parte dos infectados é assintomático, no entanto, devido a estas características do vírus, indivíduos saudáveis podem desenvolver aplasia eritroide acompanhada do quadro exantemático que veremos a seguir, enquanto que, pacientes com doenças hematológicas (síndromes falcêmicas, talassemias...) e imunodeprimidos podem desenvolver quadro importante de anemia e até crise aplástica. Mecanismo de transmissão Transmitido por via respiratória, sobretudo, em comunidades fechadas. Também pode ser transmitido por via placentária em caso de mães infectadas, o que pode levar a hidropsia fetal (cumulação anormal de líquido em tecidos fetais, com consequente edema ou derrames cavitários). Período de incubação e de transmissão Estima-se que o tempo de incubação seja entre 14-21 dias. A transmissão ocorre antes do exantema, porém não se sabe ao certo quantos durante quantos dias antes do surgimento do mesmo. Logo, quando há o surgimento do exantema o paciente não elimina mais o vírus, portanto, não há necessidade de isolamento. QUADRO CLÍNICO Geralmente não costuma ter pródromos, mas alguns casos surgem sintomas prodrômico leves como mialgia, febre, coriza e cefaleia. O exantema maculopapular se inicia em face em região malar, dando o aspecto que alguns autores chamam de “face esbofeteada” associado a palidez perioral ou sinal de Filatov. Cerca de 4 dias depois o exantema evolui para membros superiores e inferiores, a mácula aumenta de tamanho deixando uma palidez central conferindo o aspecto rendilhado do exantema que pode durar até 3 semanas. Importante ressaltar que após desaparecimento pode haver recorrência do eritema após exposição ao sol, variação da temperatura, exercícios e estresse devendo-se, portanto, explicar à família que tal fenômeno pode ocorrer não significando recorrência da doença em si. 7 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP DIAGNÓSTICO O diagnóstico além de clínico, deve ser feito através da sorologia com detecção de anticorpos IgM para Parvovírus humano B19. TRATAMENTO O eritema infecioso em geral é autolimitado e não há tratamento específico. Deve ser realizado tratamento de suporte com sintomáticos. Cuidado com os contactantes e prevenção Como já foi dito, não é necessário realizar o isolamento do paciente, no entanto, deve-se tomar cuidados com contactantes caso algum possua hemoglobinopatias (conforme veremos a seguir pode haver complicações para pacientes com este diagnóstico). Não existem medidas de prevenção a serem tomadas, pois não há vacina que garanta imunidade contra tal vírus. COMPLICAÇÕES A artropatia é uma complicação presente em cerca de 8% das crianças infectadas pelo eritrovírus B19, mas é mais comum em mulheres adolescentes e adultas infectadas por tal vírus. Como dito anteriormente, em pessoas com doenças hematológicas como doença falciforme, talassemias, anemias hemolíticas e aqueles que possuem algum tipo de imunodeficiência, podem desenvolver uma crise aplástica transitória (CAT) decorrente da infecção viral direta pelo parvovírus B19 que bloqueia transitoriamente a produção de eritrócitos. Com isso, ocorre redução abrupta da hemoglobina, dos reticulócitos e dos percussores eritroides na medula óssea havendo ou não plaquetopenia e leucopenia. A maior parte dos casos apresenta resolução do quadro com 2 semanas, porém alguns podem evoluir com óbito. Estes pacientes com CAT podem necessitar de transfusão de hemácias durante o período de recuperaçãomedular, porém alguns não possuem boa resposta ou não têm anticorpos suficientes, sendo necessário o tratamento com imunoglobulina humana. SE LIGA! A crise aplástica transitória é resultado da infecção direta pelo parvovírus B19, mais frequente em pacientes com hemoglobinopatias e imunodeficiência. Há queda abrupta da hemoglobina associada a queda dos reticulócitos (hemácias imaturas), o que difere do quadro das doenças hemolíticas onde há aumento de reticulócitos. EXANTEMA SÚBITO (herpes vírus humano 6 ou 7) Esta doença viral de evolução benigna, também chamada de roséola infantum, é causada pelo herpes vírus 6 e 7, sobretudo, o tipo 6 que é o mais frequente. A doença acomete apenas crianças entre 6 meses e 6 anos de idade, sugerindo que haja uma proteção por meio de anticorpos maternos e que o vírus seja bastante prevalente na comunidade já que na idade pré-escolar quase todas as crianças já estão imunes. É mais prevalente em menores de 2 anos. Mecanismo de transmissão Transmitida por secreção oral. Período de incubação e de transmissão O tempo de incubação é de 5-15 dias. A transmissão ocorre na fase de viremia que acontece principalmente no período febril. 8 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP QUADRO CLÍNICO Assim como sugere o nome da doença, o início do quadro clínico é súbito e sem pródromos, caracterizando-se por uma febre alta (39-40ºC) e contínua que resulta em irritabilidade da criança e convulsão febril. Pode haver linfonodomegalia associado. Após 3-4 dias de febre esta cessa bruscamente e aparece o exantema de modo também súbito de aspecto maculopapular róseo com lesões que não coalescem com evolução de tronco – face – membros, de curta duração e sem descamação. CONCEITO! No exantema súbito as lesões maculopapulares surgem, subitamente, após o desaparecimento da febre alta. DIAGNÓSTICO Clínico e laboratorialmente pode ser realizada sorologia na busca de anticorpos IgM e IgG dos herpes vírus 6 ou 7. TRATAMENTO O tratamento de suporte é realizado principalmente com antitérmicos por conta da febre alta. Em caso de imunodeprimidos pode-se usar Ganciclovir pelo risco de acometimento do SNC. Cuidado com os contactantes e prevenção O isolamento é desnecessário uma vez que, como dito, a maioria das pessoas já terá entrado em contato com o vírus e, não existem medidas de prevenção a serem adotas. VARICELA (varicela-zoster; família herpetoviridae) Também conhecida por catapora, esta doença atualmente é prevenida por vacina na tetra viral o que levou a redução da sua incidência (1º dose com 15 meses e reforço aos 4 anos de idade). A infecção confere imunidade permanente, embora, raramente possa ocorrer um segundo episódio de varicela. É uma doença de notificação compulsória apenas se caso grave, ou seja, que necessite internação. Apesar do maior número absoluto de internações ser entre crianças, os adultos têm mais risco de evoluir com complicações e óbito. Em crianças imunocompetentes a varicela tem curso benigno, repentino e autolimitado. CONCEITO! A vacina da varicela é dada na tetra viral ou de forma isolada. A 1ª dose é com 15 meses e o reforço pode ser feito com 4 anos de idade. Mecanismo de transmissão Pessoa a pessoa por meio de secreções respiratórias ou contato direto e, de modo indireto, ocorre por meio do contato com objetos contaminados com a secreção das lesões de pele (vesículas). 9 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP Período de incubação e de transmissão O período de incubação é de 10-21 dias e a transmissão se inicia 1-2 dias antes do surgimento do exantema e permanece até que as lesões estejam em fase de crosta. QUADRO CLÍNICO Apesar de na infância não costumar ocorrer pródromos, os mesmos podem aparecer como febre moderada/ baixa, cefaleia, anorexia e vômito por 2-3 dias. O exantema de característica papulovesicular polimórfico pruriginoso costuma surgir nas partes cobertas do corpo, como couro cabeludo, axilas e mucosas oral e das vias aéreas superiores. Tais lesões surgem em surtos de evolução rápida coexistindo, em uma mesma região do corpo, diferentes estágios: máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da varicela é clínico e costuma ser típico não necessitando a realização de testes comprobatórios, no entanto, é possível em casos graves quando é necessário realizar diagnóstico diferencial pode-se realizar coleta do líquido das lesões vesiculares nos primeiros 3-4 dias de erupção. Também está disponível a sorologia com IgM e IgG. TRATAMENTO O tratamento envolve o uso de sintomáticos como anti-histamínicos para atenuar o prurido, antitérmico e analgésicos (estes, não salicilatos). O tratamento específico é com Aciclovir para menores de 12 anos ou pessoas com imunocomprometimento, comorbidades ou risco para agravamento do quadro. Aciclovir: substância ativa que atua bloqueando os mecanismos de multiplicação do vírus Herpes simples, Varicela zoster, Esptein Barr e Citomegalovírus impedindo que eles se multipliquem e infetem novas células. Além disso, deve-se recomendar a lavagem das lesões de pele com água e sabão, bem como é fundamental cortar as unhas da criança como forma de prevenir lesões de pele secundárias em decorrência o intenso prurido. SAIBA MAIS! A varicela está associada à síndrome de Reye, que ocorre especialmente em crianças e adolescentes que fazem uso do ácido acetilsalisílico (AAS) durante a fase aguda. Essa síndrome se caracteriza por um quadro de vômitos após o pródromo viral, seguido de irritabilidade, inquietude e diminuição progressiva do nível da consciência, com edema cerebral progressivo. A síndrome de Reye é resultado do comprometimento hepático agudo, seguido de comprometimento cerebral. Portanto, está contraindicado o uso de AAS por pacientes com varicela. Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica, 2019. As indicações para o uso do aciclovir são: Crianças sem comprometimento imunológico – 20mg/kg/dose, via oral, 5 vezes ao dia, dose máxima de 800mg/dia, durante 5 dias. Crianças com comprometimento imunológico ou casos graves – uso de aciclovir endovenoso na dosagem de 10mg/kg, a cada 8 horas, infundido durante uma hora, durante 7 a 14 dias. 10 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP Adultos sem comprometimento imunológico – 800mg, via oral, 5 vezes ao dia, durante 7 dias. A maior efetividade ocorre quando iniciado nas primeiras 24 horas da doença, ficando a indicação a critério médico. Adultos com comprometimento imunológico – 10 a 15mg de aciclovir endovenoso, 3 vezes ao dia por no mínimo 7 dias. Cuidado com os contactantes e prevenção Em situações de surto deve-se identificar as pessoas que entraram em contato com o caso da doença para realização do bloqueio com vacina e imunoglobulina antivaricela. A vacina deve seguir as indicações do calendário nacional de imunizações e deve ser administrada no período de 120h após contato com caso, podendo ser realizada em crianças a partir dos 9 meses, devendo manter neste caso, posteriormente, o esquema vacinal de rotina. Crianças < 9 meses, gestantes ou pessoas imunodeprimidas devem receber a imunoglobulina antivaricela na dose de 125UI para cada 10kg. A criança com varicela deve permanecer em isolamento respiratório e de contato até que todas as lesões fiquem em forma de crosta. A prevenção deve ser feita através da vacina. COMPLICAÇÕES A principal complicação é a infecção bacteriana secundária das lesões de pele, causadas por estreptococos e estafilococos, em decorrência do prurido que abre porta de entrada para estes patógenos presentes na pele e que podem causar piodermites, erisipela e celulite. A pneumonia intersticial também é uma complicação comum, sobretudo, em criançasimucomprometidas sendo importante causa de óbito neste grupo. Além disso, podem ocorrer manifestações hemorrágicas, hepatites e complicações no SNC, esta última é mais frequente em crianças < 5 anos e pode tanto atingir o cerebelo causando ataxia, quanto pode levar ao quadro de encefalite responsável por sonolência, coma e hemiplegia. HERPES ZOSTER Apesar deste quadro ocorrer tipicamente na fase adulta, ou seja, não ser classicamente uma doença exantemática da infância, o mesmo será abordado de forma breve aqui de modo a acrescentar mais elementos para o diagnóstico diferencial entre ambas condições que podem estar eventualmente presente na infância. A herpes zoster é decorrente da reativação do vírus da varicela, pois este após a infecção fica latente nos gânglios nervosos podendo ser reativado em pessoas adultas (mais comum) ou em crianças/adolescentes que possuam um comprometimento da sua imunidade – portadoras de doenças crônicas, neoplasias, AIDS, etc. O quadro clínico é típico apresentando como pródromo: neurites, parestesias, ardência e prurido local, acompanhado de febre, cefaleia e mal- estar. As lesões de pele surgem gradualmente após 2-4 dias e seguem o trajeto de um dermátomo, tais lesões também são polimórficas compreendendo um eritema papulovesicular localizado que evolui para crostas e, não havendo infecção de pele secundária associada, cura em 4 semanas. 11 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP CONCEITO! Diferente da varicela, as lesões papulovesiculares do herpes zoster são localizadas, seguem o trajeto de um nervo. Além das complicações já mencionadas na varicela, no caso da herpes zoster há uma complicação mais prevalente em mulheres idosas, em que há comprometimento do nervo trigêmeo, chamada nevralgia pós- herpética (NPH) caracterizada por dor persistente por 4-6 semanas após surgimento das lesões cutâneas sendo esta dor refratária ao tratamento. O tratamento do herpes zoster é de suporte com sintomáticos e Aciclovir deve ser prescrito em casos em que há risco para agravamento, além disso, o uso do Aciclovir nas primeiras 72h após surgimento das lesões de pele, reduz a ocorrência da NPH. DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA (enterovírus coxsackie e enterovírus 71) Síndrome mão-pé-boca (SMPB) ou doença-mão-pé-boca é causada por não-pólio- enterovírus principalmente o coxsackie A16 e o enterovírus 71. E, a infecção ocorre na forma de surtos. Mecanismo de transmissão: A transmissão ocorre por via fecal-oral. Período de incubação e de transmissão O período de incubação é 3-6 dias e o tempo de contágio é variável. QUADRO CLÍNICO O período prodrômico consiste em febre baixa que melhora em 48h, irritabilidade e anorexia. Cerca de 1-2 dias após início da febre surgem vesículas na cavidade oral que rapidamente se rompem formando úlceras dolorosas que causam desconforto na alimentação. Em seguida, surge o exantema papulovesicular principalmente em extremidades (mãos e pés), não pruriginosas, mas as vezes dolorosas. CONCEITO! Diferente das lesões papulovesiculares da varicela, na SMPB as lesões não são pruriginosas, mas sim dolorosas. 12 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP DIAGNÓSTICO É clínico e tipicamente característico. TRATAMENTO A SMPB tem curso autolimitada, de modo que as lesões de pele costumam se resolver em 7-10 dias. O tratamento deve ser com sintomáticos para o quadro febril e álgico, deve-se também dar suporte hídrico e nutricional, pois muitas crianças chegam a desidratar pela dificuldade de ingerir em decorrência das úlceras orais. Em caso de baixa adesão da dieta e hidratação deve-se internar a criança e considerar a realização de hidratação venosa. Cuidado com os contactantes e prevenção Deve ser realizada precaução de contato durante o período da doença, assim como realizar medidas de higiene frequente das mãos, sobretudo, após troca de fraldas. Não há vacina disponível para tal patologia no momento. HERPANGINA Um importante diagnóstico diferencial da SMPB, também pelos coxsackie vírus A16 e enterovírus 71. Tal patologia, frequente em crianças, não causa exantema, mas assim como a SMPB causa enantema e lesões vesiculares em região oral, mais especificamente em palato mole, úvula e pilares amigdalianos (orofaringe posterior diferente da SMPB) que evoluem para úlceras esbranquiçadas de halo eritematoso. Este quadro possui como pródromo uma febre alta súbita, cefaleia, disfagia, vômitos e linfadenopatia cervical. O tratamento é de suporte com sintomático e o quadro resolve-se espontaneamente em 5-10 dias. CONCEITO! As lesões vesiculares da herpangina localizam-se em orofaringe posterior, diferente das lesões da SMPB em que as mesmas ficam na região anterior da cavidade oral. ESCARLATINA (estreptococos pyogenes) A escarlatina é uma doença infecciosa aguda causada pelo Estreptococos pyogenes ou estreptococos beta hemolítico do grupo A, mais especificamente, pelas toxinas pirogênicas que este libera quando está infectado por um bacteriófago produtor de exotoxinas pirogênicas, ou seja, a escarlatina não é fruto da infecção direta pela bactéria, mas sim pelo efeito das toxinas produzidas quando a bactéria é infectada por um bacteriófago. As toxinas produzidas podem ser tipo A, B ou C e, o quadro desenvolvido por um toxina não oferece imunidade às infecções pelas outras, logo, é possível que um indivíduo tenha o mesmo quadro de escarlatina até 3 vezes. Tal patologia está mais frequentemente associada a faringite e, ocasionalmente aos impetigos. Mecanismo de transmissão A transmissão ocorre por contato com gotículas e secreção de nasofaringe de indivíduos com faringoamigdalite estreptocócica aguda. 13 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP Período de incubação e de transmissão O período de incubação é de 2-5 dias e a transmissão se inicia tão logo iniciem os sintomas, caso o tratamento seja realizado adequadamente a transmissão só persiste por 24h do início do mesmo. QUADRO CLÍNICO O período prodrômico ocorre durante 12-24h com febre alta, dor à deglutição, mal-estar geral, náuseas e vômitos. Após este período o paciente apresenta o quadro de faringoamigdalite com exsudato purulento, adenomegalia cervical e enantema na mucosa oral. Em seguida, cerca de 12-48h após o início do quadro, surge um exantema micropapular àspero (aspecto de lixa) em peitoral que se expande para tronco – pescoço – membros, poupando palma das mãos e pés. Este exantema apresenta-se mais intenso nas dobras cutâneas formando locais com linhas hiperpigmentadas chamadas linhas de Pastia. Na face, o eritema malar confere o aspecto chamado de “face esbofeteada” associado ao sinal de Filatov, além disso, ocorre hipertrofia das papilas da língua dando a esta o aspecto de framboesa o que é chamado de “língua em framboesa”. Cerca de 1 semana após o início do quadro as manifestações clínicas citadas acima desaparecem e se inicia um período de descamação furfurácea em face – pescoço – tronco – membros – extremidades. DIAGNÓSTICO Além de clínico o diagnóstico pode ser feito pela cultura de secreção da orofaringe coletada com swabs para identificação do estreptococo beta- hemolítico do grupo A, este, é o padrão-ouro para o diagnóstico. No entanto, é possível também fazer dosagem de anticorpo antiestreptolisina O (ASLO) que auxilia a presumir infecção pelo 14 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP estreptococo em questão. E ainda, é possível realizar teste rápido para identificação do pyogenes. TRATAMENTO O exantema tem curso autolimitada, porém, indica-se o tratamento com antibiótico para eliminar a bactéria, de modo a reduzir as possibilidades de transmissão, além de prevenir febre reumática e complicações supurativas. O tratamentode escolha é com Penicilina G benzatina, intramuscular, dose única: 600.000 UI para crianças < 25kg e 1.200.000UI para > 25kg e adultos. SÍNDROME DA PELE ESCALDADA ESTAFILOCÓCICA (Estafilococos aureus) A síndrome da pele escaldada estafilocócica (SPEE) antigamente chamada de doença de Filatov-Dukes e chamada também de Síndrome de Ritter, é uma doença exantemática associada a quadro bolhoso importante. A SPEE ocorre quando há quebra das barreiras protetoras da pele, permitindo a infecção pelo S. aureus, como por exemplo, infecções de coto umbilical de recém- nascidos ou infecção bacteriana secundária associada ao quadro de varicela. Costuma acometer mais crianças antes dos 5 anos de idade, mas pode acometer adultos, sobretudo, aqueles que têm doença renal crônica ou doenças que causa uma depressão do sistema imunológico. As toxinas produzidas por cepas 55 e 71 do S. aureus clivam a desmogleína, proteína constituinte dos desmossomos responsáveis por manter as células epidérmicas unidas. Com isso, há um desprendimento da epiderme da camada granulosa, o que acarreta na descamação superficial da pele típica da doença. QUADRO CLÍNICO Sintomas prodrômicos incluem febre, irritabilidade, mal-estar, em seguida inicia-se a fase exantemática com exantema maculopapular doloroso que inicia em face e se expande por todo corpo. A pele começa a exsudar criando crostas melisséricas ao redor de boca e nariz, além de formar descamações laminares como se fossem bolhas decorrentes do deslocamento da epiderme superficial (sinal de Nikolsky). 15 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP DIAGNÓSTICO O diagnóstico além de clínico pressupõe o isolamento do S.aureus com coleta de do sítio suspeito e posterior cultura do material. TRATAMENTO Consiste em limpeza e curativo da pele, sem a administração de antibióticos tópicos, além de medidas de suporte. A doença continua a progredir até que a toxina seja eliminada pelos rins ou neutralizada por anticorpos, mas em crianças tem um prognóstico excelente havendo regressão do quadro em 2-3 semanas. No entanto, o tratamento específico pode ser feito usando antibiótico endovenoso para eliminar o patógeno do organismo, sendo o medicamento de escolha a Oxacilina. DOENÇA KAWASAKI (Etiologia desconhecida) A doença de Kawasaki (DK) é importante causa de vasculite na faixa etária pediátrica, sendo causa importante de cardiopatia e infarto agudo do miocárdio. Sua etiologia é desconhecida, mas acredita-se que seja decorrente de uma resposta imune patológica a agentes ambientais ou infecciosos em indivíduos com predisposição. O diagnóstico e tratamento precoce até o 10º dia da doença é fundamental para a redução da complicação mais temidas que é o aneurisma de coronárias. DIAGNÓSTICO E QUADRO CLÍNICO O diagnóstico da DK é eminentemente clínico, sendo baseado nos seguintes critérios: A febre costuma ser abrupta com duração de 10-12 dias, podendo durar até 4 semanas, uma vez que não responde aos antitérmicos. O exantema ocorre em 90% dos casos e é maculopapular polimórfico. Nas extremidades, em 80% dos casos nota-se edemas, eritema palmo-plantar e descamação laminar em região periungueal. CONCEITO! A descamação da pele na DK é em região periungueal, o que difere das descamações da Escarlatina (onde havia o exantema) e da fragilidade da epiderme da SPEE. Outros achados clínicos podem estar presentes como artralgia, diarreia, dor abdominal de modo que a diferenciação inicial entre a DK e as outras doenças exantemáticas da infância é difícil, sobretudo, nos primeiros dias de doença. Boa parte das crianças não preencherá 4 ou mais critérios diagnósticos acima, tendo o que é chamada de “DK incompleta”, no entanto, naquelas que forem menores de 6 meses e tiverem febre com mais de 1 semana de duração com evidência laboratorial de inflamação (elevação e VHS e PCR) sem outra causa conhecida, recomenda-se a realização de um Ecocardiograma (ECO). Vale ressaltar que, caso haja doença coronariana comprovada por um ECO, não são necessários 5 dias de febre para estabelecer o diagnóstico. 16 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP TRATAMENTO Apesar da incerteza quanto a etiologia, o tratamento deve ser instituído precocemente (antes de completar 10 dias do início quadro) como forma de evitar complicações cardiovasculares e, consiste em administrar imunoglobulina 2g/kg em infusão contínua de 10 horas. Associado a isto, inicia-se o ácido acetilsalicílico (AAS) em dose anti- inflamatória de 80-100mg/kg/dia até que o paciente esteja afebril. A falha terapêutica ocorre naqueles pacientes que mantêm ou têm recorrência da febre após 36h do início do tratamento. Nestes casos, pode- se repetir a imunoglobulina até 2 vezes. Caso a mesma não seja eficaz pode ser feito pulsoterapia com metilprednisolona 30 mg/kg/dia. COMPLICAÇÕES Os aneurismas coronarianos são complicações que ocorrem precocemente, sendo os de tamanho >8mm de diâmetro os mais temidos pelo risco aumentado de obstrução e isquemia. Como forma de monitorar o surgimento desta complicação e prognóstico ruim de alguns pacientes, recomenda-se a realização de ECO em 2 momentos: na fase aguda (2-3 semanas após o caso) e com 6-8 semanas. Caso em alguns desses resultados apareça o resultado de aneurisma de coronárias deve-se proceder um acompanhamento mais frequente do caso. CHIKUNGUNYA ETIOLOGIA A Febre de Chikungunya é uma doença causada por um vírus do gênero Alphavirus transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo Aedes aegypti o principal vetor. Grupo de risco: Gestantes, menores de 2 anos (neonatos considerar critério de internação), adultos com idade acima de 65 anos e pacientes com comorbidades. QUADRO CLÍNICO A doença pode manifestar-se clinicamente de três formas: aguda, subaguda e crônica. Na fase aguda os sintomas aparecem de forma brusca e compreendem febre alta (acima de 38ºC), artralgia intensa (predominantemente nas extremidades e nas grandes articulações), cefaleia e mialgia. Também é frequente a ocorrência de exantema maculopapular, em geral de 2 a 5 dias após o início da febre em aproximadamente 50% dos doentes. Afeta principalmente o tronco e as extremidades (incluindo palmas das mãos e plantas dos pés), podendo atingir a face. O prurido pode estar presente e ser generalizado ou apenas localizado na região palmoplantar. Os sintomas costumam persistir por 7 a 10 dias, mas a dor nas articulações pode durar meses ou anos e, em certos casos, converter-se em uma dor crônica incapacitante. O período médio de incubação da doença é de 3 a 7 dias (podendo variar de 1 a 12 dias). DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Realizado pela detenção de antígenos virais até o 5ºdia de doença. Ou após o 6º dia com anticorpos IgM ou pela elevação de IgG pareada. TRATAMENTO A terapia utilizada é analgesia e suporte às descompensações clínicas causadas pela doença. 17 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP É necessário estimular a hidratação oral dos pacientes. A droga de escolha é o paracetamol. Também podem ser utilizados outros analgésicos para alívio de dor, como a dipirona. Nos casos refratários recomenda-se a utilização da codeína. DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA ZIKA VÍRUS ETIOLOGIA A febre do zika vírus é uma doença causada pelo vírus do gênero Flavivirus, transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o Aedes aegypti o principal vetor. Grupo de risco: Gestantes, menores de 2 anos, adultos com idade acima de 65 anos e pacientes com comorbidades. QUADRO CLÍNICO Pode ser assintomática ou sintomática. Quando sintomática, pode apresentar quadro clínico variável, desde manifestações brandas e autolimitadas até complicações neurológicas e malformações congênitas. Podemanifestar-se clinicamente como uma doença febril aguda, com duração de 3-7 dias, caracterizada pelo surgimento do exantema maculopapular pruriginoso (surge no 10 dia e está presente em 90% dos pacientes), febre (sem febre, subfebril ou inferior a 38ºC), hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia, edema periarticular e cefaleia. A artralgia pode persistir por aproximadamente um mês. Segundo a literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas. Foi observada uma correlação entre a infecção pelo ZIKAV e a ocorrência de síndrome de Guillain-Barré, além de casos de microcefalia no Brasil. O período de incubação da doença varia de 3 a 12 dias, sendo em média de 4 dias. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Realizado no 5º dia da doença ou após 6 dia para anticorpo IgM, sendo disponível teste rápido para triagem IgM e IgG, ou pelo PCR. TRATAMENTO O tratamento sintomático recomendado é baseado no uso de paracetamol ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser utilizados. No entanto, é desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outros drogas anti-inflamatórias, em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por outros flavivírus. DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA. Protocolo de cuidados para contactante de doenças infecciosas: manejo e notificação compulsória Vigilância Epidemiológica - Notificação Sarampo e Rubéola Considerando-se a alta infectividade e contagiosidade da doença, todo caso suspeito de sarampo e rubéola deve ser comunicado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), dentro das primeiras 24 horas após o atendimento do paciente, e também à Secretaria Estadual de Saúde (SES), para acompanhamento junto ao município. Além disso, a notificação deve ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 18 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP utilizando-se a Ficha de Notificação/Investigação de Doenças Exantemáticas Febris Sarampo/Rubéola. Dengue, Chikungunya e Zika Dengue, chikungunya e Zika são doenças de notificação compulsória, ou seja, todo caso suspeito e/ou confirmado deve ser obrigatoriamente notificado ao Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Os óbitos suspeitos pelas arboviroses dengue, chikungunya e Zika são de notificação compulsória imediata para todas as esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), a ser realizada em até 24 horas a partir do seu conhecimento, pelo meio de comunicação mais rápido disponível. Posteriormente, os dados devem ser inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A vigilância epidemiológica deverá informar imediatamente o caso à equipe de controle vetorial local e ao gestor municipal de saúde, para a adoção das medidas necessárias ao combate ao mosquito vetor e outras ações. Até que se tenha um sistema de informação que permita uma única entrada de dados para as três arboviroses, cada uma de suas fichas deve ser digitada conforme a suspeita inicial. Se descartado para determinada suspeita e confirmada para outra doença, o caso deve ser encerrado no Sinan como descartado, e outra notificação deve ser inserida para o agravo confirmado. Calendário vacinal de crianças até 2 anos Das patologias listas acima, sarampo, rubéola e varicela são preveníveis por vacina o que mudou o panorama quanto à incidência destas doenças no Brasil já que tais vacinas fazem parte do esquema de imunizações preconizadas pela Sociedade Brasileira de Imunizações. A vacina quádrupla viral protege a criança contra os vírus do sarampo+rubéola+caxumba+varicela e 1ª dose deve ser dada aos 12 meses e a 2ª dose aos 15 meses, não havendo esta vacina, pode ser dada a tríplice viral (sarampo+rubéola+caxumba) e, em administração separada, no mesmo dia, ser aplicada a dose da varicela. Recomenda-se ainda um reforço da varicela aos 4 anos de idade. Em caso de surto ou exposição domiciliar ao sarampo antes dos 12 meses de vida, a 1ª dose pode ser aplicada a partir dos 6 meses de idade, em seguida, deve ser administrada aos 12 e 15 meses as doses previamente preconizadas. Calendário de vacinação de rotina do Ministério da Saúde (Programa Nacional de Imunizações/PNI) 19 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP REFERÊNCIAS Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. Volume único [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 3ª. ed. – Brasília, 2019. Diretoria de Vigilância Epidemiológica – Doenças Exantemáticas Febris. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 272 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica, nº 33)
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