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Doenças Exantemáticas

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1 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
Doenças Exantemáticas 
DEFINIÇÃO 
Os eritemas são alterações vasculares transitórias avermelhadas/róseas com 
duração e apresentação variada a depender do elemento causal e, quando 
presente nas mucosas, essa alteração vascular é chamada de enantema. Na 
infância é recorrente o acometimento por patologias que levam ao surgimento de 
erupções cutâneas eritematosas disseminadas, também conhecidas como 
exantema (quando o eritema se estende por áreas extensas) ou rash cutâneo. A 
maioria das doenças exantemáticas são causas por vírus. 
 CONCEITO! Eritema é uma lesão de pele com coloração avermelhada-
róseo decorrente de alteração vascular. Quando é disseminada pelo 
corpo, chama-se eritema e, quando presente em mucosas, chama-se 
enantema. 
A análise do tipo de lesão, sinais e sintomas associados, bem como a forma de 
progressão dos mesmos e a epidemiologia permitem inferir o diagnóstico 
etiológico sem necessariamente recorrer a exames complementares, no entanto, 
como veremos a seguir, para algumas patologias, a realização de sorologias ou 
testes específicos auxiliam a fechar o diagnóstico e estabelecer cuidados 
direcionados. 
Os principais tipos de lesões elementares dentro do contexto das doenças 
exantemáticas são: 
 
 
Os microrganismos podem causar erupção cutânea por diversos mecanismos: 
 Por invasão e multiplicação direta na pele (varicela, herpes simples) 
 Por ação de toxinas (escarlatina e infecção estafilocócica) 
 Por ação imunoalérgica (maioria das viroses exantemáticas) 
 Por dano vascular causando obstrução e necrose da pele 
(meningococemia). 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS EXANTEMAS 
1.Maculopapular: é o padrão mais comum com presença de maculas (manchas 
vermelhas) e pápulas (manchas vermelhas elevadas). Observa-se no sarampo, 
rubéola, eritema infeccioso, exantema súbito, escarlatina, síndrome pele escaldada 
e doença Kawasaki. 
2.Papulovesicular: Também inicia-se com maculas que evoluem para papulas e 
posteriormente para vesiculas (conteúdo liquido). Observa-se na varicela (tambem 
chamada catapora) e doença mão-pé-boca. 
3.Petequial ou purpúrico: Decorre de alterações vasculares com ou sem distúrbios 
de plaquetas e de coagulação. É possível diferenciar do exantema maculopapular 
devido ele não sumir a ditopressão. É mais comum em doenças infecciosas 
invasivas graves, como a menigococcemia, septicemias bacterianas, febre 
purpúrica brasileira e febre maculosa. 
 
2 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
 
1 2 3 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Apesar da similaridade de alguns quadros nas doenças exantemáticas, outros 
possuem quadro clínico típico ou alguma peculiaridade que já permite um 
direcionamento diagnóstico. 
Para identificar os quadros clínicos típicos e peculiaridades é preciso realizar uma 
boa anamnese que englobe: faixa etária da criança, calendário vacinal, tempo 
início e progressão do exantema, presença de sinais/sintomas prodrômicos e 
manifestações clínicas associadas. 
Além disso, um bom exame físico deve ser capaz de caracterizar bem o exantema 
e outras lesões em pele e mucosas associadas, bem como outros sinais clínicos que 
ajudam a fechar o diagnóstico. 
 
 
 
 
Tabela 1. Diagnóstico diferencial das principais doenças exantemáticas na infância (*: 
lactente=29 dias a 2 anos de idade, pré-escolar=2-7 anos de idade, escolar= 7-10 anos de 
idade, adolescente= 10 a 20 anos incompletos). 
 
 
3 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
SARAMPO 
(paramoxivírus; gênero mobillivirus; família paramyxoviridae) 
O sarampo é uma doença exantemática viral extremamente contagiosa que pode 
evoluir para óbitos em crianças < 1 ano e desnutridas. No Brasil, inúmeras são as 
medidas de controle do sarampo inseridas desde a introdução da vacina em 1968 
até o momento atual, oscilando entre períodos de casos suspeitos e confirmados 
no território nacional. Em 2016, a OMS considerou as Américas livre da circulação 
do sarampo e, desde então o Brasil em fase de eliminação autóctone do vírus tanto 
do sarampo, quanto da rubéola. 
 SE LIGA! O sarampo é uma doença de notificação compulsória, 
devendo ser preenchida a respectiva ficha de 
Notificação/Investigação de Doenças Exantemáticas Febris 
Sarampo/Rubéola mesmo que o caso seja suspeito. Além disso, a 
respectiva Secretaria Municipal e Estadual devem ser informadas no 
máximo em 24h do caso. Fonte: GUIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 
2019. 
 
Mecanismo de transmissão 
 Através de secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, falar, espirrar por 
meio de aerossóis com partículas virais que ficam no ar. 
 
Período de incubação e de transmissão 
 O período de incubação varia de 7-21 dias da data de exposição ao início 
do quadro exantemático. 
 O período de transmissibilidade ocorre 6 dias antes e 4 dias após o 
exantema, sendo o pico de transmissão 2 dias antes e 2 dias depois do 
início do exantema. 
 
QUADRO CLÍNICO 
 No período prodrômico (fase que antecede o aparecimento de sintomas) 
ocorre febre > 38,5ºC, tosse inicialmente seca, coriza, conjuntivite não 
purulenta, fotofobia, na região da orofaringe é possível notar enantema 
e, na altura do terceiro molar surgem as manchas de Koplik: manchas 
brancas/amareladas na mucosa oral. 
 Cerca de 2-4 dias após o início do quadro intensifica-se aquele quadro 
inicial, o paciente fica prostrado e surge o exantema maculopapular 
morbiliforme, ou seja, existem áreas de pele livre de lesão entre as lesões. 
Este exantema tem progressão cefalocaudal (região retro auricular – 
pescoço – face – tronco – extremidades). 
 
 
 
4 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
DIAGNÓSTICO 
 O diagnóstico é clinico, mas todos os casos suspeitos de sarampo devem 
ser submetidos a exames sorológicos para identificação de IgM e IgG do 
vírus em amostras de soro, urina e swabs de naso e orofaringe. 
 A identificação do vírus tem como objetivo conhecer o genótipo do mesmo 
para diferenciar um caso autóctone de um importado e diferenciar o vírus 
selvagem do vacinal, já que a vacina é feita com vírus atenuado. Para 
conseguir realizar essas análises, o Ministério da Saúde recomenda coleta 
das amostras até o 7º dia após início do exantema, sendo que o IgM é 
possível ser identificado desde o início da doença até 1 mês após a mesma. 
Importante ressaltar que, o material coletado deve ser enviado para o 
laboratório acompanhado daquela Ficha de Notificação. 
 
TRATAMENTO 
 Não há tratamento específico, mas é possível realizar medidas de suporte 
com sintomáticos. 
 Recomenda-se a administração de vitamina A (palmitato de retinol) em 
menores de 2 anos de idade (< 6 meses: 50.000 UI, 6-12 meses: 100.000 UI 
e > 12 meses: 200.000 UI), 1 vez ao dia, por 2 dias. 
 
Cuidado com os contactantes e prevenção 
 Até 4 dias após o início do exantema deve ser realizado precaução 
respiratória com uso de máscara N95 e isolamento domiciliar do paciente. 
 Deve-se aplicar vacina contra o sarampo até 72h após contágio e após 
este período, em até 6 dias, aplicar imunoglobulina. 
 Crianças a partir de 6 meses podem receber a vacina, mas, 
independentemente disto, devem receber as doses usuais programadas 
aos 12 e 15 meses. Para gestantes, imunocomprometidos e crianças 
menores de 6 meses deve-se aplicar somente a imunoglobulina. 
 
COMPLICAÇÕES 
 O sarampo pode apresentar complicações sobretudo em menores de 1 
ano, adultos maiores de 20 anos e pessoas com comorbidades. 
 A persistência da febre por mais de 3 dias após o início do exantema 
deve ser um sinal de alerta. 
 Dentre as complicações a mais comum é a otite média aguda, mas a 
pneumonia é a complicação responsável por maior morbi/ mortalidade 
nas crianças. 
 Além disso, algumas crianças apresentam convulsão febril 
acompanhada ou não de sinais de irritação meníngea e hipertensão 
intracraniana como sinais de encefalite após o sarampo, causada por 
um processo imunológicoapós a respectiva infecção. 
 Ocorre também uma encefalite causada pelo sarampo onde o vírus ao 
atingir o sistema nervoso central (SNC), meses após o sarampo, pode 
acarretar epilepsia focal, perda auditiva, progressão para coma e até 
mesmo óbito. 
 Outra complicação é a panencefalite esclerosante subaguda (PEES) a 
qual pode ocorrer meses e até 10 anos após o quadro inicial do sarampo, 
com piora progressiva das funções motoras e cognitivas, convulsões e 
até morte. 
RUBÉOLA 
(togavírus; gênero rubivirus; família tagaviridae) 
Assim como o sarampo, a rubéola é uma doença de etiologia viral altamente 
contagiosa e, sua importância epidemiológica está relacionada ao risco de abortos, 
natimortos e à síndrome da rubéola congênita (SRC). Após diversas campanhas e 
ações de vigilância epidemiológica, no ano de 2010, o Brasil cumpriu a meta de 
eliminação da rubéola e da SRC e, em 2015 a Organização Pan-americana da Saúde 
(OPAS) declarou as Américas livre da rubéola e SRC. 
 SE LIGA! A Rubéola também é uma doença de notificação 
compulsória (deve ser preenchida a respectiva ficha de 
 
5 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
Notificação/Investigação de Doenças Exantemáticas Febris 
Sarampo/Rubéola) e prevenida por vacina (tríplice viral). 
Mecanismo de transmissão 
 A transmissão ocorro por gotículas de secreções nasofaríngeas e contato 
direto com pessoas infectadas. 
Período de incubação e de transmissão 
 O período de incubação é entre 12 e 23 dias, sendo o período de 
transmissibilidade 7 dias antes e 7 dias após o início do quadro 
exantemático. 
 
QUADRO CLÍNICO 
 Febre baixa e linfoadenopatia retroauricular e/ou occipital e/ou cervical 
podem ocorrer 5-10 dias antes do exantema, no entanto, em crianças pode 
não ocorrer tais pródromos. 
 O exantema é maculopapular puntiforme róseo difuso com início na face 
– couro cabeludo – pescoço – tronco – extremidades, tais lesões têm curta 
duração (3 dias ou menos) e, conforme o exantema progride para um 
novo local, as manchas presentes no local anterior vão desaparecendo. 
Em alguns casos, nota-se petéquias no palato mole conhecidas como sinal 
de Forschemeir que não é patognomônico. 
 
DIAGNÓSTICO 
 É clínico, mas devido a dúvida diagnóstica frequentemente causada, 
recomenda-se a testagem sorológica de todos os pacientes em que há 
suspeita clínica de rubéola por meio de coleta sanguínea onde será testado 
IgM e IgG desta patologia. 
 Assim como no sarampo, o Ministério da Saúde recomenda a detecção do 
vírus em urina e secreção de nasofaringe como forma de conhecer o 
genótipo do vírus, diferenciando-o os casos autóctones dos importados e 
os vírus selvagens do vacinal. 
 
TRATAMENTO 
 O tratamento é realizado com base em sintomáticos, não havendo 
tratamento específico direcionado ao vírus. 
 
Cuidado com os contactantes e prevenção 
 O isolamento domiciliar por até 7 dias após o início do exantema diminui 
a intensidade dos contágios. 
 A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência de casos, não havendo 
evidências suficientes para realização de profilaxia pós-exposição. 
 Após contato com caso suspeito, deve ser realizada a vacinação daqueles 
que ainda não foram vacinados ou maiores de 50 anos que não comprovem 
ter recebido alguma dose da tríplice viral. 
 Gestantes suscetíveis e crianças menores de 6 meses devem ser afastadas 
do contato com casos suspeitos/confirmados e seus respectivos contatos. 
 
COMPLICAÇÕES 
 As complicações na criança são raras podendo ocorrer trombocitopenia 
que costuma ocorrer 2 semanas do início do exantema, no entanto, é 
autolimitada logo não é necessário nenhum tratamento específico. 
 
6 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
 De modo mais grave, podem ocorrer a encefalite pós-infecciosa e 
panencefalite por rubéola. A primeira é decorrente do efeito viral direto, 
ocorre 7 dias após o início do exantema provocando convulsões, cefaleia 
e sinais neurológicos focais e levando ao óbito em 20% dos casos. Já a 
panencefalite progressiva da rubéola que pode ocorrer anos após o 
quadro clínico da doença havendo um distúrbio neurodegenerativo 
evoluindo com óbito em 2-5 anos. 
 
ERITEMA INFECCIOSO 
(eritrovírus – parvovírus humano b19) 
O eritrovírus B19 é um vírus de DNA com tropismo por células eritropoiéticas, 
replicando-se em células eritroides da medula óssea. Boa parte dos infectados é 
assintomático, no entanto, devido a estas características do vírus, indivíduos 
saudáveis podem desenvolver aplasia eritroide acompanhada do quadro 
exantemático que veremos a seguir, enquanto que, pacientes com doenças 
hematológicas (síndromes falcêmicas, talassemias...) e imunodeprimidos podem 
desenvolver quadro importante de anemia e até crise aplástica. 
Mecanismo de transmissão 
 Transmitido por via respiratória, sobretudo, em comunidades fechadas. 
Também pode ser transmitido por via placentária em caso de mães 
infectadas, o que pode levar a hidropsia fetal (cumulação anormal de 
líquido em tecidos fetais, com consequente edema ou derrames 
cavitários). 
Período de incubação e de transmissão 
 Estima-se que o tempo de incubação seja entre 14-21 dias. 
 A transmissão ocorre antes do exantema, porém não se sabe ao certo 
quantos durante quantos dias antes do surgimento do mesmo. Logo, 
quando há o surgimento do exantema o paciente não elimina mais o 
vírus, portanto, não há necessidade de isolamento. 
QUADRO CLÍNICO 
 Geralmente não costuma ter pródromos, mas alguns casos surgem 
sintomas prodrômico leves como mialgia, febre, coriza e cefaleia. 
 O exantema maculopapular se inicia em face em região malar, dando o 
aspecto que alguns autores chamam de “face esbofeteada” associado a 
palidez perioral ou sinal de Filatov. 
 Cerca de 4 dias depois o exantema evolui para membros superiores e 
inferiores, a mácula aumenta de tamanho deixando uma palidez central 
conferindo o aspecto rendilhado do exantema que pode durar até 3 
semanas. 
 Importante ressaltar que após desaparecimento pode haver recorrência 
do eritema após exposição ao sol, variação da temperatura, exercícios e 
estresse devendo-se, portanto, explicar à família que tal fenômeno pode 
ocorrer não significando recorrência da doença em si. 
 
 
7 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
DIAGNÓSTICO 
 O diagnóstico além de clínico, deve ser feito através da sorologia com 
detecção de anticorpos IgM para Parvovírus humano B19. 
 
TRATAMENTO 
 O eritema infecioso em geral é autolimitado e não há tratamento específico. 
Deve ser realizado tratamento de suporte com sintomáticos. 
 
Cuidado com os contactantes e prevenção 
 Como já foi dito, não é necessário realizar o isolamento do paciente, no 
entanto, deve-se tomar cuidados com contactantes caso algum possua 
hemoglobinopatias (conforme veremos a seguir pode haver complicações 
para pacientes com este diagnóstico). 
 Não existem medidas de prevenção a serem tomadas, pois não há vacina 
que garanta imunidade contra tal vírus. 
 
COMPLICAÇÕES 
 A artropatia é uma complicação presente em cerca de 8% das crianças 
infectadas pelo eritrovírus B19, mas é mais comum em mulheres 
adolescentes e adultas infectadas por tal vírus. 
 Como dito anteriormente, em pessoas com doenças hematológicas como 
doença falciforme, talassemias, anemias hemolíticas e aqueles que 
possuem algum tipo de imunodeficiência, podem desenvolver uma crise 
aplástica transitória (CAT) decorrente da infecção viral direta pelo 
parvovírus B19 que bloqueia transitoriamente a produção de eritrócitos. 
 Com isso, ocorre redução abrupta da hemoglobina, dos reticulócitos e dos 
percussores eritroides na medula óssea havendo ou não plaquetopenia e 
leucopenia. 
 A maior parte dos casos apresenta resolução do quadro com 2 semanas, 
porém alguns podem evoluir com óbito. Estes pacientes com CAT podem 
necessitar de transfusão de hemácias durante o período de recuperaçãomedular, porém alguns não possuem boa resposta ou não têm anticorpos 
suficientes, sendo necessário o tratamento com imunoglobulina humana. 
 
 SE LIGA! A crise aplástica transitória é resultado da infecção direta 
pelo parvovírus B19, mais frequente em pacientes com 
hemoglobinopatias e imunodeficiência. Há queda abrupta da 
hemoglobina associada a queda dos reticulócitos (hemácias 
imaturas), o que difere do quadro das doenças hemolíticas onde há 
aumento de reticulócitos. 
 
EXANTEMA SÚBITO 
(herpes vírus humano 6 ou 7) 
Esta doença viral de evolução benigna, também chamada de roséola infantum, é 
causada pelo herpes vírus 6 e 7, sobretudo, o tipo 6 que é o mais frequente. A 
doença acomete apenas crianças entre 6 meses e 6 anos de idade, sugerindo que 
haja uma proteção por meio de anticorpos maternos e que o vírus seja bastante 
prevalente na comunidade já que na idade pré-escolar quase todas as crianças já 
estão imunes. É mais prevalente em menores de 2 anos. 
 
Mecanismo de transmissão 
 Transmitida por secreção oral. 
 
Período de incubação e de transmissão 
 O tempo de incubação é de 5-15 dias. 
 A transmissão ocorre na fase de viremia que acontece principalmente no 
período febril. 
 
 
8 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
QUADRO CLÍNICO 
 Assim como sugere o nome da doença, o início do quadro clínico é súbito 
e sem pródromos, caracterizando-se por uma febre alta (39-40ºC) e 
contínua que resulta em irritabilidade da criança e convulsão febril. 
 Pode haver linfonodomegalia associado. 
 Após 3-4 dias de febre esta cessa bruscamente e aparece o exantema de 
modo também súbito de aspecto maculopapular róseo com lesões que 
não coalescem com evolução de tronco – face – membros, de curta 
duração e sem descamação. 
 
 CONCEITO! No exantema súbito as lesões maculopapulares surgem, 
subitamente, após o desaparecimento da febre alta. 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 Clínico e laboratorialmente pode ser realizada sorologia na busca de 
anticorpos IgM e IgG dos herpes vírus 6 ou 7. 
 
TRATAMENTO 
 O tratamento de suporte é realizado principalmente com antitérmicos por 
conta da febre alta. Em caso de imunodeprimidos pode-se usar Ganciclovir 
pelo risco de acometimento do SNC. 
Cuidado com os contactantes e prevenção 
 O isolamento é desnecessário uma vez que, como dito, a maioria das 
pessoas já terá entrado em contato com o vírus e, não existem medidas de 
prevenção a serem adotas. 
 
VARICELA 
(varicela-zoster; família herpetoviridae) 
Também conhecida por catapora, esta doença atualmente é prevenida por vacina 
na tetra viral o que levou a redução da sua incidência (1º dose com 15 meses e 
reforço aos 4 anos de idade). A infecção confere imunidade permanente, embora, 
raramente possa ocorrer um segundo episódio de varicela. É uma doença de 
notificação compulsória apenas se caso grave, ou seja, que necessite internação. 
Apesar do maior número absoluto de internações ser entre crianças, os adultos 
têm mais risco de evoluir com complicações e óbito. Em crianças 
imunocompetentes a varicela tem curso benigno, repentino e autolimitado. 
 CONCEITO! A vacina da varicela é dada na tetra viral ou de forma 
isolada. A 1ª dose é com 15 meses e o reforço pode ser feito com 4 
anos de idade. 
 
Mecanismo de transmissão 
 Pessoa a pessoa por meio de secreções respiratórias ou contato direto e, 
de modo indireto, ocorre por meio do contato com objetos contaminados 
com a secreção das lesões de pele (vesículas). 
 
9 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
Período de incubação e de transmissão 
 O período de incubação é de 10-21 dias e a transmissão se inicia 1-2 dias 
antes do surgimento do exantema e permanece até que as lesões estejam 
em fase de crosta. 
 
QUADRO CLÍNICO 
 Apesar de na infância não costumar ocorrer pródromos, os mesmos podem 
aparecer como febre moderada/ baixa, cefaleia, anorexia e vômito por 2-3 
dias. 
 O exantema de característica papulovesicular polimórfico pruriginoso 
costuma surgir nas partes cobertas do corpo, como couro cabeludo, axilas 
e mucosas oral e das vias aéreas superiores. 
 Tais lesões surgem em surtos de evolução rápida coexistindo, em uma 
mesma região do corpo, diferentes estágios: máculas, pápulas, vesículas, 
pústulas e crostas. 
 
DIAGNÓSTICO 
 O diagnóstico da varicela é clínico e costuma ser típico não necessitando a 
realização de testes comprobatórios, no entanto, é possível em casos graves 
quando é necessário realizar diagnóstico diferencial pode-se realizar coleta 
do líquido das lesões vesiculares nos primeiros 3-4 dias de erupção. 
Também está disponível a sorologia com IgM e IgG. 
 
TRATAMENTO 
 O tratamento envolve o uso de sintomáticos como anti-histamínicos para 
atenuar o prurido, antitérmico e analgésicos (estes, não salicilatos). 
 O tratamento específico é com Aciclovir para menores de 12 anos ou 
pessoas com imunocomprometimento, comorbidades ou risco para 
agravamento do quadro. 
 Aciclovir: substância ativa que atua bloqueando os mecanismos de 
multiplicação do vírus Herpes simples, Varicela zoster, Esptein Barr e 
Citomegalovírus impedindo que eles se multipliquem e infetem novas 
células. 
 Além disso, deve-se recomendar a lavagem das lesões de pele com água e 
sabão, bem como é fundamental cortar as unhas da criança como forma de 
prevenir lesões de pele secundárias em decorrência o intenso prurido. 
 
SAIBA MAIS! 
A varicela está associada à síndrome de Reye, que ocorre especialmente em crianças e 
adolescentes que fazem uso do ácido acetilsalisílico (AAS) durante a fase aguda. Essa 
síndrome se caracteriza por um quadro de vômitos após o pródromo viral, seguido de 
irritabilidade, inquietude e diminuição progressiva do nível da consciência, com edema 
cerebral progressivo. A síndrome de Reye é resultado do comprometimento hepático 
agudo, seguido de comprometimento cerebral. Portanto, está contraindicado o uso de AAS 
por pacientes com varicela. Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica, 2019. 
As indicações para o uso do aciclovir são: 
 Crianças sem comprometimento imunológico – 20mg/kg/dose, via oral, 5 
vezes ao dia, dose máxima de 800mg/dia, durante 5 dias. 
 Crianças com comprometimento imunológico ou casos graves – uso de 
aciclovir endovenoso na dosagem de 10mg/kg, a cada 8 horas, infundido 
durante uma hora, durante 7 a 14 dias. 
 
10 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
 Adultos sem comprometimento imunológico – 800mg, via oral, 5 vezes ao 
dia, durante 7 dias. A maior efetividade ocorre quando iniciado nas 
primeiras 24 horas da doença, ficando a indicação a critério médico. 
 Adultos com comprometimento imunológico – 10 a 15mg de aciclovir 
endovenoso, 3 vezes ao dia por no mínimo 7 dias. 
 
Cuidado com os contactantes e prevenção 
 Em situações de surto deve-se identificar as pessoas que entraram em 
contato com o caso da doença para realização do bloqueio com vacina e 
imunoglobulina antivaricela. 
 A vacina deve seguir as indicações do calendário nacional de imunizações e 
deve ser administrada no período de 120h após contato com caso, 
podendo ser realizada em crianças a partir dos 9 meses, devendo manter 
neste caso, posteriormente, o esquema vacinal de rotina. 
 Crianças < 9 meses, gestantes ou pessoas imunodeprimidas devem receber 
a imunoglobulina antivaricela na dose de 125UI para cada 10kg. 
 A criança com varicela deve permanecer em isolamento respiratório e de 
contato até que todas as lesões fiquem em forma de crosta. A prevenção 
deve ser feita através da vacina. 
 
COMPLICAÇÕES 
 A principal complicação é a infecção bacteriana secundária das lesões de 
pele, causadas por estreptococos e estafilococos, em decorrência do 
prurido que abre porta de entrada para estes patógenos presentes na pele 
e que podem causar piodermites, erisipela e celulite. 
 A pneumonia intersticial também é uma complicação comum, sobretudo, 
em criançasimucomprometidas sendo importante causa de óbito neste 
grupo. 
 Além disso, podem ocorrer manifestações hemorrágicas, hepatites e 
complicações no SNC, esta última é mais frequente em crianças < 5 anos e 
pode tanto atingir o cerebelo causando ataxia, quanto pode levar ao 
quadro de encefalite responsável por sonolência, coma e hemiplegia. 
HERPES ZOSTER 
 Apesar deste quadro ocorrer tipicamente na fase adulta, ou seja, não ser 
classicamente uma doença exantemática da infância, o mesmo será 
abordado de forma breve aqui de modo a acrescentar mais elementos para 
o diagnóstico diferencial entre ambas condições que podem estar 
eventualmente presente na infância. 
 A herpes zoster é decorrente da reativação do vírus da varicela, pois este 
após a infecção fica latente nos gânglios nervosos podendo ser reativado 
em pessoas adultas (mais comum) ou em crianças/adolescentes que 
possuam um comprometimento da sua imunidade – portadoras de 
doenças crônicas, neoplasias, AIDS, etc. 
 
 
 O quadro clínico é típico apresentando como pródromo: neurites, 
parestesias, ardência e prurido local, acompanhado de febre, cefaleia e mal-
estar. 
 As lesões de pele surgem gradualmente após 2-4 dias e seguem o trajeto 
de um dermátomo, tais lesões também são polimórficas compreendendo 
um eritema papulovesicular localizado que evolui para crostas e, não 
havendo infecção de pele secundária associada, cura em 4 semanas. 
 
11 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
 
 
CONCEITO! Diferente da varicela, as lesões papulovesiculares do herpes zoster são 
localizadas, seguem o trajeto de um nervo. 
 Além das complicações já mencionadas na varicela, no caso da herpes 
zoster há uma complicação mais prevalente em mulheres idosas, em que 
há comprometimento do nervo trigêmeo, chamada nevralgia pós-
herpética (NPH) caracterizada por dor persistente por 4-6 semanas após 
surgimento das lesões cutâneas sendo esta dor refratária ao tratamento. 
 
 O tratamento do herpes zoster é de suporte com sintomáticos e Aciclovir 
deve ser prescrito em casos em que há risco para agravamento, além disso, 
o uso do Aciclovir nas primeiras 72h após surgimento das lesões de pele, 
reduz a ocorrência da NPH. 
 
DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA 
(enterovírus coxsackie e enterovírus 71) 
Síndrome mão-pé-boca (SMPB) ou doença-mão-pé-boca é causada por não-pólio-
enterovírus principalmente o coxsackie A16 e o enterovírus 71. E, a infecção ocorre 
na forma de surtos. 
Mecanismo de transmissão: A transmissão ocorre por via fecal-oral. 
Período de incubação e de transmissão 
 O período de incubação é 3-6 dias e o tempo de contágio é variável. 
 
QUADRO CLÍNICO 
 O período prodrômico consiste em febre baixa que melhora em 48h, 
irritabilidade e anorexia. 
 Cerca de 1-2 dias após início da febre surgem vesículas na cavidade oral 
que rapidamente se rompem formando úlceras dolorosas que causam 
desconforto na alimentação. 
 Em seguida, surge o exantema papulovesicular principalmente em 
extremidades (mãos e pés), não pruriginosas, mas as vezes dolorosas. 
 
CONCEITO! Diferente das lesões papulovesiculares da varicela, na SMPB as lesões 
não são pruriginosas, mas sim dolorosas. 
 
 
 
12 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
DIAGNÓSTICO 
 É clínico e tipicamente característico. 
 
TRATAMENTO 
 A SMPB tem curso autolimitada, de modo que as lesões de pele costumam 
se resolver em 7-10 dias. 
 O tratamento deve ser com sintomáticos para o quadro febril e álgico, 
deve-se também dar suporte hídrico e nutricional, pois muitas crianças 
chegam a desidratar pela dificuldade de ingerir em decorrência das úlceras 
orais. 
 Em caso de baixa adesão da dieta e hidratação deve-se internar a criança 
e considerar a realização de hidratação venosa. 
 
Cuidado com os contactantes e prevenção 
 Deve ser realizada precaução de contato durante o período da doença, 
assim como realizar medidas de higiene frequente das mãos, sobretudo, 
após troca de fraldas. 
 Não há vacina disponível para tal patologia no momento. 
 
HERPANGINA 
 Um importante diagnóstico diferencial da SMPB, também pelos coxsackie 
vírus A16 e enterovírus 71. Tal patologia, frequente em crianças, não causa 
exantema, mas assim como a SMPB causa enantema e lesões vesiculares 
em região oral, mais especificamente em palato mole, úvula e pilares 
amigdalianos (orofaringe posterior diferente da SMPB) que evoluem para 
úlceras esbranquiçadas de halo eritematoso. 
 Este quadro possui como pródromo uma febre alta súbita, cefaleia, 
disfagia, vômitos e linfadenopatia cervical. 
 O tratamento é de suporte com sintomático e o quadro resolve-se 
espontaneamente em 5-10 dias. 
 
CONCEITO! As lesões vesiculares da herpangina localizam-se em orofaringe 
posterior, diferente das lesões da SMPB em que as mesmas ficam na região 
anterior da cavidade oral. 
 
ESCARLATINA 
(estreptococos pyogenes) 
A escarlatina é uma doença infecciosa aguda causada pelo Estreptococos pyogenes 
ou estreptococos beta hemolítico do grupo A, mais especificamente, pelas toxinas 
pirogênicas que este libera quando está infectado por um bacteriófago produtor 
de exotoxinas pirogênicas, ou seja, a escarlatina não é fruto da infecção direta pela 
bactéria, mas sim pelo efeito das toxinas produzidas quando a bactéria é 
infectada por um bacteriófago. As toxinas produzidas podem ser tipo A, B ou C e, 
o quadro desenvolvido por um toxina não oferece imunidade às infecções pelas 
outras, logo, é possível que um indivíduo tenha o mesmo quadro de escarlatina até 
3 vezes. Tal patologia está mais frequentemente associada a faringite e, 
ocasionalmente aos impetigos. 
Mecanismo de transmissão 
 A transmissão ocorre por contato com gotículas e secreção de nasofaringe 
de indivíduos com faringoamigdalite estreptocócica aguda. 
 
13 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
Período de incubação e de transmissão 
 O período de incubação é de 2-5 dias e a transmissão se inicia tão logo 
iniciem os sintomas, caso o tratamento seja realizado adequadamente a 
transmissão só persiste por 24h do início do mesmo. 
 
QUADRO CLÍNICO 
 O período prodrômico ocorre durante 12-24h com febre alta, dor à 
deglutição, mal-estar geral, náuseas e vômitos. 
 Após este período o paciente apresenta o quadro de faringoamigdalite 
com exsudato purulento, adenomegalia cervical e enantema na mucosa 
oral. 
 Em seguida, cerca de 12-48h após o início do quadro, surge um exantema 
micropapular àspero (aspecto de lixa) em peitoral que se expande para 
tronco – pescoço – membros, poupando palma das mãos e pés. 
 Este exantema apresenta-se mais intenso nas dobras cutâneas formando 
locais com linhas hiperpigmentadas chamadas linhas de Pastia. 
 Na face, o eritema malar confere o aspecto chamado de “face 
esbofeteada” associado ao sinal de Filatov, além disso, ocorre hipertrofia 
das papilas da língua dando a esta o aspecto de framboesa o que é 
chamado de “língua em framboesa”. 
 
 
 
 Cerca de 1 semana após o início do quadro as manifestações clínicas 
citadas acima desaparecem e se inicia um período de descamação 
furfurácea em face – pescoço – tronco – membros – extremidades. 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 Além de clínico o diagnóstico pode ser feito pela cultura de secreção da 
orofaringe coletada com swabs para identificação do estreptococo beta-
hemolítico do grupo A, este, é o padrão-ouro para o diagnóstico. 
 No entanto, é possível também fazer dosagem de anticorpo 
antiestreptolisina O (ASLO) que auxilia a presumir infecção pelo 
 
14 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
estreptococo em questão. E ainda, é possível realizar teste rápido para 
identificação do pyogenes. 
 
TRATAMENTO 
 O exantema tem curso autolimitada, porém, indica-se o tratamento com 
antibiótico para eliminar a bactéria, de modo a reduzir as possibilidades 
de transmissão, além de prevenir febre reumática e complicações 
supurativas. 
 O tratamentode escolha é com Penicilina G benzatina, intramuscular, 
dose única: 600.000 UI para crianças < 25kg e 1.200.000UI para > 25kg e 
adultos. 
 
SÍNDROME DA PELE ESCALDADA ESTAFILOCÓCICA 
(Estafilococos aureus) 
A síndrome da pele escaldada estafilocócica (SPEE) antigamente chamada de 
doença de Filatov-Dukes e chamada também de Síndrome de Ritter, é uma 
doença exantemática associada a quadro bolhoso importante. 
A SPEE ocorre quando há quebra das barreiras protetoras da pele, permitindo a 
infecção pelo S. aureus, como por exemplo, infecções de coto umbilical de recém-
nascidos ou infecção bacteriana secundária associada ao quadro de varicela. 
Costuma acometer mais crianças antes dos 5 anos de idade, mas pode acometer 
adultos, sobretudo, aqueles que têm doença renal crônica ou doenças que causa 
uma depressão do sistema imunológico. 
As toxinas produzidas por cepas 55 e 71 do S. aureus clivam a desmogleína, 
proteína constituinte dos desmossomos responsáveis por manter as células 
epidérmicas unidas. Com isso, há um desprendimento da epiderme da camada 
granulosa, o que acarreta na descamação superficial da pele típica da doença. 
 
 
QUADRO CLÍNICO 
 Sintomas prodrômicos incluem febre, irritabilidade, mal-estar, em 
seguida inicia-se a fase exantemática com exantema maculopapular 
doloroso que inicia em face e se expande por todo corpo. 
 A pele começa a exsudar criando crostas melisséricas ao redor de boca e 
nariz, além de formar descamações laminares como se fossem bolhas 
decorrentes do deslocamento da epiderme superficial (sinal de Nikolsky). 
 
 
 
15 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
DIAGNÓSTICO 
 O diagnóstico além de clínico pressupõe o isolamento do S.aureus com 
coleta de do sítio suspeito e posterior cultura do material. 
 
TRATAMENTO 
 Consiste em limpeza e curativo da pele, sem a administração de 
antibióticos tópicos, além de medidas de suporte. 
 A doença continua a progredir até que a toxina seja eliminada pelos rins 
ou neutralizada por anticorpos, mas em crianças tem um prognóstico 
excelente havendo regressão do quadro em 2-3 semanas. 
 No entanto, o tratamento específico pode ser feito usando antibiótico 
endovenoso para eliminar o patógeno do organismo, sendo o 
medicamento de escolha a Oxacilina. 
 
 
DOENÇA KAWASAKI 
(Etiologia desconhecida) 
A doença de Kawasaki (DK) é importante causa de vasculite na faixa etária 
pediátrica, sendo causa importante de cardiopatia e infarto agudo do miocárdio. 
Sua etiologia é desconhecida, mas acredita-se que seja decorrente de uma 
resposta imune patológica a agentes ambientais ou infecciosos em indivíduos 
com predisposição. O diagnóstico e tratamento precoce até o 10º dia da doença é 
fundamental para a redução da complicação mais temidas que é o aneurisma de 
coronárias. 
 
 
 
DIAGNÓSTICO E QUADRO CLÍNICO 
O diagnóstico da DK é eminentemente clínico, sendo baseado nos seguintes 
critérios: 
 
 
 A febre costuma ser abrupta com duração de 10-12 dias, podendo durar até 
4 semanas, uma vez que não responde aos antitérmicos. 
 O exantema ocorre em 90% dos casos e é maculopapular polimórfico. Nas 
extremidades, em 80% dos casos nota-se edemas, eritema palmo-plantar e 
descamação laminar em região periungueal. 
CONCEITO! A descamação da pele na DK é em região periungueal, o que difere das 
descamações da Escarlatina (onde havia o exantema) e da fragilidade da epiderme 
da SPEE. 
 Outros achados clínicos podem estar presentes como artralgia, diarreia, dor 
abdominal de modo que a diferenciação inicial entre a DK e as outras doenças 
exantemáticas da infância é difícil, sobretudo, nos primeiros dias de doença. 
 
 Boa parte das crianças não preencherá 4 ou mais critérios diagnósticos 
acima, tendo o que é chamada de “DK incompleta”, no entanto, naquelas que 
forem menores de 6 meses e tiverem febre com mais de 1 semana de duração 
com evidência laboratorial de inflamação (elevação e VHS e PCR) sem outra 
causa conhecida, recomenda-se a realização de um Ecocardiograma (ECO). 
Vale ressaltar que, caso haja doença coronariana comprovada por um ECO, 
não são necessários 5 dias de febre para estabelecer o diagnóstico. 
 
 
16 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
TRATAMENTO 
 Apesar da incerteza quanto a etiologia, o tratamento deve ser instituído 
precocemente (antes de completar 10 dias do início quadro) como forma 
de evitar complicações cardiovasculares e, consiste em administrar 
imunoglobulina 2g/kg em infusão contínua de 10 horas. 
 Associado a isto, inicia-se o ácido acetilsalicílico (AAS) em dose anti-
inflamatória de 80-100mg/kg/dia até que o paciente esteja afebril. 
 A falha terapêutica ocorre naqueles pacientes que mantêm ou têm 
recorrência da febre após 36h do início do tratamento. Nestes casos, pode-
se repetir a imunoglobulina até 2 vezes. Caso a mesma não seja eficaz 
pode ser feito pulsoterapia com metilprednisolona 30 mg/kg/dia. 
 
COMPLICAÇÕES 
 Os aneurismas coronarianos são complicações que ocorrem 
precocemente, sendo os de tamanho >8mm de diâmetro os mais temidos 
pelo risco aumentado de obstrução e isquemia. 
 Como forma de monitorar o surgimento desta complicação e prognóstico 
ruim de alguns pacientes, recomenda-se a realização de ECO em 2 
momentos: na fase aguda (2-3 semanas após o caso) e com 6-8 semanas. 
Caso em alguns desses resultados apareça o resultado de aneurisma de 
coronárias deve-se proceder um acompanhamento mais frequente do 
caso. 
 
CHIKUNGUNYA 
ETIOLOGIA 
 A Febre de Chikungunya é uma doença causada por um vírus do gênero 
Alphavirus transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo Aedes 
aegypti o principal vetor. 
Grupo de risco: Gestantes, menores de 2 anos (neonatos considerar critério de 
internação), adultos com idade acima de 65 anos e pacientes com 
comorbidades. 
 
QUADRO CLÍNICO 
 A doença pode manifestar-se clinicamente de três formas: aguda, subaguda 
e crônica. 
 Na fase aguda os sintomas aparecem de forma brusca e compreendem 
febre alta (acima de 38ºC), artralgia intensa (predominantemente nas 
extremidades e nas grandes articulações), cefaleia e mialgia. 
 Também é frequente a ocorrência de exantema maculopapular, em geral 
de 2 a 5 dias após o início da febre em aproximadamente 50% dos doentes. 
 Afeta principalmente o tronco e as extremidades (incluindo palmas das 
mãos e plantas dos pés), podendo atingir a face. 
 O prurido pode estar presente e ser generalizado ou apenas localizado na 
região palmoplantar. 
 Os sintomas costumam persistir por 7 a 10 dias, mas a dor nas articulações 
pode durar meses ou anos e, em certos casos, converter-se em uma dor 
crônica incapacitante. 
 O período médio de incubação da doença é de 3 a 7 dias (podendo variar 
de 1 a 12 dias). 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 Realizado pela detenção de antígenos virais até o 5ºdia de doença. Ou após 
o 6º dia com anticorpos IgM ou pela elevação de IgG pareada. 
 
TRATAMENTO 
 A terapia utilizada é analgesia e suporte às descompensações clínicas 
causadas pela doença. 
 
17 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
 É necessário estimular a hidratação oral dos pacientes. A droga de escolha 
é o paracetamol. Também podem ser utilizados outros analgésicos para 
alívio de dor, como a dipirona. 
 Nos casos refratários recomenda-se a utilização da codeína. 
 DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA 
 
ZIKA VÍRUS 
ETIOLOGIA 
 A febre do zika vírus é uma doença causada pelo vírus do gênero Flavivirus, 
transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o Aedes aegypti o 
principal vetor. 
Grupo de risco: Gestantes, menores de 2 anos, adultos com idade acima de 65 anos 
e pacientes com comorbidades. 
 
QUADRO CLÍNICO 
 Pode ser assintomática ou sintomática. Quando sintomática, pode 
apresentar quadro clínico variável, desde manifestações brandas e 
autolimitadas até complicações neurológicas e malformações congênitas. 
 Podemanifestar-se clinicamente como uma doença febril aguda, com 
duração de 3-7 dias, caracterizada pelo surgimento do exantema 
maculopapular pruriginoso (surge no 10 dia e está presente em 90% dos 
pacientes), febre (sem febre, subfebril ou inferior a 38ºC), hiperemia 
conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia, edema 
periarticular e cefaleia. 
 A artralgia pode persistir por aproximadamente um mês. Segundo a 
literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não desenvolvem 
manifestações clínicas. 
 Foi observada uma correlação entre a infecção pelo ZIKAV e a ocorrência 
de síndrome de Guillain-Barré, além de casos de microcefalia no Brasil. 
 O período de incubação da doença varia de 3 a 12 dias, sendo em média de 
4 dias. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 Realizado no 5º dia da doença ou após 6 dia para anticorpo IgM, sendo 
disponível teste rápido para triagem IgM e IgG, ou pelo PCR. 
 
TRATAMENTO 
 O tratamento sintomático recomendado é baseado no uso de paracetamol 
ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. 
 No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser 
utilizados. No entanto, é desaconselhável o uso ou indicação de ácido 
acetilsalicílico e outros drogas anti-inflamatórias, em função do risco 
aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por 
outros flavivírus. 
 DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA. 
 
Protocolo de cuidados para contactante de doenças 
infecciosas: manejo e notificação compulsória 
Vigilância Epidemiológica - Notificação 
Sarampo e Rubéola 
 Considerando-se a alta infectividade e contagiosidade da doença, todo caso 
suspeito de sarampo e rubéola deve ser comunicado à Secretaria Municipal 
de Saúde (SMS), dentro das primeiras 24 horas após o atendimento do 
paciente, e também à Secretaria Estadual de Saúde (SES), para 
acompanhamento junto ao município. Além disso, a notificação deve ser 
registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 
 
18 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
utilizando-se a Ficha de Notificação/Investigação de Doenças Exantemáticas 
Febris Sarampo/Rubéola. 
Dengue, Chikungunya e Zika 
 Dengue, chikungunya e Zika são doenças de notificação compulsória, ou 
seja, todo caso suspeito e/ou confirmado deve ser obrigatoriamente 
notificado ao Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal 
de Saúde (SMS). 
 Os óbitos suspeitos pelas arboviroses dengue, chikungunya e Zika são de 
notificação compulsória imediata para todas as esferas de gestão do 
Sistema Único de Saúde (SUS), a ser realizada em até 24 horas a partir do 
seu conhecimento, pelo meio de comunicação mais rápido disponível. 
 Posteriormente, os dados devem ser inseridos no Sistema de Informação 
de Agravos de Notificação (Sinan). A vigilância epidemiológica deverá 
informar imediatamente o caso à equipe de controle vetorial local e ao 
gestor municipal de saúde, para a adoção das medidas necessárias ao 
combate ao mosquito vetor e outras ações. 
 Até que se tenha um sistema de informação que permita uma única 
entrada de dados para as três arboviroses, cada uma de suas fichas deve 
ser digitada conforme a suspeita inicial. Se descartado para determinada 
suspeita e confirmada para outra doença, o caso deve ser encerrado no 
Sinan como descartado, e outra notificação deve ser inserida para o 
agravo confirmado. 
 
Calendário vacinal de crianças até 2 anos 
Das patologias listas acima, sarampo, rubéola e varicela são preveníveis por vacina 
o que mudou o panorama quanto à incidência destas doenças no Brasil já que tais 
vacinas fazem parte do esquema de imunizações preconizadas pela Sociedade 
Brasileira de Imunizações. 
A vacina quádrupla viral protege a criança contra os vírus do 
sarampo+rubéola+caxumba+varicela e 1ª dose deve ser dada aos 12 meses e a 2ª 
dose aos 15 meses, não havendo esta vacina, pode ser dada a tríplice viral 
(sarampo+rubéola+caxumba) e, em administração separada, no mesmo dia, ser 
aplicada a dose da varicela. 
Recomenda-se ainda um reforço da varicela aos 4 anos de idade. Em caso de surto 
ou exposição domiciliar ao sarampo antes dos 12 meses de vida, a 1ª dose pode 
ser aplicada a partir dos 6 meses de idade, em seguida, deve ser administrada aos 
12 e 15 meses as doses previamente preconizadas. 
Calendário de vacinação de rotina do Ministério da Saúde (Programa Nacional de 
Imunizações/PNI) 
 
 
19 MARC 4 – Heloísa Paraíso 6ºP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. Volume único [recurso 
eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, 
Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 
3ª. ed. – Brasília, 2019. 
 Diretoria de Vigilância Epidemiológica – Doenças Exantemáticas Febris. 
 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 272 p.: il. – (Cadernos de Atenção 
Básica, nº 33)

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