Buscar

Embriaguez Alcoólica e Alcoolismo


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
INTRODUÇÃO 
• Outra substância que merece um sé-
rio estudo é o álcool, muito popular 
em nosso país, sendo, principal-
mente, seu consumo maciçamente es-
timulado pelas mídias e, principal-
mente, pela sociedade. 
• Se pararmos para pensar, quan-
tos brasileiros nunca beberam ao me-
nos um copo de cerveja? 
• Muito provavelmente pouquís-
simos, não é mesmo? 
• Porém, vamos tratar do abuso 
do álcool, que gera várias 
consequências ao usuário. 
• CONCEITO 
 Para uma melhor compreensão, va-
mos traçar uma diferenciação entre embria-
guez alcoólica, alcoolismo e alcoolemia. 
➢ EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA - É o 
conjunto de manifestações psicosso-
máticas resultantes da intoxicação 
etílica aguda, de caráter episódico e 
passageiro. 
➢ ALCOOLISMO - Tem como causa a 
ingestão continuada e imoderada de 
bebida alcoólica, a qual vai produ-
zindo no paciente uma série de per-
turbações orgânicas e psíquicas, ter-
minando por configurar um perfil 
anormal não psicótico, que poderia 
ser chamado de personalidade alcoo-
lista. 
➢ ALCOOLEMIA - É a quantidade de 
álcool presente no sangue. 
• O consumo exagerado de bebidas al-
coólicas leva à embriaguez, podendo 
até mesmo causar o alcoolismo, o que 
mais uma vez nos remonta a um pro-
blema social crônico e de saúde pú-
blica, gerando problemas de ordem 
médica, psiquiátrica, psicológica, po-
licial e médico-legal. 
• As bebidas alcoólicas podem ser 
classificadas como: 
1) Fermentadas: Vinho, sidra, cerveja, 
cauim. De característica de menor 
teor alcoólico (fermentação natural). 
2) Destiladas: aguardentes, uísques, co-
nhaque. Grande concentração alcoó-
lica. 
3) Artificiais (adição de álcool aos pro-
dutos fermentados). 
• Em alguns casos acrescentam-
se outras substâncias as bebidas al-
coólicas, tais como: éteres, aldeídos, 
corantes (anilina), sulfitos e ácido sa-
licílico (conservantes). 
• Os alcoólatras classificam-se se-
gundo o gênero de bebida que conso-
mem. 
• De acordo com esta classificação, são 
três os tipos de alcoólatras: 
• Enolistas: bebem bebidas fermenta-
das, como a cerveja e o saquê. 
• Etnistas: bebem bebidas destiladas, 
como o uísque e a vodga. 
• Absentistas: bebem bebidas aromáti-
cas, como licores e menta. 
Embriaguez e Alcoolismo 
toxicofilias 
 
2 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA 
AGUDA – Estudo Clínico 
• As perturbações produzidas pelo uso 
excessivo do álcool estão mais em ra-
zão direta da TOLERÂNCIA INDI-
VIDUAL do que a QUANTIDADE 
INGERIDA. 
 
• Ação tóxica sobre o organismo: dá-se 
por manifestações físicas, neurológi-
cas e psíquicas. 
• 
• Manifestações Físicas: taquicardia, 
congestão das conjuntivas, taqui-
pneia (respiração acelerada), taquis-
figmia (pulso acelerado), hálito al-
coólico-acético. 
MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGI-
CAS: 
• - Alterações no equilíbrio: Sinal de 
Romberg, simples ou combinado - 
Embora demonstre instabilidade, é 
capaz de ficar em pé desde que haja 
controle visual; logo após fechar os 
olhos, as oscilações aumentam e a 
queda é inevitável. 
• - Na marcha: denominada de marcha 
ebriosa, cerebelar ou em ziguezague. 
Para o exame da marcha o paciente 
deverá estar descalço e semidespido 
e, sempre que possível solicitar que o 
mesmo realize alguns passos sem o 
controle visual. 
• - Perturbações na coordenação mo-
tora: ataxia (não coordenação motora 
nos movimentos); dismetria (pertur-
bação no tamanho dos movimentos); 
dissinergia ou assinergia (a não coor-
denação da harmonia de certos con-
juntos de movimentos); 
disdiadococinesia (desordem na rea-
lização de movimentos rápidos e 
opostos). 
• - Disartria: dificuldade na articulação 
das palavras; fala arrastada ou lenta. 
• - Lentidão nos movimentos. 
• - Sensibilidade táctil inibida. 
• - Surgimento dos fenômenos vagais 
(soluço, vômito). 
• - Redução das funções sensoriais 
(visão, audição, gustação e olfação). 
MANIFESTAÇÕES PSÍQUICAS: 
• Apresentam-se progressivamente, 
atingindo inicialmente as funções do 
córtex cerebral, comprometendo, a 
seguir, as esferas menores. 
• - Apresentam alterações: do humor; 
do senso ético; da atenção do senso-
percepção; do curso do pensamento; 
da associação de ideias. 
• - Surgem atitudes caracterizadas pelo 
exagero e ridículo (in vino veritas); e 
que fogem da conduta habitual. 
• Dependência: quando se fala em de-
pendência, seja ela física, química ou 
psíquica, trata-se da relação entre um 
organismo vivo e a droga, que é ca-
racterizada pela compulsão por inge-
rir a droga, de forma contínua ou pe-
riódica, e pelo surgimento de uma 
crise de abstinência, que se manifesta 
quando o organismo sente falta da 
droga. 
• Seja qual for o grau de dependência 
do alcoólatra, ele sempre procura no 
álcool uma forma de ajuste social, 
que é, em última análise, o objetivo 
de todo alcoólatra. 
• São três também as classes de perso-
nalidades apresentadas pelos alcoóla-
tras: 
 
3 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
• Sintomático: é aquele que inicial-
mente bebe, ou seja, experimenta a 
droga. 
• Primário: é aquele que, após experi-
mentar a droga, passa a fazer uso re-
gular dela, consumindo regularmente 
doses da bebida. 
• Secundário: é a pessoa que bebe ex-
cessivamente. 
FASES DA EMBRIAGUEZ 
• Dividida em três fases: 
1) Fase de Excitação – características do 
indivíduo 
✓ Loquaz (falador); olhar ‘animado’; 
humorado; risonho; instável; eufó-
rico; bonum vinum laetificat cor ho-
minis – “O bom vinho alegra o cora-
ção do homem!”; beber usque ad la-
etitiam – Beber “até a alegria”. 
2) Fase da Confusão = Fase Médico-Le-
gal – características 
✓ Surgem as perturbações nervosas e 
psíquicas; disartria; andar cambale-
ante; perturbações sensoriais; irrita-
bilidade; tendência a ser agressivo. 
3) Fase de Sono ou Comatosa = Fase da 
inconsciência 
✓ O indivíduo não se mantém em pé; 
andar instável necessitando de apoio; 
quedas com total falta de força para 
se reerguer; não reação aos estímulos 
normais; dilatação das pupilas; não 
reação a luz; relaxamento esfincteri-
ano; sudorese; sono profundo. 
 Existem autores que admitem cinco 
fases, sendo a primeira a Fase Subclínica, 
caracterizada por uma leve excitação em 
consequência de um pequeno teor de álcool 
e, a quinta e última, a Fase da Morte. 
• TOLERÂNCIA AO ÁLCOOL - A 
tolerância depende de vários fatores. 
✓ Quanto maior o peso da pessoa mais 
diluído ficará o álcool. 
✓ Maior concentração em indivíduos 
de menor peso. 
✓ A passagem do álcool para o sangue 
através do sistema digestivo se dá de 
modo bem rápido. 
✓ A absorção varia de acordo com a 
concentração alcoólica da bebida, o 
ritmo de ingestão, características es-
tomacais, fenômenos de boa ou má 
absorção intestinal. 
✓ Considerar o hábito de beber, isto é, 
se a pessoa ingere a droga (álcool) 
com constância e em intervalos rela-
tivamente curtos de abstinência. 
✓ O abstêmio, o bebedor moderado e o 
grande bebedor toleram o álcool em 
graus diferentes. 
✓ Estados emotivos, estafa, sono, 
temperatura, fumo, doenças, estados 
de convalescença alteram a 
sensibilidade a bebida alcoólica. 
• TOLERÂNCIA AO ÁLCOOL 
✓ A tolerância depende de vários fato-
res. 
✓ Quanto maior o peso da pessoa mais 
diluído ficará o álcool. 
✓ Maior concentração em indivíduos 
de menor peso. 
✓ A passagem do álcool para o sangue 
através do sistema digestivo se dá de 
modo bem rápido. 
✓ A absorção varia de acordo com a 
concentração alcoólica da bebida, o 
ritmo de ingestão, características es-
tomacais, fenômenos de boa ou má 
absorção intestinal. 
✓ Considerar o hábito de beber, isto é, 
se a pessoa ingere a droga (álcool) 
com constância e em intervalos rela-
tivamente curtos de abstinência. 
 
4 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética✓ O abstêmio, o bebedor moderado e o 
grande bebedor toleram o álcool em 
graus diferentes. 
✓ Estados emotivos, estafa, sono, 
temperatura, fumo, doenças, estados 
de convalescença alteram a 
sensibilidade a bebida alcoólica. 
• FORMAS DE EMBRIAGUEZ 
a) Embriaguez Voluntária: ação delibe-
rada de beber; ficar embriagado para 
cometer um delito; o indivíduo co-
nhece o efeito nocivo do álcool e de-
seja ficar em condições que facilitem 
a prática delituosa. 
b) Embriaguez Culposa: o indivíduo é 
negligente ou imprudente, bebendo 
exageradamente e não reconhecendo 
os efeitos reais do álcool. 
c) Embriaguez Preterdolosa: o agente 
não quer o resultado, porém, sabe que 
em estado de embriaguez poderá vir 
a cometê-lo, e mesmo assim assume 
o risco de produzi-lo. 
d) Embriaguez Fortuita: ocasional, rara, 
que ocorre em momentos especiais, 
tendo origem num erro compreensí-
vel e não em uma ação predetermi-
nada ou imprudente. 
e) Embriaguez Acidental: o indivíduo 
ingere, por engano, bebida com alto 
teor alcoólico ou, potencializa os 
efeitos de pequenas doses de bebida 
considerada inócua através do uso de 
medicamentos. 
f) Embriaguez por Força Maior: é 
aquele que a capacidade humana é in-
capaz de prever ou resistir, fazendo-o 
a fim de não ficar em desacordo com 
o meio e não contrariar as pessoas 
presentes (no carnaval). 
g) Embriaguez Habitual: o indivíduo 
vive sob a dependência do álcool, 
assumindo um estado de “normali-
dade”, equilibrando suas reações e 
escondendo suas inibições em condi-
ção de frequente embriaguez. 
h) Embriaguez Patológica: Resulta da 
ingestão de pequenas doses, com ma-
nifestações inesperadas. Despropor-
ção entre a quantidade ingerida e a in-
tensidade dos efeitos causados. 
A DESCRIÇÃO CLÁSSICA DE VI-
BERT A DIVIDE EM QUATRO TI-
POS: 
A) Embriaguez agressiva e violenta: O 
alcoolista, abusando sobretudo de 
bebidas destiladas, torna-se agres-
sivo e capaz de cometer homicídios, 
que parecem premeditados, dada a 
segurança com que se consumam. 
B) Embriaguez excito-motora: Neste 
tipo, o alcoolista, depois de breve 
período de inquietação, é acometido 
de acessos de raiva terrível e destru-
tiva, durante os quais age com ex-
trema violência, sobrevindo amnésia 
lacunar. 
C) Embriaguez convulsiva: O indiví-
duo, depois de manifestar impulsos 
destruidores, apresenta crises con-
vulsivas, idênticas às epilépticas 
D) Embriaguez delirante: Neste tipo 
surgem delírios sistematizados ou 
não, de colorido triste, com acentu-
ada tendência para as ideias de auto-
acusação 
✓ Ressalte-se que a embriaguez pato-
lógica configura verdadeira psicose 
e, portanto, deve ser tratada como 
doença mental, aplicando-se medida 
de segurança quando necessário. 
 
5 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
✓ A embriaguez habitual não se con-
funde com a crônica, uma vez que 
naquela não há perturbação da saúde 
mental. Suspendendo-se o uso do ál-
cool, cessarão os efeitos nocivos e 
ocorrerá a desintoxicação. 
✓ O ébrio habitual apresenta tendência 
ao alcoolismo crônico, podendo vir a 
desenvolver as alterações 
fisiológicas e mentais acima 
descritas. 
ALCOOLISMO CRÔNICO 
Seu diagnóstico clínico baseia-se nas mani-
festações somáticas, neurológicas e psíqui-
cas. 
➢ Manifestações Somáticas : Mais 
marcantes que na Embriaguez Al-
coólica Aguda. 
✓ Hepatomegalia (inchaço do fígado) 
✓ Edemas das pálpebras 
✓ Tremores das mãos 
✓ Ventre aumentado 
✓ Insegurança na marcha 
✓ Congestão das conjuntivas 
✓ Dispepsia (desconforto abdominal) 
✓ Vermelhidão da face 
✓ Pescoço fina. 
PERTURBAÇÕES NEUROLÓGI-
CAS 
✓ Polineurite: comprometimento de 
vários neurônios periféricos por pro-
cesso degenerativo; parestesias das 
extremidades; hiperestesias cutâ-
neas; mialgias; impotência motora 
dos músculos braquiais e curais 
(braços e pernas); alterações dos re-
flexos; atrofias musculares, vegetati-
vas e perturbações de coordenação 
motora. 
✓ Poliencefalite Superior Hemorrá-
gica de Wernicke = (Encefalopatia 
alcoólica, Psicose de Korsakoff, Do-
ença de Wernicke, Encefalopatia de 
Wernicke, Beribéri cerebral): No al-
coolismo agudo, o álcool dificulta a 
habilidade de absorção de tiamina 
por parte do organismo. Sintomas 
como paralisia dos músculos faciais 
e do globo ocular, nevralgia facial, 
disfonia, disfasia, tremores peribu-
cais e da língua. 
✓ Síndrome de Korsakoff: frequente-
mente, mas nem sempre, precedida 
por um episódio de encefalopatia de 
Wernicke; apresenta mudanças crô-
nicas de pensamento, da memória e 
declínio cognitivo; desorientação no 
tempo e no espaço; amnésias orgâni-
cas progressivas; amnésias psicogê-
nicas súbitas. 
▪ Amnésia anterógrada ou lacunar – 
esquecimento de fatos recentes; 
atinge todo o período de vida do in-
divíduo, após a instalação do quadro 
tóxico. 
▪ Amnésia retrógrada – dificuldade de 
recordar fatos anteriores à doença. 
▪ Amnésia total – associação da amné-
sia anterógrada com a retrógrada. 
▪ Amnésia alternante – 
impossibilidade de evocação de 
“trechos” da vida; esquecimentos de 
períodos diversos. 
 
6 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
▪ Como a perda crônica de memória 
da síndrome de Korsakoff geral-
mente ocorre após um episódio de 
encefalopatia de Wernicke, o distúr-
bio crônico também é conhecido 
como síndrome de Wernicke-Kor-
sakoff. 
▪ Mas a síndrome de Korsakoff 
também pode se desenvolver em in-
divíduos que não tiveram um episó-
dio anterior de encefalopatia de 
Wernicke. 
▪ O Instituto Nacional de Abuso 
de Álcool e Alcoolismo (NIAAA) 
conduz pesquisas sobre o impacto 
do uso de álcool na saúde e no bem-
estar humanos. 
PERTURBAÇÕES PSÍQUICAS 
 Perturbações que se revelam 
nas esferas da atenção, afetividade, 
memória, volição (processo cogni-
tivo pelo qual um indivíduo se de-
cide a praticar uma ação em particu-
lar), senso ético, sensopercepção, 
consciência, capacidade de julga-
mento. 
Manifestações psíquicas determina-
das pela ação tóxica do alcoolismo: 
▪ Delirium tremens - estado de con-
fusão mental que surge abrupta-
mente, e causa alterações da consci-
ência, atenção, comportamento, me-
mória, pensamento, orientação ou 
outra área da cognição, provocando 
um comportamento que costuma al-
ternar entre sonolência excessiva e 
agitação. Dura entre três a dez dias. 
Índice de mortalidade em torno de 
10 a 20 por cento, tendo como causa 
a pneumonia. 
▪ Alucinose Alcoólica ou dos Bebedo-
res - pode ocorrer em bebedores 
contumazes que param de beber. Es-
sas pessoas ouvem vozes que pare-
cem acusatórias e ameaçadoras, pro-
vocando apreensão e terror. A aluci-
nose alcoólica pode durar dias e 
pode ser controlada com medica-
mentos antipsicóticos como, por 
exemplo, a cloropromazina ou a tio-
ridazina. 
▪ Delírio de Ciúmes dos bebedores – 
psicose que se manifesta por ideias 
interpretativas de ciúmes e infideli-
dade conjugal; sentimento de culpa 
pela frieza ou impotência sexual, 
▪ Epilepsia Alcoólica – crises convul-
sivas semelhantes a da epilepsia, de-
saparecendo quando cessam as cau-
sas. Sofre influência no tipo de be-
bida ingerida, mais comum nos con-
sumidores de aguardente. 
▪ Dipsomanias – crise impulsiva e ir-
reprimível de ingerir grandes quanti-
dades de bebidas alcoólicas. 
FI-
SI-
O-
PATOLOGIA 
 
7 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
Fisiopatologia diz respeito ao cami-
nho que o álcool percorre em nosso 
organismo, sendo este caminho divi-
dido em três etapas: Absorção, Me-
tabolismo e Excreção. 
➢ Absorção – ordinariamente proces-
sada pela via digestiva (estômago e 
intestino delgado). Velocidade varia 
com alguns fatores e circunstâncias, 
como quantidade de álcool ingerido, 
fracionamento e espaçamento das 
doses, teor alcoólico da bebida, ali-
mentação e capacidade de absorção 
do indivíduo.Pode haver absorção, entre-
tanto, por outras vias respiratória 
(intoxicações profissionais), cutânea 
(desprezível) e intravenosa (medidas 
terapêuticas ou anestésicas). 
 Através da difusão química o 
álcool chega à circulação sanguínea. 
➢ Metabolismo e excreção - uma vez 
na circulação, o álcool alcança prati-
camente todos os órgãos (cérebro, 
glândulas genitais, pulmão), vísceras 
(fígado, rins), tecidos e humores (lí-
quido cefalorraquidiano). 
 Mais de 90% do álcool é oxi-
dado no interior do organismo, em 
uma reação na qual se dá o consumo 
de glicose. 
 Outras parcelas menores são 
eliminadas por secreções e excre-
ções (leite, saliva, esperma, urina), 
pelos rins. 
➢ Curva alcoolêmica – auxilia no di-
agnóstico médico-legal da embria-
guez. 
I. Primeira linha - Curva de difusão ou 
absorção; ascendente; corresponde 
ao período de absorção; dura em 
torno de 30 a 60 minutos (em se tra-
tando de absorção única); em casos 
de absorções sucessivas teremos 
uma linha quebrada e escalonada 
(em face das continuadas ingestões). 
II. Pico – nível de manutenção; concen-
tração máxima de alcoolemia; dura-
ção mínima; em alguns casos inexis-
tente. 
III. Linha descendente – curva de elimi-
nação; regular e gradativa; período 
de desintoxicação; predomínio do 
processo de oxidação; início a partir 
de 90 minutos após a ingestão. 
DIAGNÓSTICO DA EMBRIA-
GUEZ 
Ebrietas non presumitur, onus pro-
bandi incumbit alleganti. 
▪ A embriaguez não se presume, de-
vendo ser comprovada. Para tanto, 
há a pesquisa bioquímica, a prova 
testemunhal e o exame clínico, reali-
zado por perito médico-legal. 
▪ A pesquisa bioquímica do álcool é a 
aferição da quantidade de álcool 
 
8 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
presente no organismo. Pode ser 
feita utilizando-se a saliva, a urina, o 
líquor, o ar expirado ou o sangue, 
sendo este último o meio mais pre-
ciso. 
▪ A pesquisa bioquímica isolada é in-
suficiente para um correto diagnós-
tico da embriaguez. 
▪ Nas palavras de Genival de França, 
a investigação bioquímica "não res-
ponde às indagações de como o indi-
víduo se comportava em seu enten-
dimento numa ação ou omissão cri-
minosa, porque há uma variação de 
sensibilidade muito grande de um 
bebedor para outro". 
▪ A absorção do álcool pelo orga-
nismo é influenciada por diversos 
fatores, como vacuidade ou pleni-
tude estomacal, constituição física, 
hereditariedade, ritmo de ingestão, 
concentração alcoólica da bebida, 
hábito de beber, sono, cansaço, esta-
dos emocionais. 
▪ Portanto, a sensibilidade ou tolerân-
cia ao álcool varia consideravel-
mente de indivíduo para indivíduo, 
donde conclui-se que uma mesma 
dose de bebida pode gerar efeitos 
mais ou menos intensos em cada su-
jeito, em cada momento. 
▪ Há pessoas que, extremamente tole-
rantes ao álcool, apresentam altas ta-
xas de concentração no sangue, sem 
características de embriaguez, en-
quanto outras, mais suscetíveis aos 
seus efeitos, ficam indubitavelmente 
intoxicadas com pequenas doses. 
▪ Ou seja, uma cifra não determina de 
modo absoluto e incontestável os li-
mites de uma embriaguez. 
▪ Complicador extra da análise bioquí-
mica é a questão do consentimento 
do agente, necessário para a coleta 
do sangue e inexigível segundo de-
terminação constante do artigo 5°, 
inciso II da Constituição Federal de 
1988: "ninguém é obrigado a fazer 
ou deixar de fazer alguma coisa se-
não em virtude de lei". 
▪ Fosse a dosimetria alcoólica o único 
meio de prova aceitável, havendo re-
cusa por parte do examinado, a em-
briaguez seria inauferível. 
▪ Embora alguns autores defendam a 
dosagem bioquímica do álcool no 
sangue como o melhor parâmetro 
para se avaliar a embriaguez, com 
cifras determinadas em valores de 6 
a 20 dg/L, o exame clínico constitui 
o mais acertado meio de comprova-
ção do estado de embriaguez, pois 
permite ao legista aferir concreta-
mente os efeitos do álcool sobre a 
capacidade de julgamento e de auto-
determinação do agente, essenciais 
para uma classificação precisa da es-
pécie de intoxicação. 
▪ A embriaguez produzida pelo álcool 
e/ou por substâncias psicoativas con-
siste num estado de intoxicação 
aguda, cujos efeitos residem predo-
minantemente, no sistema nervoso 
central e o exame clínico buscará si-
nais e sintomas de sua ação manifes-
tados nas esferas psíquica e neuroló-
gica. 
 
9 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
▪ Definimos os sinais clínicos perti-
nentes à embriaguez alcoólica: 
1. Na faixa de 5 a 10 dg/L de etanol no 
sangue (fase de excitação): 
✓ Euforia ou agressividade 
✓ Diminuição da atenção 
✓ Diminuição da concentração 
✓ Alteração da concentração motora 
✓ Dano ás funções sensoriais 
2. Na faixa de 10 a 20 dg/L de etanol 
no sangue (fase de estado franco de 
embriaguez): 
✓ Fala arrastada 
✓ Ataxia (falta de coordenação dos 
movimentos musculares voluntários 
e do equilíbrio) 
✓ Sonolência 
✓ Instabilidade de humor 
✓ Alteração de memória 
✓ Perda do juízo crítico 
▪ Desta forma, se no momento do 
exame clínico forem constatados os 
sinais acima, o perito poderá con-
cluir o nível de alcoolemia e facilitar 
para que o julgador tipifique o 
crime. 
▪ O exame clínico é prejudicado prin-
cipalmente pelo decurso do tempo 
entre a ingestão do álcool e a reali-
zação do exame, considerando-se 
que os efeitos da embriaguez aguda 
são transitórios, cessando com a eli-
minação do tóxico pelo organismo. 
▪ Nos Estados Unidos, um exame 
clínico foi desenvolvido em 1977, 
pelo National Highway Traffic 
Safety, chamado de The 
Standardized Field Sobriety Test 
(SFST), que é aplicado pelo agente 
policial e serve como instrumento de 
triagem de pacientes que serão 
encaminhados para exames de ar 
expirado (bafômetro) ou alcoolemia. 
▪ O SFST é constituído de três 
subtestes: nistagmo horizontal 
(movimento involuntário da pupila), 
andar e virar (“atenção dividida”), e 
permanecer em uma perna só (o 
periciado é instruído a permanecer 
com um pé aproximadamente 15 cm 
acima do chão e contar em voz alta 
- cento e um, cento e dois- até 30 
segundos). 
▪ Este exame, apesar das críticas, é 
muito utilizado e aceito em várias 
instâncias superiores e com 
sensibilidade que chega a 80-90%. 
▪ A avaliação do nistagmo é o mais 
confiável na detecção do 
comprometimento clínico do 
periciando em estado de 
embriaguez. 
▪ O Laudo Pericial deve indicar à Jus-
tiça: 
1.º Se há ou não embriaguez; 
2.º Se, em caso afirmativo, a embria-
guez é ou não completa; 
3.º Se a embriaguez comprovada é 
um fenômeno episódico, ocasional, 
ou se trata de um estado de 
 
10 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
embriaguez aguda manifestada em 
alcoolismo crônico; 
4.º Se se trata de uma embriaguez 
patológica; 
5.º Se, no caso em que se encontra o 
paciente, pode ele pôr em risco a se-
gurança própria ou alheia; 
6.º Se é necessário o tratamento 
compulsório [40]. 
▪ Por sua vez, a prova testemunhal, 
apesar de precária, é confiável e ad-
missível, pois permite que o com-
portamento do agente ao tempo da 
ação chegue aos autos mesmo nos 
casos em que o exame clínico tenha 
sido prejudicado. 
BAFÔMETRO E EXAME DE 
SANGUE – EXAMES COM-
PLEMENTARES 
▪ São técnicas de avaliar a dosagem de 
álcool no organismo. No bafômetro, 
esta dosagem é calculada a partir da 
concentração de álcool no ar dos 
pulmões. 
▪ Sabendo-se a taxa de difusão, cal-
cula-se a concentração no sangue (o 
aparelho faz na hora). 
▪ No exame de sangue, coleta-se o 
próprio sangue, que tem sua dosa-
gem de álcool quantificada por uma 
técnica experimental padronizada. 
▪ O exame de urina é considerado um 
procedimento para média janela de 
detecção. 
▪ Neste tipo de análise, é possível sa-
ber se a pessoa fez uso de bebida 
alcoólica até 5 dias antes da coleta 
daurina. 
▪ O exame também indica a quanti-
dade de álcool encontrada na urina 
coletada. 
DIAGNÓSTICO DE ÁLCOOL 
NO CADÁVER 
▪ A perícia poderá ser realizada desde 
que os fenômenos putrefativos do 
cadáver ainda não tenham surgidos. 
▪ Na putrefação surgem substâncias 
redutoras que se assemelham ao ál-
cool etílico. 
▪ Em casos de morte violenta (aciden-
tes de trânsito) aconselha-se a prá-
tica da dosagem de álcool no san-
gue. 
ASPECTOS JURÍDICOS 
▪ Segundo a legislação, no art. 28, in-
ciso II do Código Penal, o embria-
gado, quando agente, é punido nos 
casos em que a sua embriaguez é vo-
luntária ou culposa, pois, querendo 
ou não, tem consciência do que faz 
(antes de beber), logo ele é plena-
mente responsável por tal ato. 
▪ Nos casos de embriaguez preorde-
nada, o autor do crime não só é res-
ponsabilizado, como esta é causa 
que poderá agravar a sua pena. 
▪ E nos casos de embriaguez acidental 
(ou fortuita), o agente poderá ser 
responsabilizado ou não: se for em-
briaguez completa, exclui-se a pena, 
ele torna-se isento; porém, se for in-
completa, o agente terá responsabili-
dade pelo crime, mas esta será causa 
 
11 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
para atenuar a sua pena (art. 28, II, 
§§ 1º e 2º). 
▪ Quanto ao alcoólatra, aquela pessoa 
que bebe por hábito, não há previsão 
legal. Ele é considerado uma pessoa 
que precisa de ajuda, e não de cas-
tigo. 
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRA-
SILEIRO 
▪ Lei no 12.760/2012 - Nova Lei Seca. 
Alterou os artigos 165 (infração ad-
ministrativa), artigos 262, 276, 277 e 
306 (penalidade criminal). A multa 
foi aumentada em dez vezes, com 
suspensão do direito de dirigir por 
12 meses. No artigo 165, passa a ser 
.... qualquer concentração de álcool 
por litro de sangue ou por litro de ar 
alveolar sujeita o condutor às penali-
dades previstas no artigo 165. 
▪ A infração prevista também poderá 
ser caracterizada mediante: imagem, 
vídeo, constatação de sinais que in-
diquem, na forma disciplinada pelo 
Contran, alteração da CAPACI-
DADE PSICOMOTORA ou produ-
ção de quaisquer outras provas em 
direito admitidas. 
▪ O artigo 306 passa a ser: conduzir 
veículo automotor com CAPACI-
DADE PSICOMOTORA alterada 
em razão da influência de álcool ou 
de outra substância psicoativa que 
determine dependência. 
▪ Retirou-se o caput do tipo penal a 
exigência de determinada dosagem 
alcoólica para a sua consumação. 
▪ As formas previstas passam a ser: 
teste de alcoolemia, exame clínico, 
perícia, vídeo, prova testemunhal ou 
outros meio de prova em direito ad-
ministrativo, observado o direito à 
contraprova. 
➢ Quando enfrentamos o problema do 
alcoolismo, devemos sempre ter em 
conta determinados aspectos. 
➢ Veja a seguir um esquema com as 
três principais características a se-
rem analisadas na situação concreta: 
1) Pessoas com alcoolismo apresentam 
transtornos de conduta e relativo pe-
rigo a si próprios e aos outros. 
2) Eles tendem a mais facilmente de-
senvolver outras formas de transtor-
nos mentais. 
3) Apresentam modificações do juízo 
crítico e da capacidade de adminis-
trar seus interesses. 
➢ E isso tudo é importante para 
sabermos dar o mais adequado 
tratamento à situação que nos será 
apresentada. 
➢ Ilustrando com uma hipótese, deve-
mos entender que se o agente delibe-
radamente atingiu o estágio de em-
briaguez para tomar coragem e reali-
zar a conduta criminosa, ele vai ser 
criminalmente responsabilizado, 
como se sóbrio estivesse. 
 
➢ Mas e aqueles casos referentes aos 
sujeitos que apresentam distúrbios 
com o álcool? A responsabilidade do 
agente será então perquirida a partir 
 
12 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
do momento em que ele bebe para 
embriagar-se e não no instante em 
que, no estado de embriaguez, 
comete o crime (FRANÇA, 2015).

Continue navegando