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Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC P L A N E J A M E N T O familiar DEFINIÇÃO Conjunto de ações que auxiliam homens e mulheres a planejar a achegada dos filhos e também previnem a gravidez indesejada • A lei federal 9.263/96 garante o planejamento familiar como direito de todo o cidadão e é formada por um conjunto de ações que regulam a fecundidade, garantindo direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole por mulher, homem ou casal ANTICONCEPÇÃO HORMONAL COMBINADA Associação de um componente estrogênico com outro progestogênico, resultando em um excelente efeito contraceptivo • Formas de administração: Injetável, vaginal, transdérmico e oral Mecanismo de ação Componente progestogênico Provoca anovulação por inibição do eixo HHO, inibindo o pico pré-ovulatório do LH para evitar a ovulação • Espessa o muco cervical, dificultando a ascensão dos espermatozoides • Exerce efeito antiproliferativo no endométrio, tornando-o não receptivo à implantação • Altera a secreção e peristalse das trompas de Falópio Componente progestogênico Inibe o pico do FSH evitando a seleção e o crescimento do folículo dominante • Estabiliza o endométrio • Potencializa a ação do componente progestagênio, aumentando receptores de progesterona intracelulares Efeitos adversos EFEITOS ESTROGÊNICOS EFEITOS PROGESTAGÊNIOS Irritabilidade Fadiga Náuseas e vômitos Aumento do apetite Cefaleia Aumento de peso Irritabilidade Acne e oleosidade Cloasma Sangramento irregular Efeitos metabólicos • Pressão arterial: O EE aumenta a síntese hepática de angiotensinogênio, que, por sua vez, eleva a pressão arterial sistêmica a partir do SRAA • Metabolismo dos carboidratos: O estrogênio induz resistência insulina, mas não há impacto significativo no metabolismo glicídico de mulheres saudáveis (não diabéticas) • Sistema hemostático: Os AHCs induzem o aumento da resistência à proteína C ativada, colaborando para um estado pró- trombótico o Aumentam o risco de TVP em 2 a 6x se comparados às não usuárias de AHCs, a depender da dose do EE e do progestagênio associado Contraindicações absolutas ao uso de Aos • Doença tromboembólica atual ou prévia • HAS e doença vascular encefálica • IAM ou cardiopatia isquêmica • Vasculopatia diabética • Tabagismo • Peso acima de 50% do ideal • Hepatite infecciosa (até 6 meses depois da normalização da função hepática) • Neoplasias dependentes de hormônios ou responsivas a eles Contraindicações relativas ao uso de Aos • HAS leve e DM Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC • Uso de anticonvulsionantes • Doença biliar e icterícia obstrutiva relacionada ao uso prévio de contraceptivos Diretrizes para o uso de AOs em condições especiais Uso não contraceptivo (melhora sintomatológica) • Sintomas da síndrome da TPM (mastalgia, irritabilidade, cefaleia) • Dismenorreia primária ou secundária • Sintomas da endometriose • Diminuição do volume da perda sanguínea • Ajuda na redução e no desaparecimento de cistos ovarianos simples/funcionais e até de grandes dimensões graças ao “repouso ovariano” • Usuária de longa data de contraceptivos hormonais combinados tem menos risco de câncer de ovário, de endométrio e intestinal Uso clínico A prescrição deve iniciar na fase folicular precoce, até́ o 5° dia do ciclo menstrual, e as formulações orais podem ser administradas a cada 24 horas • 21 dias com 7 dias de pausa: Etinilestradiol associado com levonogestrel, gestodeno, desogestrel, clormadinona, drospirenona ou ciproterona • 22 dias com 6 dias de pausa: Etinilestradiol associado com desogestrel trifásico • 24 dias com 4 dias de pausa: Etinilestradiol associado com drospirenona • 28 dias contínuos: Etinilestradiol e drospirenona ou gestodeno CONTRACEPTIVO COMBINADO INJETÁVEL A aplicação é feita mensalmente, preferencialmente, nas nádegas, mas necessita de um profissional treinado para essa aplicação • Mesigyna®: 25 mg de valerato de estradiol e 50 mg de enantato de noretisterona • Perlutan®, Preg-Less® e Daiva®: 10 mg de enantato de estradiol e 150 mg de algestona acetofenida • Ciclofemina® e Depomês®: 5 mg de cipionato de estradiol e 25mg de medroxiprogesterona ANEL VAGINAL (NUVARING®) Composto por levonogestrel e etinilestradiol, que pode ser inserido com um aplicador específico ou manobra digital, sendo mantido por 3 semanas após a inserção e, então, removido por uma semana, quando um novo anel deve ser recolocado, ou recolocado caso a menstruação seja indesejada Não é preciso que solicite exames subsidiários para o uso de AHC, mas é preciso solicitar aferição da PA e anamnese com antecedentes pessoal e familiar de trombofilia, neoplasia hormônio-dependente, enxaqueca com aura e eventos tromboembólicos O uso contínuo do AHC pode ser feito, mas indica- se que, em média, a 4 meses de uso sem pausa, a usuária faça uma pausa para checar o ciclo normal para que uma possível menopausa precoce não seja mascarada Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC ADESIVO TRANSDÉRMICO (EVRA®) Deve ser colado sob a pele, nos braços, nas costas ou na região abdominopélvica anterior ou posterior, que permanece colado na pele por 7 dias, totalizando 21 dias de uso, seguidos ou não de 7 dias de pausa ACH APENAS DE PROGESTAGÊNIO Métodos hormonais compostos por apenas progestagênios na composição e são classificados de acordo com a origem e o tipo de via de administração VIA COMPOSIÇÃO USO Oral Levonorgestrel, desogestrel, linistrenol ou noretisterona Diário ou contínuo Intra- muscular Acetato de medroxiprogesterona Trimestral Sub- dérmica Etonogestrel 3 anos Intra- uterina Levonorgestrel (mirena) 5 anos Mecanismo de ação Os injetáveis trimestrais, implante e pílulas de apenas progestagênio atuam da mesma forma • Causa atrofia e redução da vascularização do endométrio ao longo do tempo (pode entrar em amenorreia – princ. trimestral) • Exerce transformação no muco cervical, que passa a ser “hostil” à espermomigração, dificultando a ascensão dos espermatozoides • Reduz a motilidade tubária • Inibe a ovulação por supressão na liberação cíclica das gonadotrofinas pela hipófise, impedindo o pico pré-ovulatório do hormônio luteinizante (LH) – 40% das pacientes ovulam Indicações e contraindicações • Mulheres em situações especiais, como pós- parto (amamentando ou não) e após abortamento • Contraindicações para o uso de estrogênio devido à presença de algumas doenças, tais como enxaqueca, HAS, DM, cardiopatia, doenças vasculares, reumatológicas e outras Benefícios e riscos • Redução ou ausência de sangramento • Melhora de sintomatologia perimenstrual (ex. dismenorreia e cefaleia) • Melhora das dores na endometriose • Redução de câncer de ovário e endométrio • Uso de acetato de medroxiprogesterona de depósito (AMPD) foi associado à perda de massa óssea, provavelmente, devido à menor produção de estrogênio ovariano resultante da supressão da secreção de gonadotrofina Eventos adversos • Sangramento irregular e manchas (princ. nos primeiros três meses de uso) • Amenorreia (o método injetável promove e pode causar um atraso na sua pausa) • Outras queixas: Cefaleia, tontura, mudança de humor (nervosismo e depressão), ganho de peso, dores nas mamas, acne e, menos frequentemente, queda de cabelo e hirsutismo SISTEMA I.U. COM LEVONOGESTREL O sistema intrauterino com levonorgestrel consiste de um pequeno dispositivo (32mm) em forma de “T”, que é inserido dentro do útero e contém um reservatório de levonorgestrel (52mg) ao redor da haste vertical Mecanismo de ação A principal ação é local, isto é, endometrial, causando atrofia e modificações vasculares• Também, atua no muco cervical Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC • Pouco efeito sobre o eixo HHO e, dessa forma, a maioria das mulheres ovula o Taxa de inibição de ovulação é < 25% Contraindicações • Estenose cervical • Infecção puerperal • Doença inflamatória pélvica • Mioma submucoso ou alguma malformação uterina (septo, útero bicorno) com distorção da cavidade • CA de colo uterino, de mama ou endometrial o Por ter uma pequena taxa de hormônio no espectro sistêmico, não é indicado em casos neoplásicos LEVONORGESTREL DE EMERGÊNCIA Método que oferece às mulheres uma maneira não arriscada de prevenir uma gravidez não planejada em até́ 120 horas da relação sexual. Nesse contexto, a utilização do levonorgestrel previne cerca de ⅔ das gestações, se for iniciada até́ 24 horas do ato sexual (quanto mais rápido, melhor o efeito) • Dose: única 15 mg • Período: Ideal em até́ 3 dias, mas pode ser estendido até́ 5 dias (menor eficácia) • Efeitos adversos: náuseas, vômitos, cefaleia, alteração de sangramento Mecanismo de ação Age impedindo ou atrasando a ovulação e alterando os níveis hormonais, interferindo no desenvolvimento folicular e na maturação do corpo lúteo, inibindo, então, a fertilização DISPOSISTIVOS I.U. - DIU DE COBRE É uma pequena estrutura de plástico flexível com a forma da letra T com um fio de cobre na haste vertical do T e tubinhos de cobre em cada braço horizontal • A inserção intrauterina deve ser realizada por um profissional de saúde treinado Mecanismo de ação Os sais de cobre e polietileno desencadeiam uma reação de corpo estranho pelo endométrio, levando à liberação de uma pequena quantidade de metal, que estimula a produção de prostaglandinas e citocinas no útero. A partir daí, forma-se uma “espuma” biológica na cavidade uterina com efeito tóxico sobre espermatozoides e óvulos, alterando viabilidade, transporte e capacidade de fertilização, além de dificultar a implantação por meio de uma reação inflamatória crônica endometrial • O cobre no muco cervical também atua na diminuição da motilidade e viabilidade dos gametas masculinos Indicações • Mulheres que buscam métodos reversíveis de longa ação • Uso inconsistente do método atual, que dependente da usuária para ter a sua eficácia garantida. • Pode ser indicado para pacientes nulíparas, inclusive adolescentes Contraindicações absolutas • Gravidez • Alergia ao cobre • Sépsis puerperal • Hemorragia vaginal inexplicada • Imediatamente pós-aborto séptico • Cavidade uterina severamente distorcida • Câncer cervical ou endometrial e doença trofoblástica maligna • Doença inflamatória pélvica (DIP) ou doença sexualmente transmissível (DST) atual recorrente ou recente (nos últimos 3 meses) o Usa-se ATB inicialmente e, caso não tenha resposta, o DIU é contraindicado Contraindicações relativas • Fator de risco para DSTs ou HIV • Imunodeficiência • De 48 horas a quatro semanas pós-parto (momento de regressão uterina fisiológica) • Doença trofoblástica benigna ESTERILIZAÇÃO FEMININA A laqueadura tubárica é a contracepção permanente para mulheres que não querem mais ter filhos, Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC funcionando através do corte ou bloqueio das trompas de Falópio • Os óvulos liberados não se deslocam pelas trompas e, por este motivo, não encontram o espermatozoide Abordagens cirúrgias frequentes • Minilaparotomia: Envolve a realização de uma pequena incisão no abdômen, na qual as trompas de Falópio são trazidas até́ a incisão para serem cortadas ou bloqueadas • Laparoscopia (mais comum): Compreende a introdução de um tubo longo e fino com lentes no abdômen por meio de uma pequena incisão e então este laparoscópio permite que o médico observe e bloqueie ou corte as trompas de Falópio no abdômen VASECTOMIA É a contracepção permanente para homens que não queiram mais ter filhos, funcionando por meio do fechamento de cada vaso deferente, fazendo com que o sêmen não contenha espermatozoides. O sêmen é ejaculado, mas não pode provocar uma gravidez Abordagem cirúrgica Com uma punctura ou pequena incisão no escroto, o profissional localiza os dois vasos deferentes por onde o esperma é transportado até́ o pênis e corta para bloquear o mesmo, cortando e amarrando-o de modo a fechá-lo ou aplicando calor ou eletricidade (cautério) Permissão legal A Lei nº 9.263/96 somente permite a esterilização voluntária nas seguintes situações: I. Em homens ou mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce II. Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório e assinado por dois médicos PRESERVATIVOS MASCULINOS São capas ou revestimentos, geralmente feitas de borracha de látex fina, que são colocadas no pênis ereto do homem, funcionando como uma barreira que mantém os espermatozoides fora da vagina, prevenindo a gravidez • Impedem que infecções existentes no sêmen, no pênis ou na vagina sejam contraídas pelo outro parceiro (único método contraceptivo que protege tanto a gravidez, como DSTs) • Exigem o uso correto em cada relação sexual para se obter máxima eficácia. • Requerem a colaboração tanto do homem quanto da mulher • Pode amortecer a sensação do sexo em alguns homens PRESERVATIVOS FEMININOS São feitos de filme plástico fino, transparente e macio, como forma de bainha, que se inserem, de modo frouxo, dentro da vagina da mulher, funcionando como uma barreira que impede os espermatozoides de entrar na vagina, prevenindo a gravidez, e também evita que infecções existentes no sêmen, no pênis ou na vagina sejam contraídas pelo/a parceiro/a • Tem anéis flexíveis em ambas as pontas o Um anel na extremidade fechada ajuda na colocação do preservativo Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC o O anel na extremidade aberta retém parte do preservativo fora da vagina • Método contraceptivo que pode proteger tanto contra a gravidez quanto das doenças sexualmente transmissíveis • Requer o uso correto em toda relação sexual para se obter máxima eficácia • Uma mulher pode iniciar o uso do preservativo feminino, mas o método exige a colaboração de seu parceiro • Pode exigir um pouco de prática (colocar e retirar o preservativo da vagina torna-se mais fácil com a experiência)
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