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Ana Isabel S. Lima| Farmacologia (P5) 1 Introdução à antibioticoterapia Noções de microbiologia médica Bactérias são organismos unicelulares que apresentam parede celular composta por peptideoglicano. Coloração de Gram No processo de síntese da parede celular, algumas bactérias apresentam uma camada de peptideoglicano mais espessa. São elas as gram +, que retém a coloração de Gram: ficam roxas. Além disso, elas apresentam ácido lipoteicóico. Diferente das gram -, que apresentam uma membrana externa lipoprotéica voltada para o meio externo. Nessas bactérias, a parede celular fica no espaço periplasmático. Por isso, elas não retêm o corante: ficam rosas. E aqui nós temos canais de porina e lipopolissacarídeos. Como ocorre a síntese dessa parede celular? Enzima transpeptidase que organiza os monômeros em polímeros, “tecendo” a parede celular. Microbiota que você precisa saber Bactérias aeróbicas: Outras (bactérias esquisitas): Micobacterium Chlamydia Mycoplasma Treponema Conceitos gerais Antibióticos Substância química com ação inibitória da reprodução ou com poder destrutivo de micro-organismos. Ação baseada na antibiose Naturais (produzidos por micro-organismos) – antibióticos Sintéticos – quimioterápicos Antimicrobianos – definição mais abrange; abrange todos os fármacos usados contra agentes infecciosos. Tipos e objetivos do tratamento Considerando o momento ao longo da linha de progressão da doença em que o tratamento é iniciado, este pode ser: Profilaxia - consiste em tratar pacientes que ainda não estão infectados ou não desenvolveram a doença. O objetivo é evitar a infecção ou impedir o desenvolvimento de uma doença potencialmente perigosa em indivíduos que já tenham evidências de infecção. Um exemplo é a profilaxia das infecções oportunistas em pacientes imunossuprimidos, como nos pacientes com HIV-Aids e com contagem de linfócitos CD4+ menor que 200 células/mm³. Outro exemplo: profilaxia contra meningite e hanseníase. Preventivo - usado como tratamento precoce aos pacientes que têm indícios que estão assintomáticos, mas que estão infectados. O princípio desse tratamento é que sua administração antes do desenvolvimento dos sinais e dos sintomas (pré-sintomático) erradica a doença iminente. Deve ter duração curta e pré-definida. Um exemplo da utilização deste tipo de tratamento é para evitar a doença causada por citomegalovírus Ana Isabel S. Lima| Farmacologia (P5) 2 (CMV) depois dos transplantes de células- tronco hematopoiéticas e órgãos sólidos. Empírico - iniciação do tratamento baseado na apresentação clínica, que pode sugerir o microrganismo específico, assim como no conhecimento dos microrganismos que mais provavelmente causam infecções específicas em determinados hospedeiros, antes da confirmação laboratorial da própria infecção e do patógeno. Sempre deve ser avaliado se o tratamento está realmente indicado. Com algumas doenças, o custo de esperar alguns dias por indícios microbiológicos de infecção é pequeno. Em outro grupo de pacientes, os riscos de esperar são altos, tendo como base o estado imune do indivíduo ou outros fatores de risco que reconhecidamente agravam o prognóstico. Existem técnicas laboratoriais simples e rápidas para auxiliar nessa decisão, como o exame de secreção e líquidos corporais infectados com o corante de Gram. Esses exames auxiliam a reduzir a lista de patógenos possíveis e permitem a escolha mais racional do tratamento inicial. Antes de iniciar o tratamento empírico, deve-se sempre obter os materiais para as culturas apropriadas. Exemplo: na meningite, doença que pode ser fatal, o risco de esperar é alto, por isso já se faz a antibioticoterapia empírica baseado no conhecimento sobre os agentes etiológicos mais comuns e os fármacos potenciais contra eles. Supressor - tratamento mantido com dose mais baixa após o controle da doença inicial com o antimicrobiano. Objetivo é a profilaxia secundária, quando a infecção não foi completamente erradicada e a anormalidade que causou a infecção original ainda persiste. Exemplo: pacientes com Aids e nos receptores de transplantes. Evolução dos antibióticos Década de 20: descoberta das penicilinas; 1943: estreptomicina, com poder bactericida ou bacteriostático a depender da dose; 1948: cefalosporinas, substâncias que tinham poder de lisar algumas bactérias; 1953: vancomicina, importante agente contra algumas bactérias resistentes; 1976: carbapenêmicos; 1980: quinolonas; 1990-2000: vácuo de descobertas de antibióticos; 2000: oxazolidionas, lipopeptídeos, glicilciclinas; 2005: cefalosporinas de 5° geração. Classificações Quanto ao mecanismo de ação Inibidores da síntese de parede celular: B-Lactâmicos Glicopeptídeos Inibidores da síntese proteica: Macrolídeos Tetraciclinas Oxazolidinonas Lincosamidas Aminoglicosídeos Outros mecanismos: Quinolonas Sulfonamidas Imidazólicos Lipopeptídeos Quanto ao tipo de ação antibiótica Ana Isabel S. Lima| Farmacologia (P5) 3 Bactericida lise bacteriana: B-Lactâmicos Glicopeptídeos Lipopeptídeos Aminoglicosídeos Quinolonas Bacteriostáticos inibe a multiplicação: Macrolídeos Afenicóis Sulfonamidas Lincosamidas Tetraciclinas Oxazolidinonas Bactericida e bacteriostático: Dependendo da dose e germe que o antibiótico está atuando contra Sulfonamidas Eritromicina Nitrofurantoína Mecanismos de resistência bacteriana Antibióticos não induzem resistência bacteriana! Eles selecionam bactérias que já são, naturalmente, resistentes. Lembra de Darwin. O que confere resistência? Alterações genéticas: recombinações E quais são alguns desses mecanismos? Resistência aos B-Lactâmicos: Baixa afinidade da transpeptidase – por mudança na forma dessa enzima, que leva a baixa afinidade pelo antibiótico. Assim, o antibiótico não consegue se ligar de forma eficiente e perde seu mecanismo de ação, que é pela inibição dessa enzima; Produção de B-Lactamase – proteína produzida pela bactéria que cliva o anel b- lactâmico, que é essencial para a ação desses fármacos. Por isso existem os inibidores da b-lactamase, como tentativa de “driblar” esse mecanismo de resistência. Porinas diferentes – mais específico das gram -, dificulta a passagem do antibiótico, que não consegue chegar na parede celular. É mais raro. Resistência a outros antibióticos: Plasmídios: DNA adicional que não são essenciais a multiplicação da bactéria, mas quando estão presentes conferem vantagens, produzindo enzimas inativadoras, que tem menor afinidade sendo mais resistentes; Mutações: favorecem a sobrevivência dos germes, mais uma vez incluindo enzimas de menor afinidade, alteração da permeabilidade ao fármaco e modificações das estruturas ribossomais. A resistência ocorre de 2 formas. A primeira é chamada primária ou intrínseca, na qual as bactérias são naturalmente resistentes aos antimicrobianos (como exemplo, a bactéria Mycoplasma pneumoniae não tem parede celular, portanto é naturalmente resistente aos β- lactâmicos). A segunda forma é a secundária ou adquirida, que ocorre por desenvolvimento de novos mecanismos de defesa. Os mecanismos de resistência diante os fármacos incluem: inativação ou modificação enzimática, alteração do local-alvo ou receptor de ligação, alteração da permeabilidade celular, desenvolvimento de uma via alternativa à inibida, aumento da síntese do local-alvo, diminuição da captação ou efluxo do fármaco pelo microrganismo.
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