Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Aula 1 - 03/08 Conceitos, adaptações e ações dos parasitos Introdução Helmintologia Platelmintos ● Verme da Esquistossomose - é uma zoonose (afeta a saúde de vários animais); ● É achatado; ● A fêmea e o macho vivem juntos, o que aumenta a capacidade reprodutiva deles; ● Quando maduros sexualmente, eles formam casais indissolúveis; ● Eles podem viver até 25 anos no organismo humano; ● São hematófagos (se alimentam do sangue humano) e vivem no interior dos vasos sanguíneos (plexo hemorroidário); ● Macho: 1 cm; ● Fêmea: 1,5 cm. ● A presença desses vermes em indivíduos jovens, imunodeprimidos, desnutridos ou carga parasitária alta pode deflagrar o quadro clínico de hepatoesplenomegalia descompensada com despejo de líquido na cavidade abdominal (ascite), edema generalizado, caquexia, problemas pulmonares, quadros febris, problemas cardíacos, urinários/excretor e etc; ● Teníase: verme com corpo em forma de fita - é uma zoonose; ● A taenia saginata pode chegar a 14 metros; ● É parasita de intestino delgado de seres humanos; ● Ela se molda na parede do intestino e por isso o intestino consegue suportar um verme tão grande; ● Ela é muito prevalente; ● Pode causar sintomas, como: distensão abdominal, cólicas intestinais, emagrecimento (ela compete os nutrientes com você), aumento do apetite; ● É adquirida através da ingestão de carne crua de bovinos; ● A taenia solium é adquirida através da ingestão de carne crua de suínos; ● É um verme em forma de fita, com 3 cm apenas, bem pequeno; ● É parasito do intestino delgado dos cães. Ele libera ovos, que chegando ao meio ambiente, se for ingerido por um ser humano vai dar Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 origem a uma estrutura larvária chamada de cisto hidático que pode ter até 10 cm de diâmetro e crescer em órgãos internos como o cérebro humano; ● Essa estrutura larvária cresce cerca de 1 cm por ano; ● No homem é um parasitismo acidental, ele funciona como um hospedeiro intermediário; ● Se o cachorro não comer vísceras de ovino e bovino não há necessidade de se preocupar com esse verme; ● É uma zoonose; ● Hymenolepis nana: verme pequeno, chamado de taenia anã; ● Possui no máximo 10 cm e o corpo em forma de fita; ● Parasito de intestino delgado de seres humanos, sobretudo de crianças; ● Pode provocar sintomas, como: distensão abdominal, cólicas, acessos diarréicos, aumento do apetite; ● Esses vermes em forma de fita não possuem aparelho digestivo, por isso necessitam absorver os nutrientes prontos e por isso que ficam localizados no intestino delgado; Nematódeos ● Verme cilíndrico, parece um pelo/cabelo, chicote; ● Eles mergulham na parede do intestino grosso do ser humano; ● As vilosidades intestinais ficam edemaciadas, e esse quadro com náuseas e cólicas provoca redução do apetite que causa desnutrição e retardo do crescimento; ● É adquirido através da ingestão de ovos presente no solo que são eliminados nas fezes do ser humano; ● Prevenção: lavar bem frutas, verduras e legumes, beber água filtrada ou fervida e não levar objetos que caem no chão a boca; ● Macho: 3 cm; ● Fêmea: 5 a 5,5 cm; ● Enterobius vermicularis; ● É muito facilmente transmitido em ambientes fechados e coletivos; 2 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● É capaz de produzir alta infecção interna e externa. Se tiver ovos retidos dentro do seu organismo eles liberam larvas e a pessoa passa a ter novamente uma nova geração de parasitos; ● Macho: 0,5 cm; ● Fêmea: 1 cm; ● Parasito de intestino grosso; ● Quadro clínico: prurido na região anal - muito comum em crianças; ● Lombriga - ascaridíase; ● Fêmea: pode chegar a 40 cm; ● Macho: pode chegar a 20 cm; ● É adquirida através da ingestão dos ovos que estão no ambiente; ● É necessário que o ovo passe pelo ambiente para o desenvolvimento da larva; ● Pode levar o indivíduo a óbito, pois causa obstruções intestinais; ● É o verme mais prevalente em países de clima tropical e subtropical; ● Possui esses 4 dentes que permitem que ele se alimente de sangue (hematófagos); ● É pequeno; ● Macho: 1 cm; ● Fêmea: 2 cm; ● São muito numerosos, pode haver taxa de mil vermes no intestino, provocando anemia pronunciada e até ruptura de alças intestinais; ● Parasitos exclusivos de humanos. ● Possui 2,5 milímetros de comprimento; ● Fica alojado nas criptas duodenais de seres humanos e outros animais; ● É um verme pequeno, vive pouco tempo, mas consegue promover por auto infecção interna ou externa o crescimento populacional dele em indivíduos imunodeprimidos ou imunossuprimidos; 3 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● O ser humano contém os vermes adultos e o mosquito transmissor (borrachudos) que contém as larvas; ● Filariose Linfática; ● Mosquitos transmissores (pernilongo culex); ● Nem todo mundo que possui filariose linfática vai ter elefantíase. A elefantíase é um quadro clínico derivado de uma filariose linfática grave - os vermes adultos vivem nos vasos e gânglios linfáticos causando obstruções, processos inflamatórios que culminam com a falha do sistema linfático; Protozoários ● Ameba; ● Provoca infecção intestinal no intestino grosso humano; ● Pode produzir diarréias mucosanguinolentas, quadros clínicos graves e pode chegar a outros órgãos, como ao cérebro (amebíase extra intestinal) com potencial letal; ● Nem toda ameba é patogênica; ● É adquirida através da ingestão dos cistos em água; ● Giardíase; ● É um protozoário flagelado, parece um fantasminha; ● Na sua forma ativa, trofozoíta, vive no intestino delgado de seres humanos e de vários animais (inclusive cães e gatos); ● Ingerindo a giardia na forma cística, através de água e alimentos contaminados, você adquire 2 giárdias na forma ativa; ● Colonizam o intestino do indivíduo; ● Sintomas: cólicas intestinais, dores abdominais, diarréia aquosa de odor fétido, emagrecimento, síndrome de má absorção intestinal e etc; 4 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Responsável por quadros clínicos no trato urogenital feminino e masculino; ● Só parasita seres humanos; ● Muito frequente na população humana; ● No homem geralmente é assintomático; ● Mulheres, por irem anualmente ao ginecologista, possuem mais casos relatados (sintomáticas); ● Há relatos de casos de mulheres que sofreram aborto e tiveram redução da sua fertilidade; ● Leishmania é o protozoário causador das leishmanioses; ● São transmitidas naturalmente através da picada do mosquito palha; ● Agente etiológico da Doença de Chagas; ● É um protozoário flagelado; ● É transmitido pelo inseto, barbeiro, através das fezes; ● Casas de pau a pique favorecem a doença; ● Sinal de Romanã: inchaço bipalpebral unilateral - a picada é perto do olho e as fezes são arrastadas para o globo ocular; ● Agente causador da toxoplasmose; ● Um mecanismo de transmissão é através de oocistos eliminados nas fezes do gato (hospedeiro definitivo), transfusão sanguínea, transplante de órgãos e etc; ● Pode levar a aborto, nascimento com má formações e etc; 5 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Transmitida por mosquitos; ● Sintomas: febre alta, chegando a 41ºC; ● Possui 2 fases; ● Grande endemia nacional. Entomologia ● Mosquito Palha; ● São transmissores das leishmanioses; ● As espécies de interesse pertencem aos gêneros Lutzomyia; ● Apenas as fêmeas são hematófagas. ● Borrachudos; ● Eles parecem pequenas moscas; ● São hematófagos e transmitem a oncocercose; ● Mosquito Pólvora; ● Encontrados em áreas alagadas, solo úmido; ● Picada muito dolorosa; ● Transmissor de uma arbovirose na Amazônia. 6 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Pernilongos; ● São os mosquitos que transmitem malária (do gênero Anopheles), febre amarela e dengue (Aedes Aegypti), assim como a filariose linfática e várias arboviroses (culex e outros gêneros); ● Moscas; ● São veiculadoras de agentes patogênicos. Ex.: posando em fezes ela pode carrear ovos de ascaris e levar para a sua comida; ● As larvas de algumas moscas, varejeiras principalmente, provocam bicheiras (miíases); ● Mutucas;● São insetos parecidos com mosca, mas não são moscas; ● Fêmeas são hematófagas e possui picada dolorida; ● Podem ser grandes e pequenas. ● Pulgas; ● São achatadas lateralmente, apresentam o 3º par de perna hipertrofiado; ● Machos e fêmeas são insetos hematófagos. ● Barbeiro; ● Transmissor da Doença de Chagas; ● São grandes; 7 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Picadas, em geral, não são dolorosas, mas provocam prurido. ● Piolhos; ● Machos e fêmeas são hematófagos; ● A prole é chamada de ninfa; ● As lêndeas são os ovos (imóveis); ● Piolho do corpo, da região pubiana e da cabeça. Conceitos ❖ Infecções: são provocadas por endoparasitos, dentro do nosso organismo. Ex.: verme; ❖ Infestações: são provocadas por ectoparasitos, fora do nosso organismo. Ex.: piolhos; ❖ Parasitismo: é um fenômeno, pois vem se desenvolvendo ao longo de milhões de anos. Ele consiste em uma relação ecológica entre os seres vivos, que traz em si características próprias/especiais, dentre elas estão os quadros clínicos, ou seja, as doenças produzidas pelos parasitas nos seus hospedeiros. ❖ A relação parasito-hospedeiro tem como finalidade fundamental manter o equilíbrio entre as espécies. Quando essa relação sai do controle é que temos os quadros clínicos graves, que podem culminar com o óbito dos hospedeiros. ❖ O Parasitismo é uma interação ecológica desarmônica entre indivíduos de espécies diferentes: parasita e hospedeiro; ❖ Os parasitos contribuem de 3 maneiras: são responsáveis pelo controle das populações, pela nossa evolução (como espécie), por nos testar a nível de sistema imunológico e compõem a cadeia alimentar; ❖ As relações estabelecidas são íntimas e duradouras. O grau de intimidade da relação e a durabilidade da relação são variáveis, que estão intimamente relacionadas à dependência metabólica que um parasito tem pelo seu hospedeiro. Se o hospedeiro morre, o parasita morre junto. Ex.: fêmea do Aedes Aegypti pousa sobre sua pele e suga seu sangue. ❖ Dependência Metabólica: o parasito depende do seu hospedeiro para se alimentar, se proteger e se reproduzir. Inicialmente ele depende do hospedeiro para se alimentar. ❖ Para que a relação parasito-hospedeiro seja bem sucedida é necessário: adaptação recíproca (parasito bem adaptado no hospedeiro para que o hospedeiro tolere sua presença), compatibilidade (parasito precisa ser compatível com o seu hospedeiro. Ex.: cisto hidático no cérebro humano, é incompatível) e baixa virulência (baixa agressividade do parasito em relação ao hospedeiro - relacionada a carga parasitária); ❖ Se a carga parasitária for muito alta, por mais bem adaptado que o parasita esteja, irá causar prejuízos para o hospedeiro; ❖ Hospedeiro: é um organismo vivo que abriga o parasito. ➢ Hospedeiro Definitivo: é aquele que abriga o parasito na sua forma madura/adulta/atividade reprodutiva - conceitualmente iremos utilizar a forma madura. É onde ocorre a reprodução sexuada. Ex.: da taenia solium é o ser humano; 8 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ➢ Hospedeiro Intermediário: é aquele que abriga o parasito na sua forma imatura. O parasito não se reproduz ou a faz assexuadamente. Ex.: da taenia solium é o suíno; ❖ Ciclos Parasitários: ➢ Parasito Heteroxênico: é aquele que para se desenvolver necessita de mais de um hospedeiro. Ele precisa de um hospedeiro na sua fase larvária/imatura (intermediário) e de outro hospedeiro para atingir sua fase madura (definitivo). Portanto, ele possui um hospedeiro intermediário e um hospedeiro definitivo. Ex.: o parasito causador da elefantíase/filariose linfática; ➢ Parasito Monoxênico: é aquele que realiza todo o seu desenvolvimento em um único hospedeiro. Ex.: parasito causador da giardíase; ❖ Tipos de Parasitos: ➢ Parasito Obrigatório: é aquele incapaz de viver fora do organismo do hospedeiro. Ex.: plasmodium (malária), toxoplasma gondii (toxoplasmose); ➢ Parasito Facultativo: é aquele que não precisa obrigatoriamente de um hospedeiro para viver, mas pode viver associado a ele. Ex.: larvas de moscas varejeiras que podem desenvolver-se em feridas necrosadas ou em matéria orgânica (esterco) em decomposição; ➢ Parasito Errático ou Ectópico: é aquele que não atinge a fase adulta fora de seu hospedeiro natural. Ex.: ancylostoma braziliensis (verme de intestino delgado de cães e gatos); 9 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ➢ Parasito Acidental: é aquele que pode atingir a fase adulta em outro hospedeiro que não seja o natural. Ex.: fasciola hepatica no ser humano (“baratinha do fígado” de bovinos e ovinos) - no ser humano pode trazer prejuízos enormes; Adaptações do Parasita ao Hospedeiro ❖ Morfológicas: envolvem a anatomia dos parasitos; ➢ Degenerações: quando ao longo da evolução eles perdem alguma parte do corpo para melhor se adaptar ao seu hospedeiro; ➢ Atrofias: quando há redução de tamanho e de funcionalidade de determinadas estruturas corporais do parasito; ➢ Hipertrofias: quando há um superdesenvolvimento de determinadas estruturas do corpo do parasito; ❖ Biológicas: relacionadas ao comportamento dos parasitos; ➢ Capacidade Reprodutiva: todo parasito tem uma grande capacidade reprodutiva; ➢ Variadas formas de reprodução: pode ser de forma sexuada ou assexuada (divisão binária, multiplicação de larvas, partenogênese e hermafroditismo); ➢ Tropismos: aproximação ou afastamento do parasito em relação a fonte de um estímulo. ● Geotropismo Positivo: quando os parasitos precisam passar pelo solo para se desenvolverem; ● Geotropismo Negativo: quando os parasitos não podem passar pelo solo, é danoso para eles e por isso se afastam; ● Termotropismo Positivo: parasitos que são atraídos pela fonte de calor; ● Termotropismo Negativo: parasitos que se afastam da fonte de calor; ● Fototropismo Positivo: parasitos que são atraídos pela luz. Ex.: aedes aegypti; ● Fototropismo Negativo: parasitos que são repelidos pela luz. Ex.: pernilongo; ● Quimiotropismo Positivo: é a atração de parasitos por fonte de substâncias químicas; ● Quimiotropismo Negativo: os parasitos são repelidos devido às substâncias químicas; 10 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ● Tigmotropismo: é a mudança de direção/posicionamento da vertical para a horizontal e vice-versa; Ações do parasita sobre o hospedeiro ❖ Essas ações do parasita se traduzem em sintomas no hospedeiro; ➢ Espoliação: o parasita absorve nutrientes ou mesmo sangue do hospedeiro para se alimentar; ➢ Enzimática: o parasita produz enzimas que possibilitam sua nutrição, resistência à ação das enzimas do hospedeiro (antiquinases) e etc; ➢ Tóxica: os resíduos metabólicos que os parasitos eliminam podem oferecer toxicidade para o hospedeiro. Ex.: reações alérgicas, cólicas intestinais, diarreia, intoxicação; ➢ Mecânica: dada pela presença física do parasito, pode ser obstrutiva ou compressiva. Ex.: vários vermes no intestino de uma criança; ➢ Irritativa: contato físico do parasito com o organismo do hospedeiro irrita o local parasitado, provocando lesões através de seus órgãos de fixação; ➢ Traumatismo: quando o parasito produz lesão no hospedeiro; ➢ Imunológica: quando o parasito induz uma resposta imunológica no hospedeiro. Se ela for desproporcional, ou seja, não for específica, vai trazer uma série de transtornos para o hospedeiro; ➢ Inflamatória: quando o parasito induz processos inflamatórios no organismo do hospedeiro; ➢ Anóxia: está relacionada a sangue. Quando o parasito se alimenta de sangue, diminui as hemácias e vai reduzir o fluxo de oxigênio para determinados órgãos e tecidos. Ex.: plasmodium da malária; 11
Compartilhar