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Desnutrição infantil

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@resumeairafa 
 
 
 
A nutrição, um dos principais determinantes da saúde e 
do bem-estar do ser humano, assume especial importância 
nos primeiros anos de vida. Como o crescimento não é 
uniforme durante toda a infância, mas apresenta picos de 
intensidade nos dois primeiros anos de vida e na 
adolescência, os distúrbios de nutrição ocorrem mais 
frequentemente nessas duas faixas etárias. 
As necessidades energéticas diárias do recém-nascido 
estão em torno de 120kcal/kg de peso corpóreo. Alguns 
princípios gerais regem a alimentação infantil, a exemplo: 
 Atender as necessidades energéticas ou quantitativas 
A quantidade que a criança deve ingerir é aquela que 
satisfaça seu desejo alimentar, sem insistir de qualquer 
odo a aceitar mais do que deseja, mantendo ao mesmo 
tempo vigilância sobre seu crescimento e 
desenvolvimento. 
 Ser adequada em relação a intervalos ou horário e 
número de refeições diárias 
A criança deve ser alimentada quando sentir fome, que 
se manifesta, em geral, pelo choro. Como não só a fome 
é causa de choro, deve-se seguir, no início da vida, 
horário flexível, auto-regulado e contínuo. O lactente 
normalmente abandona as mamadas da madrugada 
devido ao estabelecimento do ritmo circadiano 
 Apresentar correlação adequada 
Os nutrientes essenciais devem estar presentes na dieta. 
 Ser constituída por leite materno nos primeiros meses 
 Corresponder à capacidade digestiva nos vários 
períodos do desenvolvimento 
 Introduzir alimentos novos de modo progressivo 
 Ser tão variada quanto possível 
 Equilibrar a tendência laxante e obstipante dos 
alimentos 
 Ministrar os alimentos com técnica adequada à sua boa 
aceitação, bem como à boa formação psíquica da 
criança. 
Bases fisiológicas para a alimentação/ relacionar 
com porquê a introdução alimentar tem início 
aos 6 meses 
As funções fisiológicas mais relacionadas à alimentação 
são as do aparelho renal e digestivo. É necessário, 
portanto, que a alimentação esteja adaptada aos estágios 
de desenvolvimento. 
 
 
Nos primeiros meses os rins amadurecem morfológica e 
funcionalmente. A taxa de filtração glomerular é baixa nos 
recém-nascidos, particularmente nos prematuros, e 
alcança 2/3 dos valores normais aos 3 meses. Nos 
primeiros meses de vida ocorrem limitações importantes 
para manter o equilíbrio de sal, água, carga ácida, e 
privação de água, e nesse período a osmolaridade urinária 
máxima é bem inferior. 
Com o aumento da oferta de solutos na dieta, haverá 
aumento das necessidades de água para sua excreção renal; 
o recém-nascido e o lactente, pelo menos de até 3 meses 
de vida, podem entrar em balanço negativo de água e 
correr riscos. 
Já na função digestiva, o reflexo de sucção confere ao RN 
a capacidade de obter e deglutir normalmente. Nessa fase 
da vida, toda a relação da criança com o mundo se dá 
por meio da boca, no ato da amamentação, que expressa 
uma verdadeira simbiose entre mãe e filho. A salivação, 
estimulada pelo ato de mamar, é reduzida nos 3 primeiros 
meses de vida, sendo relativamente pequena a 
concentração da amilase salivar. Após os 4 meses, eleva 
novamente e atinge o nível do adulto a 1 ano de idade. Aos 
4 meses, a criança já manifesta excitação à visão de 
alimentos, aos 5 meses pode indicar desejo abrindo a boca. 
A erupção dos dentes de leite e consequente início da 
função mastigatória tem início em torno dos 6 meses de 
idade. No primeiro trimestre ocorre, com frequência, certa 
incoordenação do peristaltismo intestinal, o que leva a 
cólicas, por vezes prolongadas e intensas. 
Dez passos da Alimentação Saudável para Crianças Brasileiras 
Menores de 2 Anos recomendados pelo MS, Organização Pan-
Americana da Saúde, Organização Mundial da Saúde (OMS) e 
SBP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@resumeairafa 
 
Alimentação até os 6 meses 
A OMS, o MS e a SBP recomendam aleitamento materno 
por 2 anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros 6 
meses. Não há vantagens em se iniciar os alimentos 
complementares antes dos 6 meses, podendo, inclusive, 
haver prejuízos à saúde da criança. O leite materno atende 
as necessidades nutricionais metabólicas, confere proteção 
imunológica e proporciona, ainda, interação mãe e filho. 
Nos países desenvolvidos, a prática do aleitamento 
artificial levou ao aumento da obesidade e das alergias, 
e contribui para a desnutrição. Há evidências que as 
crianças amamentadas no peito, no primeiro semestre de 
vida, recebem efeito protetor em relação as doenças 
respiratórias e protege contra outras infecções. 
A desnutrição marasmática e o Kwashiorkor têm relação 
direta com o leite humano, visto que ele protege o 
lactente. Ademais, as crianças em aleitamento artificial 
recebem proteínas estranhas em grande quantidade e 
apresentam processos alérgicos muito mais 
frequentemente do que as crianças amamentadas. 
O aleitamento materno pode ser classificado em: 
• aleitamento materno exclusivo: quando a criança 
recebe somente leite materno, direto da mama ou 
ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros 
líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes 
contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos 
minerais ou medicamentos; 
• aleitamento materno predominante: quando a criança 
recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de 
água (água adocicada, chás, infusões) ou sucos de frutas; 
• aleitamento materno: quando a criança recebe leite 
materno (direto da mama ou ordenhado), 
independentemente de receber ou não outros alimentos; 
• aleitamento materno complementado: quando a 
criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento 
sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-
lo, e não de substituí-lo; 
• aleitamento materno misto ou parcial: quando a 
criança recebe leite materno e outros tipos de leite. 
Aleitamento artificial 
Na impossibilidade de se proporcionar aleitamento 
materno exclusivo nos primeiros meses de vida, a 
complementação da nutrição do lactente será 
realizada pela administração do leite de vaca, que é o 
mais habitualmente usado. Entretanto, devido às 
diferenças qualitativas e quantitativas do leite de vaca em 
relação ao leite humano, é preciso modifica-lo para que 
possa atender as necessidades nutricionais e 
fisiológicas da criança, em especial no primeiro 
semestre de vida. 
O leite de vaca possui três vezes mais proteína que o LH, 
sobrecarregando os rins quando consumido em alta 
quantidade, aumentando a excreção de cálcio pela urina. 
Para o leite humano, as proteínas do soro correspondem a 
cerca de 60 a 80% do teor protéico total, com 
predominância da alfa-lactalbumina, necessária para a 
síntese de lactose. Para o leite de vaca, as proteínas do 
soro correspondem a 18% do teor protéico total, com 
predominância da beta-lactoglobulina, que tem sido 
responsabilizada pelas alergias ao leite de vaca. 
É necessário a mistura com fórmulas, e as principais 
modificações consistem em: redução do teor de 
proteínas e eletrólitos, substituição de parte de lipídeos 
por óleo vegetal, adição de outros carboidratos 
(maltodestrina, sacarote), e adição de vitaminas e 
mineiras de acordo com o CODEX Alimentarius. 
 Há recomendações que a fórmula deve oferecer de 7% a 
16% de suas calorias sob a forma de proteínas; de 30% a 
55% sob a forma de gorduras; de pelo menos 1% de 
calorias provenientes de ácido linoleico; e, o restante, de 
hidratos de carbono. O leite de vaca integral não-
modificado não é recomendado para criança até os 6 meses 
pelos riscos de ocorrência de alergia à proteína do leite, 
anemia por deficiência de ferro, além do alto nível de 
solutos que sobrecarregam a função renal. O leite humano 
maduro fornece, em média, 1,2g/dL de proteínas,enquanto 
o conteúdo do leite de vaca é cerca de 3,3 g/dl. O conteúdo 
mineral do leite humano representa cerca de um terço do 
leite de vaca. Assim, o metabolismo do leite de vaca, com 
seus elevados níveis de proteínas e minerais, dá origem a 
uma maior carga de solutos que deverá ser filtrada por um 
rim funcionalmente imaturo (CALIL et al, 1991). 
Além disso, o alto teor proteico e de mineiras, nos 
primeiros meses de vida, pode aumentar o risco de 
desidratação e hipernatremia, em caso de diarreia ou outras 
condições que aumentam a demanda de água pelo lactente. 
O leite de vaca in natura pode ser usado, desde que 
convenientemente pasteurizado ou fervido e conservado 
sob refrigeração, ou sob forma de pó. 
Fórmulas infantis de partida: É o produto, em forma 
líquida ou pó utilizado sob prescrição, especialmente 
fabricado para satisfazer, por si só, as necessidades 
nutricionais dos lactentes sadios durante os primeiros 
meses de vida (ANVISA, 2011a.) 
Fórmulas infantis de seguimento: São produtos 
destinados a lactentes sadios a partir do sexto mês de vida 
até doze meses de idade incompletos (ANVISA, 2011b.) 
Fórmulas infantis destinadas a necessidades 
dietoterápicas específicas: São as fórmulas destinadas a 
atender as necessidades nutricionais de lactentes 
decorrentes de alterações fisiológicas e/ou doenças 
temporárias ou permanentes e/ou para redução de risco de 
alergias em indivíduos predispostos (ANVISA, 2011c). 
Fórmulas anti-regurgitamento: As fórmulas para esses 
casos usualmente incluem o amido em sua composição, o 
que proporciona maior espessamento quando em contato 
com o suco gástrico e, consequentemente, menor risco de 
regurgitação (ACCIOLY et al, 2005). 
 
 
@resumeairafa 
 
Fórmulas para prematuros: Os prematuros apresentam 
uma deficiência relativa de lactase e por essa razão, o 
carboidrato das fórmulas é uma mistura de lactose e 
polímeros de glicose. Estes polímeros permitem um 
rápido esvaziamento gástrico, diminuindo a estase 
gástrica, e o risco de enterocolite necrotizante, pois 
possuem uma carga osmótica mais baixa (ARTAZCOZ, 
2007 e GURMINI e VIEIRA, 2002). 
Os prematuros apresentam uma limitada capacidade de 
digestão e absorção de gorduras, o que se deve à baixa 
atividade da lípase pancreática e principalmente, a uma 
deficiência de sais biliares, levando a formação 
inadequada de micelas com reduzida solubilização de 
triglicérides da dieta. 
Fórmulas derivadas da soja: São indicadas em casos de 
deficiência primária de lactase, galactosemia, alergia a 
proteína do leite de vaca (GURMINI e VIEIRA, 2002), 
além de lactentes de famílias vegetarianas em que não se 
deseja o consumo de proteína animal (ARTAZCOZ, 
2007). 
A alergia alimentar é resultante de uma resposta imune 
exacerbada devido a exposição de um indivíduo às 
proteínas alimentares (ACCIOLY et al, 2002). 
Fórmulas sem lactose: A lactose é o principal 
carboidrato do leite e requer a enzima lactase para ser 
decomposto em galactose e glicose. Nesses leites, 
geralmente há a substituição da lactose por hidrato de 
carbono, geralmente dextrinomaltose (ARTAZCOZ, 
2007) 
São fórmulas indicadas para lactentes afetados por má 
absorção de lactose, desnutrição grave, deficiência 
primária de lactase, lesão da mucosa intestinal na diarréia 
persistente ou crônica, levando a deficiência secundária 
de lactase (GURMINI e VIEIRA, 2002). 
Como escolher a fórmula 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alimentação complementar 
A alimentação complementar deve prover suficientes 
quantidades de água, energia, macro e micronutrientes, por 
meio de alimentos seguros, culturalmente aceitos, 
economicamente acessíveis e que sejam agradáveis à 
criança. Esse período é de elevado risco para a criança, 
tanto pela oferta de alimentos desaconselháveis quanto 
pelo risco de contaminação em razão da manipulação e 
do preparo inadequado, favorecendo a ocorrência de 
doença diarreica, desnutrição, deficiência de 
micronutrientes (p.ex., anemia carencial ferropriva) ou 
obesidade. 
Na idade de 6 a 12 meses, o leite materno ainda contribui 
com aproximadamente metade da energia requerida nessa 
faixa etária e 1/3 da energia necessária no período de 12 a 
24 meses. Os alimentos complementares devem suprir 
aproximadamente 200 kcal/dia entre 6 e 8 meses, 300 
kcal/dia entre 9 e 11 meses e 550 kcal/dia dos 12 aos 23 
meses. A densidade proteica deve ser de 0,7 g/100 kcal dos 
5 aos 23 meses. Os lipídios devem assegurar 30 a 45% da 
energia total. Para garantir a oferta de minerais e vitaminas 
necessárias ao crescimento, a alimentação complementar 
deve conter alta densidade desses nutrientes de forma a 
compensar a pequena quantidade ingerida diariamente. 
A papa principal deve ser oferecida após a criança 
completar 6 meses de vida nos horários correspondentes 
ao almoço ou jantar. Essa refeição deve conter alimentos 
de todos os grupos: cereais ou tubérculos, leguminosas, 
carnes e hortaliças (verduras e legumes). Carnes (bovina, 
suína, frango ou peixe) e ovos cozidos devem fazer parte 
das refeições a partir do sexto mês de vida sem restrições. 
O óleo vegetal, de preferência de soja ou canola ou azeite 
de oliva, por conterem proporções adequadas de ômega 3 
e ômega 6, deve ser usado em pequena quantidade e o sal 
não deve ser adicionado. No início, os alimentos devem 
ser amassados com o garfo (consistência de purê), 
nunca liquidificados ou peneirados. A segunda papa 
principal será oferecida a partir do sétimo mês de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@resumeairafa 
 
No Brasil, alguns estudos pontuais observaram que a 
deficiência de ferro é a principal causa da anemia em 
crianças menores de 2 anos. O ferro apresenta-se nos 
alimentos sob duas formas: heme e não heme. O ferro 
heme, das carnes e vísceras, tem maior 
biodisponibilidade, não sofrendo influência de fatores 
inibidores. As carnes apresentam cerca de 2,8 mg de 
ferro por 100 g do alimento, sendo absorvidos em torno 
de 20 a 30% desse nutriente. O ferro não heme, contido 
em alimentos de origem vegetal, ao contrário do ferro 
animal é pouco absorvido pelo indivíduo, cerca de 2 a 
10%. Ele pode ter suas taxas de absorção modificadas na 
presença de agentes facilitadores ou inibidores da sua 
absorção. O ácido ascórbico é facilitador, e os fitatos, 
taninos, cálcio e fosfatos possuem efeito inibidor. 
As frutas devem ser oferecidas após os 6 meses de 
idade, amassadas ou raspadas, sempre às colheradas. E 
após o aparecimento da dentição e na dependência do 
desenvolvimento, em pedaços pequenos ou inteira; 
nenhuma fruta é contraindicada. Os sucos naturais 
devem ser evitados, mas se forem administrados que 
sejam dados no copo, de preferência após as refeições 
principais, e não em substituição a estas, em dose máxima 
de 100 mL/dia, com a finalidade de melhorar a 
absorção do ferro não heme presente nos alimentos 
como feijão e folhas verde-escuras. É importante oferecer 
água potável a partir da introdução da alimentação 
complementar. A frequência da alimentação 
complementar varia conforme a idade da criança. A OMS 
recomenda que dos 6 aos 11 meses, a criança amamentada 
estará recebendo três refeições com alimentos 
complementares ao dia (duas papas principais e uma de 
frutas). A criança que não estiver em aleitamento materno 
corre maior risco nutricional, portanto é recomendado que 
receba com maior frequência alimentos complementares, 
com cinco refeições (duas papas principais e três de leite, 
além das frutas). Por volta dos 8 a 9 meses a criança pode 
começar a receber a alimentação da família, na 
dependência do desenvolvimento neuropsicomotor. Nos 
primeiros dias, é normal a criança derramar ou cuspir o 
alimento, portanto tal fato não deve ser interpretado como 
rejeição ao alimento. É necessário observar a relação 
entre a introdução de outros alimentos e o hábito intestinal 
da criança. 
Entende-se que o estado de deficiência ou excesso tanto 
de macronutrientes quantode micronutrientes causa 
desequilíbrio entre o suprimento de energia, de 
nutrientes e a demanda do organismo, alterando a 
garantia na manutenção, no crescimento e nas funções 
metabólicas. A exemplo: uma criança obesa com 
deficiência de ferro também apresenta desnutrição por 
esse conceito. A desnutrição energético-proteica 
(DEP) pode ser classificada como: primária, quando 
não há outra doença associada (relacionada à insegurança 
alimentar), ou secundária, quando há doença relacionada 
(geralmente por baixa ou inadequada ingestão alimentar; 
por alteração na absorção ou por necessidades 
nutricionais aumentadas e/ou perdas aumentadas de 
nutrientes). 
Com relação à forma clínica, o tempo e a gravidade 
contribuem para a definição e a classificação da 
desnutrição. Identificam-se indivíduos emagrecidos e/ou 
com parada de crescimento, conforme o tempo de curso. 
Quanto à gravidade, há as formas moderada e grave. Esta 
última baseia-se em critérios clínicos e laboratoriais e é 
dividida em: marasmo, kwashiorkor e kwashiorkor-
marasmático. 
 
 
 
 
 
 
Quadro clínico / fisiopatologia 
A criança com DEP vive um delicado equilíbrio 
homeostático, limítrofe ao colapso endócrino-
metabólico. A intrínseca relação das vias de utilização 
energética promove mudanças intensas em múltiplos 
sistemas orgânicos: endócrino, imune, nervoso central, 
gastrointestinal, cardiovascular e renal. A escassez de 
nutrientes, na DEP moderada e grave, favorece 
hipoglicemia, lipólise, glicólise, glicogenólise e 
neoglicogênese, secundárias às alterações nos eixos da 
insulina, com diminuição da produção e aumento da 
resistência periférica pela ação dos hormônios 
contrarreguladores (hormônio de crescimento, 
epinefrina e corticosteroides); além disso, há redução no 
metabolismo com alterações na via tireoidiana de 
aproveitamento de iodo e conversão hormonal (formas 
ativas), a fim de reduzir o gasto de O2 e conservar 
energia. A redução na oferta de fosfatos energéticos 
promove alterações nas bombas iônicas de membrana 
celular, cursando com sódio corporal elevado e 
hiponatremia, hipopotassemia, hipercalcemia e maior 
tendência a edema intracelular. 
Ajustado à época de aparecimento e ao grau da DEP, 
alterações morfofuncionais do sistema nervoso central 
(SNC) são esperadas, com mudanças no processo de 
mielinização do SNC, nas atividades mitóticas 
dendríticas, produção de neurotransmissores e no 
amadurecimento da retina. As alterações 
gastrointestinais envolvem insuficiência pancreática, 
crescimento bacteriano, atrofia das vilosidades, com 
redução da capacidade absortiva do organismo, 
 
@resumeairafa 
 
e comprometimento na produção das dissacaridases, com 
ênfase na lactase. 
Há redução de todos os substratos energéticos: 
glicogênio, gorduras e proteínas: o consumo 
progressivo desses estoques de energia leva à queda 
plasmática nos níveis de glicose e aminoácidos, e com 
isto ocorre uma diminuição da insulina sérica e um 
aumento do glucagon e da adrenalina. Os níveis de GH 
se elevam, e com ele há maior estímulo à lipólise. Por 
outro lado, os níveis de IGF-1 (ou Somatomedina C) 
estão reduzidos. O estresse provocado pela DEP e as 
infecções estimulam a secreção de cortisol, que atua 
sobre a glicogenólise e gliconeogênese (consumo 
muscular), aumentando-a. Os níveis de T3 e T4 estão 
reduzidos em função da diminuição da atividade da 
enzima 5 monodeiodinidase e pela menor captação de 
iodo tireoidiano. Assim, há queda da termogênese 
corpórea e no consumo de oxigênio. A atividade da 
bomba de sódio-potássio encontra-se muito reduzida 
pela menor oferta de ATP. Com isso, a célula passa a 
excretar menos sódio e importar menos potássio. O 
sódio corporal total está aumentado, mas seus níveis 
séricos estão reduzidos (HIPONATREMIA). 
Embora a água corporal total esteja diminuída em função 
da redução da massa muscular e do tecido adiposo, a 
célula tem tendência a edemaciar (pela retenção de 
sódio). O potássio intra e extracelular encontram-se 
reduzidos (HIPOCALEMIA). A redução do gradiente de 
sódio transmembrana faz com que menos H+ seja 
excretado, produzindo um quadro de acidose 
intracelular e alcalose extracelular. Todo esse 
desequilíbrio hidroeletrolítico faz com que aumentem 
os níveis de cálcio intracitoplasmáticos, com 
desencadeamento de reações bioquímicas que levam 
à lise celular. A perda de potássio e o aumento do cálcio 
explicam a redução na força contrátil dos miócitos 
cardíacos na DEP grave. 
Imunidade inespecífica: há perda da integridade das 
barreiras epitelial e mucosa, diminuição de fatores 
como muco, pH e lisozima. 
Imunidade celular: redução na população de linfócitos 
T no timo, baço e linfonodos, menor produção de 
Interleucina 1 (IL-1) e redução de quantidade e qualidade 
em alguns fatores complemento. Assim, há uma menor 
capacidade de opsonização, fagocitose e quimiotaxia. 
A deficiência de IgA é a alteração mais frequente, o que 
facilita a ocorrência de diarreia e infecção de vias 
aéreas. Em crianças mais velhas, e em adultos com 
desnutrição grave, pode até ocorrer uma 
hipergamaglobulinemia, em função de infecções 
repetidas, sem que isto se traduza em ganho funcional. A 
falência de mecanismos imunes locais provavelmente 
altera a permeabilidade da mucosa intestinal para 
macromoléculas estranhas, permitindo, então, a 
passagem de proteínas através da mucosa e indução de 
formação de anticorpos antiproteína alimentar, causando 
alergia alimentar. 
Todas as alterações anatômicas e bioquímicas do trato 
gastrointestinal descritas a seguir concorrem para o 
desencadeamento de uma síndrome disabsortiva e 
diarreia. 
Redução na secreção gástrica, pancreática e biliar, com 
diminuição das enzimas digestivas – dissacaridades 
intestinais (lactase, maltase e sacarase), amilase e lipase. 
A diminuição da atividade de lactase intestinal leva à 
intolerância ao leite e à presença de fezes ácidas. O 
decréscimo na atividade de dispeptidases na borda estriada 
da mucosa é devido, principalmente, à lesão de 
microvilosidades e à diminuição da síntese proteica. Há 
também déficit de absorção de aminoácidos essenciais. 
Perda de tônus das alças intestinais e a diminuição da 
peristalse favorecendo a proliferação bacteriana 
(intestino contaminado), que dificulta a absorção de 
água e eletrólitos, e, principalmente, leva à alteração da 
composição do pool de sais biliares, com aumento no 
conteúdo de sais biliares desconjugados. Os ácidos biliares 
desconjugados na luz intestinal determinam a diminuição 
da formação de micelas de gordura, com consequente má 
absorção de lipídios, de vitamina B12 e de outras 
vitaminas lipossolúveis 
Diminuição do tamanho e número das vilosidades 
intestinais com perda da borda estriada, promovendo um 
aspecto que pode lembrar o da doença celíaca. Há um 
aumento da celularidade da lâmina própria à custa de 
linfócitos, plasmócitos e alguns eosinófilos. A lesão 
mucosa é mais grave no kwashiorkor, observando- -se 
acúmulo de gordura no epitélio. No fígado ocorre 
esteatose, principalmente na forma kwashiorkor, podendo 
evoluir com fibrose perilobular e cirrose. 
Deficit contrátil do miócito cardíaco, que resulta em 
queda do débito cardíaco basal e resposta cardiovascular 
inadequada às alterações de volemia. Outra consequência 
desta redução no débito cardíaco é a queda nas taxas de 
filtração glomerular, com prejuízo das funções de 
concentração e acidificação urinária. Queixas de 
poliúria e nictúria são comuns. 
A avaliação nutricional pode ser realizada por meio de 
quatro procedimentos básicos: anamnese, exame físico, 
incluindo a aferição de medidas antropométricas, como 
medida da circunferência braquial (CB), e exames 
laboratoriais. Na anamnese, deve-se dar ênfase aos 
antecedentes neonatais (prematuridade, crescimento 
intrauterino restrito), nutricionais (aleitamento materno – 
sim ou não; se sim, qual o tempo de exclusivo e total; se 
não – registrar o motivo; na história alimentar,identificar 
se há deficiência na quantidade e/ou qualidade); aspectos 
psicossociais, condições de saneamento e moradia, 
presença ou não de doenças associadas. Avalia-se a 
medição do peso para a idade; comprimento/altura para a 
idade; circunferência occipitofrontal (COF) para a idade 
(para < 2 anos de idade), peso para o comprimento; e 
 
@resumeairafa 
 
cálculo da porcentagem do peso corporal ideal (peso 
atual/peso mediano [percentil 50] para a estatura atual). 
Na ausência de medidas antropométricas, a desnutrição 
grave também pode ser diagnosticada com base na 
avaliação clínica, verificando-se a presença de 
emagrecimento intenso visível; alterações dos 
cabelos; dermatoses (mais observadas no kwashiorkor), 
hipotrofia muscular (p.ex., na região glútea) e redução 
do tecido celular subcutâneo. 
A consequência mais imediata da desnutrição é a morte 
precoce, cuja probabilidade aumenta em proporção 
direta ao aumento da gravidade da desnutrição. Por 
exemplo, a probabilidade de mortalidade infantil em 
crianças menores de 5 anos com Z-escore (peso x 
idade) inferior a -3 é 4 vezes maior que para aquelas 
com Z-escore entre -3 e -2. Além da desnutrição ser 
causa direta de mortalidade, ela também aumenta a 
gravidade e a mortalidade das infecções intercorrentes 
(ex.: pneumonias, diarreias agudas e sarampo). Há 
também as consequências a longo prazo da desnutrição, 
tais como a perda do desempenho neuropsicomotor, 
da capacidade cognitiva e desempenho acadêmico-
laborativo, e as doenças crônicas da vida adulta (ex.: 
hipertensão, diabetes mellitus tipo 2 e acidentes 
vasculares encefálicos) que se mostram mais frequentes 
naquelas crianças que tiveram crescimento intrauterino 
restrito. 
Com base na antropometria, a Organização Mundial da 
Saúde (OMS) define desnutrição grave como CB < 11,5 
cm, escore Z de peso para estatura (ZPE) abaixo de -
3, ou pela presença de edema nos pés bilateral em 
crianças com kwashiorkor. Quando os recursos estão 
disponíveis, é preferível avaliar tanto CB quanto ZPE. 
Contudo, na ausência de recursos, a aferição da CB é 
simples e confiável para o diagnóstico de desnutrição 
grave. 
A desnutrição grave deve ser diferenciada em duas 
formas clínicas de apresentação com parâmetros bem 
descritos: 
• kwashiorkor: A etimologia da palavra, na língua de 
Ghana, significa “doença do primogênito, quando 
nasce o segundo filho”. As causas do kwashiorkor são 
complexas, mas, de acordo com Golden, a causa primária 
da DEP grave, em geral, associa-se a uma dieta com 
qualidade nutricional pobre (incluindo deficiência de 
zinco, fosforo e magnésio), com consequente perda do 
apetite, comprometimento do crescimento e resposta 
desfavorável a infecções, modificando a resposta da 
criança diante do estresse ambiental. 
A pele da face está frequentemente despigmentada, 
desenvolvendo-se dermatoses em áreas de atrito, como, 
por exemplo, na região inguinal e no períneo. Surgem 
áreas de hiperpigmentação que, eventualmente, 
descamam dando um aspecto de dermatite em escamas; 
a pele sob as escamas é muito pálida e facilmente 
infectável. Os cabelos apresentam alteração de textura 
e de cor (discromias) e são quebradiços. Os cabelos 
pretos tornam-se castanhos ou avermelhados. Pode 
estar presente o “sinal da bandeira”, que consiste na 
alteração segmentar (em faixas) da cor dos cabelos, 
traduzindo períodos alternados de pior e melhor 
nutrição. As fezes podem estar liquefeitas, com sangue e 
alimentos não digeridos. Anemia está presente na maioria 
dos casos. É, em parte, devida à deficiência proteica para 
síntese de eritrócitos. Geralmente as crianças com essa 
síndrome têm hepatomegalia (esteatose). 
Acomete crianças acima de 2 anos; ascite, face de lua, 
edema de membros inferiores e/ou anasarca e apatia. 
O edema geralmente é bilateral simétrico, começa nos pés 
(1+ edema), progride para os pés e as mãos baixas (2+ 
edema) e, em casos graves, pode envolver a face (3+ 
edema). 
 
 
 
 
 
 
 
• marasmo: É um estado de má nutrição que resulta de 
uma deficiência calórica total (energia e proteínas). 
Marasmo significa “desgaste” e, em termos grosseiros, 
denota inanição. Essa apresentação clínica é mais 
comum em crianças com menos de um ano de idade, 
embora não seja restrita a este grupo etário. A causa mais 
comum é a retirada precoce do aleitamento materno, 
substituindo-o por fórmulas caloricamente deficientes, 
muitas vezes diluídas para diminuir o gasto financeiro 
imediato da família. Isso, combinado com a ignorância 
sobre higiene e atrasos costumeiros na administração de 
vacinas, leva frequentemente ao desenvolvimento de 
infecções gastrointestinais preveníveis, que iniciam o ciclo 
vicioso, que leva ao marasmo. A criança geralmente é 
internada pela intercorrência infecciosa, e não pela 
desnutrição. Há presença de emagrecimento acentuado, 
baixa atividade, irritabilidade, atrofia muscular e 
subcutânea, com desaparecimento da bola de Bichat 
(último depósito de gordura a ser consumido, localizado 
na região malar), o que favorece o aspecto envelhecido 
(fácies senil ou simiesca), com costelas visíveis e nádegas 
hipotróficas. O abdome pode ser globoso e raramente com 
hepatomegalia. 
 
 
 
 
 
@resumeairafa 
 
 Kwashiorkor-marasmático: A maioria dos casos 
encontra-se na faixa intermediária entre os dois 
extremos, sendo muito importante diagnosticá-los e 
impedir a evolução. São as formas ditas mistas: a criança 
evolui com carências na ingestão proteica e/ou 
energética, apresentando características dos dois tipos 
clínicos. 
 
 
 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DE GOMEZ 
Mantém-se como a mais válida em crianças de até 24 
meses de idade em nosso meio. Trata-se de uma 
classificação centrada na intensidade da DEP que, 
baseando-se na relação P/I, define quatro categorias: 
 Não desnutrido: P/I superior a 90% do p50; 
 Desnutrido de 1º grau: P/I correspondendo de 76% 
a 90% do p50; leve 
 Desnutrido de 2º grau: P/I correspondente de 61% a 
75% do p50; moderada 
 Desnutrido de 3º grau: P/I igual ou inferior a 60% 
do p50; grave 
Para BENGOA, se houver edema em qualquer 
categoria, a desnutrição é GRAVE! 
Ela apresenta algumas desvantagens importantes, a 
saber: 
 É necessário conhecer a idade da criança para poder 
classificar o grau de desnutrição. 
 Crianças consideradas como desnutridas leves pelo 
critério de Gomez podem estar entre os percentis 3 e 20 
para a sua idade e serem normais. 
 Ela não leva em consideração crianças cujas 
deficiências de peso são devidas a problemas de 
crescimento, e não nutricionais. 
 Não há como diferenciar a desnutrição aguda, passada 
ou crônica, pois não se considera a altura da criança 
nessa classificação 
 
 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DE WATERLOW 
Proposta em 1973, objetivando definir prioridades de 
intervenção, inicialmente centrou-se no tipo de DEP e não 
na sua intensidade. Baseia-se nas relações de E/I e de P/E 
e define quatro possibilidades de classificação 
nutricional: 
 Não desnutrido: E/I superior a 95% do p50 com 
P/E maior que 90% do p50 de seu referencial; 
 Emagrecido (desnutrição aguda): E/I superior a 
95% do p50 com P/E igual ou menor que o p50; 
 Retardo de crescimento (desnutrição 
pregressa): E/I igual ou menor que 95% do p50 com P/E 
superior a 90% do p50; 
 Retardo de crescimento com emagrecimento 
(desnutrição crônica): E/I igual ou inferior a 95% do p50 
com P/E igual ou inferior a 90% do p50. 
Como se observa, por considerar as relações de E/I e P/E, 
esta classificação se aplica melhor para as crianças de 
dois anos ou mais de idade. 
 
 
 
 
 
 
Peso atual / peso ideal = se o resultado der abaixo de 
70% é desnutrição grave. 
Na DEP grave, avalia-se a presença de complicações 
clínicas e metabólicas que justifiquem a internação 
hospitalar. 
Do exposto resulta um esquema de tratamento da criança 
desnutrida, seja extra ou intra-hospitalar que repousa nos 
seguintes pontos: 
 tratamentodas patologias associadas, que geralmente 
motivam a internação; correção do distúrbio 
hidroeletrolítico; controle dos processos infecciosos; 
 tratamento dietético; 
 tratamento geral e sintomático; 
 educação e treinamento para higiene e nutrição 
Didaticamente, a terapia nutricional pode ser dividida em: 
• 1ª fase: estabilização: tratar as morbidades associadas 
com risco de morte, corrigir as deficiências nutricionais 
específicas, reverter anormalidades metabólicas e 
iniciar a alimentação. 
O desequilíbrio hidroeletrolítico agudo é uma das 
principais urgências do desnutrido, tanto pela gravidade 
como pela frequência, pois grande parte dos desnutridos 
crônicos tem a desidratação como causa de sua internação 
hospitalar. O desnutrido possui um organismo diluído, 
 
@resumeairafa 
 
com aumento da água total, com tendência à acidose 
metabólica e com aumento do Na+ total, deficiência 
de K+ corporal e com carências de Ca++, Mg++ e de 
fosfatos. Portanto, vive em equilíbrio especial no qual há 
excesso de água e acentuada depleção de alguns 
eletrólitos; quando se agrega um episódio metabólico 
agudo, geralmente originado por infecção, o desnutrido 
se vê conduzido a novas e dramáticas situações, as quais 
determinam grande risco de vida. 
A incidência e gravidade de infecção no desnutrido é 
maior do que numa criança eutrófica, já que os 
mecanismos de resistência estão deprimidos. Além 
disso, o diagnóstico clínico é dificultado pelas respostas 
anormais que o desnutrido apresenta; muitas vezes, 
infecções graves evoluem com poucos sinais, e os sinais 
mais característicos podem estar ausentes. As infecções 
mais comuns são as gastrointestinais, pulmonares e 
urinárias, além das meningites e septicemias. 
As crianças com desnutrição mais gravemente 
comprometidas têm, com frequência, associação de 
processos infecciosos e/ou distúrbios 
hidroeletrolíticos, associações que chamam mais a 
atenção do pediatra, pelo risco de morte que essas 
patologias habitualmente ocasionam. Entretanto, uma 
vez passada essa situação grave, as crianças recebem 
alta, e quando reintegradas a seu ambiente, com 
frequência adoecem e pioram sua condição 
nutricional. Portanto, proporcionar educação em saúde 
e reabilitação nutricional é necessidade prioritária. 
Diante disso, a dieta do desnutrido deve ser a mais 
regional possível, utilizando alimentos acessíveis às 
comunidades. Na preparação dos alimentos deve-se 
evitar dietas muito diluídas e volumosas, que são de 
baixa densidade energética e ultrapassam a 
capacidade gástrica da criança. Devem ser utilizados 
alimentos de bom valor nutritivo, adequados à idade da 
criança e adaptados à gravidade da desnutrição, duração 
do tratamento e ao ganho de peso, oferecendo-os com 
maior frequência, devendo ser levado em consideração, 
ainda, o equilíbrio entre calorias e proteínas. 
Alimentação Terapêutica em Nível Hospitalar 
A desnutrição energético-proteica deve ser tratada com 
alimentos de alto valor nutritivo. A dieta ideal deve ser 
normal, com alimentos simples, generosa em calorias, 
elevada proporção de proteínas de alto valor biológico, 
fácil digestão, agradável ao paladar e oferecida ad 
libitum - constante. Para os primeiros dias de internação 
recomenda-se alimentação ad libitum considerando-se 
algumas particularidades da criança desnutrida, como 
anorexia, hipotonia muscular e alterações da digestão e 
absorção. 
As principais alterações fisiopatológicas do tubo 
digestivo encontradas são: baixa atividade de lactase, 
aumento da permeabilidade epitelial, quebra da 
barreira imunológica, contaminação intraluminal e 
descamação acelerada. O primeiro passo é dado no 
sentido de adotar medidas dietéticas que atendam às 
alterações fisiopatológicas, que cursam com a diarreia e 
que forneçam a curto prazo energia e proteínas espoliadas 
pelo jejum. O alimento ideal seria isento de lactose e pobre 
em sacarose, teria proteínas hidrolisadas até complexos 
aminados hipoalergênicos, conteria gordura, 
principalmente sob a forma de triglicerídios de cadeia 
média, veiculado em solução hipo ou isosmolar (máximo 
de 280mOsm/l), com garantida pureza bacteriana. 
Constituem critérios de recuperação o desaparecimento 
do edema, o aumento de peso e a melhora do estado 
geral. O desaparecimento do edema no kwashiorkor é 
acompanhado de perda de peso devido a eliminação de 
água. As crianças desnutridas após o desaparecimento do 
edema devem ter um ganho de peso gradativo, com 
monitorização constante. A melhora do estado geral se 
caracteriza por aumento do apetite, atitude alerta e 
normalização da diarreia. O paciente é reavaliado 
diariamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obesidade infantil 
A obesidade exógena é um distúrbio do metabolismo 
energético, que acarreta acúmulo excessivo de gordura 
corporal. Seu desenvolvimento ocorre pela associação de 
fatores genéticos, ambientais e comportamentais. 
O papel fundamental do tecido adiposo é servir de 
reserva para as necessidades do organismo nas várias 
ocasiões em que ele necessita de um aporte extra ou 
está impossibilitado de receber o aporte costumeiro. 
Essa reserva é feita na forma de triglicerídios que, sendo 
hidrófobos, exercem pouco efeito osmótico e possuem 
baixa densidade. Outra vantagem é sua capacidade de 
produzir energia, pois 1g desse tecido fornece 7Kcal; 
 
@resumeairafa 
 
já a mesma quantidade de proteína úmida não ultrapassa 
0,8Kcal e 1g de glicogênio muscular fornece 1Kcal. 
Assim, num espaço relativamente pequeno, consegue-se 
armazenar grande quantidade de energia; todas as vezes 
em que o organismo precisa de energia, vai buscar nesses 
depósitos, evitando degradar as suas proteínas e evitando, 
também, a carência de energia para o funcionamento do 
sistema nervoso. 
A obesidade se caracteriza pela presença exagerada de 
tecido adiposo em relação à quantidade de tecido corporal 
magro. Poderia também ser definida como o aumento 
exagerado de peso à custa de tecido adiposo. Pode, 
também, ser definida como a presença de um peso de 
120% do ideal para a altura, sexo e idade. Quando a 
prega cutânea medida no nível do tríceps é usada para essa 
definição, ela deverá estar acima do percentil 90 das 
curvas de Tanner. 
A Obesidade Infantil foi considerada o distúrbio 
nutricional mais comum na infância no ano de 1998, 
a Organização Mundial de Saúde declarou a Obesidade 
Infantil como sendo uma epidemia global, onde 
apresentou maior aumento comparado a desnutrição, 
mais de 22 milhões de crianças com idade inferior a 5 
anos apresentam excesso de peso ou obesidade franca e 
mais de 2/3 destas crianças se tornarão adultos obesos e 
terão sua expectativa de vida reduzida em 5 a 20 anos 
(BOA SAÚDE, 2008). 
Crianças e adolescentes obesos costumam apresentar 
alterações do metabolismo da glicose, como resistência 
insulínica, hiperinsulinemia e intolerância à glicose, que 
podem culminar com o diabete melitus tipo 2. Esse tipo 
de diabete, habitualmente observado em adultos, vem 
surgindo cada vez mais em indivíduos jovens, em razão 
do aumento da prevalência de obesidade na infância e na 
adolescência. A resistência insulínica consiste na 
incapacidade do organismo de responder à ação da 
insulina. Para a manutenção da tolerância normal à 
glicose, ocorre aumento compensatório da secreção de 
insulina pelas células betapancreáticas, acarretando o 
hiperinsulinismo. 
Hormônios importantes: 
Colecistoquinina: hormônio secretado pelo duodeno em 
resposta à ingestão de proteínas e gorduras. Envia um 
sinal via nervo vago até o hipotálamo informando a 
“saciedade” após a refeição. 
Grelina: neuropeptídeo secretado no estômago que 
estimula a secreção de neuropeptídeo Y no hipotálamo, 
e assim, estimula o apetite. 
Leptina: hormônio secretado pelo tecido adiposo, que 
atua ao nível de hipotálamo levando à inibição do apetite 
e ao aumento do gasto energético. Os obesos parecem ter 
um aumento da leptina em funçãode sua massa adiposa, 
mas o apetite não está inibido em decorrência de uma 
diminuição da sensibilidade hipotalâmica ao hormônio. 
Adiponectina: é um hormônio sintetizado pelo tecido 
adiposo com várias funções: antidiabética, 
antiteratogênica e anti-inflamatória. Quanto maior o grau 
de obesidade, menores os níveis de adiponectina. 
Neuropeptídeo Y: substância secretada pelo núcleo 
arqueado do hipotálamo em resposta ao jejum. Ele 
estimula o apetite. TRH (hormônio estimulador da 
tireotrofina), CRH (hormônio estimulador da 
corticotrofina), MSH (hormônio melanócito-estimulante): 
inibem o apetite. 
Os alimentos com alto teor de gordura e doces 
habitualmente são servidos em contextos positivos, 
como recompensas e celebrações fazendo com que as 
crianças tenham uma associação positiva na aceitação 
desses alimentos. Por outro lado, são forçadas a ingerir os 
alimentos mais saudáveis causando na maioria das vezes a 
recusa desse alimento. As preferências alimentares são 
determinantes na escolha dos alimentos e um fator de 
grande relevância da obesidade é o hábito alimentar da 
criança e da família e o tipo de alimentação 
implementada no 1° ano de vida (ACCIOLY; 
SAUNDERS; LACERDA, 2009). 
Apesar de se tratar de procedimentos simples, as medidas 
antropométricas devem ser realizadas cuidadosamente, 
seguindo-se uma padronização, e os instrumentos 
utilizados para sua aferição devem ser frequentemente 
calibrados para a obtenção de medidas precisas. As 
medidas antropométricas mais utilizadas na faixa etária 
pediátrica são o peso, a estatura (altura/ comprimento) e a 
circunferência abdominal. Outras medidas também podem 
ser úteis, como a circunferência do braço e as pregas 
cutâneas tricipital e subescapular. 
Após aferição dos dados antropométricos o estado 
nutricional deve ser classificado pelo IMC, utilizando-se 
os referenciais da OMS, 2006 e 2007. Os valores do IMC 
estão distribuídos em percentis e escores z, segundo sexo 
e idade (0 a 19 anos). As crianças de 0 a 5 anos são 
consideradas em risco de sobrepeso quando os valores 
de IMC estão entre os percentis 85 e 97 ou entre os 
escores z +1 e +2; com sobrepeso, quando os valores de 
IMC estiverem entre os percentis 97 e 99,9 ou entre +2 
e +3 escores z; e com obesidade, quando os valores 
estiverem acima do percentil 99,9 ou acima de +3 
escore z. 
 
 
 
 
 
Manifestações metabólicas encontradas nos obesos 
 Baixo ferro sérico. 
 Aumento da gordura marrom. 
 Baixa termogênese. 
 Níveis anormais de neurorreguladores, como as 
catecolaminas e serotonina. 
 
@resumeairafa 
 
 Aumento dos níveis da enzima lipase lipoprotéica. 
 Aumento do número de células adiposas. 
 Redução do metabolismo basal. 
 Anormalidade da função hipotalâmica. 
 Níveis anormais de hormônios, como insulina, 
colecistoquina, hormônio de crescimento e cortisol. 
 Intolerância aos hidratos de carbono, elevação do 
colesterol, baixa de HDL, alta de triglicerídeos. 
 Manifestações físicas 
Aparelho respiratório: tem sido demonstrada maior 
incidência de infecções pulmonares entre as crianças 
obesas. Há menor ventilação pulmonar que poderá, nos 
casos extremos, levar à sonolência e à perda da 
consciência, devido à hipercapnia. O acúmulo de 
gordura intra-abdominal é parcialmente responsável 
por essa dificuldade respiratória. 
Aparelho cardiovascular: hipertensão arterial costuma 
acompanhar a obesidade. Essa alteração tensional tende 
a desaparecer com o retorno ao peso normal. 
Aparelho locomotor: o excesso de peso leva a uma 
deformidade das articulações, acarretando o falso pé 
plano e genuvalgo. 
Aparelho genital externo: o acúmulo de panículo 
adiposo na região mamária, nas meninas, simula uma 
telárquia precoce, e esse acúmulo na região pubiana, nos 
meninos, um falso hipogonadismo 
Conduta nutricional segundo a 
Sociedade Brasileira de Pediatria 
Etapa 1 – Esclarecimento/Mudança conceitual 
Inicialmente, é importante conhecer os hábitos da criança 
e/ou do adolescente para estabelecer metas viáveis e 
factíveis. Também é importante esclarecer mitos, tabus e 
conceitos errôneos acerca de uma alimentação saudável, 
como, por exemplo, a existência de alimentos que 
engordam e que não engordam. 
Etapa 2 – Avaliação do comportamento 
Antes de propor mudanças importantes é necessário 
avaliar alguns comportamentos comuns entre crianças e 
adolescentes, como: não fazem o desjejum (café da 
manhã), mastigação rápida, comem assistindo à TV, não 
têm horário para se alimentar, não têm uma rotina, 
comem escondidos com medo de serem repreendidos e 
compensam o consumo de carboidratos. As mudanças 
devem começar pelos comportamentos que a família 
avaliar mais fáceis de serem modificados. Ao final desta 
etapa, espera-se que a criança faça seis refeições por dia, 
com intervalo de cerca de três horas em local adequado 
e agradável. 
Etapa 3 – Quantidade 
Nesta fase, é importante estimular a redução gradativa da 
ingestão de alimentos que são consumidos em excesso. 
A partir das quantidades relatadas da ingestão dos 
alimentos, é possível estabelecer metas para a redução de 
repetições e porções. Não se recomendam mudanças 
drásticas. 
 
Etapa 4 – Qualidade 
A última etapa do tratamento prevê a melhora da qualidade 
da dieta, quando já se atingiu o controle do peso e se 
obteve adequação de quantidades e comportamentos 
alimentares. Deve-se incentivar o consumo crescente de 
alimentos não habituais e saudáveis (frutas, verduras, 
legumes, leguminosas, oleaginosas, água). 
Etapa 5 – Manutenção 
Momento em que a criança e/ou adolescente, ou sua 
família, utiliza as informações e os aprendizados 
adquiridos nas fases anteriores para se adaptar às diversas 
situações (festas, viagens, cotidiano), controlando 
excessos, realizando substituições e mantendo uma 
alimentação saudável. 
Chamamos de “transição nutricional” as modificações 
epidemiológicas nos distúrbios nutricionais na infância 
nos últimos anos. Em vários países, inclusive no Brasil, 
houve queda na prevalência da desnutrição e aumento 
nos índices de sobrepeso e obesidade. Nos últimos 25 
anos, a desnutrição em crianças apresentou um declínio de 
72%, enquanto em adultos sua prevalência baixou em 49% 
no meio rural e 52,7% no meio urbano, praticamente 
desaparecendo como problema epidemiológico em 
maiores de 18 anos. Em contraposição, a frequência de 
obesidade em adultos triplicou no Nordeste e duplicou no 
Sudeste, havendo evidências de que começa a se reduzir 
nos estratos de renda mais elevada. (UNICEF) 
No mundo, pelo menos 1 em cada 3 crianças menores 
de 5 anos não está crescendo bem devido à má nutrição 
em suas formas mais visíveis: desnutrição crônica, 
desnutrição aguda e excesso de peso. (UNICEF) 
No mundo, pelo menos 1 em cada 2 crianças menores 
de 5 anos sofre de fome oculta devido às deficiências de 
vitaminas e outros nutrientes essenciais. A subnutrição 
continua a ter um alto custo. Em 2018, quase 200 milhões 
de crianças menores de 5 anos sofreram desnutrição 
crônica ou desnutrição aguda, enquanto pelo menos 340 
milhões sofriam de fome oculta. O sobrepeso e a 
obesidade continuam a subir. De 2000 a 2016, a 
proporção de crianças com excesso de peso (5 a 19 
anos) aumentou de 1 em 10 para quase 1 em 5. O 
número de crianças com desnutrição crônica diminuiu em 
todos os continentes, exceto na África, enquanto o número 
de crianças com excesso de peso aumentou em todos os 
continentes, inclusive na África. (UNICEF) 
O estado da má nutrição infantil no século 21 pode ser 
resumido assim: mais crianças e adolescentes estão 
sobrevivendo, mas poucos são os que prosperam. Eles 
não prosperam nos primeiros 1.000 dias cruciais da vida, 
quando são lançadas as bases para o crescimento físico e o 
desenvolvimento mental saudável. 
 
@resumeairafa 
 
E eles não estão prosperando em outros estágios de 
desenvolvimento cruciais da vida na infância e na 
adolescência. A má nutrição tem muitas causas. Asaúde 
e o estado nutricional da mãe, por exemplo, afetam 
profundamente o desenvolvimento do filho, assim como 
a alimentação do filho nas primeiras horas e dias de vida. 
Para muitas crianças, as causas da má nutrição também 
incluem o acesso precário a serviços de saúde e água 
potável e saneamento adequado, o que pode levar a 
doenças que impedem a criança de absorver nutrientes. 
Atualmente, as dietas das crianças refletem cada vez 
mais a “transição nutricional” global, em que as 
comunidades deixam para trás dietas tradicionais, mais 
saudáveis, em favor das dietas modernas. Para muitas 
famílias – especialmente famílias mais pobres – isso 
significa uma dependência crescente de alimentos 
altamente processados, que podem ser ricos em 
gorduras saturadas, açúcar e sódio, e pobres em 
nutrientes e fibras essenciais, bem como em alimentos 
‘ultraprocessados’ – com alta densidade energética e 
baixo teor de micronutrientes. Muitas vezes, faltam a 
essas dietas grãos integrais, frutas, nozes e sementes, 
vegetais e ácidos graxos ômega-3. (UNICEF) 
 
 
REFERÊNCIAS 
Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de 
Pediatria, 4ª edição, Barueri, SP: Manole,2017. 
https://www.unicef.org/brazil/media/5566/file/Situacao
_Mundial_da_Infancia_2019_ResumoExecutivo.pdf 
Pediatria Essencial. Autor: Azor Jose De Lima. 
Editora: atheneu 
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Manual
_de_Obesidade_-_3a_Ed_web_compressed.pdf 
http://www.atenas.edu.br/uniatenas/assets/files/magazin
es/OBESIDADE_INFANTIL_.pdf 
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/pdfs/14
617a-PDManualNutrologia-Alimentacao.pdf 
https://nutmed.com.br/storage/resources/5/2222/Apostil
a%20Alimenta%C3%A7%C3%A3o%20do%20Lactent
e%20com%20f%C3%B3rmulas%20l%C3%A1cteas%2
0e%20Alimenta%C3%A7%C3%A3o%20Complemenet
ar.pdf 
Apostila MEDCURSO – PEDIATRIA – Distúrbios 
nutricionais na infância – volume 4 – 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porcentagem de crianças entre 6 e 23 meses que comem 
pelo menos 5 dos 8 grupos de alimentos (Diversidade 
Alimentar Mínima), por região do UNICEF, 2018**

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