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➤ Podem ser hemolíticas ou não-hemolíticas Anemia Sideroblástica (não- hemolítica) ➤ Podem ser herdadas ligadas ao X, predominando em homens, embora possa haver mulheres afetadas; ➤ Pacientes podem apresentar palidez e esplenomegalia modera; ➤ Microcitose acentuada, assim como a anisocitose e a poiquilocitose; ➤ Sobrecarga de ferro é a principal complicação, ocorrendo inclusive nos casos com pouca ou nenhuma anemia; ➤ Caracterizada por sideroblasto em anel, devido a disposição perinuclear das mitocôndrias; Anemias hemolíticas hereditárias ➤ Gravidade variável; ➤ Icterícia: → Geralmente notada no período neonatal, requerendo fototerapia com frequência e, eventualmente, exsanguineotransfusão. ➤ Crise aplástica: → Resulta da insuficiência transitória de produção de células eritróides pela medula óssea, em decorrência da infecção pelo parvovírus humano B19. → Concentração de hemoglobina cai acentuadamente, por vezes a níveis que ameaçam a vida; → Reticulócitos também caem abrupdamente a níveis abaixo de 1%; → Contagem de reticulócitos e plaquetas inalterada, na maioria dos casos; → Medula óssea celular, com acentuada hipoplasia eritróide, com redução dos precursores eritróides mais maduros, que tendem a desaparecer; → Autolimitada e se resolve em 10 a 12 dias nos indivíduos imunocompetentes; Anemias hereditárias Hematologia ➤ Esplenomegalia: → Achado muito frequente. → Exceção na anemia falciforme, na qual está presente apenas nos primeiros anos de vida; ➤ Úlceras de perna: → Particularmente características dos pacientes com anemia falciforme, mas também pode ocorrer em outras doenças hemolíticas; → Geralmente bilaterais, predominando na região maleolar; ➤ Anormalidades esqueléticas: → Hipertrofia da medula óssea com deformidades esqueléticas típicas: crânio em torre, maxilares proeminentes, defeitos na implantação dos dentes; → Típicas dos casos graves de talassemia, sendo designadas como fácies talassêmica; Doenças da Membrana Eritrocitária ➤ Membrana eritrocitária: contenção da hemoglobina no interior da célula e manutenção de importantes características físicas da hemácia (deformabilidade e elasticidade), além de realizar trocas de substâncias entre os meios internos e externos. Composta por proporções semelhantes de lípides e proteínas; ➤ Proteínas: podem ser parte integrante da membrana, transfixando-a e servindo de pontes de troca entre os meios interno e externo (proteínas integrais; ex. banda 3), ou formar uma trama que reveste a face interna da dupla camada lipídica, constituindo o citoesqueleto da membrana (proteínas periféricas; ex. espectrina, anquirina, actina); ➤ Defeitos qualitativos ou quantitativos dos constituintes da membrana podem promover a sua instabilidade, levando a uma ocasional diminuição da vida média eritrocitária e, portanto, a um estado hemolítico; ➤ Esferocitose hereditária: → Doença hemolítica familiar, caracterizada por anemia, icterícia intermitentes, esplenomegalia e resposta favorável à esplenectomia; podem surgir úlceras de perna. → Forma de herança: autossômica dominante; → Anormalidades nas interações verticais entre as proteínas de membrana eritrocitária (incluem as ligações da espectrina, anquirina e proteína 4.2 com a banda 3); → Consequente perda de lípides com formação de esferócitos; → Agravamento agudo da anemia pode ocorrer nas chamadas crises aplástica e megaloblástica; → Laboratorialmente, anemia pode estar presente ou não, mas reticulocitose ocorre sempre, refletindo hemólise e tentativa de compensação medular. Hiperbilirrubinemia indireta e aumento de DHL também ocorrem. → No período neonatal, casos com hemólise grave e hiperbilirrubinemia acentuada, com risco de kernicterus, podem necessitar de exsanguineotransfusão; → Necessidades de folatos aumentadas, sendo indicada a suplementação com ácido fólico (1 a 5mg/dia VO); → Transfusões de sangue podem ser necessárias durante exacerbação de hemólise e nos episódios de crises aplásticas e megaloblásticas; → Esplenectomia considerada curativa, indicada nos casos mais graves (HB <8g/dL e reticulóctios>10%), presença de comprometimento físico e intelectual devido à anemia, eritropoese extramedular e cálculos biliares que sugerem grande atividade hemolítica; ➤ Eliptocitose hereditária: → Grupo de doenças caracterizadas pela presença de hemácias elípticas no sangue periférico. → Maioria dos casos não tem repercussão clínica. Ocasionalmente, cursa com anemia hemolítica de graus variáveis, necessitando de transfusões de sangue e esplenectomia; → Causa por defeitos nas interações horizontais entre as proteínas da membrana eritrocitária; → Fragmentação celular e microcitose estão presentes nos quadros mais graves, em geral, associados a anemia e reticulocitose; → Na maioria dos casos, em geral, não há necessidade de tratamento; para pacientes que cursam com hemólise crônica e anemia, podem se beneficiar da esplenectomia (parcial, preferencialmente); → Uso de ácido fólico está indicado; ➤ Estomatocitose hereditária: → Anormalidades nos mecanismos de regulação do volume celular, levando a defeitos na permeabilidade da membrana aos cátions monovalentes Na e K; → Dependendo do tipo de defeito, células tornam-se hiper-hidratadas (hidrocitose hereditária) ou desidratadas (xerocitose hereditária) ou com fenótipos intermediários; → Anemia hemolítica leve a moderada com níveis de Hb ao redor de 10g/dL, reticulocitose (5 a 10%) e macrocitose (VCM entre 100 e 115 fls); CHCM está elevada na xerocitose e diminuída na hidrocitose; → Além dos sinais laboratoriais de hemólise, os pacientes com estomacitose cursam com sobrecarga de ferro, apresentando aumento da saturação de transferrina e hiperferritinemia, independentemente da necessidade de transfusão de sangue. Esplenomegalia e cálculos biliares são achados comuns. → A retirada do baço, além de não melhorar a anemia, está contraindicada em vista das frequentes complicações trombóticas que seguem a esplenectomia; Eritroenzimopatias ➤ Hemácia necessita de mecanismos que gerem energia e que a protejam de danos oxidativos, logo conta com enzimas que geram energia a partir da glicólise e que têm ação antioxidante; ➤ Deficiências nas enzimas integrantes desses ciclos podem levar ao encurtamento da vida média eritrocitária; ➤ Deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD): → G6PD é uma enzima integrante do chamado shunt das pentoses ou via da hexose monofostato, importante na manutenção dos níveis de glutaniona reduzida, que protege a hemácia de danos oxidativos; → Na deficiência de G6PD a hemoglobina pode se tornar oxidada, se desnaturar e formar corpúsculos de Heinz; estes lesam a membrana eritrocitária levando à retirada das hemácias da circulação pelo baço; → Doença herdada ligada ao cromossomo X; → Enzimas mutantes apresentam diferentes graus de atividade, e o quadro clínico depende disso; → Anemia hemolítica ocasional, episódica, aguda, relacionada a fatores precipitantes como infecções ou ingestão de substâncias oxidantes; → Quadro clínico de início súbito, com palidez, icterícia e urina escura. Pode ser acompanhado por dor abdominal ou lombar. O hemograma revela anemia (queda de Hb de 3 a 4g/dL), reticulocitose, células fragmentadas, microesferócitos e células mordidas (bite cells); → Quadro hemolítico, em geral, autolimitado, melhorando sem tratamento em alguns dias; ➤ Deficiência de piruvatoquinase (PK): → PK é a enzima necessária para a passagem de fosfoenolpiruvato para piruvato na via de Embden-Meyerhof, responsável pela geração de energia para a hemácia, sob a forma deATP; na sua deficiência, menor energia é formada e a hemácia tem vida média encurtada, com consequente anemia hemolítica; → Quadro clínico-laboratorial variável, desde hemólise grave neonatal até quadros hemolíticos bem compensados. → Graus variáveis de anemia, icterícia e esplenomegalia. → O tratamento inclui transfusões de sangue nos primeiros anos de vida, necessária para crescimento adequado. Nesses casos, quelação de ferro deve ser instituída para evitar hemossiderose. → Esplenectomia pode ser útil quando a hemólise é constante e grave; → Suplementação com ácido fólico também está indicada; Hemoglobinopatias ➤ Estruturais (hemoglobinopatias) ou defeitos na síntese de uma ou mais cadeias globínicas da molécula da hemoglobina (talassemias); ➤ Talassemias: → Grupo heterogêneo de doenças hereditárias, caracterizadas por diminuição ou ausência de síntese de uma ou mais cadeias globínicas da molécula de hemoglobina; → Pacientes com beta-talassemia têm diminuição de produção de cadeias beta com relação à produção de cadeias alfa, acontecendo o inverso nos casos de alfa-talassemia; → No Brasil, a doença predomina entre descendentes de italianos, gregos e africanos; → Classificação clínica: maior (formas graves, dependentes de transfusões que devem ser tratadas em centros especializados); menor (assintomáticas, representam o chamado traço talassêmico e são as mais frequentes na prática clínica); intermediárias (grau maior de anemia que o traço talassêmico, mas não são graves como as “maiores”); existem, ainda, alguns portadores do gene talassêmico que são clínica e hematologicamente normais, sendo designados como portadores silenciosos; → Classificação genética: leva em conta a cadeia globínica cuja síntese está deficiente ou ausente; → Classificação molecular: extensa, complexa e baseia-se nas diferentes mutações ou deleções que causam as talassemias; → Fisiopatologia: desequilíbrio de produção entre as cadeias alfa e não-alfa e síntese diminuída de hemoglobina. As cadeias produzidas em excesso levam a alterações na produção e na vida média dos eritrócitos. A diminuição na produção da hemoglobina contribui para a anemia e causa a hipocromia característica das talassemias. A gravidade da anemia é determinada pelo grau de desequilíbrio da síntese de cadeias globínicas. O baço aumenta progressivamente na tentativa de fagocitar as células anormais, exacerbando ainda mais a anemia pela hemodiluição. A anemia grave resultante desse processo estimula a produção de eritropoetina, causando enorme expansão da medula óssea e hematopoese extramedular. Essa expansão leva a anormalidades esqueléticas e alterações metabólicas diversas. → Alfa-talassemias: • Hidropsia fetal com Hb Bart’s: resultante da ausência dos 4 genes alfa, é a mais devastadora de todas as talassemias. Como o feto não produz cadeias alfa, sua hemoglobina consiste quase completamente de Hb Barts (gama4). Quadro clínico é bebê prematuro, pálido e edemaciado que, se não for natimorto, geralmente morre logo após o nascimento. Diagnóstico pré- natal pode ser feito utilizando técnicas de análise do DNA em células do líquido amniótico a partir da 14ª semana e pela biópsia de vilosidade coriônica a partir da 10ª semana. Não há, até o momento, tratamento efetivo para esta doença. • Doença da HbH: caracterizada por anemia e esplenomegalia. Quadro clínico de talassemia intermedia, com grande variação na gravidade da doença. A anemia é hipocrômica e microcítica, com níveis de Hb em geral entre 7 e 10g/dL. Os pacientes, em geral, não necessitam de tratamento, mas suplementação com ácido fólico pode ser feita. Transfusões de sangue esporádicas podem ser necessárias. Esplenectomia pode ser indicada na presença de hiperesplenismo, mas deve ser considerado o risco de complicações trombóticas. • Traço alfa-talassêmico: condição benigna e ocorre predominantemente em descendentes asiáticos, mediterrâneos ou africanos. Assintomática, os níveis de Hb são normais ou discretamente reduzidos. Glóbulos vermelhos são hipocrômicos e microcíticos. Diagnóstico difícil e frequentemente circunstancial. O diagnóstico de certeza baseia-se em estudos do DNA, para evidenciar a alteração gênica. → Beta-talassemias: • Beta-talassemia maior: retardo de crescimento, anemia e esplenomegalia, com eventual hiperesplenismo, osteoporose e outras alterações esqueléticas associadas à expansão da medula óssea e à sobrecarga de ferro decorrente da combinação de aumento da absorção intestinal e transfusões de sangue. O curso clínico subsequente e as características físicas dependem do tratamento transfusional adequado associado ao tratamento da sobrecarga de ferro. O quadro clínico típico só ocorre, atualmente, na criança tratada de forma inadequada. O hemograma inicial mostra anemia microcítica e intensamente hipocrômica, com numerosos eritroblastos circulantes. O tratamento baseia-se em esquema transfusional e tratamento agressivo da sobrecarga de ferro. O único tratamento curativo disponível é o transplante de medula óssea. • Beta-talassemia intermedia: anemia hemolítica de gravidade variável, que não requer transfusões crônicas. Anormalidades esqueléticas associadas à expansão medular podem ocorrer, assim como esplenomegalia e hiperesplenismo. Eritropoese extramedular é frequente, apresentando-se como massas em geral de localização paravertebral ou mediastinal. Concentração de hemoglobina varia geralmente de 6 a 9g/dL, com as características morfológicas típicas das talassemias. Não requer tratamento transfusional, exceto em circunstâncias especiais. O tratamento com hidroxiureia pode aumentar a HbF e ser benéfico em alguns casos. • Beta-talassemia menor: condição assintomática, associada a alterações proeminentes na morfologia dos eritrócitos, com pequena ou nenhuma anemia. Descoberta por acaso em exames pré-natais, pré-operatórios e checagem de rotina ou em estudos familiares motivados por anemia em algum membro da família. Incluem aniso ou poiquilocitose acentuadas, microcitose, hipocromia e hemácias em alvo. Importante ressaltar que a deficiência de ferro diminui os níveis de HbA2, podendo mascarar a presença de beta-talassemia menor. ➤ Doenças Falciformes: → Grupo de anemias hereditárias que cursam com anemia hemolítica crônica, vasculopatia, fenômenos vaso oclusivos e lesão orgânica e crônica generalizada; → Caracterizam-se pela presença de homozigose ou dupla heterozigose da hemoglobina S (HbS), que resulta de uma mutação no sexto códon do gene da betaglobina (cromossomo 11) com substituição da adenina pela timina (GAG>GtG), codificando valina em vez de ácido glutâmico na 6ª posição da cadeia beta da hemoglobina. → Essa substituição do ácido glutâmico pela valina diminui a solubilidade da HbS no estado desoxigenado, fazendo as moléculas de desoxiHbS se polimerizarem. Essa polimerização distorce a célula, a qual assume o formato de foice ou crescente. Com a reoxigenação, os polímeros se desfazem e a célula reassume seu formato original. Os diversos ciclos de falcização e desfalcização levam a alterações permanentes da membrana eritrocitária, tornando a célula irreversivelmente falcizada, independentemente da tensão de oxigênio. → Indivíduos com maiores quantidades de eritrócitos irreversivelmente falcizados e de células densas têm mais hemólise e mais anemia, mas não têm, necessariamente, maior incidência de eventos vaso-oclusivos. → Hemólise: é principalmente extravascular, decorrente da fagocitose, pelas células reticuloendoteliais, dos eritrócitos danificados. Quando intravascular, há liberação excessiva de hemoglobina na circulação, superando a capacidadede ligação da haptoglobina. A hemoglobina livre no plasma inativa o óxido nítrico, promovendo vasoconstrição e inflamação, deflagrando as complicações vaso-oclusivas. → Eventos vaso-oclusivos: acredita-se que células menos densas, mais deformáveis e mais aderentes, como os reticulócitos, iniciem a vaso- oclusão. Os reticulócitos liberados prematuramente pela medula estimulada possuem ligantes adesivos que favorecem a interação do eritrócito com o endotélio. A lesão e ativação das células endoteliais podem ser provocadas pela aderência dos eritrócitos ao endotélio, com liberação de radicais oxidantes, aumento de endotelina (vasoconstritor) e distúrbios no balanço de NO (vasodilatador). A associação entre células endoteliais e células falciformes por uma variedade de moléculas de adesão lentifica o fluxo, favorecendo a polimerização da HbS, a falcização e a vaso- oclusão. → Aspectos clínicos gerais: anemia hemolítica crônica de graus variados e por fenômenos vaso-oclusivos e suas consequências; → Diagnóstico laboratorial: anemia moderada, normocítica ou microcítica, dependendo do genótipo, com níveis de hemoglobina entre 7 e 9g/dL. Leucocitose frequente. Plaquetas em número normal ou elevado, e os reticulócitos aumentados em número relativo e absoluto. No esfregaço de sangue periférico há eritrócitos falcizados sugerindo o diagnóstico de doença falciforme. A hemólise pode ser evidenciada pelo aumento de bilirrubina indireta, redução da haptoglobina sérica e aumento de DHL. → Único tratamento curativo é o transplante de medula óssea. O tratamento geral é baseado em suporte clínico e cuidados específicos. → Devido à hemólise, existe necessidade aumentada de folatos, sendo recomendada a reposição com 1mg/dia de ácido fólico. → Hidroxiuréia pode ser utilizada na prevenção de crises dolorosas, controle da dor e possível redução de mortalidade associada ao uso prolongado. → Transfusão de sangue: propósito de melhorar a anemia sintomática e reduzir ou prevenir complicações por meio da redução da proporção da HbS. Pacientes com níveis de Hb>10g/dL, nos quais o procedimento visa à diluição da hemoglobina S, devem ser submetidos a exsanguineotransfusão parcial. Em pacientes com 8 a 10g/dL é desejável adotar o mesmo procedimento. Transfusões repetidas causam sobrecarga de ferro, devendo ser associado tratamento com quelantes de ferro nos pacientes que estão em programa transfusional. → Aspectos clínicos e tratamento das principais complicações: • Infecções: favorecidas pela disfunção esplênica, e os episódios de sequestro esplênico. A grande mortalidade diminui acentuadamente pela implementação de medidas simples, como vacinação e tratamento profilático com penicilina, associadas à educação dos pais e responsáveis para reconhecer rapidamente complicações agudas. • Crises dolorosas: causa mais comum de admissão hospitalar e acomete pacientes de todas as idades. Dor pode ser lancinante e costuma ser imprevisível. Frequência é inversamente relacionada aos níveis de hemoglobina fetal. Dor leve e moderada podem ser tratadas no domicílio. Já o tratamento em unidades de emergência baseia-se em hidratação com soluções hipotônicas e analgesia com opioides, utilizando doses e intervalos apropriados, visando à eliminação da dor. A utilização de antiinflamatórios não-hormonais deve ser evitada em pacientes com diminuição da função renal, úlcera péptica, gastrite e coagulopatias. Na suspeita de envolvimento pulmonar, deve ser evitada a sedação excessiva, que pode levar à depressão respiratória. Antibióticos, transfusões de sangue e O2 não estão indicados de rotina. • Acidente Vascular Cerebral: causado por estenose e oclusão de grandes vasos cerebrais. AVC hemorrágico também pode ocorrer, sendo mais comum em adultos e, frequentemente, causado por ruptura de aneurismas. Crianças com AVC isquêmico devem ser submetidas a exsanguineotransfusão parcial para reduzir rapidamente os níveis de HbS para inferiores a 30%, seguida por regime de transfusão crônica por tempo indeterminada, para prevenção de recidiva. Como medida para prevenir o primeiro AVC, atualmente recomenda- se medir o fluxo da artéria cerebral média em crianças entre 2 e 16 anos, realizando Doppler transcraniano e, nas que apresentarem alta velocidade e fluxo confirmada, iniciar programa transfusional profilático. • Síndrome torácica aguda: se caracteriza por febre, sintomas respiratórios, como tosse, dispneia e dor torácica, hipóxia e um novo infiltrado pulmonar na radiografia de tórax. Causas incluem infecções bacterianas ou virais, embolia gordurosa secundária a necrose de medula óssea, hipoventilação secundária a dor torácica ou à sedação excessiva e hiper-hidratação. O tratamento visa combater a hipóxia, administrar precocemente concentrado de hemácias (considerar os níveis de Hb), cobrir os agentes infecciosos mais frequentes, realizar fisioterapia respiratória ativa, evitar a sedação excessiva e a hiper-hidratação. • Anemia aguda: causada por sequestro esplênico ou hepático, crise aplástica decorrente de infecção por parvovírus B19 e por eventos vaso-oclusivos muitos graves com insuficiência de múltiplos órgãos. O tratamento é feito por transfusões de sangue para aliviar os sintomas associado ao tratamento dos fatores desencadeantes. • Priapismo: ereção peniana dolorosa, sustentada e não desejada. Decorrente de vaso- oclusão com obstrução da drenagem venosa, afetando o corpo cavernoso. O episódio prolongado com duração maior que 3 horas é uma emergência que requer atendimento urológico especializado. • Hipertensão pulmonar: achado de velocidade de fluxo retrógrado pela tricúspide > 2,5m/s no ecodopplercardiograma. Causas incluem diminuição da disponibilidade do NO decorrente da hemólise intravascular, hipóxia crônica, episódios recorrentes de STA, trombose in situ e asplenia. • Complicações cardiovasculares: o coração geralmente está aumentado, e a presença de sopros sistólicos é comum. Infarto do miocárdio é raro. Morte súbita, inesperada e inexplicada, pode ocorrer em adultos provavelmente por arritmias. • Nefropatia: hipostenúria está presente em quase todos os pacientes com anemia falciforme. Isostenúria, acidose tubular distal e diminuição da excreção de potássio são sinais de disfunção medular.
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