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REVISÃO DE SISTEMA NERVOSO BIOQUÍMICA AS CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO ◦ Menos de 10% das células do sistema nervoso correspondem a neurônios grandes. ◦ Os três principais tipos de células do sistema nervoso (cada um corresponde a aproximadamente 30%) são astrócitos, que também fazem parte da barreira hematoencefálica; oligodendrócitos, que são principalmente compostos de gordura e atuam como isolantes dos axônios; e microglia, que é essencialmente formada por macrófagos residentes captores (scavengers). NEURÔNIOS ◦ As características significativas dos neurônios são seu comprimento, suas muitas interconexões e o fato de eles não se dividirem após o nascimento. ◦ Por causa de sua longa extensão, uma necessidade crucial é a capacidade do neurônio de transportar material tanto do núcleo para a sinapse (transporte anterógrado) quanto da sinapse para o núcleo (transporte retrógrado). O movimento normal de “repouso” dentro do axônio é mediado por “motores” moleculares independentes (proteínas móveis): a cinesina, no caso de transporte anterógrado, e a dineína, no transporte retrógrado. NEUROTRANSMISSORES Os neurotransmissores são moléculas que atuam como sinalizadores químicos entre as células nervosas DEFINIÇÃO Para que uma molécula seja rotulada como neurotransmissor, alguns critérios devem ser preenchidos: 1. A síntese da molécula ocorre no interior do neurônio, isto é, todas as enzimas de síntese, os substratos, os cofatores etc. devem estar presentes para a síntese de novo. 2. O armazenamento da molécula ocorre no interior do terminal nervoso, (p. ex., nas vesículas sinápticas, antes de sua liberação). 3. A secreção da molécula do terminal pré-sináptico ocorre em resposta a um estímulo apropriado, como um potencial de ação. 4. Há ligação e reconhecimento da suposta molécula de neurotransmissor na célula pós sináptica-alvo. 5. Existência de mecanismos para a inativação e o término da atividade biológica do neurotransmissor. O preenchimento rigoroso desses critérios significa que algumas moléculas que estão envolvidas na comunicação entre os neurônios não são, stricto sensu, classificadas como neurotransmissores. Assim, o óxido nítrico (NO), a adenosina, os neuroesteroides, as poliaminas etc. são frequentemente denominados neuromoduladores. DIVERSOS TRANSMISSORES PODEM SER ENCONTRADOS EM UM NERVO ◦ Um transmissor importante, de baixo peso molecular, como uma amina, frequentemente está presente junto com diversos peptídios, um aminoácido e uma purina. ◦ Algumas vezes, pode até mesmo haver mais de um possível transmissor em uma determinada vesícula, como se acredita que seja o caso do trifosfato de adenosina (ATP) e da norepinefrina nos nervos simpáticos. ◦ Em alguns casos, a intensidade do estímulo pode controlar qual transmissor será secretado, sendo que, frequentemente, os peptídios requerem maiores níveis de estímulo. ◦ Além disso, os diferentes transmissores podem apresentar sua ação em uma escala de tempo diferenciada. Os nervos simpáticos são bons exemplos de nervos que se encaixam nesse caso: acredita-se que o ATP provoque sua rápida excitação, enquanto a norepinefrina e o neuropeptídio Y (NPY) sejam responsáveis por uma fase mais lenta de ação. Em muitos tecidos, o NPY por si só pode ser capaz de produzir uma excitação muito lenta. NEUROTRANSMISSÃO POTENCIAL DE AÇÃO ◦ O sinal transmitido por uma célula nervosa reflete uma alteração abrupta na diferença de potencial de voltagem através da membrana celular. ◦ A diferença normal do potencial de repouso é de poucos milivolts, com o interior da célula sendo negativo devido a um desequilíbrio iônico através da membrana plasmática: a concentração do íon K+ é maior no interior do que no exterior das células, enquanto o oposto é verdadeiro para os íons Na + . ◦ Essa diferença é mantida pela ação da Na + /K+ -ATPase. ◦ Como as membranas em todas as células em repouso são comparativamente permeáveis ao íon K+ como resultado da presença dos canais de K+ independentes de voltagem (vazamento), esse íon controla o potencial de repouso. ◦ Uma alteração na voltagem, que tende a direcionar o potencial de repouso em direção a zero, a partir da voltagem negativa normal, é conhecida como despolarização, enquanto um processo que aumenta o potencial negativo é chamado hiperpolarização. ◦ As células nervosas contêm canais de sódio dependentes de voltagem que se abrem rapidamente quando uma alteração despolarizante na voltagem é aplicada. ◦ Quando eles se abrem, permitem a entrada de grande quantidade de íons Na + , provenientes do líquido extracelular, que alteram o potencial de repouso e direcionam o potencial de membrana a valores positivos. Essa reversão de voltagem é o potencial de ação. ◦ Quase imediatamente, os canais de sódio se fecham e os canais de potássio denominados tardios se abrem. Esse mecanismo restaura o balanço iônico normal de repouso ao longo da membrana e, após um curto período refratário, a célula pode conduzir outro potencial de ação. ◦ Nesse meio tempo, o potencial de ação se espalha por condutância elétrica para o segmento seguinte da membrana nervosa, e o ciclo completo novamente se inicia. TRANSMISSÃO ◦ Os neurotransmissores excitatórios causam uma alteração despolarizante na voltagem e, nesse caso, é mais provável ocorrer um potencial de ação. Por outro lado, os transmissores inibitórios hiperpolarizam a membrana, o que diminui a probabilidade de um potencial de ação ocorrer. ◦ Muitos neurônios, particularmente os que contêm aminas, possuem diversas varicosidades ao longo do axônio contendo transmissores. Essas varicosidades podem não estar próximas a uma célula vizinha, de tal forma que o neurotransmissor liberado a partir delas pode afetar muitos neurônios. ◦ Quando o potencial de ação chega ao final do axônio, a alteração da voltagem leva à abertura dos canais de cálcio. A entrada de cálcio é essencial para a mobilização das vesículas contendo o transmissor e para sua fusão com a membrana sináptica e secreção a partir dela. ◦ Na junção neuromuscular entre os nervos e as células da musculatura esquelética, grande quantidade de vesículas é descarregada de uma vez e, assim, um único impulso pode ser suficiente para estimular a contração da célula muscular. ◦ Entretanto, o número de vesículas liberadas nas sinapses entre os neurônios é muito menor; consequentemente, a célula receptora será estimulada somente se a soma algébrica total dos diversos estímulos positivos e negativos exceder o limiar. ◦ O fato de cada célula no encéfalo receber aferências de um grande número de neurônios implica maior capacidade para controle fino das respostas no sistema nervoso central (SNC) do que a existente na junção neuromuscular. REGULAÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES ◦ Quando os transmissores terminam sua função, eles devem ser removidos do espaço sináptico. A difusão simples é provavelmente o principal mecanismo de remoção dos neuropeptídios. Enzimas como as acetilcolinesterases, que clivam a ACh, podem destruir qualquer transmissor remanescente. Os neurotransmissores excedentes podem também ser captados pelo neurônio pré-sináptico para serem reutilizados, e essa é a maior rota de remoção de catecolaminas e aminoácidos. ◦ As concentrações podem ser modificadas por: ◦ alterações na velocidade de síntese; ◦ alterações na taxa de liberação na sinapse; ◦ bloqueio da recaptação; ◦ bloqueio da degradação. ◦ As modificações no número de receptores podem estar envolvidas em adaptações de longo prazo à administração dos fármacos. RECEPTORES RECEPTORES METABOTRÓPICOS ◦ Os receptores metabotrópicos são acoplados às vias de segundos mensageiros e agem mais lentamente do que os receptores ionotrópicos. ◦ Todos os receptores metabotrópicos conhecidos são acoplados às proteínas G. RECEPTORES IONOTRÓPICOS (CANAIS IÔNICOS) ◦ Os receptores ionotrópicos contêm um canal iônico no interior de sua estrutura.Os exemplos incluem o receptor nicotínico de ACh e alguns receptores de glutamato e do ácido γ-aminobutírico (GABA). ◦ Esses receptores são proteínas transmembrana com várias subunidades, geralmente cinco, circundando o poro através da membrana. ◦ Quando o ligante se liga, ocorre uma alteração na estrutura tridimensional do complexo que permite o fluxo de íons através dele. O efeito no potencial de membrana depende de quais íons têm permissão de passar pelo canal: os receptores nicotínicos de ACh são relativamente não específicos para sódio e potássio e causam despolarização, enquanto o receptor GABA é um canal de cloreto e causa hiperpolarização. ◦ Potencial elétrico transmembrana. ◦ (a) A ATPase de Na+ K+ eletrogênica produz um potencial elétrico transmembrana de aproximadamente 260 mV (interior negativo). ◦ (b) As setas azuis indicam a direção na qual os íons tendem a mover-se espontaneamente através da membrana plasmática de uma célula animal, impelidos por uma combinação dos gradientes químicos e elétricos. O gradiente químico impele Na+ e Ca2+ para dentro (causando despolarização) e K+ para fora (causando hiperpolarização). O gradiente elétrico impele Cl- para fora, contra o seu gradiente de concentração (causando despolarização). ◦ O fluxo dos íons por um canal causa uma redistribuição de cargas nos dois lados da membrana, alterando Vm . A entrada de um íon positivamente carregado, tal como o Na+, ou a saída de um íon negativamente carregado, como o Cl- , despolariza a membrana e aproxima Vm de zero. Inversamente, a saída de K+ hiperpolariza a membrana, e Vm torna-se mais negativo. Esses fluxos iônicos pelos canais são passivos, ao contrário do transporte ativo efetuado pela de Na+K+ATPase. ◦ A direção do fluxo iônico espontâneo por uma membrana polarizada é determinada pelo potencial eletroquímico de membrana para aquele íon, o qual possui dois componentes: a diferença na concentração (C) do íon nos dois lados da membrana, e a diferença no potencial elétrico, expressa em milivolts. ◦ Dadas essas diferenças nas concentrações, o Vm em repouso de aproximadamente 260 mV, a abertura de um canal de Na+ ou Ca2+ resultará em um fluxo espontâneo de Na+ ou Ca2+ para dentro da célula (e em despolarização), enquanto a abertura de um canal de K+ resultará em um fluxo espontâneo de K+ para fora da célula (e em hiperpolarização). O K+ , nesse caso, move-se contra o gradiente elétrico, devido à grande diferença de concentração dentro e fora da célula, que cria uma força química mais potente e impele o íon para fora. ◦ Uma determinada espécie iônica continua a fluir por um canal enquanto a combinação entre gradiente de concentração e potencial elétrico provê uma força propulsora. Por exemplo, à medida que o Na+ flui a favor de seu gradiente de concentração, ele despolariza a membrana. Quando o potencial de membrana atingir 170 mV, o efeito deste potencial de membrana (resistência à entrada adicional de Na+) iguala o efeito do gradiente da [Na+ ] (que promove a entrada de Na+). Nesse potencial de equilíbrio (E), a força propulsora (DG) que tende a mover íons Na+ é zero. ◦ O potencial de equilíbrio é diferente para cada espécie iônica, pois os gradientes de concentração são diferentes. ◦ O número de íons que deve fluir para produzir uma variação fisiologicamente significativa no potencial de membrana é ínfimo em relação às concentrações de Na+ , K+ e Cl- nas células e no fluido extracelular, de modo que os fluxos iônicos que ocorrem durante a sinalização em células excitáveis essencialmente não têm efeito algum sobre as concentrações desses íons. Essa situação é diferente para o Ca2+ ; como a [Ca2+] intracelular geralmente é muito baixa (~10-7 M), a entrada de Ca2+ pode alterar de modo significativo a [Ca2+] citosólica. ◦ O potencial de membrana de uma célula em um dado tempo é o resultado dos tipos e números de canais iônicos abertos naquele momento. Na maioria das células em repouso, mais canais de K+ do que canais de Na+ , Cl- ou Ca2+ estão abertos e, portanto, o potencial de repouso é mais próximo do E para o K+ (298 mV) do que daquele para qualquer outro íon. Quando os canais de Na+ , Ca2+ ou Cl- se abrem, o potencial de membrana move-se na direção do E para o íon em questão. ◦ O tempo preciso de abertura e fechamento de canais iônicos e as variações transitórias resultantes no potencial de membrana são a base da sinalização elétrica por meio da qual o sistema nervoso estimula o músculo esquelético a contrair, o coração a bater ou as glândulas secretoras a liberarem seus conteúdos. ◦ Um único neurônio normalmente recebe sinais de muitos outros neurônios, cada qual liberando seu próprio neurotransmissor característico, com o efeito despolarizante ou hiperpolarizante característico. O Vm da célula-alvo, portanto, reflete o sinal integrado de múltiplos neurônios. A célula responde com um potencial de ação apenas se esse sinal integrado somar-se até uma despolarização suficientemente grande. OS CANAIS IÔNICOS CONTROLADOS POR VOLTAGEM PRODUZEM OS POTENCIAIS DE AÇÃO NEURONAIS Três tipos de canais iônicos controlados por voltagem são essenciais a esse mecanismo de sinalização: ◦ Ao longo de todo o comprimento do axônio estão canais de Na+ controlados por voltagem, que permanecem fechados quando a membrana está em repouso (Vm 5 260 mV), mas se abrem brevemente quando a membrana é despolarizada localmente em resposta à acetilcolina (ou algum outro neurotransmissor). ◦ Também distribuídos ao longo do axônio estão canais de K+ controlados por voltagem, os quais se abrem, uma fração de segundo mais tarde, em resposta à despolarização quando os canais de Na+ próximos se abrem. O fluxo despolarizante de Na+ para dentro do axônio (influxo) é, portanto, rapidamente contrabalançado por um fluxo repolarizante de K+ para fora do axônio (efluxo). ◦ Na extremidade distal do axônio estão canais de Ca2+ controlados por voltagem, que se abrem quando chega a onda de despolarização (etapa ➊) e repolarização (etapa ➋), causada pelas atividades dos canais de Na+ e K+ , desencadeando a liberação do neurotransmissor acetilcolina – que transmite o sinal para outro neurônio (dispare um potencial de ação!) ou para uma fibra muscular (contraia!). ◦ Inicialmente, a membrana plasmática do neurônio pré-sináptico está polarizada (interior negativo) pela ação da Na+K+-ATPase eletrogênica, que bombeia 3 Na+ para fora da célula para cada 2 K+ bombeados para dentro. ➊ A estimulação deste neurônio (não mostrada) causa o avanço de um potencial de ação ao longo do axônio (setas azuis), que se distancia do corpo celular. A abertura de um canal de Na+ controlado por voltagem permite a entrada de Na+, e a despolarização local resultante causa a abertura dos canais de Na+ adjacentes, e assim por diante. A direcionalidade do movimento do potencial de ação é garantida pelo breve período refratário subsequente à abertura de cada canal de Na+ controlado por voltagem. ➋ Uma fração de segundo após a passagem do potencial de ação por um ponto do axônio, canais de K+ controlados por voltagem se abrem, permitindo a saída de K+, o que causa a despolarização da membrana (setas vermelhas), preparando-a para o próximo potencial de ação. ➌ Quando a onda de despolarização atinge a extremidade do axônio, canais de Ca2+ controlados por voltagem se abrem, permitindo a entrada de Ca2+. ➍ O resultante aumento na [Ca2+] interna desencadeia a liberação, por exocitose, do neurotransmissor acetilcolina para dentro da fenda sináptica. ➎ A acetilcolina liga-se a um receptor no neurônio (ou miócito) pós-sináptico, levando à abertura de seu canal iônico controlado por ligante. ➏ Na+ e Ca2+ extracelular entram por meio deste canal, despolarizando a célula pós-sináptica. O sinal elétrico, deste modo, foi transferido para o corpo celular do neurônio (ou miócito) pós-sináptico e irá deslocar-se ao longo do axônio até um terceiro neurônio (ou miócito) por meiodesta mesma sequência de eventos. ◦ O componente essencial de um canal de Na+ é um único e grande polipeptídeo (1.840 resíduos de aminoácidos), organizado em quatro domínios agrupados ao redor de um canal central, que origina uma passagem para o Na+ através da membrana. A especificidade desta passagem para o Na+ é efetuada por uma “região do poro” composta pelos segmentos entre as hélices transmembrana 5 e 6 de cada domínio, que se dobram para dentro do canal. ◦ Imagina-se que a inativação do canal (durante o período refratário) ocorra por um mecanismo de “bola e corrente” (o termo se refere à bola de ferro que era antigamente acorrentada à perna dos prisioneiros). Um domínio proteico na superfície citoplasmática do canal de Na+ , o portão que controla a inativação (a “bola”), é preso ao canal por um curto segmento do polipeptídeo (a “corrente”). ◦ Esse domínio está livre para se movimentar quando o canal está fechado, porém, quando ele se abre, um sítio na face interna do canal torna-se disponível para a ligação da “bola acorrentada”, bloqueando o canal. O comprimento da corrente parece determinar por quanto tempo um canal iônico permanece aberto: quanto maior a corrente, maior o período aberto. Outros canais iônicos podem ser inativados por um mecanismo similar. TRANSDUÇÃO SENSORIAL NA VISÃO ◦ Neurônios sensíveis à luz são de dois tipos: bastonetes (cerca de 109 por retina), que são sensíveis a baixos níveis de luz, mas não conseguem discriminar as cores, e cones (cerca de 3 3 106 por retina), que são menos sensíveis à luz, mas podem diferenciar as cores. ◦ Como outros neurônios, bastonetes e cones apresentam um potencial elétrico transmembrana (Vm ), produzido pelo bombeamento eletrogênico da Na+K+-ATPase da membrana plasmática do segmento interno. ◦ Também contribui para o potencial de membrana um canal iônico do segmento externo que permite a passagem tanto de Na+ quanto de Ca2+ e que é controlado (aberto) por cGMP. ◦ No escuro, os cones contêm cGMP suficiente para manter esse canal aberto. O potencial de membrana é, portanto, determinado pela diferença entre a quantidade de Na+ e K+ bombeados pelo segmento interno (que polariza a membrana) e pelo influxo de Na+ pelo canal iônico do segmento externo (que tende a despolarizar a membrana). ◦ O princípio da sinalização nos bastonetes ou nos cones é uma redução na [cGMP] induzida pela luz, que causa o fechamento do canal iônico controlado por cGMP. A membrana plasmática, então, torna-se hiperpolarizada pela Na+K+-ATPase. ◦ Os bastonetes e cones formam sinapses com neurônios interconectores que transmitem a informação sobre a atividade elétrica para os neurônios ganglionares próximos da superfície interna da retina. Os neurônios ganglionares integram as informações provenientes de muitos bastonetes ou cones e enviam o sinal resultante, pelo nervo óptico, ao córtex visual do cérebro. Hiperpolarização dos bastonetes induzida pela luz. Os bastonetes são compostos por um segmento externo, preenchido com pilhas de discos membranosos (não mostrado) contendo o fotorreceptor rodopsina, e um segmento interno, que contém o núcleo e outras organelas (não mostrado). O segmento interno forma sinapses com neurônios interconectores. Os cones apresentam uma estrutura similar. O ATP do segmento interno impulsiona a Na+K+-ATPase, que cria um potencial elétrico transmembrana bombeando 3 Na+ para fora da célula para cada 2 K+ bombeados para dentro. O potencial de membrana é reduzido pelo influxo de Na+ e Ca2+ por meio de canais de cátions controlados por cGMP na membrana plasmática do segmento externo. Quando a rodopsina absorve luz, ela provoca a degradação do cGMP (pontos verdes) no segmento externo, causando o fechamento do canal iônico. Sem o influxo de cátions por este canal, a célula torna-se hiperpolarizada. Este sinal elétrico passa para o cérebro pelas fileiras de neurônios. ◦ A transdução da visão inicia quando a luz incide na rodopsina, da qual muitos milhares de moléculas estão presentes em cada um dos discos do segmento externo dos bastonetes e cones. A rodopsina (Mr 40.000) é uma proteína integral de membrana com sete hélices a que cruzam a membrana, a arquitetura característica dos GPCR. ◦ O pigmento absorvente de luz (cromóforo) 11-cis-retinal é covalentemente unido à opsina, a proteína componente da rodopsina. ◦ A molécula de retinal situa-se próximo ao meio da bicamada, orientada com seu eixo longo aproximadamente no plano da membrana. Quando um fóton é absorvido pelo componente retinal da rodopsina, a energia causa uma alteração fotoquímica; 11-cis-retinal é convertido a retinal-todo-trans. Essa alteração na estrutura do cromóforo força mudanças conformacionais na molécula de rodopsina – o primeiro estágio da transdução visual. ◦ O retinal é derivado da vitamina A1 (retinol), produzida a partir de b-caroteno. A deficiência de vitamina A na dieta leva à cegueira noturna (a incapacidade de adaptar-se a baixos níveis de luz), relativamente comum em alguns países em desenvolvimento. Suplementos de vitamina A ou alimentos ricos em caroteno (como cenoura) suprem a vitamina A e revertem a cegueira noturna. Complexo da rodopsina com a proteína G transducina. rodopsina A PDE da retina é uma proteína periférica com o sítio ativo na face citoplasmática da membrana do disco. No escuro, uma subunidade inibitória firmemente ligada suprime de maneira muito eficaz a atividade da PDE. Quando a Ta-GTP encontra a PDE, a subunidade inibitória deixa a enzima e liga-se à Ta , e a atividade da enzima imediatamente aumenta em algumas ordens de magnitude. Cada molécula da PDE ativa degrada muitas moléculas de cGMP ao biologicamente inativo 5’-GMP, diminuindo a [cGMP] no segmento externo em uma fração de segundo. Nessa nova [cGMP] mais baixa, o canal iônico controlado por cGMP fecha, bloqueando a reentrada de Na+ e Ca2+ para o segmento externo e hiperpolarizando a membrana do bastonete ou cone. ◦ Três tipos de cones são especializados na detecção da luz de diferentes regiões do espectro, utilizando três proteínas fotorreceptoras relacionadas (opsinas). ◦ Cada cone expressa somente um tipo de opsina, mas cada um desses tipos é estreitamente relacionado à rodopsina em tamanho, sequência de aminoácidos e, presumivelmente, estrutura tridimensional. As diferenças entre as opsinas, entretanto, são grandes o bastante para colocarem o cromóforo, 11-cis-retinal, em três ambientes levemente diferentes, com o resultado que os três fotorreceptores apresentam espectros de absorção diferentes. ◦ Cores e tons são diferenciados por meio da integração das informações vindas dos três tipos de cones, cada um contendo um dos três tipos de receptores. ◦ O daltonismo, ou seja, a incapacidade de distinguir entre vermelho e verde, é uma característica genética hereditária relativamente comum em humanos. Os diversos tipos de daltonismo são o resultado de diferentes tipos de mutações na opsina. Uma das formas é devida à perda do fotorreceptor para vermelho; os indivíduos afetados são dicromatas vermelho- (enxergam apenas duas das cores primárias). Outros carecem do pigmento verde e são dicromatas verde. Em alguns casos, os fotorreceptores para vermelho e verde estão presentes, mas apresentam uma alteração na sequência de aminoácidos que causa uma mudança no espectro de absorção, resultando na visão anormal das cores. Dependendo de qual pigmento estiver alterado, os indivíduos são tricromatas com anomalia para o vermelho ou tricromatas com anomalia para o verde. ED ◦ 11) A doença de Oguchi é uma forma hereditária de cegueira noturna. Os indivíduos afetados recuperam lentamente a visão após um clarão de luz brilhante contra um fundo escuro como os faróis de um carro em uma autoestrada. Sugira qual(is) defeito(s) molecular(es) pode(m) estar envolvido(s) na doença de Oguchi. Explique em termos moleculares como esse defeito seria responsável pelacegueira noturna. ◦ Deve ocorrer defeito na rodopsina. ED ◦ 10) Na maioria dos neurônios, a despolarização da membrana leva à abertura de canais iônicos dependentes de voltagem, à geração de um potencial de ação e, finalmente, ao influxo de Ca2+, que causa a liberação do neurotransmissor na extremidade terminal do axônio. Formule uma estratégia celular pela qual a hiperpolarização nos bastonetes poderia produzir a excitação da rota de transdução da visão e a passagem do sinal visual ao cérebro. (Dica: a rota de sinalização neuronal em organismos mais evoluídos compreende uma série de neurônios que transmite a informação ao cérebro [ver Figura 12-36]. O sinal liberado por um neurônio para o neurônio seguinte, pós-sináptico, pode ser tanto excitatório quanto inibitório.) ◦ A hiperpolarização resulta no fechamento dos canais de Ca2+ dependentes de voltagem na região pré-sináptica do bastonete. O resultante decréscimo na [Ca2+]in diminui a liberação de um neurotransmissor inibitório que suprime a atividade do próximo neurônio do circuito visual. Quando essa inibição é removida em resposta a um estímulo luminoso, o circuito torna-se ativo e os centros visuais do cérebro são excitados. ED ◦ 9) A maioria das células é capaz de produzir ATP a partir da glicólise na ausência de oxigênio através de um mecanismo chamado fermentação. Entretando, o cérebro é dependente de um fluxo contínuo de oxigênio, além da glicose. Explique. ◦ A demanda energética do cérebro é muito alta. A fermentação não consegue suprir as necessidades dele visto que seu rendimento é muito baixo. ED ◦ 1) Qual o papel do transportador GLUT-3 no metabolismo energético dos neurônios? ◦ Glucose, which is the principle fuel of the brain, is transported through both endothelial membranes by facilitated diffusion via the GLUT-1 transporter (see Fig. 27.4). GLUT-3 transporters present on the neurons then allow the neurons to transport the glucose from the extracellular fluid (ECF). https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/transp_glicose.pdf ◦ 2) Explique o mecanismo pelo qual a fenilcetonúria (PKU) pode causar retardamento mental, no que diz respeito do transporte de aminoácidos para o SNC. ◦ The finding that the large, neutral amino acids (LNAA) have a common carrier system across the blood-brain barrier suggests that if one amino acid is in excess, it can, by competitive inhibition, result in a lower transport of the other amino acids. This suggests that the mental retardation that results from untreated PKU and maple syrup urine disease may be attributable to the high levels of either phenylalanine or branched-chain amino acids in the blood. These high levels overwhelm the LNAA carrier, such that excessive levels of the damaging amino acid enter the CNS. In support of this theory is the finding that treatment of PKU patients with large doses of LNAA lacking phenylalanine resulted in a decrease of phenylalanine levels in the CSF and brain, with an improvement in their cognitive functions as well (como só tem um transportador para todos esses aminoácidos, a concentração elevada de fenilalanina na fenilcetonuria, compete com os outros a.a.’s pelo transportador, dificultando a entrada destes.). https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/transp_glicose.pdf ED ◦ 3) Por que a entrada de aminoácidos pequenos, como a glicina, alanina, prolina e GABA, é rigidamente controlada no cérebro? ◦ The entry of small neutral amino acids, such as alanine, glycine, proline, and g-aminobutyrate (GABA), is markedly restricted because their influx could dramatically change the content of neurotransmitters. They are synthesized in the brain, and some are transported out of the CNS and into the blood. ◦ 4) Descreva as reações e o local onde são encontradas as enzimas MAO e COMT. Qual a importância dessas enzimas? ◦ 5) Por que pacientes usuários de inibidores de MAO podem sofrer episódios de hipertensão caso consumam queijo (cheese effect) ou vinho tinto? ◦ Tyramine is a degradation product of tyrosine that can lead to headaches, palpitations, nausea and vomiting, and elevated blood pressure if present in large quantities. Tyramine mimics norepinephrine and binds to norepinephrine receptors, stimulating them. ◦ Tyramine is inactivated by MAO-A, but if a person is taking an MAO inhibitor, foods containing tyramine should be avoided. In addition to the catecholamines, serotonin is also inactivated by monoamine oxidase. The activity of a number of antipsychotic drugs are based on inhibiting MAO. ◦ The first generation of drugs (exemplified by iproniazid, which was originally developed as an antituberculosis drug and was found to induce mood swings in patients) were irreversible inhibitors of both the A and B forms of MAO. Although leading to a reduction in the severity of depression (by maintaining higher levels of serotonin), these drugs suffered from the “cheese” effect. ◦ Cheese and other foods that are processed over long periods (such as red wine) contain tyramine. Usually tyramine is inactivated by MAO-A, but if an individual is taking an MAO inhibitor, tyramine levels will increase. Tyramine induces the release of norepinephrine from storage vesicles, which leads to potentially life-threatening hypertensive episodes ◦ https://www.youtube.com/watch?v=_EC3tgW0z4c https://www.youtube.com/watch?v=_EC3tgW0z4c ◦ 6) Por que nos inibidores de MAO de terceira geração não é observado o cheese effect? ◦ ◦ the third generation of MAO inhibitors, which are reversible inhibitors of the enzyme, as typified by moclobemide. Moclobemide is a specific, reversible inhibitor of MAO-A and is effective as an antidepressant. More importantly, because of the reversible nature of the drug, the “cheese” effect is not observed, because as tyramine levels increase, they displace the drug from MAO, and the tyramine is safely inactivated. ◦ 7) Qual etapa da síntese das catecolaminas seria interrompida na deficiência de tetra-hidrobiopterina (BH4)? ◦ These neurotransmitters are synthesized in a common pathway from the amino acid L-tyrosine. Tyrosine is supplied in the diet or is synthesized in the liver from the essential amino acid phenylalanine by phenylalanine hydroxylase. The first and rate-limiting step in the synthesis of these neurotransmitters from tyrosine is the hydroxylation of the tyrosine ring by tyrosine hydroxylase, a tetrahydrobiopterin (BH4)-requiring enzyme. ◦ 8) Qual o papel da proteína VMAT2? ◦ Dopamine is then taken up into the storage vesicles. In norepinephrine-containing neurons, the final bhydroxylation reaction occurs within the vesicles. The catecholamines are transported into vesicles by the protein VMAT2 (vesicle membrane transporter 2). ◦ REFERÊNCIAS ◦ LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed.
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