Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Laísa Dinelli Schiaveto CUIDADOS COM O PACIENTE CIRÚRGICO INTRODUÇÃO CIRURGIA A cirurgia é uma intervenção em que são combinados conhecimentos e habilidades de múltiplos profissionais de saúde, para o bem estar do paciente. Esta pode ser feita por várias razões: • Curar ou minimizar doenças; • Diagnosticar a presença específica de uma doença ou uma condição; • Reconstruir ou eliminar um defeito; • Fortalecer forma ou função. HISTÓRIA DA CIRURGIA Enfermagem Perioperatória e Perianestésica: Campo que inclui uma ampla variedade de funções, de acordo com o período anestésico-cirúrgico. EQUIPE MULTIPROFISSIONAL A equipe multiprofissional é composta, basicamente, por: à Equipe de Anestesia É composta de médicos anestesiologistas. Compete ao anestesiologista avaliar o paciente no pré-operatório, prescrever a medicação pré-anestésica, planejar e executar a assistência pré-operatória, controlando as condições clínicas deste durante o ato anestésico. Ainda, após a cirurgia, é de sua responsabilidade assistir o paciente na sala de recuperação pós-anestésica. à Equipe Cirúrgica É composta por cirurgião, cirurgião assistente e instrumentador cirúrgico, sendo que este último pode ou não ser médico. Cirurgião: É de competência do cirurgião planejar e executar o ato cirúrgico, comandar e manter a ordem no campo operatório; Cirurgião Assistente: Compete auxiliar no desenvolvimento do ato cirúrgico e substituí-lo caso se faça necessário. É importante destacar que, em cirurgias de grande porte, torna-se indispensável à presença de um segundo cirurgião assistente. Instrumentador Cirúrgico: É o integrante da equipe que se responsabiliza por: • Verificar os materiais e equipamentos necessários ao ato cirúrgico; • Preparar a mesa com os instrumentais e outros materiais necessários à cirurgia; • Ajudar na colocação dos campos operatórios; • Fornecer materiais e instrumentais ao cirurgião e assistente, solicitando-os, sempre que necessário ao circulante de sala, devendo para isso estar atento aos tempos cirúrgicos; Laísa Dinelli Schiaveto • Observar e controlar para que nenhuma instrumental permaneça no campo operatório; • Zelar pela manutenção da mesa, conservando limpo os instrumentais durante o ato cirúrgico, bem como protegendo-a para evitar contaminação. Ainda, em algumas instituições, o instrumentador faz parte da equipe de enfermagem. Portanto, nesta situação, deve-se prever os materiais necessários à cirurgia, separá-los após o uso, lavá-los e refazer a caixa de instrumentais, zelando pela conservação de tais materiais. à Equipe de Enfermagem Esta é composta de enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem. Enfermeiro Chefe: • Organizar e prover a unidade de recursos materiais e humanos, e manter o ambiente em boas condições de funcionamento; • Planejar as ações assistenciais e administrativas do Centro Cirúrgico, norteando-se pelo regulamento interno; • Gerenciar as ações planejadas através de metodologia científica e humanística, para eficiência no atendimento ao paciente; • Controlar a quantidade e a qualidade de recursos humanos, bem como a qualidade de assistência prestada; • Supervisionar e avaliar o desempenho do pessoal que está sob sua responsabilidade; • Opinar sobre a qualidade e quantidade de recursos materiais, possibilitando maior acerto na aquisição destes; • Planejar, executar e avaliar programas de educação continuada aos componentes da equipe de enfermagem; • Elaborar as escalas de folga e de férias dos componentes de equipe de enfermagem, procurando atender as suas solicitações; • Manter um bom relacionamento com os componentes da equipe cirúrgica e da anestesia, visando à assistência ao paciente; • Manter integração com os enfermeiros das unidades de internação, chefias dos departamentos e setores do hospital e outros serviços extra-hospitalares; • Colaborar no desenvolvimento do ensino, utilização e pesquisas realizadas; • Elaborar e atualizar o regulamento interno e manual de procedimentos; • Apresentar relatórios mensal e anual sobre as atividades realizadas no Centro Cirúrgico. Enfermeiro Assistencial: • Receber o plantão e tomar as providencias necessárias relativas às atividades administrativas e assistenciais; • Providenciar o transporte do paciente para o Centro Cirúrgico; • Receber o paciente, avaliando suas condições físicas e emocionas e procurando atender aos problemas identificados; • Coordenar as atividades assistenciais prestadas pelos componentes da equipe de enfermagem; • Controlar, diariamente, os gastos de psicotrópicos; • Elaborar o programa ou mapa operatório para o dia seguinte, com base nos pedidos de cirurgia recebidos; • Supervisionar a limpeza diária e semanal da sala de cirurgia e demais elementos da planta física do Centro Cirúrgico; • Realizar a visita pré-operatória. O enfermeiro deve, ainda, tomar medidas para evitar a infecção da ferida operatória, devendo supervisionar ações referentes ao paciente, aos componentes das equipes que atuam no Centro Cirúrgico, material esterilizado, instrumentais e equipamentos. Estas medidas são: • Avaliar o preparo físico realizado no pré-operatório; • Certificar-se da incidência da infecção da ferida operatória; • Exigir o uso correto da roupa privativa do Centro Cirúrgico de todos os profissionais e pessoas que venham da área externa; • Controlar o número de pessoas na sala de cirurgia durante o ato cirúrgico, bem como o trânsito desnecessário da mesma; • Propiciar exame médico e laboratorial periódico dos componentes da equipe de enfermagem; • Preparar, acondicionar e armazenar o material esterilizado em local apropriado; Laísa Dinelli Schiaveto • Realizar testes bacteriológicos nos aparelhos de esterilização; • Avaliar periodicamente as condições de uso dos instrumentais e equipamentos; • Fazer pesquisa bacteriológica no ambiente, bem como avaliar a qualidade dos produtos químicos usados na limpeza e desinfecção; • Desenvolver trabalho conjunto com a CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar). Técnico e Auxiliar de Enfermagem: • Auxiliar o enfermeiro, sempre que necessário; • Verificar o estado de conservação e funcionamento dos aparelhos e equipamentos, solicitando conserto e troca imediatos; • Verificar a temperatura e iluminação da Sala de Operação (SO); • Controlar o estoque de material esterilizado e as respectivas datas de esterilização; • Responsabilizar-se pela identificação e encaminhamento das peças cirúrgicas aos laboratórios especializados; • Exercer as atribuições de circulante de sala; • Prover a sala de operação com recursos adequados às necessidades do paciente, segundo as especificidades de cada intervenção anestésico- cirúrgica; • Montar a Sala de Operação (SO); • Auxiliar o paciente no transporte da maca para a mesa de cirurgia e vice-versa, assim como seu posicionamento, procurando manter sua privacidade e permeabilidade de cateteres e sondas; • Participar dos treinamentos e programas de atualização fornecidos pela instituição; • Desenvolver procedimentos técnicos como sondagem vesical, punção venosa, na ausência de enfermeiro; • Observar o bom funcionamento do sistema de gases; • Estar atento para a placa dispersiva de energia do eletrocautério; • Auxiliar na paramentação da equipe cirúrgica, e atentar para a técnica asséptica na abertura dos materiais estéreis; • Auxiliar o anestesiologista na indução e reversão do procedimento anestésico; • Em situações emergenciais ou imprevistas, solicitar a presença do enfermeiro; • Realizar o controle de débito de materiais utilizados na Sala de Operação (SO); • Encaminhar o paciente para a unidade de origem tomando os cuidados pertinentes com dreno, sondas ou cateteres; • Realizaro registro de todas as informações no prontuário; • Ao término do procedimento cirúrgico, proceder à desmontagem da Sala de Operação (SO) e encaminhar os materiais contaminados ao Centro de Materiais e Esterilização (CME). à Escriturário • Registrar os pedidos de cirurgia; • Digitar diariamente o programa de cirurgia e encaminhá-lo as diferentes unidades de internação; • Responsabilizar-se pela estatística diária das cirurgias realizadas e não realizadas; • Executar outras atividades burocráticas segundo a rotina da instituição. à Equipe de Limpeza Esta equipe deve executar a limpeza na sala de cirurgia e demais elementos da planta física da unidade, de acordo com as normas estabelecidas pela Comissão de Controle de Infecções Hospitalar (CCIH). Laísa Dinelli Schiaveto UNIDADE DE CENTRO CIRÚRGICO A Unidade de Centro Cirúrgico é um local de acesso restrito, com recursos humanos, materiais e de equipamentos adequados para proporcionar a realização do ato anestésico-cirúrgico com segurança ao paciente e à equipe multidisciplinar. É uma unidade hospitalar, onde são executados procedimentos anestésico cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, tanto em caráter eletivo quanto emergencial. O Centro Cirúrgico (CC) é considerado como cenário de alto risco, onde os processos de trabalho constituem-se em práticas complexas, interdisciplinares, com forte dependência da atuação individual e da equipe em condições ambientais dominadas por pressão e estresse. É importante destacar que a Unidade de Centro Cirúrgico é composta por: Centro Cirúrgico (CC), Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) e Centro de Materiais de Esterilização (CME). E, possui uma organização complexa com características e assistência especializada. ESTRUTURA FÍSICA ÁREA DE RECEPÇÃO DO PACIENTE É a área reservada para recepcionar e transferir pacientes da maca proveniente da Unidade de Internação para a do Centro Cirúrgico. Assim, deve ter espaço suficiente para o recebimento de maca, permitindo a circulação sem prejuízo do transporte ou risco para o paciente. SALA DE CIRURGIA OU OPERAÇÃO É a área destinada à realização de intervenções cirúrgicas e endoscópicas. Segundo o Ministério da Saúde, o número de salas de cirúrgicas para a Unidade de Centro Cirúrgico é quantificado com base na capacidade de leitos do hospital. Preconizam-se duas salas para cada 50 leitos não especializados ou para cada 15 leitos cirúrgicos. Deve ter suas dimensões adequadas de acordo com a quantidade de equipamentos necessários aos tipos de intervenção cirúrgica e especialidade cirúrgica. A Sala de Operação (SO) deve estar sob pressão positiva em relação aos corredores, o que minimiza a entrada de ar desses locais para o interior da sala de operação. O número de pessoas na sala de operação deve ser restrito ao cirurgião e um ou dois auxiliares (de acordo com a complexidade do procedimento do CC) anestesiologista e circulante de sala, considerando sempre que, quanto maior o número de pessoas, maior a possibilidade de disseminação de microrganismos no ambiente. Ainda, convém evitar movimentação desnecessária de portas (que deverão permanecer fechadas) conversas excessivas ou demais distrações. Laísa Dinelli Schiaveto ÁREA DE ESCOVAÇÃO Local onde se realiza a escovação/degermação das mãos e antebraços da equipe cirúrgica e anestésica. O local de escovação deve ser próximo às salas de cirurgias, a fim de reduzir o tempo de exposição da área escovada ao meio ambiente. As torneiras devem ser acionadas por pedal ou com o cotovelo, como também os recipientes para antissépticos. Os tanques devem ser instalados numa altura de mais ou menos 90 cm, para favorecer a mecânica corporal no ato da escovação. Neste local devem ser colocados os recipientes para escova e solução antisséptica. SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA A Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) é o local destinado ao atendimento intensivo do paciente, no período que vai desde sua saída da Sala de Cirurgia até a recuperação da consciência, eliminação de anestésicos e estabilização dos sinais vitais. De maneira geral, é o local destinado à permanência do paciente após o ato anestésico-cirúrgico. Os objetivos e vantagens da SRPA incluem prevenção e detecção precoce das possíveis complicações pós- anestésicas e pós-cirúrgicas, assistência de enfermagem especializada a pacientes submetidos a diferentes tipos de anestesias e cirurgias, maior segurança ao paciente, equipe medica e de enfermagem, racionalização da pessoa, eficiência dos recursos humanos e utilização de terapêuticas especializadas. O número de leitos vai depender dos tipos de cirurgia previstos. De um modo geral, estimam-se dois leitos por sala cirúrgica. SALA DE MATERIAL ESTERILIZADO É o local onde o material esterilizado (como pacotes de roupa, compressas, gazes, caixas de instrumentais etc.) é guardado até o momento da sua distribuição para a sala de cirurgia. A área física não deve permitir o cruzamento de material estéril com material contaminado. Essa área deve ser fechada e possuir sistema de renovação de ar. Ainda, sua temperatura ambiente deve ser mantida abaixo de 25ºC, sendo o ideal até 21ºC, e a umidade relativa do ar entre 30% e 60%. Laísa Dinelli Schiaveto SALA DE GUARDA DE EQUIPAMENTOS Área para guardar e receber equipamentos que são necessários a determinados procedimentos cirúrgicos, evitando o deposito de materiais e equipamentos nos corredores, o que prejudicaria a circulação interna do Centro Cirúrgico. SALA DE MEDICAMENTOS E MATERIAL MÉDICO- HOSPITALAR Área destinada à guarda de medicamentos e materiais de consumo esterilizados para atender ao ato anestésico-cirúrgico. SALA DE ESPERA É a área destinada aos familiares ou acompanhantes do paciente, enquanto aguardam o termino da cirurgia e a alta deste da Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA). Este ambiente deve ser provido de poltronas confortáveis com assentos confortáveis e sanitários anexos. SALA ADMINISTRATIVA É o local destinado ao controle administrativo da Unidade, concentrando a chefia de enfermagem e a secretaria. SALA DE MATERIAL DE LIMPEZA Destinada à guarda de utensílios e equipamentos de limpeza, sendo importante a presença de tanque com torneira, suporte de papel-toalha e lixeira com tampa e pedal. ROUPARIA É a área destinada a armazenar a roupa de uso na Unidade, tais como lençóis de maca, de mesa cirúrgica, entre outros. EXPURGO Local destinado a eliminação de matéria orgânica proveniente das salas de cirurgia como secreções e excreções do paciente. ÁREA DE TRANSFERÊNCIA PARA MACAS Essa área é importante para evitar a circulação interna de macas que percorrem todo o hospital. As macas devem ser mantidas limpas e submetidas à desinfecção após o uso, entre um paciente e outro. CORREDORES Devem ser amplos e possuir protetores laterais nas paredes, preferencialmente de madeira ou metal, a fim de evitar o impacto entre as macas e as paredes. VESTIÁRIOS O Centro Cirúrgico deve ter dois vestiários, um feminino e um masculino, com sanitários e chuveiros completos e armários individuais, e duas portas, de modo que o fluxo externo de pessoas independa do fluxo interno. Assim, devem estar localizados na entrada do Centro Cirúrgico, de modo que os profissionais, e outras pessoas que venham da área de circulação externa, só possam ter acesso ao setor após a troca de roupa em uso por uniforme próprio e privativo para o local. Este consta de calça comprida, túnica, gorro, pro-pés e máscara. Os vestiários são barreiras físicas, considerando que estas estão definidas como “aqueles ambientes que minimizam a entrada de microrganismos externos”. Laísa Dinelli Schiaveto COPA É importante para evitar o fluxo e dispersão de pessoalno Centro Cirúrgico. É o local próprio e restrito para alimentação, evitando o uso incorreto de outros ambientes do Centro Cirúrgico. CENTRO DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO (CME) O que o Centro de Materiais e Esterilização faz? O CME processa produtos para saúde (PPS) para toda a instituição, evita infecções, realiza assistência de enfermagem indireta ao paciente e prova a segurança do paciente. Composição da Equipe do Centro de Materiais e Esterilização A equipe deve ser exclusiva do CME. Esta é composta por enfermeiro coordenador, enfermeiro plantonista e técnicos de enfermagem capacitados para desempenharem as tarefas do CME. Tarefas Importantes • Recebimento dos PPS oriundos de toda a instituição, dos cirurgiões e das empresas de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME); • Pré-limpeza e limpeza dos produtos para saúde; • Preparo dos produtos para saúde a serem esterilizados; • Esterilização dos produtos para saúde; • Verificar segundo a ANVISA os produtos para saúde passíveis de processamento = produto para saúde fabricado a partir de matérias primas e conformação estrutural, que permitem repetidos processos de limpeza, preparo e desinfecção ou esterilização, até que percam a sua eficácia e funcionalidade – RDC 15 de 15/03/2012; • Armazenamento dos produtos para saúde; • Distribuição dos produtos para saúde, mantendo sua esterilidade até o momento do uso. Itens Importantes segundo a ANVISA • Art. 4º: O responsável pelo Centro de Material e Esterilização – CME deve supervisionar todas as atividades relacionadas ao processamento de instrumentais e produtos para saúde, incluindo as realizadas por empresas terceirizadas – (RDC 08); • Art. 5º: É proibido o processamento de instrumental cirúrgico e produtos para saúde fora do CME, exceto quando realizado por empresas terceirizadas regularizadas junto à Autoridade Sanitária – (RDC 08); • Art. 6º: Todo o instrumental cirúrgico e produtos para saúde que não pertençam ao serviço de saúde devem ser encaminhados previamente ao CME para processamento, obedecendo ao prazo definido por este setor – (RDC 08). Passos para Esterilização Segura • Exímia limpeza dos produtos para saúde; • Inspecionar os produtos para saúde através de lupa para criteriosa avaliação da limpeza; • Realizar teste de monitoramento da limpeza para comprovar limpeza; • Escolher embalagem apropriada para o PPS (sistema de barreira) de acordo com o tipo de agente esterilizante; • Permitir penetração do agente esterilizante nos PPS; • Não ultrapassar em uma caixa cirúrgica 11,300 kg – (AAMI ST 77 – SOBECC 2017); • Obedecer tal recomendação fazendo uso de balança; • Caso a caixa ultrapasse a recomendação da pesagem, desmembrar a mesma; • Respeitar o limite de capacidade da caixa cirúrgica de 75% a 80% da mesma; • Não embalar em um grau cirúrgico grande várias unidades avulsas já embaladas em grau cirúrgico; • Não adicionar a uma caixa cirúrgica com instrumentais outros produtos para saúde já embalados em outra embalagem. Laísa Dinelli Schiaveto Laísa Dinelli Schiaveto PERÍODO PERIOPERATÓRIO O Perioperatório é o termo usado para o período de tempo que vai desde que o cirurgião decide indicar o ato cirúrgico e comunica o paciente até que este último retorne, depois da alta hospitalar, às atividades normais. FASES DO PERIOPERATÓRIO PRÉ-OPERATÓRIO O pré-operatório engloba a avaliação pré-operatória na qual é avaliado o risco de complicações frente ao estado de saúde do paciente. Esta fase pode ser subdividida em: • Mediato Começa no momento da indicação da operação e termina 24h antes do seu início. Geralmente, nesse período o paciente ainda não se encontra internado. • Imediato Compreende as 24h que antecedem a operação. De um modo geral, o paciente é admitido no hospital dentro desse período, com o objetivo de ser devidamente preparado para o ato cirúrgico. Portanto, é o período de 24h antes do procedimento anestésico-cirúrgico até o encaminhamento do paciente ao centro cirúrgico. TRANSOPERATÓRIO O transoperatório é a fase que compreende a recepção do paciente no centro cirúrgico e o intraoperatório. Portanto, compreende desde o momento em que o paciente é recebido na unidade de centro cirúrgicos até a sua saída da sala operatória. O período intraoperatório tem início no procedimento anestésico-cirúrgico e vai até o seu término. Então, por isso, está inserido no período transoperatório. PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório compreende o período entre a saída do centro cirúrgico e o retorno do paciente às atividades normais. Ou seja, compreende todo o período após a realização do procedimento anestésico-cirúrgico. Ainda, muitas das complicações acontecem nesta fase e a vigilância da equipe de saúde deve ser tão intensa quanto maior o risco de complicações estimado na avaliação pré-operatória. Esta fase pode ser subdividida em: • Recuperação Pós-Anestésica A Recuperação Pós-Anestésica compreende desde a chega do paciente na SRPA até a sua alta para a unidade de origem. • Imediato O Pós-Operatório Imediato (POI) é a fase em que se inicia com o final da cirurgia e vai até as 24h subsequentes deste final. • Mediato O Pós-Operatório Mediato (POM) é a fase que se inicia após as 24h da cirurgia e vai até a alta hospitalar do paciente. • Tardio O Pós-Operatório Tardio (POT) é a fase que se inicia com a alta hospitalar e vai até a alta médica. PONTO IMPORTANTE Transporte do paciente da Sala de Operação (SO) para a Sala de Recuperação Pós-Anestésica: A transferência do paciente pós-operatório da sala de operação para a unidade de recuperação pós-anestésica é responsabilidade do anestesista. Laísa Dinelli Schiaveto Durante o transporte da sala de operação para a SRPA, o profissional de anestesia permanece a cabeceira da maca (para manter as vias aéreas do paciente) e um membro da equipe cirúrgica permanece na outra extremidade. O transporte do paciente compreende considerações especiais sobre o local de incisão do paciente, as potenciais alterações vasculares e a exposição. A incisão cirúrgica é observada a cada momento em que o paciente no pós-operatório é mobilizado; muitas feridas são fechadas sob considerável tensão, e todo esforço é feito para prevenir um maior tensionamento sobre a incisão. O paciente é posicionado de modo que ele não deite sobre nem obstrua drenos ou tubos de drenagem. O paciente deve ser mobilizado lenta e cuidadosamente. Tão logo ele seja colocado sobre a maca ou leito, a camisola suja é retirada e substituída por uma seca. O paciente é coberto com cobertores leves e aquecidos. As grades laterais são elevadas para proteger contra quedas. Laísa Dinelli Schiaveto PROCESSO DE ENFERMAGEM (PE) O Processo de Enfermagem (PE) é uma dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando a assistência ao ser humano. Este caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos. De maneira geral, este deve ser realizado de modo sistemático e deliberado, em toda instituição de saúde pública ou privada em que houver cuidado profissional de enfermagem. O Processo de Enfermagem tem como propósito, para o cuidado, oferecer uma estrutura na qual as necessidades individualizadas da pessoa (indivíduo, família, grupos, comunidades), possam ser satisfeitas. Para tanto, deve ser: • Intencional: voltado para uma meta a ser alcançada. • Sistemático: utilizando uma abordagem organizada em fases para atingir o seu propósito. Promove a qualidade do cuidado, pois evita os problemas associados somente à intuição, ou à produção de cuidados rotineiros.• Dinâmico: envolvendo mudanças contínuas, de acordo com o estado da pessoa, identificadas na relação enfermeiro-pessoa; é um processo ininterrupto. • Interativo: baseando-se nas relações recíprocas que se dão entre enfermeiro-pessoa, enfermeiro-família, enfermeiro-demais profissionais que prestam o cuidado como médico, fisioterapeuta, assistente social, psicólogo, dentre outros. • Flexível: pode ser aplicado em dois contextos: em qualquer local e prestação do cuidado e para qualquer especialidade; suas fases podem ser usadas de modo sequencial ou concomitante, por exemplo, ao mesmo tempo em que o enfermeiro implementa o plano de cuidado (oferece o cuidado), ele pode estar reavaliando a pessoa e realizando novos diagnósticos. • Baseado em teoria(s): isto é, teorias ou modelos teóricos da área de enfermagem e de outras áreas, como medicina, psicologia, sociologia, antropologia, devem sustentar a operacionalização do Processo de Enfermagem. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) ETAPAS à Coleta de Dados ou Investigação A coleta de dados, embora descrita como a primeira etapa do Processo de Enfermagem, ocorre continuamente. Trata-se da etapa em que o enfermeiro obtém dados subjetivos e objetivos das pessoas de quem cuida, de forma deliberada e sistemática. A coleta de dados deliberada tem propósito e direção e está baseada: na consciência do enfermeiro sobre seu domínio profissional e no âmbito de suas responsabilidades práticas; no claro conceito das informações necessárias para que o enfermeiro cumpra seu papel; na utilização de perguntas e observações que conservem tempo e energia do enfermeiro e da pessoa. Uma abordagem sistemática significa que a coleta de dados é organizada e tem uma sequência lógica de perguntas e observações. O contexto situacional, isto é, as características interpessoais e físicas e a estruturação da coleta de dados, a natureza da informação e as competências cognitivo-perceptuais do enfermeiro influenciam esta etapa do Processo de Enfermagem. No que tange ao contexto situacional, Gordon (1993) descreve quatro tipos de coleta de dados: • Avaliação inicial: cujo propósito é avaliar o estado de saúde da pessoa, identificar problemas e estabelecer um relacionamento terapêutico. Neste caso, a questão norteadora para direcionar a avaliação é: “Existe um problema?”. • Avaliação focalizada: tem como finalidade verificar a presença ou ausência de um diagnóstico em particular. Para este tipo de avaliação, o enfermeiro deve se nortear pelas seguintes questões: “O problema está presente hoje? Se está, qual é o status do problema?”. • Avaliação de emergência: utilizada em situações em que há ameaça à vida. Neste caso, a questão que deve nortear a avaliação é: “Qual é a natureza da disfunção/do problema?”. Laísa Dinelli Schiaveto • Avaliação de acompanhamento: é realizada em determinado período após uma avaliação prévia. Para este tipo de avaliação, o enfermeiro deve ter em mente a seguinte pergunta norteadora: “Alguma mudança ocorreu ao longo do tempo? Se ocorreu, qual foi sua direção (melhora ou piora)?”. Como regra geral, a avaliação é realizada na admissão da pessoa no serviço de saúde, seja hospital, ambulatório, instituição de longa permanência, ou outros. Todavia, a depender do estado de saúde da pessoa, não é possível completar a avaliação num único momento. Por isso, é importante que os serviços de saúde estabeleçam em seus manuais e procedimentos operacionais em quanto tempo se espera que o enfermeiro complete a avaliação, considerando-se as características das pessoas atendidas, a demanda das unidades, dentre outros fatores que podem influenciar a coleta de dados. Ainda, para coletar dados, o enfermeiro necessita de um instrumento de coleta que sirva de guia e que reflita a pessoa a ser cuidada e o ambiente onde o cuidado é prestado. Independente do tipo de coleta de dados (inicial, focalizada, de emergência ou de acompanhamento), é fundamental que o enfermeiro tenha clareza do(s) modelo(s) teórico(s) que dá(dão) sustentação para essa atividade, ou seja, qual lente está utilizando para organizar sua coleta de dados e guiar seus julgamentos. à Diagnóstico de Enfermagem O diagnóstico de enfermagem pode ser definido como o julgamento clínico sobre as respostas humanas reais ou potenciais apresentadas por indivíduos, famílias e comunidades a problemas de saúde ou processos de vida. Fornece a base para a seleção de intervenções para atingir resultados pelos quais o enfermeiro é responsável. Dado que se refere às respostas humanas, é válido afirmar que os diagnósticos de enfermagem dizem respeito à maneira como indivíduos, famílias e comunidades reagem a situações ou ao significado que atribuem a determinados eventos. Esta etapa ocorre em duas fases, a de processo e a de produto. A fase de processo envolve o raciocínio diagnóstico, ou seja, um processo em que o conhecimento científico, a experiência clínica e a intuição são evocados de forma complexa (pensamento intelectual-razão). Por meio do raciocínio diagnóstico, há o desenvolvimento da habilidade cognitiva, ou seja, habilidade de raciocinar crítica e cientificamente, sobre os dados coletados, permitindo sua obtenção e interpretação, a comparação entre eles com padrões de normalidade, o seu agrupamento em padrões, que pode denominar um fenômeno. Cabe também, a busca de novos dados que estejam faltando, permitindo a inferência de um diagnóstico, ou mesmo de uma hipótese diagnóstica e, ao final deste processo, a confirmação ou não das hipóteses. A fase de produto, por sua vez, é a da denominação do diagnóstico escolhido com o seu título, sua definição, a lista dos atributos que o caracterizam e a lista dos atributos que contribuíram para o seu surgimento (fatores relacionados). à Planejamento de Enfermagem Esta etapa envolve diferentes atores como a pessoa sob os cuidados de enfermagem e os procedimentos necessários para promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da sua saúde, além do local onde o cuidado ocorrerá. A família ou pessoa significativa, a equipe de enfermagem, a equipe de saúde, os serviços disponíveis para que o cuidado aconteça, também estão inseridos neste processo de planejamento. Pode ser compreendido por meio de seus componentes, isto é, o estabelecimento de diagnósticos de enfermagem prioritários, a formulação de metas ou estabelecimento de resultados esperados e a prescrição das ações de enfermagem, que serão executadas na fase de implementação. à Implementação É a execução, pela equipe de enfermagem (enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem), das atividades prescritas na etapa de Planejamento da Assistência. Em outras palavras, é o cumprimento pela equipe de enfermagem da Prescrição de Enfermagem. Nesta etapa coloca-se o plano em ação. Também, nesta etapa, toda equipe pode e deve realizar anotações relacionadas às intervenções/atividades prescritas pelo enfermeiro sejam elas independentes, dependentes ou interdependentes. Estas anotações contribuem significantemente na reavaliação da pessoa Laísa Dinelli Schiaveto cuidada a ser realizada pelo enfermeiro (avaliação/evolução de enfermagem), e são importantes também para a reavaliação dos demais profissionais de saúde. à Avaliação É um processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas do indivíduo, da família ou da comunidade em um dado momento; para determinar se as intervenções/atividades de enfermagem alcançaram o resultado esperado, bem como a necessidade de mudanças ou adaptações, se os resultados não foram alcançados ou se novos dados foram evidenciados. É, portanto, o que se conhece como evolução de enfermagem. A avaliação pode ser de estrutura, de processo ou de resultado. A avaliação de estrutura refere-se aos recursos materiais humanos e financeiros, que garantemum mínimo de qualidade à assistência. A de processo inclui o julgamento do cuidado prestado pela equipe. E, a de resultado refere-se à satisfação da pessoa durante e após o cuidado; busca-se verificar a mudança no comportamento e no estado de saúde da pessoa a partir da assistência prestada. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA (SAEP) A Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória – SAEP pode ser realizada no pré- operatório, intraoperatório, recuperação anestésica e no pós-operatório. E, tem como objetivos: • Levantar e analisar as necessidades individuais do paciente a ser submetido ao procedimento cirúrgico; • Diminuir os riscos decorrentes desses procedimentos e promover segurança do paciente; • Esclarecer dúvidas e promover a orientação; • Prever, providenciar e controlar os recursos humanos e recursos materiais; • Promover assistência numa perspectiva multiprofissional e integral; • Implementar a assistência de enfermagem integral, individualizada, participativa; • Diminuir a ansiedade do paciente e contribuindo para sua recuperação; • Estabelecer diagnósticos de Enfermagem e planejar a assistência como um todo. As etapas previstas na Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória incluem: visita pré operatória, planejamento das intervenções, implementação da assistência, reformulação da assistência a ser planejada de acordo com os resultados obtidos, sendo necessária a realização desta sistematização em cada momento perioperatório. É necessário que o enfermeiro saiba identificar, intervir e controlar as situações de fragilidade, reforçando assim sua relação com o paciente, demonstrando ser o profissional chave para a prestação do cuidado. Neste sentido, deve-se fortalecer a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP), que se constitui como um elo essencial no que condiz ao acolhimento e efetivação de um cuidado qualificado e direcionado as reais necessidades de cada paciente, fatos que poderão minimizar a ansiedade e sentimentos angustiantes nesta fase, visto que possibilita identificar os Diagnósticos de Enfermagem e elaborar intervenções efetivas para uma assistência humanizada e individualizada. Laísa Dinelli Schiaveto ANESTESIA A anestesia implica na ausência de dor e outras sensações para a realização de cirurgias, procedimentos terapêuticos e diagnósticos. Esta é indicada tanto no período intraopertório quanto no pré e pós-operatório, e no atendimento em nível ambulatorial, nos serviços de SRPA e de UTI. O procedimento anestésico inclui a avaliação pré- anestésica, a anestesia propriamente dita, o período de recuperação da anestesia, bem como a analgesia pós- operatória. OBJETIVOS Entre os vários objetivos relacionados ao ato anestésico, três são primordiais: • Suprir a sensibilidade dolorosa do paciente durante todo o procedimento cirúrgico (mantendo ou não a sua consciência); • Promover relaxamento muscular; • Proporcionar condições ideais de atuação para os médicos-cirurgiões. ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO Apesar do enfermeiro não participar da escolha, método e fármacos utilizados no procedimento anestésico-cirúrgico, este desenvolve atividades que subsidiam o anestesiologista neste processo, como na avaliação pré-operatória com o planejamento da assistência perioperatória. A assistência de enfermagem ao paciente anestesiado no intraoperatório merece destaque, não só pela visão, provisão, controle e avaliação dos materiais e equipamentos utilizados nas anestesias geral e regional, mas, também, pela sua atuação na indução anestésica, monitorização, intubação, extubação endotraqueal e em situações de emergência. AVALIAÇÃO DO PACIENTE Para a escolha do tipo de anestesia para determinado procedimento cirúrgico, o anestesiologista geralmente leva em consideração os seguintes fatores: • Condições fisiológicas do paciente; • Presença e severidade de doenças pré-existente; • Condições mentais e psicológicas do paciente; • Recuperação pós-operatória dos diversos tipos de anestesia; • Opções de manuseio da dor no pós-operatório; • Tipo e duração do procedimento cirúrgico; • Posição do paciente durante a cirurgia; • Exigências particulares do cirurgião. TIPOS DE ANESTESIAS Quanto ao tipo, a anestesia pode ser classificada em: • Anestesia Geral: Neste tipo de anestesia são administrados fármacos através de um soro colocado numa veia da mão ou através de inalação. Estes fármacos permitem que o paciente permaneça inconsciente, imóvel e sem dor, durante todo o procedimento cirúrgico. Ainda, este tipo de anestesia está indicado para cirurgias da cabeça e do pescoço, tórax e abdómen superior. Exemplos: inalatória, intravenosa e balanceada (inalatória e venosa total); • Anestesia Regional Com este tipo de anestesia pretende-se anestesiar apenas a porção do corpo a ser intervencionada. Está indicada para cirurgias do abdómen inferior, membros Laísa Dinelli Schiaveto inferiores e membros superiores. Exemplos: peridural, raquidiana e bloqueio de plexos nervosos. • Anestesia Combinada Neste tipo de anestesia, tem-se tanto a anestesia geral quanto a anestesia regional. • Anestesia Local A anestesia local é o procedimento anestésico mais comum, sendo usado para bloquear a dor em pequenas regiões do corpo, habitualmente na pele. Ao contrário das anestesias geral e regional, que devem ser administradas por um anestesiologista, a anestesia local é usada por quase todas as especialidades. A anestesia local é habitualmente feita com a injeção de lidocaína na pele e nos tecidos subcutâneos. Ela serve para bloquear a dor em uma variedade de procedimentos médicos, como biópsias, punções de veias profundas, suturas da pele, punção lombar, punção de líquido ascítico ou de derrame pleural. Também pode ser feita através de gel ou spray, como nos casos das endoscopias digestivas, onde o médico aplica um spray com anestésico local na faringe de modo a diminuir o incômodo pela passagem do endoscópio. Esta anestesia local funciona bloqueando os receptores para dor na pele e os nervos mais superficiais, impedindo que os mesmos consigam enviar sinais doloroso para o cérebro. Laísa Dinelli Schiaveto POSICIONAMENTO CIRÚRGICO A posição cirúrgica é aquela na qual o paciente é colocado, depois de anestesiado, para que este possa ser submetido ao procedimento cirúrgico. Ou seja, o modo como o paciente está acomodado na mesa de operações durante a cirurgia. O objetivo principal é promover uma ótima exposição do sítio cirúrgico, equilibrada com a prevenção de complicações. Para a realização eficaz do posicionamento, é essencial um trabalho em equipe e a utilização de dispositivos e equipamentos de posicionamento específicos. Ainda, a responsabilidade deste posicionamento é da equipe multiprofissional, especificamente, da enfermagem, anestesiologista e cirurgião. A posição adequada gera um procedimento cirúrgico bem sucedido. E, tudo isso acarreta na segurança do paciente. Ao se colocar o paciente em posição, deve- se levar em conta os seguintes critérios: • Facilidade dos movimentos respiratórios; • Não comprimir terminações nervosas ou vasos sanguíneos, para isso deve-se proteger com panos ou faixas qualquer parte do corpo que exija restrições, que devem ser relativamente confortáveis; • Não deixar os membros do cliente pendentes na mesa operatória; • Evitar, sempre que possíveis distensões musculares em qualquer parte do corpo. TIPOS DE POSIÇÕES à Posição Supina ou Decúbito Dorsal É a posição usual para indução da anestesia geral e para acesso a cavidade abdominal. O paciente fica deitado sobre o dorso, com os braçosem posição e as pernas levemente afastadas, o corpo deve estar bem alinhado, e os pés não cruzados. É a posição mais anatômica para o paciente e que permite melhores condições de trabalho para o anestesista. Algumas vezes, nas operações abdominais na porção supramesocólico, um coxim inflável ou feito com panos de campo, que é colocado transversalmente no dorso do doente, na altura do apêndice xifoide. Embora propicie ajuda inestimável ao cirurgião, não se deve exagera em sua altura, pois pode ocasionar em dores lombares no pós- operatório, sobretudo em pacientes idosos com rigidez da coluna vertebral. à Posição de Trendelenburg São geralmente usadas para cirurgia do abdome inferior (permite que a gravidade ajude a mante as alças intestinais na parte superior da cavidade abdominal) e em algumas cirurgias nos membros inferiores ajudando na hemostasia. O paciente é colocado em posição supina e toda a mesa de operação é levemente inclinada para que a cabeça do paciente fique mais baixo que seus pés em alguns graus. Esta posição as vezes pode interferir na respiração porque o peso adicional dos órgãos internos comprime o diafragma, o que pode ocasionar em dificuldades respiratórias. à Posição de Trendelenburg Reversa ou Proclive Esta posição é geralmente usada para a cirurgias da cavidade abdominal superior e da cabeça e pescoço, permite uma exposição operatória melhor porque a gravidade mantem as alças intestinais na parte inferior do abdome. Também, como a cabeça elevada levemente, a hemostasia se torna mais fácil nas operações deste sangramento. OBS: Quando for usada para cirurgia de pescoço e face, o dorso da mesa deve ser elevado e um coxim roliço pesado sob os ombros do paciente para hiperestender Laísa Dinelli Schiaveto o pescoço, apenas o suficiente para facilitar o ato cirúrgico. O paciente é colocado em supina e toda a mesa é inclinada para que a cabeça fique mais alta que os pés, eventualmente um apoio para os pés pode ser usado se a inclinação da mesa for muito grande. à Posição Lateral A posição lateral, geralmente é utilizada nas operações nos rins, pulmões ou quadril. O paciente a indução da anestesia na posição supina e é cuidadosamente virado para a posição lateral após o anestesista dar permissão. Posicionadores como coxins podem ser usados paramante o paciente lateralizado. Em alguns casos, uma fita longa de 5 a 10cm de esparadrapo é passada pelo quadrile pelo ombropara imobiliza-lo com segurança na mesa operatória, a perna interior é flexionada e a levemente flexionada, separadas por um travesseiro que previne compressões vasculares e nervosas entre ambas. Nas operações sobre o tórax, o braço inferior é colocado em uma braçadeira e o superior colocado em outra braçadeira em arco por sobre a cabeça, que permite que ele seja elevado pra cima e pra fora, abrindo a axila e facilitando a exposição do grandeado costal, tanto o braço como a braçadeira devem ser protegido com uma faixa de pano para evitar contato da pele com o metal e prevenir de eventuais queimaduras causadas pelo bisturi elétrico. O anestesista coloca um travesseiro sob a cabeça do paciente para que o pescoço fique alinhado com o corpo. Variantes são obtidas com os auxílios dos coxins, que fletem lateralmente o tronco em alturas variáveis, dependendo do órgão a operar (pulmão ou rim). à Posição de Fowler A posição de Fowler ou posição sentada, é usada na maioria das vezes para cirurgias neurocirurgias, mamoplastias e abdominoplastias. O paciente deve ser cuidadosamente posicionado sobre as dobras da mesa, o dorso fica elevado e um suporte para os pés deve ser colocado. à Decúbito Ventral ou Posição de Prona Usadas em pacientes que serão submetidos a cirurgia na parte posterior do corpo. A indução da anestesia geral é feita na posição de supina, após o anestesista autorizar, o paciente pode ser mobilizado cuidadosamente pela equipe. Laísa Dinelli Schiaveto São colocados dois coxins debaixo das axilas e aos lados do tórax, que permitem melhor expansão pulmonar e diminuem a pressão na mamas das pacientes femininas, os braços são colocados em braçadeiras bem almofadadas, estendidos para fora e com as palmas voltadas para baixo, a cabeça do paciente deve repousar sobre um travesseiro, virada para um lado, para mantes o pescoço e a coluna vertebral no mesmo nível, os pés são elevados pelo tornozelo sobre um travesseiro para prevenir que o peso das pernas exerça grande pressão na ponta dos dedos. Essa posição tem a grande desvantagem de dificultar os movimentos respiratórios e deve ser usada com cuidado em pacientes pneumopatas. Podemos usar essa posição em cirurgias como coluna lombar, tumor cerebral (dependendo da localização do tumor), entre outras na parte posterior. à Posição de Kraske, Depage, Canivete Semi Aberto Usada em cirurgias proctológicas, o paciente é colocado inicialmente em decúbito ventral, com posterior em angulação da mesa ou com a ajuda de coxins transversal sob o baixo ventre apoiado nas cristas ilíacas, elevando as nádegas pela flexão do tronco sobre as costas, lembrando um “V” invertido, os coxins subaxilares facilitam a respiração, faixas e esparadrapo colocadas de cada lado das nádegas é presa à mesa cirúrgica abrindo o sulco Inter glúteo e expondo o períneo posterior. Esta posição pode trazer as mesmas dificuldades respiratórias que a anterior, além disso, se o coxim abdominal for colocado muito alto, pode comprimir a veia cava com diminuição do retorno venoso ou provocar vômitos pela compressão das vísceras abdominais. à Posição de Litotomia ou Ginecológica É usada em cirurgias que requerem uma abordagem perineal ou anal. O paciente deve ser colocado em posição supina após a indução anestésica, com as nádegas próximas a dobra inferior da mesa de operações, após o anestesista permitir duas pessoas (cada uma movendo uma perna) dobram-nas e colocam as panturrilhas utensílios com o nome de perneira, que devem ser protegidas com pano para que o paciente não tenha contatos com metal, ambos as perneiras devem ser colocadas na mesma altura e no mesmo ângulo de afastamento, em seguida, o segmento inferior da mesa é retirado ou abaixado em ângulo reto, ficando exposto a região perineal, as mãos do paciente são colocados em braçadeiras laterais. PONTO IMPORTANTE Esta variabilidade das posições é obtida pelo manuseio adequado da mesa operatória, o conhecimento de suas alavancas, manivelas, controle com funções, pela equipe cirúrgica é de máxima importância para que tais manobras sejam executadas prontamente á solicitação do cirurgião, sem erros que possam dificultar o ritmo normal do ato cirúrgico. Laísa Dinelli Schiaveto ESCALA ELPO A escala ELPO é uma escala de avaliação de risco para o desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico do paciente. A implantação desta é uma estratégia eficaz para implementação de ações que auxiliem e direcionem o profissional na redução dos riscos de lesões decorrentes da posição cirúrgica. A ELPO contém sete itens: tipo de posição cirúrgica, tempo de cirurgia, tipo de anestesia, superfície de suporte, posição dos membros, comorbidades e idade do paciente, e cada um desses tópicos apresentam cinco subitens, com escore de 1 a 5, para mensurar menor e maior risco. A ELPO avalia o risco de UPP, complicações tegumentares e de dor não relacionada à incisão cirúrgica. Laísa Dinelli Schiaveto SEGURANÇA DO PACIENTE E CIRURGIA SEGURA Proteger os pacientes contra lesão é um dos principais papeis da enfermagem no período perioperatório. O trabalho da equipe, também, é fundamental para melhorar a segurança da cirurgia e salvar vidas, pois para que ocorra todo e qualquerprocedimento cirúrgico, é necessário garantir o monitoramento do paciente e a qualidade contínua de assistência. É valido destacar que, existe um protocolo que envolve medidas a serem adotadas para a redução do risco de eventos adversos que podem acontecer antes, durante e após as cirurgias. Isso porque, embora os procedimentos cirúrgicos tenham a intenção de salvar vidas, a falha de segurança nos processos de assistência cirúrgica pode causar danos consideráveis. Em países industrializados, complicações importantes são relatadas em 3-16% dos procedimentos cirúrgicos em pacientes internados, com taxas de incapacidade permanente ou morte em aproximadamente 0,4- 0,8%. Em países em desenvolvimento, os estudos sugerem uma taxa de mortalidade de 5-10% durante cirurgias mais extensas. Infecções e outras morbidades pós- operatórias também são uma séria preocupação por todo mundo. No mínimo sete milhões de pacientes cirúrgicos são prejudicados por complicações cirúrgicas a cada ano, incluindo pelo menos um milhão de pacientes que morrem durante ou imediatamente após um procedimento. Objetivos Essenciais para a Segurança Cirúrgica • A equipe operará o paciente certo e o sítio cirúrgico certo; • A equipe usará métodos conhecidos para impedir danos na administração de anestésicos, enquanto protege o paciente da dor; • A equipe reconhecerá e estará efetivamente preparada para perda de via aérea ou de função respiratória que ameacem a vida; • A equipe reconhecerá e estará efetivamente preparada para o risco de grandes perdas sanguíneas; • A equipe evitará a indução de reação adversa a drogas ou reação alérgica sabidamente de risco ao paciente; • A equipe usará de maneira sistemática, métodos conhecidos para minimizar o risco de infecção do sítio cirúrgico; • A equipe impedirá a retenção inadvertida de compressas ou instrumentos nas feridas cirúrgicas; • A equipe manterá seguros e identificará precisamente todos os espécimes cirúrgicos; • A equipe se comunicará efetivamente e trocará informações críticas para a condução segura da operação; • Os hospitais e os sistemas de saúde pública estabelecerão vigilância de rotina sobre a capacidade, volume e resultados cirúrgicos. Check List – Cirurgia Segura Laísa Dinelli Schiaveto
Compartilhar