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Quais as diferenças na apresentação clínica de um paciente com Poliomielite e Síndrome de Guillain-Barré? A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, causada pelo poliovírus, é uma doença viral altamente infecciosa, que afeta principalmente crianças. O vírus da pólio penetra no organismo por contato direto pessoa a pessoa, por via fecal-oral através de objetos ou alimentos contaminados ou através de gotículas de secreção da orofaringe. Devido ao neurotropismo viral, as lesões ocorrem preferencialmente na substância cinzenta dos cornos anteriores da medula com degeneração dos corpos neuronais, desmielinização e degeneração dos axônios. Todavia, a maioria das infecções pelo poliovírus em crianças suscetíveis são assintomáticas ou apresentam sintomas sistêmicos leves, característicos de uma síndrome gripal e/ou entérica, correspondendo ao estágio de viremia. Os sintomas são inespecíficos com febre baixa, mal-estar, tosse, coriza, cefaleia e faringite, com regressão espontânea em poucos dias. Depois dessa fase inicial benigna, uma parcela dos pacientes pode manifestar sintomas como uma síndrome meníngea (forma meníngea ou não paralítica) ou plégica (forma paralítica) A forma meníngea asséptica inicialmente se apresenta com sintomas inespecíficos e posterior surgimento de sinais de irritação meníngea. A forma paralítica se inicia com sintomas inespecíficos seguida por um período sem sintomas de um a três dias. Subitamente, o paciente evolui com paralisia flácida assimétrica com arreflexia do membro envolvido. Há uma instalação súbita de deficiência motora, acompanhada de febre. Pode acometer qualquer grupo muscular, mas é mais comum nos membros inferiores. A sensibilidade geralmente está preservada. A poliomielite bulbar, que é caracterizada pela injúria dos nervos cranianos com paralisia do diafragma e ou músculos intercostais, leva o paciente a dependência de ventilação respiratória assistida. O líquido cefalorraquidiano (LCR) é característico de meningite viral, com pleocitose leve e predominância linfocítica. Já a Síndrome de Guillain-Barré (SBG) é uma polirradiculoneuropatia inflamatória monofásica de caráter autoimune, caracterizada por rápida evolução ascendente de fraqueza nos membros, quase sempre simétrica, com hiporreflexia ou arreflexia e dissociação celuloproteica no LCR. Tal condição pode evoluir para um quadro severo em até quatro semanas, com o desenvolvimento de insuficiência respiratória em 25% dos casos. Dessa parcela, a maioria alcança a completa recuperação. Porém, podem ocorrer sequelas graves e óbitos em até 20 e 5% dos casos. A SGB é uma polineuropatia periférica, caracterizada pelo início agudo de fraqueza bilateral e simétrica dos membros com reflexos miotáticos diminuídos ou ausentes. A doença é progressiva e atinge seu ápice entre 12 horas e 28 dias, seguido por platô e melhora subsequente nos sobreviventes. Após a eliminação da poliomielite, a SBG tornou-se a maior causa de paralisia flácida no mundo. Frequentemente, essa patologia é precedida por infecções por microrganismos como Campylobacter jejuni, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr (EBV), Mycoplasma pneumoniae, Haemophilus influenzae, vírus da influenza A, hepatite B e E, e vírus HIV. Atualmente, também há registros de casos de SGB associados a infecções pelos vírus da dengue, chikungunya e Zika. Sintomas Poliomielite Sintomas Guillian-Barré Febre, dor de garganta Alterações na pressão arterial Náuseas; vômitos Desmaios, vertigem Constipação Taquicardia Dor abdominal Dores nos membros inferiores, quadril e costas Diarreia Incontinência urinária e fecal Perda da força muscular em um dos membros Perda da força muscular que geralmente começa nos membros inferiores, mas depois ascende para os superiores e também para os músculos da face e da boca Insuficiência respiratória Insuficiência respiratória REFERÊNCIAS SILVEIRA, Bárbara et.al. Atualização em poliomielite. Rev Med Minas Gerais, v. 29, n. Supl 13, p. S74-S79, 2019. VERANI, José Fernando de Souza. Poliomielite no Brasil: do reconhecimento da doença ao fim da transmissão. 2020. MALTA, Juliane Maria Alves Siqueira et al. Síndrome de Guillain-Barré e outras manifestações neurológicas possivelmente relacionadas à infecção pelo vírus Zika em municípios da Bahia, 2015. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 26, p. 9-18, 2017. NÓBREGA, Martha Elizabeth Brasil da et al. Surto de síndrome de Guillain-Barré possivelmente relacionado à infecção prévia pelo vírus Zika, Região Metropolitana do Recife, Pernambuco, Brasil, 2015. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 27, p. e2017039, 2018. MALTA, Juliane Maria Alves Siqueira; RAMALHO, Walter Massa. Aumento das internações por síndrome de Guillain-Barré no Brasil: estudo ecológico. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, 2020.
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