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• : O glomérulo consiste em um arranjo de alças capilares sustentado por células mesangiais e por uma matriz mesangial. A barreira de filtração é composta por 3 camadas: - A camada de células endoteliais fenestradas, que reveste as alças capilares; - A membrana basal glomerular (MBG); - A camada de células epiteliais glomerulares viscerais, frequentemente denominadas podócitos. O glomérulo é afetado por uma ampla variedade de processos patológicos. Alguns são agudos e autolimitados, enquanto outros levam a perda progressiva da função renal. As doenças glomerulares são responsáveis por mais de 50% dos casos de doença renal crônica. • : - As doenças glomerulares podem ser hereditárias (p.ex defeitos do colágeno da MBG observados na síndrome de Alport – insuficiência renal associada a surdez - e proteínas podócitos associadas – síndrome nefrótica congênita); - Imunomediadas ou causadas por estresse metabólico (p.ex.: diabetes, síndrome metabólica). A lesão mediada por anticorpos constitui o mecanismo mais comum e mais bem descrito de glomerulonefrite; - Hemodinâmico (p.ex.: hipertensão intraglomerular subsequente a diminuição da massa renal). • : - Síndrome Nefrítica: hematúria + edema + hipertensão ( tem também a oliguria e a proteinúria, por causa da lesão): GNDA; GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA; NEFROPATIA POR IGA; GLOMERULONEFRITE COM CRESCENTES; - GNRP – glomerulonefrite rapidamente progressiva: urgência – disfunção renal (tem um curso atípico - parece nefrítica, mas tem um componente nefrótico); - Síndrome Nefrótica: edema + proteinúria maciça + microalbuminemia (mais hiperlipidemia); - Doenças glomerulares trombóticas: mais raras MAT – microangiopatia trombótica; VASCULITES; 1- Conjunto de sinais e sintomas de início abrupto que consiste na tríade: - Edema; - HAS; - Hematúria; E alguns outros: - Proteinúria leve (< 3,5g\kg); - Com ou sem redução da filtração glomerular. Patogenia: - Deposição de imunocomplexos circulantes; - Formação de imunocomplexos in situ na MBG – dificulta a circulação de sangue nos capilares; - Reação cruzada de Ac contra Ag estreptocócico que atacam estruturas da NBG. OBS: não é só o Streptococcus. → GNDA Glomerulonefrite relacionada a infecção (mais comum pelo Streptococcus beta hemolítico do grupo A – amigdalite); - Mecanismo: efeito direto do agente bacteriano no tecido renal – formação de imunocomplexos Ac\Ag que vai lá no mesangio e provoca a inflamação e dificulta a filtração glomerular; - Agentes: bactérias, vírus e parasitas; - Intervalo entre a streptococcia e GN: 7 a 14 dias: faringite 6 semanas: impetigo - Achados laboratoriais: EAS: hematúria, cilindros hemáticos (exame dimorfismo eritrocitário – forma normal origem baixa; deformada passou pelo glomérulo), leucocitúria, proteinúria leve; Diminuição da TFG – compressão dos vasos; Hiponatremia – diluição aumentada, líquido fica dentro dos vasos; Hipopotassemia, acidose metabólica – só se a TFG estiver muito baixa; Diminuição do completo C3, C4, CH 50 – doença de mecanismo imunológico, então há o consumo; ASLO - que vai mostrar o contato prévio com o Streptococcus. Aumentado (se for por faringite). → GNMP – glomerulonefrite membranoproliferativa É uma forma crônica e progressiva da GN, atinge crianças e adultos jovens. - Mecanismo: Ocorre uma lesão glomerular que afeta o mesangio – estrutura aos capilares, alças capilares e endotélio. - Clínica: - Associação com IVAS; - Manifestação nefrítica e nefrótica; - Hipocomplementemia em 50% dos casos; - Má resposta ao tratamento; - Evolução para IRC em 50% casos. → NEFRITE POR IgA Forma de GN mesangial com depósito de imunocomplexos de IgA. Tem relação temporal com IVAS e GECA (estímulo imunológico). - Se manifesta clinicamente pela tríade da síndrome nefrítica; - Seu diagnostico se dá mediante biopsia – faz imunofluorescência; - A nefropatia por IgA geralmente evolui lentamente, a insuficiência renal e a hipertensão desenvolvem-se dentro de 10 anos em 15 – 20% dos casos – não se descobriu ainda um tratamento eficaz. - Pacientes normotensos com função renal intacta (creatinina sérica < 1,2mg/dl) e apenas proteinúria discreta (< 0,5g/dia) geralmente são tratados com nada além de inibidores de angiotensina (IECA ou bloqueadores dos receptores da angiotensina II – vasoconstrição diminui o edema e a hipertensão) e ácidos graxos ômega 3 (óleo de peixe); - Reservar os corticoides para pacientes com agravamento da função renal ou proteinúria (>1g/dia) apesar do tratamento máximo com inibidor de ACE ou bloqueador de angiotensina II; - Tratar os pacientes com lesão proliferativa ou GN rapidamente progressiva com corticoides e ciclofosfamida – já vai ter biopsiado o paciente. 2- – É a GN que cursa com disfunção renal progressiva, consiste em uma emergência nefrológica. - A lesão glomerular cursa com crescentes – lesão que forma uma semi-lua na parede do capilar/proliferação de células – mal prognostico – fibrose importante; - Exige tratamento precoce; - Após identificar o rápido compromisso da função renal com um exame de creatinina, ureia, albumina e hemácias no sangue e urina é recomendado: USG dos rins - ver se os rins estão aumentados (processo agudo) / se diminuídos (processo antigo); Biopsia renal – ver se há padrão de ‘’lua crescente’’ nos glomérulos (visível em até 75% dos casos); Autoanticorpos (ANA, ANCA e Anti-GBM) OBS: no SUS não é fácil o acesso a biopsia, por isso que na maioria dos casos se inicia um tratamento empírico (quando se tem os outros achados / componente nefrítico- HAS e alteração dos exames- função renal) – pulsoterapia com metilprednisolona – evitar uma progressão para insuficiência renal; 3- Síndrome clínica caracterizada pela tríade: - Edema / anasarca; - Hipoalbuminemia; - Proteinúria maciça (>3,5g/kg). E pode ter: - Hiperlipidemia Mecanismo: lesão nos podócitos que são as células que revestem a MBG Tipos histológicos em crianças: - Lesões mínimas (80-85%), quase não vai encontrar lesão nenhuma; - GESF (10-15%) – glomeruloesclerose segmentar focal – não tem muita resposta ao tratamento; - Nefropatia Membranosa (4%) – intermediaria quanto a resposta terapêutica; - Outras glomerulopatias: mesangioproliferativa, nefrite lúpica, nefropatia por IgA. Nesse espaço entre as células podócitos – que ocorre alteração das cargas – permitindo a passagem de grandes proteínas/ albumina (que normalmente não passa) – levando a síndrome nefrótica. OBS: a maior diferença entre a síndrome nefrítica e a nefrótica é o intravascular. Na Sind. Nefrítica está congesto e na Sind. Nefrótica está depletado. OBS: Classificação segundo etiologia: - Glomerulopatias Primárias (atingiu diretamente os rins): LHM; GESF; glomerulonefrite membranosa idiopática; glomerulonefrite mesangiocapilar; - Glomerulopatias Secundárias (outras doenças que secundariamente afetam os rins): DM; LES; amiloidose; artrite reumatoide e doença mista do tecido conjuntivo; neoplasias; diversas drogas; infecções (bacterianas, virais, protozoários); alergia, imunizações e venenos; diversos: gravidez, sarcoidose, rejeição crônica – rejeição do transplante. • Quadro Clínico - Edema: principal manifestação clínica da síndrome nefrótica; - Hipovolemia: pode apresentar sintomas inespecíficos em crianças pequenas, com dor abdominal e náuseas por vasoconstrição, taquicardia e extremidades frias. A pressão arterial geralmente é normal ou um pouco elevada pela vasoconstrição sistêmica. A hipotensão geralmente está presente quando a hipovolemia é grave, necessitando reanimação fluídica; - Infecções: pode ser viral, acometendo principalmente asvias aéreas superiores. O Streptococcus pneumoniae é o agente mais frequente das infecções em nefróticos, como a peritonite bacteriana espontânea, celulites e septicemia; - Fenômenos tromboembólicos: a síndrome nefrótica aumenta o risco de trombose, por perda urinária de proteínas reguladoras da coagulação; - Oligúria e insuficiência renal aguda: é secundaria a hipovolemia. • Achados laboratoriais: - Proteinúria: na faixa nefrótica >50mg/kg/dia ou 40mg/m2/h - normalmente medida em coleta de urina de 24hrs, mas pode-se realizar coleta com duração mais curta e então calcula-se a relação proteína/creatinina na urina (VR 0,2 mg/mg; faixa nefrótica > 0,4mg/mg); - Hipoalbuminemia: < 2,5g/dl; - Hiperlipidemia: elevação de LDL e VLDL, HDL normal ou diminuído; - Hipertrigliceridemia; - Função renal: normais, podendo ter alterações transitórias devido a diminuição da perfusão renal (decorrente da diminuição de volume circulante efetivo). Alteração constante sugere lesão mais grave do que DLM; - Exame qualitativo de urina: proteinúria (+++). Comumente encontra-se cilindros hialinos e granulares e partículas de gordura. Hematúria microscópica pode estar presente em 25% dos pacientes. • Exames de diferenciação entre as síndromes: - Hemograma; - Ureia; - Creatinina; - Colesterol total e frações; - Triglicerídeos; - Eletrólitos (fosforo é importante); - Albumina; - Urina rotina; - Urocultura (suspeita de outro foco que não seja respiratório); - Albumina sérica; - Proteinúria 24 horas ou relação proteína/creatinina em amostras de urina isolada (para crianças sem controle esfincteriano); - Dosagem de frações do complemento (C3, C4 e CH50) – forte indício de ser síndrome nefrítica; - Pesquisa de dimorfismo eritrocitário na urina; - Antiestreptolisina O (ASLO) e/ou Anti-DNAse (ambos elevados após quadro de faringite; após piodermite somente anti-DNAse está aumentada); - Cultura de pele ou faringe (25% dos casos positivos) para comparação de infecção estreptocócica e sorologias para doenças como HIV, hepatite B, hepatite C, dentre outros, dependendo do risco epidemiológico local. - Complementos que vai me guiar. • Tratamento *Medidas Gerais: - Edema: dieta com restrição de sal, evitar restrição hídrica; Diuréticos: o uso de diuréticos deve ser pensado, devido a possibilidade de depleção importante do volume intravascular, o qual pode já estar comprometido, levando a insuficiência renal aguda e aumentando o risco de trombose. Devem ser utilizados somente em caso de edema severo sem sinais de hipovolemia (taquicardia, sinais de má perfusão periférica). Utiliza-se preferencialmente furosemida (1-2mg/kg/dose), em combinação com solução hipossódica de albumina (0,5-1g/kg), infundidos em 4hrs. Esta terapia deve ser reservada para pacientes com anasarca, que tenham sintomas respiratórios devido ascite e/ou derrame pleural ou edema escrotal importante; - Dislipidemia: dieta hipolipemiante até a remissão completa da doença; *Tratamento Específico: - Terapia da primeira manifestação de SN: Prednisona 2mg/kg/dia (dose máxima diária 60mg), durante 4 a 6 semanas, seguidas por dias alternados de prednisona, 1,5mg/kg/dia (dose máxima diária 40mg/dia), em 2 a 5 meses, com diminuição progressiva da dosagem; - Recidiva frequente ou cortiço-dependente: Prednisona 2mg/kg/dia até exames de urina não evidenciarem presença de proteína por 3 dias consecutivos, seguida por dias alternados de prednisona por no mínimo 3 meses. A dose a ser mantida durante os dias alternados deve ser a menos possível para evitar a recidiva, evitando-se efeitos colaterais do corticoide. Outros agentes que não corticoides, podem ser utilizados no tratamento de pacientes cortiço- dependentes, que desenvolvem toxicidade ao medicamento. Dentre eles citamos agentes alquilantes (ciclofosfamida ou clorambucil), inibidores da calcineurina (ciclosporina ou tacrolimus), levamisol, micofenolato, rituximab. - O laboratório não é a referência e sim a clínica do paciente. OBS: Indicação de albumina (hipovolemia importante, disfunção renal e derrames cavitários); Quando encaminhar ao nefrologista: características atípicas: - Hematúria microscópica: urina cor de coca cola; - Hematúria macro: urina vermelha
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