Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Regime jurídico administrativo (Celso Antônio Bandeira de Melo denomina de “Pedras de Toque”) Regime jurídico administrativo consiste no conjunto de princípios e normas que estruturam o direito administrativo, sendo aplicado aos órgãos, agentes e entidades que compõem a administração pública. Os princípios que estruturam tal regime estabelecem prerrogativas e limitações ao Estado, tratando-se de supra princípios ou princípios centrais que norteiam a atuação da administração: supremacia do interesse público sobre o privado e indisponibilidade do interesse público: A) A supremacia do interesse público sobre o privado cria a verticalidade nas relações administração-particular, vez que o estado muitas vezes pode dispor de poderes não cogitados para os particulares. Para esse princípio, havendo conflito entre o interesse público e o interesse privado, aquele deve prevalecer. Toda via, deve-se respeitar os direitos e garantias fundamentais e suas ações devem observar a legalidade e o devido processo legal. B) Indisponibilidade do interesse público: Nesse caso, a administração deve sofrer restrições em sua atuação (O que não ocorre com os particulares), Isso pq a administração não é proprietária da coisa pública, não é titular do interesse público, mas sim o povo, de modo que sendo a disponibilidade característica da propriedade, não pode a administração dispor dos interesses como entender necessário. A administração pública deve atuar quando a lei autorizar ou determinar. Observação: O STF entendeu ser possível atenuar o princípio da indisponibilidade do interesse público em algumas situações específicas. Como, por exemplo, em casos de, acordos ou trasações, desde que observe se é a melhor maneira de alcançar o interresse coletivo e se não onerar o Estado. Princípios administrativos constitucionais expressos (Artigo 37 da constituição federal - LIMPE) Inicialmente, deve-se frisar que não há hierarquia entre os princípios administrativos, de modo que nenhum princípio prevalece frente ao outro. Havendo conflito entre os dois princípios, haverá uma ponderação dos interesses envolvidos naquele caso concreto. A) Legalidade - A imposição de comportamentos unilaterais pelo poder público somente será possível se tiver respaldo em lei, sendo o princípio da legalidade uma proteção para o direito dos administrados e uma limitação para o poder público. De acordo com esse princípio a administração pública só pode fazer aquilo que a lei expressamente permitir, devendo agir em conformidade com o ordenamento jurídico e com todos os instrumentos nele existentes. Destaca-se que, na legalidade, para o direito privado, onde as relações são travadas por particulares que visam seus próprios interesses, podendo fazer tudo aquilo que a lei não proibir, estabelece-se que não contradição a lei. Por outro lado, para o direito público, onde a administração somente pode fazer aquilo que a lei autoriza ou determina, estabelece-se uma relação de subordinação a lei. Observação: Frisa-se que a legalidade não elimina a existência de atos discricionários. B) Impessoalidade - O poder público tem que manter uma posição neutra em relação aos administrados, não podendo atuar com fim de beneficiar ou prejudicar o particular. O administrador deve agir em busca do interesse público, em conformidade com a lei. Isso não quer dizer que deve-se conferir tratamento igual para todos, mas sim tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual (Isonomia) sendo possível as discriminações impessoais, decorrentes do objeto. Todos os atos praticados pelos agentes públicos assumem caráter de impessoalidade, devendo afastar-se das finalidades particulares. A atuação do agente público deve basear-se na ausência de subjetividade, para Celso Antônio “O princípio da impessoalidade traduz a ideia de que a administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou maléficas, nem favoritismo nem perseguições são toleráveis”. Quando o agente pratica o ato, não é o servidor público que está atuando, mas sim, o Estado por meio desse agente. Fala-se da teoria da imputação volitiva, segundo qual a vontade do agente público é imputada ao Estado. Em decorrência desse princípio é da mencionada teoria, é vedada a realização de promoção pessoal nas medidas implementadas pela administração pública (A publicidade do ato deve respeitar o caráter informativo e educativo) Observação: O STJ reconhece a possibilidade de homenagear servidores e autoridades que não estão mais em atividades. Observação: Com base nesse princípio, não se admite na administração pública a prática de nepotismo (Sumam a vinculante número 13), ainda que cruzado, pois implicaria o uso da máquina pública para favorecimento pessoal do agente público (A nomeação para o exercícios de cargos políticos, onde o agente tem condição técnica para tal não caracteriza nepotismo. C) Moralidade - Tal princípio referente a moralidade jurídica, ética, lealdade, por afeto e conduta, honestidade e probidade no trato com a coisa pública. Não se trata de uma moral subjetiva, mas sim de uma moralidade objetiva, da moralidade jurídica. A imoralidade surge como uma forma de ilegalidade, sujeita a apreciação pelo poder judiciário. As hipóteses que tipificam os atos administrativos imorais foram impressas na lei 8429/82 que dividem os atos de improbidade administrativa. D) Publicidade - É o dever imposto a administração para manter a plena transparência de todos os atos administrativos, de modo que tudo que acontece na esfera administrativa deve ser publicizado. Essa obrigação possibilita a realização do controle e o conhecimento por parte da sociedade dos atos administrativos, sendo funções da publicidade: - Exteriorização da vontade da administração; - Requisito de eficácia do ato administrativo; - Tornar exigível o conteúdo da medida administrativa e possibilitar o controle social dos atos administrativos. São exceções ao princípio da publicidade: Proteção da intimidade, honra, vida privada, relevante interesse coletivo e proteção da segurança nacional. Frisa-se que publicidade não é o mesmo que publicação do ato, esta é uma das formas de dar publicidade ao ato, porém, não é o único meio utilizado. A publicidade de atos individuais pode se dar através de simples comunicação ao interessado; A publicidade de atos gerais ou individuais com efeitos coletivos, em regra, será através de publicação no diário oficial. E) Eficiência - Tal princípio foi introduzido pela Emenda Constitucional 19/98 e impõe ao poder público o dever de atender aos mandamentos legais e alcançar resultados positivos com o menor gasto possível. Tem o objetivo de substituir a administração pública burocrática pela administração pública gerencial no que tange aos procedimentos administrativos adotados e a prestação de serviços para a coletividade.
Compartilhar