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Desenvolvimento do sistema cardiorespiratório Amanda Gonçalves M3/2021.1 - UFRJ - Rede de lacunas: primórdio da circulação útero-placentária - Cordão umbilical se forma no pedúnculo do embrião - Vasos extra embrionários se formam, no cordão umbilical e no saco vitelínico - Esses vasos são os que estão em contato mais próximo do sangue materno que circula entre as vilosidades coriônicas da placenta - Vasos extra embrionários se formam a partir da diferenciação do mesoderma extraembrionário - Esses vasos se formam nas vilosidades coriônicas/placentárias, na placa coriônica e no cordão umbilical e no saco vitelínico - Os vasos intra embrionários se formam a partir da diferenciação do mesoderma intra embrionário - Os vasos intra embrionários, depois de formados, se conectam aos extra embrionários pelo cordão umbilical - As células sanguíneas embrionárias surgem a partir da proliferação das células da parede dos próprios vasos sanguíneos extra e intra embrionários - O sangue primitivo inicia sua formação na 3ª semana de desenvolvimento - O coração primitivo também é chamado de tubo endocárdico único - Todos os vasos que saem do coração primitivo são vasos pares, sendo que alguns continuam como vasos pares e outros se fundem ou se degeneram, deixando apenas um único vaso (caso da aorta dorsal, que inicialmente são duas, mas elas se fundem para formar uma única) - Emergindo da aorta dorsal há pequenos segmentos de vasos chamados de artérias intersegmentares dorsais, que irrigam dorsolateralmente todo o corpo dorsal embrionário, seguindo a disposição de segmentação dos somitos - Emergindo ventralmente da aorta dorsal em direção ao saco vitelínico há a artéria vitelínica - Na região mais posterior do embrião, emergindo também da aorta dorsal e adentrando a região do cordão umbilical até a placa coriônica e as vilosidades placentárias, há as artérias umbilicais - O vasos venosos que se conectam ao tubo endocárdico: ● Cefalicamente: veia cardinal anterior ● Caudalmente: veia cardinal posterior (ela e a cardinal anterior possuem segmentos conhecidos como veias intersegmentares) ● Emergindo da placenta: veias umbilicais ● Emergindo do saco vitelínico: veia do saco vitelínico - O sangue passa pelo tubo endocárdico único, chegando pelas veias cardinal comum, umbilical e vitelínica na sua primeira câmara - Esse coração primitivo possui uma contração, e o sangue flui de forma unidirecional da região caudal para a região cefálica - Sangue é impulsionado em direção aos arcos aórticos e depois para a aorta dorsal, fluindo pelos seus ramos - Todo sangue que retorna ao coração primitivo desemboca na porção caudal desse tubo endocárdico - Então, o sangue que retorna oxigenado pela veia umbilical se mistura com o sangue venoso que retorna pela veia cardinal anterior e posterior (que desembocam na cardinal comum) e também se mistura com o sangue venoso da veia vitelínica - O tubo endocárdico único, então, possui 5 câmaras dispostas em série, atividade contrátil e fluxo unidirecional da região caudal para a cefálica FORMAÇÃO DA ÁREA CARDÍACA PRIMÁRIA - O coração primitivo é formado a partir do mesoderme que se encontra na área cardiogênica - As células migram do nó primitivo pela linha primitiva e formam duas áreas cardíacas, direita e esquerda, com células com expressão gênica diferenciada para a formação do tubo endocárdico - Essas células se alongam e formam uma meia lua cardíaca ou área cardiogênica - Esse mesoderma sofre a angiogênese (a formação do coração se inicia como se ele fosse um grande vaso) - É o mesoderma esplâncnico que possui o mesoderma cardiogênico - Pela diferenciação das células desse mesoderme, então, formam-se dois vasos de grande calibre, os tubos endocárdicos direito e esquerdo (primórdio endocárdico) - Com o dobramento transversal do embrião, esses dois tubos se fundem em um tubo endocárdico único, suspenso pelo mesocárdio - Esse tubo endocárdico único apresenta 3 porções muito distintas - As células mesodérmicas se diferenciam externamente numa porção embrionária miocárdica e uma mais interna, endocárdica. Entre os dois forma-se uma matriz conhecida como geléia cardíaca ou endocárdica - O tubo endocárdico único começa a crescer e a se curvar, o que delimita as câmaras cardíacas primitivas, que inicialmente são 5: bulbo aórtico e cardíaco, ventrículo primitivo, átrio primitivo e o seio venoso - O bulbo aórtico cardíaco origina a artéria pulmonar e à artéria aorta - O ventrículo primitivo dá origem ao ventrículo esquerdo e direito - O átrio primitivo origina os átrios esquerdo e direito - O seio venoso origina a parede do átrio direito e as veias cavas DIREÇÃO DO DOBRAMENTO E ETAPAS BIOMECÂNICAS - Coração começa a se deslocar para o lado esquerdo (processo de assimetria), e se curva em “C” e depois em “S” - Essa assimetria é orientada pelo controle molecular e expressão diferencial de genes - Além disso, a curvatura reduzida da cavidade pericárdica, a perda de parte do mesocárdio dorsal e a hemodinâmica são forças biomecânicas que auxiliam o dobramento do coração - A proteína flectin, secretada de forma assimétrica pela geléia cardíaca, também auxilia na proliferação celular diferencial PERDA DA SIMETRIA BILATERAL - Pode ser dividida em 3 fases: 1. Início do nó de Hansen: movimentos ciliares promovem fluxo unidirecional de um morfógeno à esquerda , e/ou junções GAP acumuladas à esquerda. Morfógeno desconhecido. Parece ter início no nó de Hansen 2. Expressão gênica diferencial no lado esquerdo e direito (Genes lado esquerdo: Shh, BMP, Nodal e Pitx2. Genes lado direito: Activina induz BMP4 que inibe Shh e induz fGf8 e cSnR que inibe Nodal no lado direito) 3. Morfogênese assimétrica dos órgãos - Movimentos de torção do tubo endocárdico vão se acentuando - Estruturas cefálicas vão se posicionando mais ventralmente e caudalmente (tronco arterioso, bulbo aórtico e ventrículo primitivo) - Seio venoso e átrio primitivo ascendem dorsalmente (na direção cefálica) e crescem lateralmente - O canal atrioventricular se divide em canais atrioventriculares esquerdo e direito, e essa divisão se dá pelo crescimento das paredes dorsais e ventrais do canal atrioventricular - Coxins endocárdicos: representação da proliferação da parede dorsal e ventral do canal atrioventricular - Esses coxins crescem um em direção ao outro (o encefálico em direção ao dorsal e o dorsal em direção ao encefálico) e se fundem, originando um coxim endocárdico único que divide o canal atrioventricular em esquerdo e direito - Nesse canais se formam as valvas cardíacas que comunicam o futuros átrios direito e esquerdo com os ventrículos direito e esquerdo, respectivamente - O septo primum promove a primeira divisão entre os átrios esquerdo e direito - Esse septo é uma cunha de tecido que cresce da região cefálica em direção ao coxim endocárdico - Do assoalho do ventrículo também cresce um septo em direção ao coxim endocárdico, o septo interventricular - Então, o coxim endocárdico é um ponto de referência de fixação dos septos que dividem o átrio e ventrículo comum em dois átrios e dois ventrículos - Enquanto o septo interventricular cresce, forma-se o canal ou forame interventricular, que é fechado com a adesão da borda superior do septo interventricular ao coxim endocárdico - Posteriormente a essa fusão, há a diferenciação da parede endocardial e miocardial, formam-se as trabéculas e as outras estruturas histológicas que compõem os ventrículos - A septação ventricular, então, resume-se na formação e crescimento do septo interventricular e termina com a adesão desse septo ao coxim endocárdico, dividindo o ventrículo comum em direito e esquerdo - Septação atrial: ● Mais complexa, pois o sangue oxigenado embrionário chega no átrio direito e tem que passar rapidamente para o esquerdo ● Se o sangue for do átrio para o ventrículo (o que também acontece pois ainda não há uma separação entre os dois, ele vai encontrar grande resistência ● No pulmão, esse sangue também encontra granderesistência pois ainda não há um leito capilar formado (pulmão ainda sem função respiratória) ● O sangue deve ir rapidamente para a placenta para ser oxigenado (pois o sangue oxigenado já chega e se mistura com o sangue advindo da veia cardinal comum no átrio direito, tornando-se parcialmente oxigenado e tendo que tornar rapidamente para a placenta) ● O fluxo sanguíneo ocorre do átrio direito para o esquerdo, e do esquerdo para o ventrículo esquerdo, e do ventrículo para a aorta (fluxo da direita para a esquerda, pois não há nada que fazer no ventrículo direito, já que o pulmão ainda não funciona) ● Esse fluxo acontece entre todo o período embrionário e fetal ● Quando ocorre o nascimento, esse fluxo deve rapidamente deixar de existir ● Forma-se uma válvula que interrompe esse shunt/ligação ● A divisão atrial se dá pelo septo primum, que cresce do teto do átrio primitivo em direção ao coxim endocárdico ● Esse septo, ao crescer, delimita uma abertura, o forame primum ● Enquanto esse septo cresce, o forame primum vai sendo obliterado com a adesão da borda inferior do septo primum ao coxim endocárdico ● Mas, enquanto esse processo ocorre, outro forame vai sendo aberto ao mesmo tempo, ao lado do átrio direito - o foramen secundum ● A formação desse segundo forame garante que o septo se forme sem que haja interrupção da passagem de sangue do átrio direito para o esquerdo ● O septo secundum cresce em direção caudal, mas também há um crescimento de uma porção do septo secundum a partir do coxim endocárdico em direção encefálica (ramo superior e inferior desse septo crescem um em direção ao outro). Ele é delimitado pela porção inferior e superior do septo primum ● Essas duas porções, quando começam a crescer, também delimitam o forame oval - uma abertura delimitada entre as porções inferior e superior do septo secundum ● O ramo superior do septo secundum cresce até ultrapassar um pouco a borda inferior do septum primum (imagem G1 lá embaixo) ● Como a pressão do lado direito é maior que a do lado esquerdo (do lado direito desembocam as veias cavas superior e inferior, que por sua vez recebem sangue da veia umbilical. O lado esquerdo só tem o retorno pulmonar, que ainda está em desenvolvimento, o que gera um baixo retorno ao coração e uma baixa pressão), o sangue empurra a borda inferior do septum primum para a esquerda, conseguindo passar da direita para a esquerda (imagem H1 lá embaixo) ● Do lado direito, a alta pressão é causada pelo alto volume de sangue que chega e pela alta resistência pulmonar que chega ● Desse modo, percebe-se a formação de uma válvula controlada pela porção inferior do septum primum (ele abre e fecha o forame oval) ● Desse modo, a válvula do forame oval é a borda inferior do septo primum (como a borda do septo primum se degenerou, não há mais um referencial para delimitar-se o forame secundum) ● A válvula do forame oval é a borda inferior do septo primum que promove o fechamento e a abertura ao encostar e se afastar da borda superior do septum secundum, o que garante a passagem INCORPORAÇÃO DO SEIO VENOSO PELO ÁTRIO DIREITO - Propicia a desembocadura da veia cava superior no átrio direito e a formação da maior parte do átrio direito pelo tecido do seio venoso - O lado direito do átrio primitivo forma a aurícula direita - INCORPORAÇÃO DAS VEIAS PULMONARES PELO ÁTRIO ESQUERDO - Do lado esquerdo, as veias pulmonares são incorporadas pelas paredes do átrio esquerdo, contribuindo para a formação da parede lisa do átrio SEPTAÇÃO DO BULBO AÓRTICO E CARDÍACO - Forma-se pelo crescimento e adesão das paredes dorsal e ventral dessa região - O crescimento se dá de forma espiral, fazendo que um vaso seja trançado em direção ao outro e que sejam divididos em tronco pulmonar e aorta CIRCULAÇÃO FETAL - Sangue oxigenado chega pela veia umbilical, é desviado do fígado pelo ducto venoso e deslocado para a veia cava inferior - Da veia cava inferior esse sangue chega no átrio esquerdo e, nele, um pouco de sangue vai para o átrio esquerdo e um pouco vai para o tronco pulmonar - Do tronco pulmonar um pouco vai para os pulmões mas a maior parte é desviada para o cajado da aorta pelo ducto arterioso - A maior parte do sangue que chega no átrio direito é desviada para átrio esquerdo, do átrio esquerdo vai para o ventrículo esquerdo e, dele, vai para a aorta e é distribuído para todo o corpo - O pouco do sangue que vai para os pulmões retorna pelas veias pulmonares, indo para o ventrículo esquerdo também - As artérias umbilicais, a veia umbilical, o ducto venoso e o arterioso também deixam de existir - As artérias umbilicais transformam-se no ligamento umbilical mediano - A veia umbilical se diferencia no ligamento teres - O ducto venoso (que desviava o sangue da veia umbilical direto pra veia cava inferior, não passando por dentro do fígado, se transforma no ligamento venoso) - O ducto arterioso, que desviava o sangue do tronco pulmonar para aorta ascendente se diferencia num ligamento arterioso, que é fibroso - Forame oval é fechado pois as pressões se invertem, fazendo com que a válvula do forame oval (septum primum) se ligue à porção superior do septum secundum - Esse fechamento é inicialmente mecânico, mas posteriormente ele transforma-se em um fechamento histológico, com a adesão tecidual da borda inferior do septum primum à borda superior do septum secundum - Nessa região, forma-se uma cicatriz chamada de fossa oval MALFORMAÇÕES CARDÍACAS - 50% delas são cardíacas - 90% são de causas desconhecidas - 0.8% dos nascidos vivos possuem MF cardíacas - O que mais se conhece são as originárias de alterações cromossômicas
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