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1 | Página 1 Larissa Guimarães (@medicinando.med) – Dermatologia (P8) Definição: A queda de cabelo é denominada eflúvio ou deflúvio e o quadro resultante é chamado alopécia. É classificada como: Não cicatricial (sem sinais clínicos de inflamação do tecido, cicatriz ou atrofia da pele) Cicatricial (com evidências de destruição tecidual, como inflamação, atrofia e cicatriz aparentes). Em um couro cabeludo normal, 90 a 95% dos fios encontram-se na fase anágena e 5 a 10%, na fase telógena. Alopecias podem ser classificadas em difusas vs. circunscritas, localizadas vs. não localizadas e não cicatriciais vs. cicatriciais. Definição: queda de cabelos na região frontal e no vértice de natureza hereditária. Quanto mais precoce for a alopecia androgenética, pior seu prognóstico. Epidemiologia: nos homens, pode iniciar a qualquer momento após a puberdade, até na segunda década da vida; frequentemente totalmente expressa aos 40 anos. Já nas mulheres, mais tarde; em cerca de 40% ocorre na sexta década. Trata‐se do tipo mais comum de calvície progressiva. Entre os homens caucasianos, 80% são afetados até os 70 anos. Patogênese: A elevada concordância da calvície de padrão masculino (MPHL) entre gêmeos monozigóticos indica uma forte predisposição genética. A herança é poligênica e numerosos lócus genéticos têm sido implicados, incluindo a1queles que codificam o receptor de androgênio (para androgenética masculina) e a aromatase, que converte a testosterona para estradiol (para androgenética feminina). Hormônios andrógenos claramente iniciam e promovem MPHL em indivíduos geneticamente suscetíveis, e enquanto a inibição da biossíntese de androgênios ou de sua ação irá interromper a progressão da MPHL, ela irá apenas parcialmente reverter a miniaturização dos pelos. Nos homens, o desenvolvimento está relacionado, em particular, à di-hidrotestosterona (DHT). A testosterona é convertida em DHT pela enzima 5α-redutase, que possui duas isoenzimas, tipo I e tipo II. A 5α-redutase tipo I está presente principalmente nas glândulas sebáceas e no fígado, enquanto a enzima 5α-redutase tipo II predomina nos folículos do couro cabeludo, da barba e do tronco, assim como no fígado e na próstata. A ausência genética da 5α-redutase tipo II previne o desenvolvimento da alopecia androgenética masculina. Investigadores localizaram enzimas metabolizadoras de androgênio em diversas regiões do folículo piloso. Em biópsias do couro cabeludo obtidas de homens com alopecia androgenética, a atividade da 5α-redutase e os níveis de DHT são maiores, quando comparados com a pele do couro cabeludo de homens não afetados. A DHT está implicada no surgimento de fios e folículos pilosos miniaturizados, e a diminuição dos seus níveis na pele e no sangue tem sido associada à reversão da miniaturização. Em mulheres, postula-se uma fisiopatologia semelhante relacionada com o androgênio. Mulheres que desenvolvem calvície logo após a puberdade comumente apresentam histórico familiar positivo para alopecia androgenética em familiares de ambos os sexos. Já o surgimento de alopecia de padrão feminino em mulheres durante o período da perimenopausa e menopausa pode ser devido a uma predisposição genética, bem como pode estar relacionado com alterações no metabolismo dos androgênios no folículo piloso e mudanças hormonais sistêmicas. Raramente, AGA se desenvolve em crianças pré-púberes (idades de 6–10 anos). Meninas e meninos afetados demonstram um padrão de calvície de padrão feminino (FPHL) sem recessão bitemporal, e eles têm um forte histórico familiar de AGA (presente em pelo menos um dos pais). Nenhuma evidência foi encontrada para níveis anormais de testosterona circulante ou puberdade precoce. Manifestações Clínicas: Simétrica e progressiva, com algumas variações de padrão. 2 | Página 2 Larissa Guimarães (@medicinando.med) – Dermatologia (P8) Hamilton e depois Norwood classificaram pela primeira vez os padrões de AGA nos homens com base na recessão temporal e frontoparietal, bem como no afinamento dos pelos do vértex. Ocasionalmente, um padrão de afinamento frontotemporal e em vértex “tipo masculino” é observado em mulheres e, nesses casos, usa-se também a classificação de Hamilton ou Norwood para mulheres. Entretanto, o padrão mais comum de alopecia androgenética nas mulheres é o de rarefação difusa da região superior do couro cabeludo, com preservação da linha de implantação frontal dos cabelos. Algumas vezes, ocorre acentuação frontal da alopecia, criando o padrão “em árvore de Natal”. Exame da largura da parte central pode ser usado para classificar a gravidade da FPHL através da escala de Sinclair e pode ser comparada à largura da parte occipital. Alterações Cutâneas: a pele do couro cabeludo é normal. Em mulheres jovens, procurar sinais de virilização (acne, excesso de pelos faciais ou corporais, padrão masculino de distribuição de pelos). Achados Sistêmicos: em mulheres jovens com AAG, procurar sinais de virilização (hipertrofia de clitóris, acne e hirsutismo facial). Porém, a maioria das mulheres com alopécia androgenética é endocrinologicamente normal. Diagnóstico Diferencial: o diagnóstico de MPHL é simples, a menos que ela seja coincidentemente associada a outras doenças não cicatriciais do couro cabeludo, como eflúvio telógeno ou alopecia areata. O diagnóstico inicial de FPHL pode coincidir com um eflúvio telógeno sobreposto. O início precoce de alopecia androgenética ou quadros graves em mulheres sugerem a possibilidade de hiperandrogenismo, e o rastreamento com testes laboratoriais apropriados (testosterona total e livre, sulfato de di-hidroepiandrosterona – SDHEA, e 17- hidroxi-progesterona) deve ser realizado. Diagnóstico: Deve-se realizar o tricograma, exame que permite identificar a alteração mais precoce nessa alopécia, que é o aumento do percentual de pelos telógenos. Uma tração forçada (tricograma) mostrará uma mistura de pelos anágenos e telógenos normais, com a porcentagem de telógenos sendo maior que 20%. Enquanto a contagem de telógeno de 15% a 20% é sugestiva de queda anormal, > 20% é diagnóstica. Em um eflúvio telógeno ativo, um exame de contagem de cabelo por escovação durante 60 segundos geralmente será superior a 100 fios (o valor médio normal é de 10 fios). Esse método consiste em pentear os cabelos de trás para frente do couro cabeludo durante 60 segundos sobre um pano de cor contrastante com os fios antes da lavagem e pode ser usado para acompanhar a progressão e eventual resolução do eflúvio telógeno. Já na dermatopatologia observa-se abundância de folículos na fase telógena associada a folículos pilosos de tamanho reduzido e, finalmente, atrofia quase total. Quanto aos exames hormonais, nas mulheres com perda de cabelo e evidências de aumento dos androgênios (irregularidade menstrual, infertilidade, hirsutismo, acne cística grave, virilização), solicitar os seguintes exames: testosterona total e livre , sulfato de desidroepiandrosterona (DHEAS) e prolactina. Outras causas de rarefação de cabelos devem ser excluídas com dosagens de hormônio estimulante da tireoide (TSH), T4 livre, ferro sérico, ferritina sérica e/ou capacidade total de ligação do ferro, hemograma completo e fatores antinucleares (FAN). De acordo com a recomendação da literatura, os níveis de ferritina devem ser, no mínimo, de 40 ng/dL, mas o significado dos valores anormais é incerto. Em casos persistentes de eflúvio telógeno, ou seja, aqueles que duram mais de 6 meses, uma biópsia do couro cabeludo enviada para corte horizontal pode ser útil na exclusão de AGA precoce; a proporção dos pelos terminal e velos contada ao nível do istmo permitea distinção. O diagnóstico clínico é feito com base na história, padrão de alopécia e na incidência familiar de AAG. Em alguns casos, pode ser necessária a biópsia. Tratamento: Nenhuma abordagem terapêutica específica foi comprovada como eficaz nos grandes estudos controlados. Hipnose, terapia comportamental, psicoterapia e terapia farmacológica têm sido usadas, mas a taxa de sucesso é pequena. Se a terapia farmacológica for considerada, o medicamento de primeira linha recomendado é a clomipramina. Inibidores de recaptação de serotonina (SSRIs) foram testados sem sucesso convincente. Finasterida Oral: antiandrógeno inibidor da 5- alfarredutase. Não bloqueia outras ações da testosterona (crescimento do pênis e do escroto, espermatogênese, libido). 5% dos homens que 3 | Página 3 Larissa Guimarães (@medicinando.med) – Dermatologia (P8) fazem uso de finasterida relatam redução da libido e disfunção erétil; tais efeitos mostraram-se reversíveis com a suspensão do medicamento e desapareceram em dois terços dos que continuaram a tomar finasterida. A dutasterida (2,5 mg) inibe as enzimas redutase tipo I e II, talvez de forma mais potente que a finasterida. Minoxidil Tópico: a aplicação tópica de solução de minoxidil a 2 ou 5% pode auxiliar a reduzir a velocidade da perda dos cabelos ou restaurar parcialmente os fios perdidos, tanto em homens quanto em mulheres. Antiandrógenos: nas mulheres com AAG que tenham elevação de androgênios da glândula suprarrenal, espironolactona, acetato de ciproterona, flutamida e cimetidina ligam-se aos receptores de androgênio e bloqueiam a ação da DHT. Esses medicamentos não devem ser utilizados em homens. Latanoprosta Tópica: 0,1%, um análogo de prostaglandina, pode estimular o crescimento do folículo piloso. Tratamento Cirúrgico: no transplante capilar colhem- se enxertos de um ou dois folículos em regiões não sensíveis ao androgênio (regiões occipital periférica e parietal) para serem implantados nas regiões calvas sensíveis a androgênio. Definição: Perda dos pelos localizada em áreas arredondadas ou ovaladas sem qualquer processo inflamatório evidente na pele. É não cicatricial. Na fase aguda progressiva da alopecia areata, infiltrados linfocitários são observados ao redor e às vezes dentro da região do bulbo do folículo anágeno. Apesar da presença deste infiltrado inflamatório, o folículo mantém seu potencial de produzir pelo, sugerindo que as células-tronco do folículo piloso permanecem viáveis. A natureza crônica e recidivante da alopecia areata e seu efeito profundo sobre a aparência física tornam esta condição um evento estressante e de forte impacto na qualidade de vida para muitos indivíduos afetados. Epidemiologia: associação com outras doenças autoimunes: 10 a 20% das pessoas com alopécia areata (AA) têm história familiar de AA. É mais comum no sexo masculino. A idade de início é em adultos jovens (< 25 anos); as crianças são afetadas com maior frequência. Pode ocorrer em qualquer idade. Em geral, um em cada cinco pacientes com alopecia areata relata outro familiar acometido. Alopecia areata ofiásica (perda dos cabelos que ocorre na linha de implantação têmporo-occipital, levando à área alopécica extensa, em faixa que atinge as margens inferiores do couro cabeludo) é fator de prognóstico ruim. Patogênese: A interação do linfócito T com antígenos foliculares (autoantígenos) está implicada na alopecia areata. Seções de couro cabeludo de pacientes com alopecia areata apresentam crescimento de cabelo quando enxertadas em linhagem de camundongos sem pelos e sem timo, e é possível transferir a alopecia areata a enxertos de pele de humanos em ratos SCID pela injeção dos linfócitos do infiltrado do couro cabeludo (são necessárias tanto células T CD4 + quanto CD8 + ), mas não com homogeneizados não foliculares do couro cabeludo. Antígenos dos melanócitos reconhecidos pelas células T também podem funcionar como autoantígenos. Queratinócitos de folículos pilosos anágenos normais geralmente não apresentam expressão dos antígenos do complexo principal de histocompatibilidade classes I e II (MHC I e II), sugerindo que o bulbo folicular humano seja um local de privilégio imune. Na alopecia areata, antígenos leucocitários humanos (HLA-A, -B, -C, -DR) tornam-se expressos pelo folículo piloso, permitindo uma interação dos linfócitos T citotóxicos com as células da matriz do pelo. Em um recente estudo de associação genômica, polimorfismos específicos foram observados na região do HLA, bem como em genes envolvidos na ativação de células T reguladoras e células natural killer. O dano folicular ocorre na fase anágena e é seguido por transformação rápida para a fase catágena e para a fase telógena; segue-se o estado de fase anágena distrófica. Enquanto a doença está em atividade, os folículos não conseguem ultrapassar a fase anágena inicial. A célula-tronco folicular é poupada; os folículos pilosos não são destruídos (não há fibrose). Quadro Clínico: Comumente se apresenta como placas ovais ou circulares de perda não cicatricial de cabelo. Pequenos pelos em “ponto de exclamação” (ou seja, parte distal mais larga do que a parte proximal) podem frequentemente ser vistos, especialmente nas margens das placas de alopecia. Outras apresentações incluem alopecia areata total (perda dos pelos de todo o couro cabeludo), e o 4 | Página 4 Larissa Guimarães (@medicinando.med) – Dermatologia (P8) padrão ofiásico (faixa de alopecia ao longo da periferia da região temporal e occipital). A variante reticular é caracterizada por doença recorrente em placas, e os pacientes experimentam perda de cabelos em uma área ao mesmo tempo em que ocorre repilação espontânea em outro local. Alopecia areata difusa é uma variante rara que se manifesta com rarefação difusa ou principalmente do topo do couro cabeludo. Os cabelos não pigmentados podem inicialmente ser poupados e, como resultado, alguns pacientes podem notar apenas o rápido aparecimento de cabelos grisalhos. Durante a repilação, os pelos podem ser inicialmente cinza ou brancos, mas repigmentação completa é geralmente observada após algumas semanas ou meses. A alopécia frequentemente bem demarcada com pele de aspecto normal com presença de orifícios foliculares. Além do folículo piloso, as unhas também podem ser afetadas. A anormalidade ungueal mais comum são as depressões cupuliformes (ou pitting), mas outras mudanças descritas são traquioníquia (aspereza tipo lixa devido a estrias longitudinais em excesso), unhas quebradiças, onicólise, coiloníquia e, raramente, onicomadese. Algumas manifestações que podem estar associadas, são Tireoidite de Hashimoto, Síndrome de Down, Síndrome de poliendocrinopatia autoimune com candidíase e Displasia ectodérmica. Diagnóstico Diferencial: tinha do couro cabeludo, tricotilomania, alopecia temporal triangular, alopecia de tração, sífilis secundária e síndrome do anágeno frouxo devem ser consideradas no diagnóstico diferencial da alopecia areata, além de alopecia induzida por pressão, aplasia cútis e alopecia cicatricial na fase não inflamatória. A variante difusa pode ser inicialmente confundida com eflúvio telógeno e alopecia androgenética. Geralmente, o histórico e o exame clínico (incluindo tricoscopia) são suficientes para distinguir essas condições, mas a biópsia do couro cabeludo pode ser necessária. Diagnóstico: Pode-se realizar sorologia, que abrange FAN (para descartar LES); reagina plasmática rápida (RPR) (para descartar sífilis secundária). O exame direto com KOH é necessário para afastar Tinea capitis. Já na dermatopatologia as lesões agudas apresentam infiltrados mononuclearesde células T e de macrófagos peribulbar, perivascular e na bainha externa da raiz; distrofia folicular com pigmentação anormal e degeneração da matriz. É possível haver aumento no número de folículos na fase catágena/telógena. Tratamento:Tratamento da alopecia areata em placas inclui corticosteroides tópicos e intralesionais, minoxidil tópico (2% ou 5%), antralina tópica (creme a 0,5% a 1%, aplicado duas vezes ao dia), e terapias combinadas. Primeira Linha: rubefacientes tópicos (hidrato de cloral, tintura de cantárida); corticosteroides tópicos (de média ou alta potência) e infiltrações intralesionais (acetonido de triancinolona a 4 mg/mL, quinzenal); antralina tópica 0,5 a 1%, por 20 a 30 minutos, no início a cada dois dias, depois diariamente; minoxidil tópico a 5% associado ou não a corticosteroides ou ácido retinóico 0,025 a 0,05%; e difenciprona tópica a 2%. Segunda Linha: PUVA (fotoquimioterapia) oral e corticosteroides sistêmicos 40 a 60 mg diários, a curto prazo. Terceira Linha: ciclosporina. Outros relatos: dapsona, gluconato de cálcio, isoprinosina, tacrolimo, timopentina, sulfassalasina. Definição: aumento transitório da queda de pelos normais claviformes (telógeno) de folículos em repouso no couro cabeludo. É secundária à aceleração da passagem da fase anágena (fase de crescimento) para catágena e telógena (fase de repouso). Epidemiologia: ocorre em qualquer idade, mas é mais comum no sexo feminino, em razão de parto, suspensão de contraceptivo oral e dieta “radical”. É a segunda causa mais comum de alopécia após AAG. Existe uma forma de eflúvio telógeno crônico que ocorre na mulher de 30 a 60 anos, de causa desconhecida, que persiste com flutuações por vários anos. Etiologia: padrão reacional para diversos estressores físicos ou mentais. Endócrinos: hipo ou hipertireoidismo; pós-parto; suspensão ou alteração de fármacos contendo estrogênio. 5 | Página 5 Larissa Guimarães (@medicinando.med) – Dermatologia (P8) Deficiência nutricional: biotina, zinco, ferro, ácidos graxos essenciais. Perda rápida de peso, privação de calorias ou de proteínas, deficiência crônica de ferro, ingestão excessiva de vitamina A. Estresse físico: doenças febris, doenças catabólicas (p. ex., câncer, infecção crônica), cirurgia de grande porte, grandes traumas, estresse psicológico agudo ou crônico. Estresse psicológico: transtornos de ansiedade, depressão, transtorno bipolar. Intoxicação: tálio, mercúrio, arsênico. Patogênese: Aumento expressivo no número de fios de cabelo perdidos diariamente. O estímulo desencadeante resulta em mudança prematura dos folículos anágenos para a fase telógena. O eflúvio telógeno ocorre em 3 a 4 meses após o episódio desencadeante. Pode tornar-se crônico, mas raramente a perda vai além de 50%. Manifestações Clínicas: Não se verifica nenhuma anormalidade no couro cabeludo, quanto a lesões. A tração suave dos cabelos retira muitos fios ou pelos telógenos. A queda é difusa. Os cabelos são mais finos que os mais velhos e têm ponta afilada. O estímulo desencadeante do eflúvio telógeno também pode afetar o crescimento das unhas, resultando nas linhas de Beau, que são linhas ou sulcos transversais sobre as lâminas ungueais das mãos e dos pés. Diagnóstico Diferencial: alopécia androgenética, alopécia areata difusa, síndrome dos cabelos anágenos frouxos, hipertireoidismo, hipotireoidismo, LES, sífilis secundária, alopécia induzida por fármacos. Diagnóstico: Feito com base em história, manifestações clínicas, teste da tração dos cabelos e, possivelmente, biópsia, tendo-se excluído outras causas. Teste de Tração: comparando-se com a tração em cabelo normal, na qual 80 a 90% dos fios se encontram em fase anágena, o eflúvio telógeno caracteriza-se por redução na porcentagem de pelos na fase anágena. Hemograma Completo: descartar anemia ferropriva. Bioquímica e laboratoriais: ferro sérico, capacidade de ligação do ferro e TSH. A sorologia deve abranger FAN e RPR. Histopatologia: ocorre aumento na proporção de folículos telógenos. Tratamento: Querendo ou não, faz parte do ciclo natural do cabelo. Primeira Linha: tratamentos específicos para os fatores desencadeantes. Além disso, dieta rica em proteína, minerais, ferro e zinco. Segunda Linha: xampus e corticosteroides tópicos. Terceira Linha: minoxidil 2% tópico e rubefacientes. Definição: alopecia que ocorre em pacientes submetidos à quimioterapia combinada do que nos tratados com agente único. A intensidade geralmente é dose‐dependente. Etiologia: interrupção do ciclo anágeno, causando graus variáveis de distrofia do folículo piloso (radioterapia da cabeça, agentes alquilantes, intoxicações e desnutrição proteica grave). Manifestações Clínicas: Perda de cabelos difusa e extensa. Os fios quebram-se ao nível do couro cabeludo. Também podem cair os pelos de sobrancelhas, cílios, barba e do corpo. As unhas apresentam estrias ou sulcos transversais. Os pelos renascem após a suspensão da quimioterapia. A repilação após radioterapia depende de tipo, profundidade e fracionamento da dose; é possível haver lesão irreversível das células-tronco foliculares. Tratamento: Não há medidas preventivas efetivas disponíveis. Definição: trata-se da redução marginal dos cabelos por tração constante. Etiologia: tração constante dos cabelos. Causas: tração com alisantes, “rolinhos” de cabelos, bonés, quepes, curativos contensivos, doentes com imobilização da cabeça por muito tempo. Diagnóstico: alopecia evidente na orla do couro cabeludo e regiões temporais (alopecia marginal). É extremamente comum em negras que prendem forte os cabelos com frequência. 6 | Página 6 Larissa Guimarães (@medicinando.med) – Dermatologia (P8) Tratamento: afastar os fatores desencadeantes. Definição: compulsão de arrancar os cabelos que frequentemente acomete crianças. Etiologia: traumatismos repetidos induzindo alterações dos fios de cabelo. Diagnósticos: alopecia com cabelos de diferentes comprimentos; áreas irregulares e mal definidas sem manifestações inflamatórias do couro cabeludo; e pode ser persistente ou em intervalos. Existe a possibilidade de, por vezes, outra pessoa (como um irmão) estar puxando os fios de cabelo da criança e induzindo à alopecia. Tratamento: psicoterapia ou medicação psicotrópica. Definição: o termo “cicatricial” significa que o epitélio folicular foi substituído por tecido conjuntivo. A definição mais ampla de alopecia cicatricial deve incluir todas as formas de alopecia em que os folículos pilosos são permanentemente perdidos. Na maioria dos casos, supõe-se que tenha ocorrido uma lesão permanente na região das células-tronco foliculares. Ao contrário destas, as alopecias não cicatriciais são potencialmente reversíveis. Alguns casos de alopecia demonstram um padrão bifásico, em que alopécia não cicatricial é vista no curso inicial da doença e a alopecia permanente se torna aparente nos estágios tardios da doença. Os exemplos incluem alopecia androgenética, alopecia areata e alopecia por tração. Essas formas de alopecia são geralmente consideradas não cicatriciais. Entretanto, após muitos anos ou décadas de doença ativa contínua, observa-se perda permanente dos folículos. Na alopecia cicatricial primária, o alvo da inflamação parece ser o folículo. Na alopecia cicatricial secundária, o folículo é simplesmente uma “vítima” no processo da doença. Exemplos de alopecias cicatriciais secundárias são queimaduras profundas, radiodermite, neoplasias cutâneas, sarcoidose cutânea, morfeia, necrobiose lipoídica e algumas infecções crônicas, como a tuberculosecutânea. As várias formas de alopecia cicatricial secundária apresentam características clínicas e histológicas distintas e típicas das doenças subjacentes. Lúpus eritematoso cutâneo crônico (LECC) (discóide): pode ocorrer sem outras manifestações ou evidências sorológicas de lúpus eritematoso. Podem aparecer placas eritematosas. Tampões ceratóticos foliculares (“tachas de carpete”). Difusas. Com número variável. Podem confluir. Hipopigmentação pós- inflamatória e/ ou formação de plugues foliculares. Líquen Plano Pilar: é associado à alopécia cicatricial, resultando em perda permanente dos cabelos. Afeta mais mulheres na meia-idade. As manifestações no couro cabeludo são, eritema perifolicular ± hiperceratose. Couro cabeludo de cor violácea. A inflamação prolongada resulta em alopécia cicatricial. Em alguns casos, a inflamação folicular e a descamação estão ausentes, havendo apenas áreas de alopécia cicatricial, a chamada pseudopelada ou “pegadas na neve”. Pode ter dor. Pseudopelada de Brocq: é o estágio final de todas as alopécias cicatriciais não inflamatórias e de diversos distúrbios inicialmente inflamatórios. As lesões iniciais são áreas isoladas, lisas e irregulares de alopécia cor de pele ou rosadas sem hiperceratose folicular ou inflamação perifolicular. O padrão da alopécia envolve “roído de traça”, finalmente coalescendo para formar grandes placas de alopécia (“pegadas na neve”). A dermatopatologia é semelhante a do LPP. Definição: doença crônica e progressiva, com eventual redução espontânea da inflamação após anos ou décadas. Localiza-se predominantemente no topo da cabeça ou vértex. Progride de forma simétrica, com a maior parte da atividade da doença ocorrendo principalmente na borda de largura variável e que circunda a zona central alopécica. Epidemiologia: é a forma mais comum de alopecia cicatricial em qualquer população que inclua um número significativo de pacientes negros. Entre os afro-americanos, a ACCC é responsável por mais casos de alopecia cicatricial do que todas as outras formas combinadas. A maioria dos pacientes negros com ACCC é mulher, com uma proporção mulher/homem de 3:1. Patogênese: cosméticos cáusticos ou o uso de “pentes quentes” podem agravar a doença ou acelerar sua progressão, mas não conseguem explicar a patogênese por completo. Teoricamente, todas as mulheres afro-americanas com ACCC usam ou 7 | Página 7 Larissa Guimarães (@medicinando.med) – Dermatologia (P8) usaram relaxantes capilares químicos para embelezamento, mas poucos homens usaram qualquer tipo de cosmético, exceto pomadas. Os pacientes apresentam progressão da doença mesmo que todos os tratamentos químicos (se houver algum) forem descontinuados. A hipótese atual é a de que pacientes estejam predispostos ao dano folicular devido a uma anormalidade anatômica chamada descamação prematura da bainha radicular interna (BRI). A descamação prematura da BRI pode ser observada em folículos normais, sugerindo que isso represente uma fase muito inicial da doença. Essa mudança pode ser vista ocasionalmente em outras condições em que os folículos são expostos à inflamação grave e a alterações degenerativas. Entretanto, como uma manifestação da doença inicial, a descamação prematura da BRI pode ser específica de ACCC e pode predispor os folículos com esta alteração à agressão ou à inflamação. Manifestações Clínicas: a doença começa e permanece mais grave na coroa ou vértex do couro cabeludo, expandindo-se gradualmente de forma centrífuga. Os sintomas podem ser leves ou ausentes. A maioria dos pacientes nota apenas prurido ocasional e brando ou sensibilidade na área acometida. Poucos pelos isolados, alguns apresentando politriquia (em tufos como em “cabelo de boneca” ou escova de cabelos), podem permanecer na zona central desnuda. A doença de longa data ou grave pode resultar em perda dos cabelos de todo o topo do couro cabeludo. Pústulas e crostas podem ser encontradas em uma minoria de pacientes que sofrem progressão rápida da doença ou infecção bacteriana secundária (“foliculite decalvante”). As pústulas da ACCC são mais uma manifestação de infecção bacteriana secundária e/ou da resposta imune do paciente à degeneração folicular. Entretanto, alguns autores argumentam que a “foliculite decalvante” é uma infecção estafilocócica primária. De qualquer forma, um curso de 2 a 3 semanas de antibióticos ou corticosteróides sistêmicos pode eliminar temporariamente o componente pustuloso da ACCC. Diagnóstico: a área mais importante para a biópsia é a borda com alopecia parcial, mas mesmo o couro cabeludo aparentemente “normal” a muitos centímetros da área clinicamente envolvida pode apresentar sinais da doença ao microscópio. Na maioria dos casos, cortes transversais em vários níveis são necessários para um diagnóstico definitivo. Os folículos envolvidos irão demonstrar algumas ou todas as características histopatológicas. Diagnóstico Diferencial: todas as condições que podem resultar em um padrão progressivo de alopecia afetando a coroa podem simular ACCC. Isso inclui alopecia androgenética masculina e feminina, líquen plano pilar e até mesmo casos inusitados de lúpus eritematoso cutâneo crônico. Outras entidades no diagnóstico diferencial são tinea capitis (querion) e infecções bacterianas verdadeiras do couro cabeludo. Tratamento: para doença relativamente não inflamatória, a combinação de tetraciclina oral de longa ação (p. ex., doxiciclina ou minociclina) com um corticosteroide tópico de alta potência (p. ex., clobetasol ou fluocinonida) é geralmente suficiente para evitar a progressão da doença. Tratamento prolongado por anos é geralmente necessário para essa doença crônica. Para casos com muita inflamação (“foliculite decalvante”), um regime inicial de 10 semanas de rifampicina oral e clindamicina (ambas 300 mg, duas vezes ao dia) mostrou-se eficaz em um estudo não cego e não controlado. Deve-se seguir uma terapia de manutenção (como doxiciclina oral mais clobetasol tópico). Alopécia Mucinosa: é a que ocorre, em geral, no couro cabeludo, nas sobrancelhas, ou na área da barba, em consequência do depósito de mucina ao nível dos folículos; é caracterizada por pápulas ou placas eritematosas, por vezes levemente escamosas e alopécicas, com acentuação folicular. Reversível no início, torna-se cicatricial ao ter os folículos destruídos pelo acúmulo de mucina. Pode ser primária, idiopática ou secundária, mais comumente associada ou precedendo linfomas T cutâneos. Quando secundária, o tratamento deve ser direcionado à doença de base. Nos casos primários, corticosteroides tópicos de alta potência ou infiltração intralesional de triancinolona têm sido relatados como primeira escolha. Outros possíveis tratamentos são retinóides sistêmicos, dapsona, tetraciclina, minociclina e PUVA. Ceratose folicular espinulosa decalvante: genodermatose recessiva rara, ligada ao sexo, descrita por Siemens em 1925, caracteriza-se pela tríade alopecia cicatricial do couro cabeludo, ceratose folicular na face, tronco e extremidades, associadas a fotofobia e alterações corneanas. Atopia e ceratose palmoplantar podem acompanhar o quadro. As manifestações da doença iniciam-se na infância, frequentemente na face, podendo ainda atingir extremidades, ou generalizar-se. O quadro marcante da doença é a alopecia cicatricial do couro cabeludo e dos supercílios. 8 | Página 8 Larissa Guimarães (@medicinando.med) – Dermatologia (P8) À histologia observa-se infiltrado inflamatório misto em alguns casos. Tampões córneos nos folículos, levando estes à dilatação, além de espongiose infundibular em casos agudos e infiltrado linfocitário perivascular e perifolicular. Há evoluçãopara destruição do folículo piloso. O tratamento é pouco eficaz e deve ser iniciado o quanto antes, durante a fase ativa da doença na infância. Corticosteróides potentes, tópicos ou infiltração intralesional, retinóides sistêmicos, dapsona podem ser utilizados. Ceratose Pilar Atrofiante: considerada por alguns como variante da anterior, segundo Oranje et al. pode englobar quatro entidades por ela caracterizadas, a ceratose pilar atrofiante da face (ulerythema ophryogenes), a atrofodermia vermiculata, a ceratose folicular espinulosa decalvante e a foliculite ceratótica espinulosa decalvante. Baden et al. colocam todas como variantes clínicas da ceratose pilar atrofiante. Foliculite Decalvante: representa 10 a 20% das alopecias cicatriciais primárias e a mais comum do grupo das neutrofílicas. Jovens e adultos de ambos os sexos são acometidos. Apesar de ter etiologia desconhecida, o Staphylococcus aureus desempenha papel causal importante, seja pela produção de superantígenos, persistência intracelular dentro de fagócitos ou hipersensibilidade do hospedeiro. Clinicamente, pústulas e abscessos surgem no couro cabeludo com drenagem de material piossanguinolento, que geralmente circunda área de alopecia com extensa fibrose. Politriquia (ou foliculite em tufos), apesar de não exclusiva, é característica deste tipo de alopecia, na qual múltiplas hastes emergem de um mesmo óstio folicular. Axilas, região pubiana e barba podem raramente estar afetadas. O tratamento é feito à base de antibióticos sistêmicos e tópicos, com recidivas frequentes. O esquema que utiliza rifampicina (300 mg, 2 vezes/dia) associada a clindamicina (300 mg, 2 vezes/dia) por 10 semanas é bastante eficaz, mas ciprofloxacino, claritromicina ou tetraciclina também podem ser eventuais substitutas. A sulfona 100 mg/dia ou mesmo tópica a 5% em gel, 2 vezes/dia pode ser útil e complementar ao uso da isotretinoína sistêmica, que parece ser a melhor opção. Foliculite Dissecante do Couro Cabeludo (Celulite): junto com o cisto pilonidal, com a hidradenite supurativa e a acne conglobata, forma a tétrade de situações ligadas à oclusão folicular. Mais comum em homens melanodérmicos, caracteriza-se por múltiplos nódulos e abscessos dolorosos, por vezes interconectados por trajetos fistulares, que acometem principalmente o vértice e a região occipital do couro cabeludo. Com a progressão da moléstia, instala-se a alopecia cicatricial. Apesar de haver superinfecção bacteriana, a ceratose folicular e consequente oclusão folicular desempenham papel primordial na patogênese da moléstia. Antibióticos sistêmicos, isotretinoína oral, corticosteroides intralesionais e medidas cirúrgicas estão entre suas opções terapêuticas. A sulfona pode ser vista como uma poupadora de isotretinoína, que é a melhor opção terapêutica. Foliculite Necrótica: mais comum em adultos, apresenta-se com pápulas edematosas e eritematosas, mais tarde com pústulas, que evoluem para necrose central, localizadas no nariz, na fronte e na porção anterior do couro cabeludo, eventualmente deixando cicatriz. Pode haver lesões também no tronco anterior e dorso. Seu mecanismo etiopatogênico não está bem estabelecido. Foliculite Queloidiana: a foliculite queloidiana da nuca, também conhecida como acne queloidiana da nuca, costuma ser mais frequente, embora não exclusiva, de homens melanodérmicos. Iniciando-se por pápulas eritematosas firmes na região occipital, as lesões estendem-se por toda a região, enclausurando tufos de pelos e folículos em meio a tecido conjuntivo hipertrofiado, com reação inflamatória de corpo estranho, formação de fístulas e superinfecção. A terapêutica, por vezes difícil, é feita com antibioticoterapia, corticosteróides intralesionais e medidas cirúrgicas de correção. Dermatose Pustulosa Erosiva do Couro Cabeludo: entidade muito rara que afeta principalmente idosos com idade média de 75 anos. Fatores desencadeantes têm sido aventados, como herpes- zóster, cirurgia ou radioterapia para carcinoma espinocelular, bem como crioterapia, 5-fluorouracila tópica ou retinoides para ceratose actínicas, em pacientes com dano actínico intenso. Apresenta-se como um machucado que não cicatriza, e evolui para placa de alopecia com aspecto esponjo-crostoso friável, sobre a esponja, que pode ser facilmente destacada, “lagos de pus” são vistos. Ocasionalmente, erosão úmida é a única forma de apresentação. Repilação pode ocorrer após tratamento com corticosteroides tópicos de alta potência, mas calcipotriol e tacrolimo também foram relatados Alguns relatos bem-sucedidos com uso de dapsona a 5% em gel.
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