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8ª ETAPA – MÓDULO 01 – PROBLEMA 02 PARTE 01: DOENÇAS PSICODERMATOLÓGICAS – ALOPÉCIA • O paralelismo psicogênico verificado entre a pele e o sistema nervoso encontra, em parte, sua explicação no fato de que a origem da epiderme e do sistema nervoso ocorre no mesmo folheto embrionário: o ectoderma. • Denomina-se psicodermatologia o ramo da dermatologia que estuda esta correlação expressa nos distúrbios psicocutâneos. • Por todas as observações e semelhanças dessa complexa inter-relação psiquismo-pele, cresce dia a dia a importância da psicodermatologia o Objetivo: estudar quadros dermatológicos que advêm dessa relação. • Ao inspecionar a pele, o dermatologista faz o diagnóstico, sem se esquecer de que o doente não é apenas a sua pele, mas um todo, um ser complexo e global, sujeito a uma multiplicidade de causas que se superpõem, interpenetram, criam sinergismos e somatórios, determinam-se e sobredeterminam-se. CLASSIFICAÇÃO DERMATOLÓGICA • Utilizaremos a classificação de Fitzpatrick et al., modificada com finalidade didática CONDIÇÕES EM QUE HÁ INFLUÊNCIA PSÍQUICA MAIOR OU COMORBIDADE COM TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS Lesão autoinfligida Dermatoses manipulativas: dermatite factícia, escoriações neuróticas, tricotilomania Sintoma desprovido de sinal ou lesão Distúrbio de pensamento ou sensopercepção envolvendo a pele ou fâneros (delírios, obsessões e fobias relacionadas com a pele): psicose hipocondríaca monossomática, dismorfofobia Sinais dermatológicos nos transtornos alimentares Anorexia nervosa subtipo purgativo ou bulímico Anorexia nervosa subtipo privativo: predomínio de hipovitaminoses DERMATOSES COM EVIDÊNCIA DE DESENCADEAMENTO PSÍQUICO Hiperidrose Síndrome da púrpura psicogênica Urticária crônica Prurido generalizado Alopecia areata Vitiligo DERMATOSES E OUTRAS CONDIÇÕES CUJO CURSO É AFETADO POR ESTRESSE OU DESEQUILÍBRIO EMOCIONAL Dermatite atópica Psoríase Eczema desidrótico Acne vulgar Dermatite seborreica Líquen simples crônico Líquen plano Herpes simples recorrente EXPRESSÃO CONCOMITANTE DE QUADRO NEUROPSIQUIÁTRICO E DERMATOLÓGICO SEM NEXO CAUSAL (EM GERAL, ALGUM GRAU DE RETARDO MENTAL E ALTERAÇÕES CUTÂNEAS TÍPICAS) Erro inato metabólico Anormalidade cromossômica Enfermidade congênita DISTÚRBIO DERMATOLÓGICO DE PREVALÊNCIA ELEVADA EM PACIENTES CRONIFICADOS E NEGLIGENTES (RETARDO MENTAL, ESQUIZOFRENIA) Parasitismo cutâneo (escabiose, pediculose) Infecções fúngicas Tumores extensos, gigantes, pediculados (estágio avançado) Cutis verticis gyrata ou paquidermite verticis gyrata “Dedo de tabagista” INTRODUÇÃO À ALOPÉCIA • DEFINIÇÃO: É o Alopecia, do grego alõpekia, significa diminuição de pelos ou cabelos. • As alopecias podem ser adquiridas ou congênitas, estás sendo raras. NOMENCLATURAS: • Atricose, hipotricose e hipertricose, quando há ausência, diminuição ou aumento de pelos em uma determinada área, respectivamente. • Canície é o embranquecimento generalizado dos pelos • Poliose consiste em ausência segmentar ou diminuição da melanina dos pelos (vitiligo, nevo, piebaldismo). • Tricorrexe corresponde à fratura dos pelos. • O termo alopecia reserva-se à queda de cabelo por mecanismos variados; o Podem ser encontradas alopecia traumática o Alopecia em clareira (sífilis recente) o Alopecia areata o Alopecia ofiásica o Alopecia universal. • Madarose é o termo usado para a queda dos pelos superciliares e ciliares no seu terço externo (hanseníase, sífilis, hipotireoidismo e alopecia areata) FISIOLOGIA • Estima-se que o couro cabeludo tenha cerca de 100.000 a 150.000 fios de cabelo e que o crescimento deles se faça em torno de 10 mm por mês. • O ciclo evolutivo dos cabelos ocorre em três fases: (1) ANÁGENA (FASE DE CRESCIMENTO): • Há uma grande atividade mitótica e ceratogênica, que dura de 3 a 5 anos; (2) CATÁGENA: • Ocorre a interrupção da atividade mitótica, com regressão da matriz perifolicular, perda metacromasia da papila e apoptase dos ceratinócitos triquilemais e que dura cerca de 3 semanas; (3) TELÓGENA (FASE DE REPOUSO): • Dura de 3 a 6 meses e tem seu término representado pela saída do fio telógeno do couro cabeludo. CLASSIFICAÇÃO • Podem ser difusas ou circunscritas, cicatriciais e não cicatriciais: ALOPECIAS DIFUSAS NÃO CICATRICIAIS: • Eflúvio telógeno • Eflúvio associado a endocrinopatias o Hipotireoidismo o Hipertireoidismo o Hipopituitarismo o Hipoparatireoidismo o Diabetes descompensado • doenças metabólicas e nutricionais o Desnutrição o Deficiência de ferro e zinco o Homocistinúria • Colagenoses o Lúpus eritematoso sistêmico o Dermatomiosite etc. • Medicamentosas o Tálio o Ácido valproico o Antagonistas tireoidianos o Anticoagulantes o Citostáticos o Hipervitaminose A o Retinoides o Ácido bórico o Lítio o Betabloqueadores o Clofibrato o Estatinas o Sunitinibe etc. • Tóxicas • Androgenética • Congênitas e outras. ALOPECIAS DIFUSAS CICATRICIAIS: • Radiações ionizantes (doses elevadas) • Queimaduras extensas • Medicações quimioterápicas o Bussulfano o Docetaxel o Cisplatina/etoposídeo e outras. ALOPECIAS CIRCUNSCRITAS NÃO CICATRICIAIS: • Areata • Traumática • Sífilis secundária • Lúpus discoide e outras colagenoses sistêmicas • herpes-zóster • Foliculites • Fármacos • Tração • Desnutrição e outras. ALOPECIAS CIRCUNSCRITAS CICATRICIAIS: • Esclerodermia • Lúpus discoide tardio • Colagenoses localizadas • Quérion • Tinea por M. Audouinii e T. Schoenleinii • Foliculite decalvante • Penfigoide cicatricial • Neoplasias • Foliculite dissecante e outras. DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO • Etapa mais importante • A avaliação dos pelos de todo o couro cabeludo, bem como do corpo: o Cor o Brilho o Textura o Comprimento • A avaliação das unhas: o Principalmente frente à frequente associação de onicopatias e alopécias inflamatórias. TESTE DE TRAÇÃO • Para realização do teste, o paciente deve permanecer 5 dias sem lavar ou pentear os cabelos. • Devido à dificuldade de adesão, padronizam-se 24h sem enxágue em alguns ambulatórios. • Com uma pega usando o 1º, 2º e 3º quirodáctilos, fazer tração de uma mecha com cerca de 60 fios de cabelos. • Deve ser realizado nas ≠ regiões: frontal, centroparietal, parietal direita e esquerda, vértex e occipital. • O exame com o dermatoscópio ou microscópio óptico dos fios desprendidos pode ser de útil, uma vez que se considera normal somente o desprendimento de fios telógenos. • O teste é positivo quando mais de 10% dos fios tracionados desprendem-se, ou mais de 6 fios, em cada tração. • Deve-se repetir o exame com a mesma metodologia a cada visita do paciente, para não haver viés de contagem. TRICOGRAMA • É um método microscópico para avaliação das hastes e do ciclo folicular, quantificando o percentual de folículos nas diferentes fases de crescimento. • O cabelo não deve ser lavado por 5 dias para a realização do exame. • Utiliza-se uma pinça reta ou porta-agulha para coletar os fios. • Em média, 40 a 60 fios devem ser tracionados e analisados no microscópio ou dermatoscópio para estabelecimento dos percentuais. • O exame deve ser realizado nas regiões parietal e occipital para efeitos de comparação. • Está bem indicado no diagnóstico diferencial e acompanhamento das alopecias difusas não cicatriciais, principalmente eflúvio telógeno agudo e alopecia androgenética (AAG). • O tricograma normal revela pelomenos 80 a 90% de cabelos anágenos, 10 a 20% de telógenos e 1 a 2% de distróficos. • Considera-se alterado quando mais de 20-25% dos fios são telógenos ou mais de 2% de anagenodistróficos • Tipicamente, o fio telógeno caracteriza-se pelo bulbo globoso com pouca ou nenhuma melanina em seu interior, caracterizando a chamada clava, ou formato de cotonete. TRICOSCOPIA • Ferramenta fácil de utilizar que aumenta acurácia diagnóstica em relação à inspeção clínica e possibilita melhor compreensão das diferentes causas de alopecia, bem como acompanhamento e mecanismos patogênicos. Fio anágeno com coloração escura em formato de taco ou tip de golfe Fio telógeno em formato de cotonete ou clava. HISTOPATOLOGIA • Para confirmação diagnóstica das alopecias cicatriciais, é usada em casos complexos de alopecias não cicatriciais, nos quais o exame clínico e a tricoscopia não foram suficientes para o estabelecimento do diagnóstico. • Realizar biopsia do couro cabeludo com punch 4mm e enviar o material para corte horizontal (transversal) o Padrão-ouro para o diagnóstico das alopécias. • Se possível, remover 2 fragmentos e enviar um para corte transversal e outro, longitudinal. ALOPÉCIA AREATA (AA) DEFINIÇÃO • Afecção crônica dos folículos pilosos e das unhas, de etiologia desconhecida, provavelmente multifatorial com evidentes componentes autoimunes e genéticos. • Determina queda dos cabelos e/ou pelos, por interrupção de sua síntese, sem que ocorra destruição ou atrofia dos folículos, motivo pelo qual pode ser reversível. • Classificada como não cicatricial. EPIDEMIOLOGIA • É uma afecção frequente, acometendo aproximadamente 2% da população. • Afeta ambos os sexos, H > M (formas mais graves). • Surge em qualquer idade, com pico de incidência entre os 15 e os 29 anos. ETIOPATOGENIA • Multifatorial cujas causas reais permanecem desconhecidas. FATORES GENÉTICOS: • Associação com: o História familiar o Síndrome de Down o Antígenos de histocompatibilidade o Atopias. FATORES IMUNES: • Associação com: o Doenças autoimunes A) anágeno terminal com bainha interna e externa, B) catágeno terminal com espessamento da membrana basal, e C) telógeno terminal com enrugamento da bainha radicular interna o Presença de anticorpos circulantes (como autoanticorpo folículoespecífico) o Resposta ao tratamento com imunossupressores o Presença de infiltrados inflamatórios na lesão. • O infiltrado inflamatório peri e intrabulbar é composto por linfócitos T CD4+ e CD8+, o que denota perda do privilégio imunológico folicular. • A inflamação mantém os folículos em estado anágeno distrófico, forçando-os a passar rapidamente para a fase telógena ou a perpetuando. ATOPIA: • Desregulação imune própria do estado atópico. TRAUMAS PSÍQUICOS: • Associação ansiedade, alterações de humor, estresse e eventos traumáticos. • Produção de neuromediadores capazes de interferir na imunidade, como menor expressão do peptídeo gen relacionado a calcitonina (CGRP) e substância P no couro cabeludo de pacientes com alopecia areata. APRESENTAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO • Perda rápida e completa de pelos em 1 ou + áreas do couro cabeludo (envolvido em 90% dos casos) e, ocasionalmente, de outras regiões pilosas (barba, supercílio, púbis etc) • Geralmente as placas são assintomáticas, mas pode haver: o Sensações parestésicas com prurido discreto o Dolorimento o Sensação de ardor local o Outricodinia (hipersensibilidade do couro cabeludo) • Sinal de Widy: pigmento melânico na clava • Poliose: pelos despigmentados • Hiperqueratose folicular em área de alopecia • Pelada Decalvante FORMAS CLÁSSICAS: • Placa única ou focal • Múltiplas ou multifocal • Ofiásica: perda dos cabelos ocorre na linha de implantação temporooccipital (início occipital e avanço parietal bilateral) • Total • Universal FORMAS ATÍPICAS: • Sisaifo ou ofiasis inversa: todo o couro cabeludo (área frontoparietotemporal) poupando suas margens inferiores, ao longo da linha de implantação temporooccipital • Reticular: múltiplas placas alopécicas separadas por estreitas faixas de cabelos preservados • Difusa: não há formação de placas alopécicas, mas encontram-se pelos em pontos de exclamação entre os cabelos normais ALTERAÇÕES UNGUEAIS: • Formas mais graves • Pittings (depressões cupuliformes) são os mais comuns e produzem traquioníquia • Linha de beau, onicorrexe, coiloníquia, espessamento ou afinamento das unhas, onicólise (desprendimento da unha), paquioníquia, onicomadese, leuconiquia puntata ou transversa e pontos vermelhos na lúnula, etc ALTERAÇÕES OFTALMOLÓGICAS: • Associados a disfunção do epitélio pigmentar da retina • Opacidade assintomática do cristalino (51% dos pacientes) • Mudanças no fundo de olho, como hipopigmentações focais da retina • Catarata subcapsular posterior • Diminuição da acuidade visual • Síndrome de Horner, ectopia papilar, heterocromia, atrofia da íris, miose e ptose palpebral, etc • Mancha salmão da nuca: hemangioma plano na nuca presente em 94% dos casos de AA universal, entre outras formas mais graves DIAGNÓSTICO: • Clínico! • Apenas em formas difusas crônicas estão mais indicados o tricograma e a biópsia de couro cabeludo DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Tíneas • Alopecias cicatriciais • Tricotilomania • Líquen plano pilar localizado • Nas formas difusas de AA: o Alopécia androgenética o Flúvio telógeno agudo o Sífilis secundária • Os aspectos clínicos e exames complementares, como reações sorológicas para sífilis, tricograma e biópsia para exame histopatológico, definirão o quadro TRATAMENTO • Tratamento sintomático! • Deve-se considerar, portanto, o risco-benefício. • Pode ser tópico, intralesional ou sistêmico. • Considerar prognóstico e faixa etária. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO TÓPICO CORTICOSTEROIDES TÓPICOS • Betametasona, Clobetasol • Uso isolado ou associado ao Minoxidil • Também podem ser utilizados halcinonida ou fluocinolona • 1ª opção: loção ou creme aplicado 2x/dia sobre a alopecia ANTRALINA OU DITRANOL • Mecanismo desconhecido, estudos meramente observacionais com evidência de redução na expressão de interferons alfa e beta na área tratada • Possibilidade imunomoduladora de atividade citotóxica do IL-2 • Creme em concentração variável de 0,5 a 1% • O tempo de exposição pode começar com 5 min, aumenta gradualmente 5 a 10 min por semana, até atingir 1h ou até que apareça uma leve irritação, que é necessária para que a antralina seja efetiva • Após seu uso, o cabelo deve ser lavado com para evitar efeitos irritativos excessivos • Se não houver resposta em 3 meses, descontinuar o tratamento • Efeitos adversos: irritação intensa, foliculite, linfadenopatia regional, manchas na pele, nos cabelos e nas roupas • Boa opção para crianças MINOXIDIL • Geralmente utilizado em associação a outras terapias tópicas ou sistêmicas • Eficacia discutível, segundo Sampaio • É utilizado em solução hidroalcoólica a 5%, 2 vezes/dia • Mecanismo de ação: Vasodilatação - os mecanismos bioquímicos que produzem a redução da resistência periférica ainda não foram totalmente esclarecidos. Poderia ser demonstrado em estudos com animais que minoxidil bloqueia a entrada de cálcio na membrana da célula durante a despolarização. • Parece atuar na síntese do DNA folicular, estimulando o crescimento de pelos por meio do prolongamento da fase anágena, promover vasodilatação e aumento da espessura do bulbo capilar, angiogênese e há relatos de algum efeito imunossupressor • Primeiros resultados a partir da 12ª semanade uso • Existem relatos de melhores resultados com o uso associado de antralina ou clobetasol o A antralina deve ser utilizada 2h após a 2ª aplicação do Minoxidil o O clobetasol é aplicado 30min após cada aplicação de Minoxidil • Pode ser observada hipertricose a distância que é reversível com a suspensão do medicamento SOLUÇÃO DE FENOL A 88%: • Imediatamente neutralizada com álcool, em aplicações de 14/14 dias pelo médico INIBIDORES DA CALCINEURINA: • Os imunomoduladores (pimecrolimo e tacrolimo) podem ser utilizados na terapia da alopecia dos supercílios e das sobrancelhas, em outras regiões • Não oferece bons resultados pois a substância tem alto peso molecular e não consegue atingir o infiltrado inflamatório no bulbo. IMUNOTERAPIA TÓPICA: • Escolha para os casos crônicos de AA com mais de 50% do couro cabeludo acometido • Empregam-se substâncias altamente sensibilizantes que provoquem dermatite de contato alérgica na área afetada e produza-se um infiltrado inflamatório que substitua o infiltrado inflamatório linfocitário específico da AA • Éster dibutílico do ácido esquárico (SADBE) e a difencipirona (DPCP) • No Brasil eventualmente está disponível a difenciprona • Azulay: Após 2 semanas da sensibilização com solução a 2% em acetona, inicia- se a terapia semanal com a menor concentração capaz de produzir um eczema leve, testando inicialmente concentração de 0,01% • Sampaio: sensibilização inicial em área de 4 cm² com a solução a 2% de SADBE ou difenciprona. • Após uma semana, usar, em parte do couro cabeludo, solução a 0,001% e, consoante à reação, aumentar semanalmente a área e a concentração da solução para devagar até 2% • Ácido esquárico é uma alternativa para pacientes que desenvolvam reação alérgica incontrolável a DPCP. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO INTRALESIONAL • Os corticoides IL são a terapia de 1ª escolha para o tratamento de lesões localizadas (Azulay) • É o recurso mais efetivo em formas disseminadas (Sampaio) • O Acetonido de Triancinolona tende a ser utilizado com intervalo de 4 a 6 semanas • No couro cabeludo, utiliza 5 a 10 mg/mL e na sobrancelha ou face, entre 2,5 a 5 mg/mL diluído em solução salina ou em lidocaína sem vasoconstritor, não devendo exceder 20 mg de triancinolona na dose total, por aplicação • Aplica-se 0,05 a 0,1 mL a cada 1 cm em múltiplas injeções intradérmicas • Efeitos adversos: atrofia e telangiectasias no local de aplicação e S. de Cushing se altas doses forem usadas repetidamente. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO SISTÊMICO CORTICOIDES • Indicação limitada pela grande recorrência após sua interrupção, além dos efeitos adversos • Podem ser úteis por curto prazo em formas rapidamente progressivas, na tentativa de frenar essa progressão e utilizarem-se outras terapêuticas a longo prazo • Doses de 40 a 60mg/dia, diminuídas em 5mg por semana • Pulsoterapia, utilizando-se prednisona ou prednisolona 1 mg/kg/dia, pode ser utilizada em casos extensos ou de evolução rápida; o Esta última opção tem apresentado bons resultados • Alguns autores indicam, especialmente para crianças, pulsoterapia mensal VO, 300mg de prednisolona para crianças até 12 anos e 5mg/kg para idades superiores CICLOSPORINA • Tem indicação excepcional (tentada em formas graves, irresponsivas a outros tratamentos), em função de seus efeitos adversos e da recorrência após interrupção • O uso tópico não é eficaz. SULFASSALAZINA • Dose inicial: 500 mg 2x/dia durante 30 dias VO, 1 g 2x/dia durante mais 30 dias e depois 1,5 g 2x/dia durante 4 meses • Se não houver resposta, deve ser tentada uma dose de 4 g/dia durante mais 3 meses. ALOPÉCIA ANDROGÊNICA • DEFINIÇÃO: Alopecia androgenética, ou calvície, é uma forma de queda de cabelos geneticamente determinada. • É relativamente frequente na população. • A doença se desenvolve desde a adolescência, quando o estímulo hormonal aparece e faz com que, em cada ciclo do cabelo, os fios venham progressivamente mais finos. • A pele também sintetiza hormônios, dentre eles a testosterona e di- hidrotestosterona, que têm um papel muito importante na alopecia androgenética, na acne e no hirsutismo. • De acordo com o último censo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a queixa de alopecia está entre as dez mais frequentes nos consultórios dermatológicos em pacientes de 15 a 39 anos. o A alopecia androgenética (AAG) é a causa mais comum de alopecia em ambos os sexos. o É caracterizada por alteração no ciclo do cabelo levando à miniaturização folicular progressiva com conversão de fios terminais em velo, mais finos, curtos e menos pigmentados. o A AAG afeta ambos os sexos, com mais de 50% dos homens apresentando algum grau de calvície acima dos 50 anos o No sexo masculino o processo é andrógeno dependente; nas mulheres, entretanto, a interferência hormonal é incerta QUADRO MASCULINO • Rarefação de fios nas regiões frontoparietal, bitemporal e vértice (áreas androgênio-dependentes) • Inicia-se pela perda de cabelos na linha frontal do couro cabeludo, com entradas laterais e/ou no vértex • Escala de Norwood QUADRO FEMININO • Mais difusa que no padrão masculino • Associadas à alopecia, ocorrem, com certa frequência, seborreia e hiperidrose • Escala de Ludwig FISIOPATOGENIA O CICLO DOS PELOS • O folículo piloso passa por três estádios principais ao longo do seu desenvolvimento: o Proliferação (fase anágena) o Involução (fase catágena) o Repouso (fase telógena), com regeneração em sucessivos ciclos. • No couro cabeludo normal a fase anágena dura de dois a sete anos, a catágena cerca de duas semanas, e a telógena aproximadamente três meses. • Avaliações seriadas por fototricograma demonstraram uma fase de atraso entre a queda e a reposição de uma nova haste. • Essa fase de descanso real, quando o folículo se encontra vazio, denomina-se QUENÓGENA, e seu reconhecimento foi fundamental para a compreensão da dinâmica folicular na AAG. • Cada folículo possui um mecanismo de controle individual • Os mecanismos que controlam o ciclo do pelo estão localizados no próprio folículo e são resultado da interação de moléculas reguladoras e seus receptores. • A perda de cabelo representa uma desordem do ciclo do folículo piloso com etiologia variada. • Na AAG ocorre término prematuro da fase anágena pela redução da expressão de fatores estimulantes e aumento de citocinas que promovem apoptose. • Além disso, há aumento do número de folículos em repouso na fase quenógena. • Na AAG, além da alteração do ciclo folicular, ocorre miniaturização dos fios terminais para fios velo. • Essas modificações ocorrem tanto em homens quanto em mulheres. O PAPEL DOS ANDRÓGENOS NOS HOMENS • A AAG masculina foi reconhecida como uma desordem andrógeno dependente desde 1940, quando se percebeu que eunucos não a desenvolviam, apesar da diminuição de seus pelos corporais. • Isso evidenciou a influência dos andrógenos no crescimento dos pelos corporais, inversa à que ocorre no couro cabeludo. o O alvo primário da ação dos andrógenos no folículo piloso é provavelmente a papila dérmica, e sua ligação se dá através de receptores específicos. • A di-hidroepiandrosterona (DHEA), apesar da baixa afinidade, pode ser transformada em andrógenos fortes como testosterona e di-hidrotestosterona (DHT). • A testosterona é o andrógeno circulante mais potente, com concentrações superiores em homens. • Somente uma pequena fração da testosterona circula livremente, 70% é ligada à globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), cujos níveis se correlacionam inversamente com a severidade da alopecia. •Entretanto é da DHT, um metabólito da testosterona, a responsabilidade pela miniaturização dos folículos e desenvolvimento da AAG. • A DHT também é implicada na patogênese de hiperplasia prostática benigna (HPB), neoplasia de próstata, hirsutismo e acne vulgar. • Sua afinidade por receptores androgênicos é cinco vezes maior que a da testosterona. • A 5α-redutase é a enzima responsável pela conversão da testosterona em DHT. • Pacientes homozigotos para a mutação do gene da 5α-redutase, com enzima inativa apresentam pseudo-hermafroditismo masculino incompleto com genitália ambígua e virilização somente após a puberdade. Esses indivíduos não apresentam AAG, evidenciando a DHT como o hormônio principal na patogênese da AAG masculina. • A pele e a unidade pilossebácea são enzimaticamente equipadas para o metabolismo e conversão de esteroides sexuais, convertendo andrógenos fracos em formas mais potentes através da ação de enzimas como a 5α- redutase ( tipos 1 e 2), 3βhidroxiesteroide desidrogenase (3β-HSD), entre outras. • Andrógenos fortes como a testosterona e a DHT podem ser convertidos em andrógenos fracos ou estrógenos por outras vias enzimáticas, incluindo a aromatase. • A enzima 5αredutase, essencial ao desenvolvimento de AAG masculina, está presente em maiores níveis e com atividade aumentada nos folículos do couro cabeludo de indivíduos acometidos. • Além disso seus níveis são mais elevados nos folículos frontais em comparação aos folículos occipitais de mulheres e homens com AAG. • A deficiência de aromatase herdada ou adquirida (mulheres em uso de inibidores de aromatase para tratamento de câncer de mama) também acarreta aumento de andrógenos circulantes e perda de cabelos semelhante à AAG. • Embora a AAG masculina seja um processo DHT dependente, com contínua miniaturização dos folículos andrógenos sensíveis, a maioria dos homens com essa alteração apresenta níveis normais de andrógenos circulantes. o Superprodução de andrógenos na unidade pilossebácea, superexpressão ou hiper-responsividade dos receptores de andrógenos podem ser responsáveis por esse processo. NAS MULHERES • O papel dos andrógenos na AAG feminina é pouco claro, e alguns autores recomendam evitar o termo androgenética para esse tipo de alopecia. • A APF está associada à hiperandrogenemia em menos de 40% dos casos sem correlação com o padrão de distribuição (central ou bitemporal). • A finasterida, um inibidor seletivo da 5α-redutase 2, é efetiva em homens mas falhou em prevenir a progressão de queda de cabelos em mulheres pós- menopausa normoandrogênicas com APF. CONSIDERAÇÕES DA GENÉTICA • Os fatores hereditários que contribuem para a susceptibilidade individual da AAG ainda são pouco conhecidos, porém há evidências suficientes que confirmam um envolvimento genético. • A história familiar é geralmente positiva nos quadros de AAG masculina e menos frequente nas mulheres. • O padrão de herança sugerido atualmente é poligênico. INVESTIGAÇÃO • Não há um exame padrão ouro para o diagnóstico de AAG. • Além do exame físico atentando para o padrão e grau de acometimento da alopecia, é fundamental a realização de uma anamnese completa. • Os pacientes precisam ser questionados sobre possíveis fatores desencadeantes do processo tais como variações de peso, uso de anabolizantes, hábitos alimentares, uso de produtos químicos, medicações, história familiar e comorbidades. • Métodos complementares incluem dermatoscopia, tricograma e biópsia. • O principal diagnóstico diferencial de AAG é o eflúvio telógeno, particularmente a forma crônica, há muito tempo considerada um fator de confusão. TRATAMENTO • Os objetivos do tratamento da AAG são aumentar a cobertura do couro cabeludo e retardar a progressão da queda. • A documentação fotográfica padronizada desde o início do tratamento, bem como no seguimento, permite decisões terapêuticas mais apropriadas tanto por parte do médico como do próprio paciente. • Medidas gerais como exclusão do uso de medicações que podem causar ET, dieta balanceada, com ingesta adequada de proteínas e ferro, além de tratamento de outras desordens do couro cabeludo, como a dermatite seborreica, são importantes para o sucesso da terapêutica. • Controle de peso em pacientes obesas reduz a transformação periférica dos andrógenos, diminui a intolerância à glicose, aumenta SHBG e reduz testosterona livre, melhorando o perfil hormonal. • As medidas farmacológicas diferem entre os homens e as mulheres. • Duas drogas destacaram-se por apresentar maiores evidências de resultados: finasterida via oral e minoxidil tópico, ambas necessitando de uso crônico para resultados satisfatórios. • Nenhuma delas restaura toda a perda capilar. MINOXIDIL • O real mecanismo de ação na AAG não está claro, mas atua aumentando a duração da fase anágena, contribuindo para o aumento da densidade capilar. • O pico de ação é notado por volta de 16 semanas do uso, e após seis meses de descontinuação o quadro retorna a seu estádio inicial. • É preconizado em concentrações de 5% para homens e 2 a 5% para mulheres. • Aumento na ocorrência de prurido, irritação local e hipertricose pode ser observado com minoxidil a 5%, embora apresente melhores resultados nessa dose. • O minoxidil tópico é a droga de escolha em mulheres pré-menopausa e normoandrogênicas. FINASTERIDA • Trata-se de inibidor da 5α-redutase tipo 2, que reduz em dois terços a transformação de testosterona em DHT e está disponível no mercado brasileiro desde 1990. • A finasterida não reduz as ações fisiológicas da testosterona, diminuindo apenas as concentrações de DHT. • Sua eficácia na AAG masculina já foi comprovada por grandes estudos, incluindo amostras randomizadas e controladas por placebo, evidenciando melhora da aparência tanto do vértex quanto da região frontal, na dose de 1mg/dia. • Em um grupo de homens avaliados por um ano com tratamento com finasterida 1mg/dia, ocorreu aumento dos fios em 80% dos casos. • Há inicialmente um aumento na contagem folicular, com pico aos 12 meses, e posteriormente aumento da espessura dos fios. • Os efeitos se perdem após 12 meses da descontinuação do uso. • O PSA (antígeno prostático específico) deve ser ajustado quando utilizado para o rastreamento de neoplasia prostática nos pacientes em uso de finasterida na dose de 5mg/dia para o tratamento de hiperplasia prostática benigna, já que a concentração desse parâmetro laboratorial é reduzida por essa medicação. • Os efeitos colaterais da finasterida relacionados à sexualidade (diminuição da libido, disfunção erétil e diminuição do volume da ejaculação) foram vistos em 4,3% de homens com idade entre 18 e 41 anos • Esses efeitos frequentemente desaparecem durante o tratamento ou após sua descontinuação. • Alterações na espermatogênese e fertilidade não foram demonstradas. • Ainda não há consenso quanto ao uso da finasterida na APF. • A falta de outras opções terapêuticas de primeira linha justifica seu uso ocasional. DUTASTERIDA • Inibidor não seletivo da 5α-redutase, capaz de inibir as isoenzimas dos tipos 1 e 2 e proporcionar maior redução dos níveis de DHT em relação à finasterida. • Efeitos colaterais podem ser maiores devido à menor especificidade FLUTAMIDA • Trata-se de antiandrógeno não esteroidal, inicialmente usado no tratamento do câncer de próstata, demonstrando efeitos no crescimento do cabelo. • Graves efeitos colaterais hepáticos quando administrada de forma sistêmica, teve seu uso proibido para alopecia pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil em 2008. ESPIRONOLACTONA • É inibidor da aldosterona que age bloqueando o receptor androgênico e inibindo a síntese de androgênio. • Pode ser usada em monoterapia ou associada ao minoxidil com a finalidade de potencializaro crescimento do fio. • Esse fármaco não é usado em homens devido ao risco de feminização. • Possíveis efeitos adversos são: hipotensão postural, desequilíbrio hidroeletrolítico (hipercalemia), irregularidades menstruais e fadiga. ACETATO DE CIPROTERONA • Esse antiandrógeno, associado ou não ao etinilestradiol, pode ser útil no tratamento de mulheres com APF e sinais de hiperandrogenismo, com eficácia semelhante à espironolactona. DERIVADOS BOTÂNICOS E Α-ESTRADIOL • O alfaestradiol é capaz de reduzir a formação de DHT e aumentar a conversão de testosterona em outros esteroides menos ativos. • Comparado ao minoxidil durante seis meses de uso em mulheres, o alfaestradiol demonstrou apenas manutenção do padrão clínico, enquanto com o minoxidil a 2% houve crescimento de fios novos. SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA E REPOSIÇÃO DE FERRO • Reposição de suplementos vitamínicos aleatoriamente não está indicada na AAG. IMPLANTE CAPILAR • Transferência de fios da própria pessoa, de regiões não afetadas pela calvície, para a região afetada. A intenção é manter o mesmo padrão genético para evitar quedas CÉLULAS TRONCO • É uma técnica que inclui a incisão de células jovens nos folículos com a finalidade de sinalizar folículos envelhecidos próximos, fazendo regenerar-se e induzindo a produção novos fios CARBOXITERAPIA • Anidro carbônico, com a função vasodilatadora, aprimorando o aporte de oxigênio para os capilares, nutrição e liberação de toxinas PLASMA RICO EM PLAQUETAS. • É uma opção de tratamento, o fundamento da técnica é a aplicação subcutânea do plasma, no local da lesão, onde atuará na formação de novos vasos (angiogênese), estimulando novas mitoses para o reinício da fase anágena
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