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PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 Tutoria 4 – Problema 4 OBJETIVOS 1- Explicar a formação da urina (concentrada e diluída); 2- Relacionar a PA com a regulação renal; 3- Descrever os hormônios envolvidos na função renal; 4- Descrever os mecanismos responsáveis pelo gradiente osmótico regular. EXPLICAR A FORMAÇÃO DA URINA (CONCENTRADA E DILUÍDA) Formação de urina concentrada A formação de urina concentrada está correlacionada à presença do ADH. O filtrado entra nos túbulos contorcidos distais depois de passar pelas alças de Henle e, depois, pelos ductos coletores. Próximo das extremidades dos túbulos contorcidos distais e nos ductos coletores, as paredes dos túbulos tornam-se muito permeáveis à água se o hormônio antidiurético (ADH) estiver presente. Então a água difunde-se a partir do lúmen dos néfrons, para o fluido intersticial mais concentrado. O ADH aumenta a permeabilidade dos túbulos contorcidos distais e ductos coletores para água por meio de sua ligação a receptores nas membranas celulares. Isso ativa um mecanismo mediado por proteína G, que aumenta a síntese de AMP cíclico (cAMP) dentro dessas células. O cAMP promove a inserção de aquaporinas na membrana apical. As aquaporinas são proteínas de canais que aumentam a permeabilidade da membrana apical à água. Existem várias formas de aquaporinas. Nas células dos túbulos contorcidos distais e ductos coletores, as membranas basais contêm aquaporinas-3 e aquaporinas-4, que são insensíveis ao ADH. Essas moléculas de aquaporina fornecem canais de água que favorecem a sua saída a partir das células do ducto coletor para o fluido intersticial. Ao contrário, a aquaporina-2 regula o movimento da água para dentro das células. Nas células que não foram expostas ao ADH, as aquaporina-2 ficam armazenadas nas membranas de vesículas localizadas no citoplasma. Assim, na presença do ADH, a água se move por osmose para fora dos túbulos contorcidos distais e ductos coletores; ao contrário, quando ADH está ausente, a água permanece nos túbulos contorcidos distais e ductos coletores para se formar a urina. FORMAÇÃO DE URINA DILUÍDA Se o ADH não está presente ou se a sua concentração é reduzida, os túbulos contorcidos distais e ductos coletores apresentam baixa permeabilidade à água. Então, a quantidade de água que se move por osmose do túbulo contorcido distal e do ducto coletor é pequena. A concentração da urina produzida é inferior a 1.200 mOsm/kg, e o volume é aumentado. O volume dessa urina pode ser muito maior que 1% do filtrado formado diariamente. Se o ADH não é secretado, a osmolalidade da urina pode estar próxima à osmolalidade do filtrado no túbulo distal, e o volume de urina pode aproximar-se de 20-30 L/dia. Em uma pessoa saudável, mesmo quando os rins produzem urina diluída, a concentração de produtos residuais na urina é grande o bastante para manter a homeostase. Novamente, como acontece na formação de urina concentrada, substâncias benéficas são retidas, e tanto as substâncias tóxicas quanto a água em excesso são eliminadas. DESCREVER OS HORMÔNIOS ENVOLVIDOS NA FUNÇÃO RENAL PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 A regulação da concentração da urina e do volume envolve tanto mecanismos hormonais, bem como a autorregulação e o sistema nervoso simpático. Mecanismos hormonais Dois importantes mecanismos hormonais estão envolvidos na regulação da concentração e do volume da urina: o sistema renina- angiotensina-aldosterona e o mecanismo do hormônio antidiurético (ADH). Cada mecanismo é ativado por diferentes estímulos, mas trabalham em conjunto para alcançar a homeostase. O mecanismo do sistema renina-angiotensina é mais sensível a alterações na pressão sanguínea, e o mecanismo de ADH, a alterações na osmolalidade do sangue. Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona A renina é uma enzima secretada pelas células do aparelho justaglomerular. Quando as células justaglomerulares detectam a redução do estiramento da arteríola aferente ou seja, a queda da pressão na arteríola aferente, elas secretam renina. Além disso, as células da mácula densa sinalizam para que as células justaglomerulares secretem renina quando a concentração de Na+ do filtrado é reduzida. Após a secreção, a renina entra na corrente sanguínea e converte o angiotensinogênio, proteína do plasma produzido pelo fígado, em angiotensina I. Posteriormente, a enzima proteolítica chamada de enzima conversora de angiotensina (ECA), encontrada nos leitos capilares de órgãos como os pulmões, converte a angiotensina I em angiotensina II. Um hormônio vasoconstritor potente que aumenta a resistência periférica, causando aumento da pressão arterial. Só que, a angiotensina II é rapidamente degradada, logo, seu efeito dura apenas um curto período de tempo. A angiotensina II aumenta também a taxa de secreção de aldosterona, a sensação de sede, o apetite por sal e a secreção de ADH. A taxa de secreção da renina diminui se a pressão sanguínea na arteríola aferente aumentar, ou se a concentração de Na+ do filtrado aumentar à medida que passa pela mácula densa do aparelho justaglomerular. Uma grande diminuição da concentração de Na+ no fluido intersticial atua diretamente sobre as células secretoras de aldosterona do córtex suprarrenal para aumentar a taxa de secreção de aldosterona. No entanto, a angiotensina II é muito mais importante do que o nível sanguíneo de Na+ para regular a secreção de aldosterona. Aldosterona A aldosterona, hormônio esteroide secretado pelas células do córtex das glândulas suprarrenais, passa, por meio da corrente sanguínea, das glândulas suprarrenais para as células dos túbulos contorcidos distais e dos ductos coletores. As moléculas de aldosterona se difundem através das membranas do plasma e se ligam a moléculas receptoras no interior das células. A combinação de moléculas de aldosterona com as suas moléculas receptoras aumenta a síntese das proteínas de transporte que aumentam o transporte de Na+ pela membrana das células do néfron. Por isso, a taxa de reabsorção de Na+ aumenta. A redução da secreção de aldosterona diminui a taxa de reabsorção de Na+. Por consequência, a concentração de Na+ nos túbulos contorcidos distais e ductos coletores permanece alta. Uma vez que a concentração do filtrado, passando pelos túbulos convolutos distais e ductos coletores, tem concentração de solutos maior do que o normal, a capacidade da água para se mover por osmose através deles é diminuída, o volume de urina aumenta, e a urina tem maior concentração de Na+. Aumentos nos níveis de K+ no sangue atuam diretamente no córtex suprarrenal para estimular a secreção de aldosterona, enquanto diminuições nos níveis de K+ resultam na diminuição da secreção de aldosterona. Mecanismo Do Hormônio Antidiurético O hormônio antidiurético, também conhecido como vasopressina ou argipressina devido ao PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 seu leve efeito vasoconstritor, é um hormônio hipotalâmico secretado pela neurohipófise que tem como efeito principal a conservação do líquido corporal. Isso se dá por um aumento da reabsorção de água no sistema renal. Antes de entrar no mecanismo de ação do Hormônio antidiurético, vale ressaltar que, em condições normais, a permeabilidade à água é bem maior no Túbulo Proximal e na Porção descendente delgada da Alça de Henle, graças à abundante presença de canais de água chamados de Aquaporinas tipo 1 (AQP1). O ADH consegue aumentar a reabsorção de líquido no rim, agindo principalmente nos ductos coletores, onde há receptores de vasopressina tipo 2 (V2R) situados na suas membranas basais laterais. A interação entre o hormônio e seu receptor ativa a proteína Gs, que estimula a adenilato-ciclase e a produção de AMPc, com ativação da proteínakinase a. Esse processo inicia uma cascata de fosforilação até promover a translocação de canais de água da aquaporina-2 (AQP2) para a membrana apical da célula, aumentando assim a permeabilidade desta região à água. Na ausência de ADH, os canais de aquaporina-2 sofrem endocitose e retornam às vesículas para reciclagem. Além desse efeito, pode-se elencar outros 3 efeitos renais: 1. Aumenta a permeabilidade à água em todos os segmentos do néfron; 2. Aumenta a permeabilidade à uréia no Ducto Coletor Medular Interno; 3. Aumenta a reabsorção ativa de NaCl na alça de Henle. Vale ressaltar que o etanol é um potente inibidor da secreção de ADH, fato que impede a expressão da AQP2 e a consequente reabsorção de água nos ductos coletores, o que gera adeptos de bebidas alcóolicas, principalmente da Cerveja, uma diurese exagerada. RELACIONAR PA COM A REGULAÇÃO RENAL Os rins podem regular a pressão arterial pelo aumento ou pela diminuição do volume sanguíneo. Essa regulação é por meio do mecanismo hormonal chamado sistema renina-angiotensina- aldosterona. A renina atua como uma enzima convertendo uma das proteínas plasmáticas, o substrato da renina, no hormônio angiotensina I. Esse hormônio tem efeito pouco intenso sobre a circulação e é rapidamente convertido em um segundo hormônio, a angiotensina II, por meio da enzima conversora (ECA). Essa enzima conversora é encontrada apenas nos vasos de menor calibre dos pulmões. A angiotensina II permanece no sangue por pouco tempo, apenas de 1 a 3 minutos, por ser inativada por outras enzimas, encontradas no sangue e no tecido, e chamadas coletivamente de angiotensinas. Não obstante seu reduzido tempo de ação, e que está circulando no sangue, a angiotensina II produz vasoconstrição nas arteríolas, fazendo a pressão aumentar até o seu valor normal. Além do mecanismo hormonal dos rins, outro importante sistema hormonal também participa da regulação da PA: É a secreção de aldosterona pelo córtex da suprarrenal. Esse córtex secreta hormônios corticoides, um dos quais, a aldosterona, controla o débito renal de água e de sal. A aldosterona participa da regulação da seguinte forma: quando a pressão arterial cai a valores muito baixos, a falta de fluxo sanguíneo ideal pelo corpo faz com que os córtices suprarrenais secretem a aldosterona. Uma das causas desse efeito é a estimulação das glândulas suprarrenais pela angiotensina II que é formada quando ocorre a baixa da PA. Essa aldosterona exerce efeito no rim. Como consequência a água e o sal ficam retidos no sangue, aumentando o volume sanguíneo, normalizando a PA. De modo inverso, a PA aumentada inverte esse mecanismo, de modo que os volumes líquidos e, consequentemente a pressão arterial, diminuam. Barorreceptores – que monitoram a pressão do sangue nos átrios do coração, veias grandes, seios carótidas e arco aórtico – também influenciam a secreção de ADH quando a pressão arterial aumenta ou diminui em mais de 5-10%. Reduções na pressão PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 arterial são detectadas pelos barorreceptores, que, por fim, diminuindo a frequência dos potenciais de ação enviados ao longo das vias aferentes que, enfim, se estendem para a região supraóptica do hipotálamo. O resultado é o aumento da secreção de ADH. Quando a osmolalidade do sangue aumenta ou a pressão arterial diminui significativamente, o ADH é secretado e atua sobre os rins para promover a reabsorção de água. A reabsorção de água diminui a osmolalidade do sangue. Além disso, aumenta o volume de sangue, o que eleva a pressão sanguínea. Porém, quando a osmolalidade do sangue diminui ou quando a pressão arterial sobe, a secreção de ADH é diminuída. Devido aos reduzidos níveis de ADH, os rins param de reabsorver água e produzem um maior volume de urina diluída. A perda de água na urina aumenta a osmolalidade do sangue e reduz a pressão sanguínea. A secreção de ADH ocorre em resposta a pequenas alterações na osmolalidade, enquanto uma mudança substancial na pressão do sangue é necessária para alterar a secreção de ADH. Assim, o ADH é mais importante na regulação da osmolalidade do sangue do que na regulação da pressão arterial. DESCREVER OS MECANISMOS RESPONSÁVEIS PELO GRADIENTE OSMÓTICO REGULAR Quando uma pessoa ingere uma grande quantidade de líquido, o corpo deve eliminar esse excesso de líquido sem perder quantidades extremas de eletrólitos ou outras substâncias essenciais para manter a homeostase. Os rins podem responder por meio da produção de um grande volume de urina diluída. Em contrapartida, se uma pessoa não beber água suficiente, a produção de uma quantidade excessiva de urina diluída levaria a uma rápida desidratação. Então, quando a ingestão de água é restrita, os rins produzem um pequeno volume de urina concentrada, o que conserva a água, contendo apenas o suficiente de resíduos tóxicos para que não se acumulem na corrente sanguínea. Gradiente De Concentração Medular A capacidade do rim de concentrar a urina depende da manutenção de uma alta concentração de solutos na região medular do rim. E, a manutenção da elevada concentração de solutos na medula renal depende das funções das alças de Henle e do vaso reto. Os principais mecanismos que criam e mantêm a alta concentração de solutos na medula renal são os seguintes: 1-O transporte de solutos e difusão de água através da parede da alça de Henle. As longas alças de Henle de néfrons justamedulares são essenciais para manter uma alta concentração de soluto medular. Elas constituem um mecanismo de contracorrente. O mecanismo de contracorrente consiste em tubos paralelos (da alça de Henle e o vaso reto), onde os fluidos correm em direções opostas. Por meio desse mecanismo, a água ou solutos, podem se difundir a partir dos tubos que transportam o fluido em uma direção, para aqueles que o transportam na direção oposta, fazendo com que o fluido nos dois conjuntos de tubos tenha quase a mesma composição. As paredes do segmento descendente das alças de Henle são permeáveis à água. Como o filtrado flui para a medula renal pelo segmento descendente, a água se difunde da luz dos néfrons para o fluido intersticial mais concentrado. O excesso de água que entra no fluido intersticial passa para o vaso reto e é removido a partir da medula. No momento em que o filtrado atinge a ponta da alça de Henle, sua concentração é muito elevada. As paredes dos segmentos ascendentes grossos e finos das alças de Henle são impermeáveis à água. Assim, os solutos se difundem para fora do segmento fino do ramo ascendente à medida que atravessam um líquido intersticial progressivamente menos concentrado em seu caminho de volta para o córtex renal. Além disso, Na+ K+ e Cl- são transportados, por simporte, do segmento grosso do ramo ascendente para o fluido intersticial. Assim, a água entra no fluido intersticial nos segmentos descendentes, e os solutos entram no fluido intersticial dos segmentos ascendentes. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 Os solutos que se difundem a partir dos segmentos finos e aqueles que são transportados por simporte nos segmentos grossos adicionam solutos à medula. Isso mantém um fluido medular de alta osmolaridade. 2-Difusão de água e solutos através das paredes de vasos retos. O vaso reto fornece sangue à medula renal e atua como mecanismo de contracorrente que removem o excesso de água e de solutos a partir da medula, sem alterar a elevada concentração de solutos no fluido intersticial medular. O vaso reto é um mecanismo de contracorrente, porque o sangue flui por ele para a medula do rim, e depois vira, perto da ponta da pirâmide renal, fluindo na direção oposta, de volta para o córtex. As paredes dos vasos retos são permeáveis a água e solutos.Conforme o sangue flui em direção à medula, a água se move para fora do vaso reto, e alguns solutos se difundem para dentro dele. Conforme o sangue flui de volta para o córtex, a água se move para o vaso reto, e alguns solutos se difundem para fora dele. A direção da difusão é tal que o vaso reto transporta um pouco mais de água e de solutos a partir da medula do que para ela. Assim, a composição do sangue nas duas extremidades do vaso reto é quase a mesma, com o volume e a osmolalidade ligeiramente maiores à medida que o sangue atinge o córtex. Além disso, a pressão arterial no vaso reto é muito baixa, e a taxa de fluxo sanguíneo é extremamente lenta. Isso incentiva difusão rápida de solutos para dentro e para fora do vaso reto, garantindo a manutenção do elevado gradiente de concentração medular. 3-Reciclagem da ureia. A ureia é responsável por uma parte substancial da alta osmolalidade na medula renal. Devido à sua histologia, as paredes dos segmentos descendentes das alças de Henle são permeáveis à ureia; assim, ela se difunde, a partir do líquido intersticial, para dentro dos segmentos descendentes. No entanto, devido à sua histologia, os segmentos ascendentes das alças de Henle e os túbulos convolutos distais são impermeáveis à ureia, consequentemente, a ureia permanece na alça de Henle, até atingir os ductos coletores, que são permeáveis a ureia. Logo, alguma ureia se difunde para fora dos ductos coletores, alcançando o fluido intersticial da medula. Portanto, a ureia é reciclada, do fluido intersticial, para dentro do segmento descendente da alça de Henle, pelo segmento ascendente e pelo túbulo convoluto distal, e para dentro dos ductos coletores. Então, a maioria da ureia difunde-se, a partir dos ductos coletores, de volta ao líquido intersticial da medula. Por conseguinte, uma elevada concentração de ureia é mantida na medula dos rins. Resumindo, vários eventos importantes ocorrem no néfron a fim de estabelecer e manter uma alta concentração de solutos na medula renal: a. Os íons sódio e outros solutos são ativamente transportados para o fluido intersticial da medula, mantendo alta osmolaridade medular. b. Como o sangue flui lentamente e com baixa pressão no vaso reto, os solutos não são lavados para fora da medula. c. Grande parte da ureia retorna à medula a partir do ducto coletor, em vez de sair na urina. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1
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