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Leitura e produção de textos - UNIDADE 04

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Curso de Graduação Online | UNISUAM
PEDAGOGIA
Leitura e
Produção de Textos
UN
ID
AD
E 
4
Objetivo do estudo
- Descrever a estrutura do parágrafo.
- Dissertar sobre a sequenciação, continuidade e progressão das ideias no texto dissertativo.
- Explicar o que é tópico frasal e seus diferentes tipos. 
- Distinguir texto literário de não literário.
- Realizar a leitura de textos literários de diversos gêneros.
- Identificar os recursos de coesão e de coerência textual.
O Texto Escrito: 
a Paragrafação
INTRODUÇÃO:
Você sabia que o parágrafo é um conjunto de enunciados (frases, orações, períodos) que se 
unem em torno de um mesmo sentido? Sim, é exatamente isso!
De modo geral, cada parágrafo apresenta:
a) uma ideia central;
b) ideias secundárias, que desenvolvem e/ou complementam o tema abordado na 
ideia central; todas, porém, devem estar inter-relacionadas pelo sentido.
Assim, podemos dizer que o parágrafo é constituído por um ou mais período, em que se 
desenvolve uma ideia principal. A estas, são agregadas outras ideias, as secundárias, que 
estão ligadas intimamente à ideia principal, por meio do sentido.
Estudaremos, nesta Unidade, o parágrafo e a sua estrutura. Que tal começarmos?
2
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
4
O parágrafo como unidade de expressão e sua 
estrutura: Parágrafo padrão
Para começar, veja o exemplo que se segue:
Por fim, o trem de ferro. O trem não parava em Rio Acima naquela época. Mas ainda assim 
sua existência era um deslumbramento para a molecada. Todos sabiam exatamente a hora 
que ele passava, e iam postar-se na estrada, no alto dos barrancos, junto à cerca de arame 
farpado, a esperá-lo, grandioso espetáculo diariamente repetido. Apostavam para saber quem 
é que iria vê-lo primeiro, colavam o ouvido no trilho para ouvir o ruído das rodas. Assim que 
alguém dava o alarme, todos se colocavam em posição e dentro em pouco uma fumacinha 
apontava longe, rolava no ar um ruído em crescendo e finalmente a locomotiva surgia lá em 
baixo, na curva da estrada.
Fonte: http://www.sulinfoco.com.br/
imagens/noticias/594726d032f5a2a
2f90807cdc7235e77.jpg
exemplo
Qual seria a ideia central do texto? E as secundárias?
Ideia central:
- ver o trem passar
Ideias secundárias:
- o trem não parava na cidade;
- as crianças ficavam maravilhadas só em vê-lo;
- elas iam vê-lo passar todo dia;
- faziam apostas e procuravam bons lugares para 
avistá-lo.
Um texto é 
constituído por 
parágrafos 
interdependentes, 
3
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
T1
A estrutura básica (ideia central e ideias secundárias) do parágrafo pode se sustentar ainda 
sobre três partes principais:
Introdução: frase(s) inicial(is) que propõe(m) a ideia central. É também chamada 
de tópico frasal. No exemplo anterior, é a frase “Por fim, o trem de ferro”.
Desenvolvimento: frases que explanam a ideia central do parágrafo; no exemplo, 
o desenvolvimento corresponde ao trecho que vai de “O trem não parava...” até 
“...no ar um ruído em crescendo”.
Conclusão: frase(s) que dá(ão) fecho à ideia proposta, retomando o tópico frasal; 
no exemplo, é o trecho “...finalmente a locomotiva surgia lá em baixo, na curva 
da estrada”. 
Um texto é constituído por parágrafos interdependentes, sempre em torno de uma mesma 
ideia, que é seu tema central. Ao se elaborar um texto composto por vários parágrafos, não 
se deve esgotar o tema no primeiro parágrafo. Este deve apenas apontar a questão que vai 
ser desenvolvida.
O parágrafo seguinte é sempre uma retomada de algo que ficou inexplorado no parágrafo 
anterior ou anteriores. Pode ser uma palavra ou uma ideia que mereça ser desenvolvida.
O parágrafo final deve retomar todo o texto para concluí-lo. Por isso, antes de escrevê-lo, 
releia tudo o que escreveu. Como vimos na unidade anterior, a fim de fechar bem o texto, o 
parágrafo conclusivo deve retomar o que foi exposto no primeiro.
Sequenciação, Continuidade e Progressão das Ideias no Texto 
Dissertativo
Como você sabe, um texto não é uma reunião de frases soltas. Como unidade de sentido que 
é, ele precisa apresentar textualidade, ou seja, deve apresentar qualidades como clareza, 
coesão, coerência e correção, para ser bem compreendido. A continuidade e a progressão 
textual são dois dos elementos essenciais da textualidade.
Dá-se o nome de sequenciação ao modo como um texto se desenvolve, mantendo sua 
textualidade. Esta sequenciação depende de um duplo movimento: por um lado, a retomada 
de palavras e ideias já expressas, tanto no interior de um parágrafo quanto entre um parágrafo 
e outro, procedimento chamado continuidade; por outro, a introdução de novas ideias, 
procedimento chamado progressão, responsável pelo andamento do texto. 
Um texto sem continuidade fica com suas ideias “soltas”, seu desenvolvimento fragmentado. 
Um texto sem progressão se torna repetitivo, redundante, apresentando sempre as mesmas 
ideias. Um texto bem redigido implica um equilíbrio entre esses dois movimentos.
Observe o texto a seguir: 
EFEITOS DO TABACO
É difícil encontrar no mundo, hoje, alguém que ignore que o hábito de fumar faz mal à 
saúde. Os prejuízos são mais evidentes para os sistemas respiratório e cardiovascular, embora 
o uso de tabaco já tenha sido relacionado a vários tipos de câncer, não apenas o de pulmão. 
A novidade é que cientistas demonstraram que o fumo também está relacionado ao 
declínio cerebral. O estudo, publicado na revista “Neurology”, foi feito com 9.209 pessoas 
na Dinamarca, na França, na Holanda e no Reino Unido, pelo grupo de pesquisa Eurodem 
Se
qu
en
ci
aç
ão
4
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
(Ação Conjunta da Comunidade Europeia para a Epidemiologia da Demência). 
Os pesquisadores aplicaram questionários para avaliar o estado mental de homens 
e mulheres com mais de 65 anos concluíram que, entre os que nunca fumaram, o declínio 
das atividades cognitivas se dava a uma taxa 0,03 ponto percentual por ano. Já entre os 
fumantes, o índice foi de 0,16 e, entre ex-fumantes, de 0,06. 
Uma possível explicação para o fenômeno está no fato de que o uso crônico do tabaco 
provoca aterosclerose e eleva a pressão arterial, aumentando assim o risco de acidentes 
vasculares (derrames) e de lesões a pequenas áreas do tecido cerebral. 
O interessante desse estudo é que ele contradiz pesquisas anteriores sugestivas de que 
a nicotina teria um efeito protetor para o cérebro, particularmente contra o mal de Alzheimer. 
Mas, como observou Amanda Sandford, porta voz da ASH (Ação sobre Fumo e Saúde), “é 
mais provável que a inalação constante de uma substância venenosa tenha efeitos negativos 
do que positivos”. Uma hipótese para o “efeito protetor” é a de que os fumantes morrem antes 
de atingir a idade em que o mal de Alzheimer se torna mais frequente. 
Embora amplo, o trabalho ainda precisa ser corroborado por outros estudos antes 
que se possa incluir a demência como uma das moléstias provocadas pelo hábito de fumar. 
Folha de São Paulo, set/2004
Você deve ter percebido que a parte inicial de cada parágrafo, exceto o primeiro, está 
marcada. Isso foi feito para chamar sua atenção para o modo como o autor elaborou a sua 
exposição, encadeando as ideias. O encadeamento se realiza, uma vez que nesses trechos 
há sempre uma palavra ou expressão que retoma algo já dito no parágrafo anterior. Este é 
um dos recursos de sequenciação presentes no texto.
Agora, vamos ver um exemplo de um texto com problemas de sequenciação. O texto que segue 
foi produzido a partir do tema “Preservação do meio ambiente e progresso”. Reproduzindo 
aqui tal qual foi escrito, apresenta problemas de diferentes tipos: paragrafação, pontuação e 
regência, entre outros. Leia-o, observando a continuidade e a progressão das ideias.
O casamento perfeito.
 Progredir e preservar o que é isto?
 Para muitos, são apenas duas das milhares de palavras, que constam do vocabulário 
português.
 Enganam-seporém, pois muito mais do que duas meras e simples palavras, são 
fundamentais para a sobrevivência do ser humano.
 Fundamentais por quê? Muitos se perguntam.
 Porque apenas a preservação meio ambiente, sem o progresso não adiantaria nada, 
pois se isso tivesse acontecido, viveríamos ainda como “Adão e Eva”. Ao mesmo tempo, o 
progresso desenfreado sem a companhia da preservação do meio ambiente, seria outro fator 
negativo, pois com o tempo todos nós acabaríamos morrendo com a tamanha poluição que 
se formaria com o passar do tempo.
 Para progredirmos é necessário vivermos.
 Pensando apenas na vida da natureza, muitos ecologistas se esquecem que é 
preciso haver o progresso para haver a vida humana. Do mesmo modo, muitos empresários, 
pensando apenas no progresso, se esquecem que é preciso haver a vida humana para haver 
o progresso.
 Agora, unidos, ecologistas e empresários realizariam um casamento perfeito e os 
frutos desse casamento seriam um mundo progredido e preservado.
Aluno do terceiro ano do Ensino Médio
Co
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in
ui
da
de
5
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
Pare e reflita
Compare este texto com o anterior. O que há de diferente? 
1) O texto apresenta sérios problemas de progressão textual, 
pois todo ele é desenvolvido a partir de um único argumento. 
Como consequência, as ideias giram apenas em torno desse 
argumento e, assim, alcançam pouca profundidade.
a) Qual é esse argumento?
b) Dê sua opinião: Que outros argumentos o autor poderia 
ter utilizado para desenvolver o tema?
c) Por fim, dê sua opinião sobre este texto. Em sua opinião, 
ele apresenta textualidade? Justifique sua resposta.
exercício
exercício
possíveis respostas
a) O único argumento que o aluno consegue usar ao longo de seu texto é que é preciso 
preservar progredindo, ao mesmo tempo em que é preciso progredir preservando.
b) Ele podia, por exemplo, citar a questão da sustentabilidade, crucial para que se consiga 
aliar progresso e preservação, ou mesmo sugerir meio de se alcançar tal equilíbrio.
c) Até pela fragmentação do texto em vários trechos curtíssimos que não constituem, a rigor, 
parágrafos completos, se percebe que o texto apresenta vários problemas. Sem continuidade 
(ele não faz a retomada de informações) e sem progressão (ele não acrescenta novas 
informações ao longo do texto), é claro que este texto não apresenta textualidade.
Que tal um exercício para praticar?
1) A proposta aqui é que você recupere a informação anterior 
de cada trecho inicial do texto anterior. O primeiro está feito 
a título de exemplo. 
A novidade é que: Retoma a informação dada no parágrafo 
anterior, que afirma já serem conhecidos os efeitos nocivos 
do cigarro para a saúde do coração e do pulmão. A palavra 
novidade aponta para algo desconhecido pela maioria das 
pessoas e que será a razão de o texto ter sido escrito. 
Os pesquisadores: 
Uma possível explicação para o fenômeno: 
O interessante desse estudo:
Embora amplo, o trabalho: 
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O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
possíveis respostas
Os pesquisadores: são os mesmos cientistas citados no parágrafo anterior. Ao fazer referência 
a eles usando um sinônimo, mantem-se o foco na informação e evita-se a repetição.
Uma possível explicação para o fenômeno: o termo “fenômeno” se refere à perda da 
capacidade cognitiva, citada anteriormente. De novo, se faz a retomada da informação 
evitando-se a repetição de termos.
O interessante desse estudo: o “estudo” aqui citado é a mesma pesquisa de perda da 
capacidade cognitiva devido ao vício em tabaco.
Embora amplo, o trabalho: “trabalho”, assim como o termo “estudo” do parágrafo anterior, 
também se refere à pesquisa da Eurodem. Como se pode perceber, é possível manter o 
foco do texto evitando-se, ao mesmo tempo, repetições de termos, que tendem a tornar o 
texto redundante e cansativo.
Em síntese, esse cuidado de retomar informações do texto por meio de sinônimos, pronomes, 
etc. que façam referência a algo que já foi dito antes é que garante a continuidade do texto. 
Ao mesmo tempo, a inserção de novas informações é que garante a sua progressão.
Tópico Frasal
O tópico frasal encerra de modo geral e conciso a ideia-núcleo do parágrafo. Em 99% dos 
casos, é a frase ou frases iniciais do parágrafo. Embora nem todo parágrafo apresente esta 
característica de iniciar com o tópico frasal (lembre-se do 1% que foge desta regra), a maioria 
deles é assim construída.
Se a maioria dos parágrafos apresenta essa estrutura, é natural que ela seja tomada como 
padrão. Deste modo, o tópico frasal constitui um meio muito eficaz de expor ou explanar 
ideias, já que, explicitando logo de saída a ideia-núcleo, o tópico frasal garante de antemão 
a objetividade, a coerência e a unidade do parágrafo, evitando divagações que tornariam o 
parágrafo confuso. É isso que se vê no seguinte exemplo, um parágrafo claro e objetivo, de 
autoria de Luis Carlos Cabrera:
Sustentabilidade é a palavra que mais se ouve e se lê por aí — na administração, na 
economia, na engenharia ou no Direito. Mas, afinal, o que significa sustentabilidade? Como 
bom mentor, vou tentar explicar de forma simples o conceito que já faz parte da vida moderna. 
Em primeiro lugar, trata-se de um conceito sistêmico, ou seja, ele correlaciona e integra de 
forma organizada os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade. A 
palavra-chave é continuidade — como essas vertentes podem se manter em equilíbrio ao 
longo do tempo.
(Revista Você S.A. – Ed. Abril – Maio de 2009)
T2
7
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
Fonte: http://www.duratex.com.br/Sustentabilidade/App_Themes/Imagens/animaHome.jpg
Os primeiros períodos – em destaque, com a intenção de mostrar que se trata de ideia central 
do parágrafo - constituem o tópico frasal, que traduz uma indagação sobre o significado do 
termo “sustentabilidade” e sua aplicabilidade no mundo moderno. O rumo das ideias a serem 
desenvolvidas já está aí traçado.
Diferentes Tipos de Tópico Frasal 
Há vários modos de se iniciar um parágrafo. Veremos, aqui, os mais comuns:
a) Declaração inicial
Este é, segundo consta, o tipo mais frequentemente encontrado. Como o nome indica, o autor 
inicia o parágrafo fazendo uma declaração sobre o tema que deseja explanar no parágrafo. 
Os responsáveis pelas áreas de seleção das principais empresas do Brasil são 
unânimes em apontar uma falha grave na formação dos profissionais brasileiros: a falta 
de cultura. A crítica vale tanto para jovens trainees quanto para executivos que já ocupam 
cargos de liderança. Falta conhecimento de história, geografia, pintura, música e literatura. 
Esse defeito pode definir sua próxima contratação ou promoção: as empresas precisam de 
gente culta. Por quê? Porque é o nível cultural que melhora a capacidade de diagnóstico, 
de entender rapidamente contextos complexos e de fazer julgamentos. Não é à toa que as 
escolas de administração europeias (que nos últimos anos lideram os rankings internacionais) 
oferecem cada vez mais cursos que discutem pintura, prosa e poesia, neurologia, filosofia, 
antropologia e história. 
(Luis Carlos Cabrera, Revista Você S. A.)
exemplo
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O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
O autor abre o parágrafo com uma declaração sucinta, que, no caso, é uma generalização 
("Os responsáveis pelas áreas de seleção das principais empresas do Brasil são unânimes 
em apontar uma falha grave na formação dos profissionais brasileiros: a falta de cultura."), 
fundamentando-a a seguir por meio de exemplos e pormenores. 
Às vezes, a declaração inicial aparece sob a forma negativa, seguindo-se a contestação ou 
a confirmação, como no trecho seguinte:
Não há solução para o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho a não ser pela 
construção de uma vida harmônica. A tentativa de separar o mundo em duas ou mais partes 
acaba criando uma espécie de paranoia quenão resolve. Gostar do que se faz é fundamental. 
Ter uma vida pessoal saudável, com família, amigos, hobbies e interesses variados também. 
Ser responsável no trabalho não implica colocar a família em segundo plano. Talvez seja a 
hora de rever os valores e fazer um bom exercício de organização da vida. 
(Eugenio Mussak. In: Vida Simples - jan/2010)
b) Definição
Frequentemente o tópico frasal assume a forma de uma definição, dando uma explicação 
sobre o sentido de um dos termos do tema do texto. No exemplo a seguir, temos a definição 
do termo ética:
Ética é uma ciência que estuda a moral, procurando avaliá-la criticamente para 
chegar a valores sustentáveis e universais. Essa ciência é um ramo da filosofia, que tem 
como objetivos maiores o bom e o bem. As organizações em geral precisam de códigos de 
condutas que possam ir além dos valores e costumes individuais de seus colaboradores, a 
fim de conseguirem firmar, de maneira uníssona, a imagem de empresas sérias e elegíveis 
no nicho de mercado em que atuam. 
(Célia Leão, Revista Você S. A.)
c) Divisão
É o que consiste em apresentar o tópico frasal sob a forma de divisão ou discriminação 
das ideias a serem desenvolvidas, ou seja, no tópico são citados elementos que serão 
trabalhados separadamente, dentro do próprio parágrafo (como ocorre no exemplo abaixo), 
ou nos parágrafos seguintes: 
Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar, divertir, 
persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e comentários sobre 
a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimento por parte 
do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto. 
A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a 
formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. 
(Samuel P. Netto, adaptado)
d) Alusão Histórica
Recurso que desperta sempre a curiosidade do leitor é o da alusão a fatos históricos, lendas, 
tradições, crendices, anedotas ou a acontecimentos de que o autor tenha sido participante 
ou testemunha:
ex
em
pl
o
9
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
Em 1961, o então presidente da república Jânio Quadros condecorou o guerrilheiro 
esquerdista Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul. Como Jânio não rezava pela 
cartilha marxista, na época muitos acharam que, ao tomar a decisão, ele estivesse duas doses 
a mais do que o resto da humanidade. Não estava. Ao homenagear Che Guevara, Jânio 
queria alvejar os adversários da direitista UDN, o partido que o ajudara a ser eleito e com o 
qual havia rompido. O tiro janista saiu pela culatra, mas a medalha concedida ao guerrilheiro 
entrou para a História como um clássico da provocação política. Quase quarenta anos depois, 
o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, resolveu imitar Jânio. No dia de Tiradentes, em 
Ouro Preto, o socialista de estilo montanhês distribuiu medalhas da Inconfidência, a mais alta 
honraria do governo mineiro, a personalidades da oposição. Só para espicaçar o presidente 
Fernando Henrique Cardoso, seu desafeto. 
(VEJA, abr. 1999)
e) Omissão de Dados Identificadores
Consiste na técnica de omitir certos dados necessários a identificar a personagem ou elemento 
citado no tópico, a fim de manter o leitor em suspense e despertar sua curiosidade. Veja o 
exemplo abaixo: 
Vai chegar dentro de poucos dias. Grande e boticelesca1 figura, mas passará 
despercebida. Não terá fotógrafos à espera, no Galeão. (...) Estará um pouco por toda parte, 
e não estará em lugar nenhum. Tem uma varinha mágica, mas as coisas por aqui não se 
deixam comover facilmente, ou, na sua rebeldia, se comovem por conta própria, em horas 
indevidas, de sorte que não devemos esperar pelas consequências diretas do seu sortilégio.
(Carlos Drummond de Andrade, Fala, amendoeira, p. 121)
O autor anuncia um fato, mas não nos fornece nenhuma indicação clara sobre a personagem 
de que se trata, mantendo o leitor na expectativa, não apenas até o fim do parágrafo, mas 
até o fim da própria crônica. É processo muito eficaz para prender a atenção, mas exige certa 
habilidade, sem a qual o autor acaba tentando, a seu modo, tapar o sol com a peneira. No 
caso desta crônica, ao final fica-se sabendo que a personagem anunciada por Drummond 
era a primavera.
- Veja este outro exemplo de tópico frasal com omissão de dados identificadores:
Ele é feio, mas come todo mundo. É nojento, asqueroso. Um inseto, mesmo. E é tão 
pequeno, tão baixo, que ninguém nota sua presença. Mas ele nunca está sozinho. Iguais 
a ele existem aos milhões só em sua casa. E, olha, não se iluda: eles são todos iguais. 
Totalmente sem escrúpulos, fazem mal às moças e rapazes. Adultos e crianças. Ele é um 
ser tão desprezível, que respirar perto dele pode causar até alergia. E sabe do que ele mais 
gosta de comer? Restos de pele humana. Por isso, só na sua cama deve ter pelo menos 
uns 2 milhões se reproduzindo. Acabe com esta pouca vergonha. Mantenha Sterilair ligado.
(Texto publicitário de Sterilair, purificador de ar. 
No caso, o elemento ao qual ele se refere fazendo suspense é o ácaro.)
1 Observação: o termo “boticelesca” se refere ao pintor italiano do século XVI Sandro Boticelli, 
que pintou um famoso quadro intitulado “A primavera”.
exemplo
10
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
f) Interrogação
Às vezes, o parágrafo começa com uma interrogação, seguindo-se o desenvolvimento sob 
a forma de resposta ou de esclarecimento. Seu principal propósito é despertar a atenção e 
a curiosidade do leitor.
Já reparou como a palavra ética voltou a fazer parte das conversas corporativas? 
Escreveu não leu, vem à tona a palavra ética. Seja ético, use de ética em suas relações 
com fornecedores, são alguns dos mantras que ouvimos nas organizações. Afinal, será que 
sabemos o que é ética e como ela se traduz nas ações do nosso cotidiano? 
(Célia Leão, Revista Você S. A.)
Veja outro exemplo de tópico frasal por interrogação:
Você gagueja? Isso pode ser um sintoma de que está em curso uma batalha no seu 
cérebro: uma disputa entre os hemisférios direito e esquerdo pelo controle daquilo que você 
fala. Uma pesquisa liderada pelo neurologista Peter Fox, da Universidade do Texas, mostrou 
que há uma estreita relação entre casos de gagueira e falhas na lateralização da fala. 
(Superinteressante, mai. 2003)
exemplo
exercício
1) Leia os parágrafos seguintes e numere-os de acordo com as diferentes formas que o tópico 
frasal pode assumir. Observe que o tópico frasal já está em destaque em cada parágrafo, 
para facilitar:
( 1 ) declaração inicial
( 2 ) definição
( 3 ) divisão
( 4 ) alusão histórica
( 5 ) omissão de dados identificadores
( 6 ) interrogação
a) ( ) O que mais me surpreende no Brasil de hoje é como subestimamos os enormes 
avanços realizados em tão pouco tempo. Pois basta voltarmos para meados da década passada 
– apenas alguns minutos na história do país – para nos darmos conta de quanto progredimos.
(Roberto Civita in O Brasil agora tem rumo)
b) ( ) Após a queda do Muro de Berlim, em 09 de novembro de 1989, acabaram-se 
os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a 
globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada pela 
competição. (http://oblogderedacao.blogspot.com.br/2012/10/as-diferentes-maneiras-de-
fazer-um.html)
11
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
c) ( ) O Brasil está melhorando? Às vezes parece que sim, outras que não. Certas 
estatísticas afirmam que sim: menos mortalidade infantil, mais criança na escola. Certas 
realidades do dia-a-dia indicam o inverso: o pátio dos milagres que se contempla e cada 
esquina de maior movimento, favelas horrendas, violência. Se se necessita de um antídoto 
às aflições desse vai-e-vem, contemple-se o trabalho de pessoas como Milu Vilelae Luís 
Norberto Paschoal. Eles estão à frente de uma história de sucesso que foi o transcurso, no 
Brasil, do Ano Internacional do Voluntário. É um caso que dá a impressão de que a resposta 
é: - Sim, o Brasil está melhorando.
(Roberto P. de Toledo in Uma história de sucesso)
d) ( ) Dois livros, recém-editados, discutem a ideia de caráter moral. O primeiro, ‘A 
Corrosão do Caráter’ (Editora Record), de Richard Sennett, de forma explícita; o segundo, 
‘O Que é a Filosofia Antiga’ (Editora Loyola), de Pierre Hadot, de modo tangencial, mas com 
igual sensibilidade crítica. A relevância dos livros para o debate ético entre nós é enorme.
(Jurandir da Costa Freire in Descaminhos do Caráter)
e) ( ) Depressão é uma doença crônica, recorrente, muitas vezes com alta concentração 
de casos na mesma família, que ocorre não só em adultos, mas também em crianças 
e adolescentes. O que caracteriza os quadros depressivos nessas faixas etárias é o estado 
de espírito persistentemente irritado, tristonho ou atormentado que compromete as relações 
familiares, as amizades e a performance escolar.
(Drauzio Varella in http://drauziovarella.com.br/crianca-2/depressao-na-adolescencia/)
( ) De uns tempos para cá tem surgido um elemento novo no cenário político nacional. 
Extremamente movediço, ele sempre aparece onde não se espera. Se o espreitamos, ele se 
esconde, em hibernação cautelosa.
(Antonio Suárez Abreu in Curso de Redação)
respostas
a) ( 1 ) declaração inicial
b) ( 4 ) alusão histórica
c) ( 6 ) interrogação
d) ( 3 ) divisão
e) ( 2 ) definição
f ) ( 5 ) omissão de dados identificadores
Texto Literário e não Literário
Um mesmo tema pode receber um tratamento utilitário ou um tratamento estético. No primeiro 
caso, produz-se um texto não literário; no segundo, um texto literário.
Cada um dos textos produz efeitos de sentidos distintos, ou seja, atinge de modo diferente 
seu leitor. Há algumas características que permitem distinguir um texto literário de um não 
literário, vejamos as principais:
T3
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O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
Texto não literário
- TEM FUNÇÃO UTILITÁRIA
- SUA RELEVÂNCIA SE DÁ NO PLANO DA 
MENSAGEM
- PODE SER RESUMIDO, SEM PREJUÍZO DE 
SEU CONTEÚDO OU PLANO DE EXPRESSÃO
- É DENOTATIVO, OU SEJA, REFERENCIAL, 
ASPIRANDO A SER O MAIS INFORMATIVO 
POSSÍVEL
- SUA LINGUAGEM BUSCA TRANSMITIR UM 
ÚNICO SIGNIFICADO PARA OS TERMOS QUE 
EMPREGA
Texto literário
- TEM FUNÇÃO ESTÉTICA
- SUA RELEVÂNCIA SE DÁ NO PLANO DA 
EXPRESSÃO; NÃO IMPORTA APENAS O QUE 
SE DIZ, MAS COMO SE DIZ
- É INTANGÍVEL, ISTO É, NÃO PODE TER 
SEUS TERMOS SUBSTITUÍDOS OU SUA 
ORDEM ALTERADA; ELE É INTOCÁVEL, NÃO 
PERMITINDO SEQUER SER RESUMIDO
- É CONOTATIVO, OU SEJA, CRIA SIGNIFICADOS 
NOVOS
- SUA LINGUAGEM É PLURISSIGNIFICATIVA, 
ISTO É, BUSCA REMETER A VÁRIOS 
SIGNIFICADOS PARA OS TERMOS QUE USA
Vamos ver um exemplo de texto não literário:
A bomba de Hiroshima
Na manhã de 6 de agosto de 1945, quase ao fim da Segunda Guerra Mundial, o bombardeiro 
B-29 americano Enola Gay lançou a ainda não testada bomba de urânio Little Boy sobre a 
cidade de Hiroshima, a sudoeste de Honshu, a principal ilha japonesa. Ela rebentou no ar a 
600 metros de altura e liberou uma energia equivalente a 20 quilotons (20 mil toneladas) do 
explosivo químico TNT, matando 64 mil pessoas instantaneamente. Três dias depois, após 
sobrevoar inutilmente durante 45 minutos um segundo alvo, a cidade de Kokura, sem visualizá-
la, o avião mudou de rumo. E Fat Man, outra bomba, esta de plutônio, arrasou mais da metade 
da área de Nagasaki, no sul do Japão. Passados seis meses, 40 mil pessoas haviam morrido. 
O número de vítimas poderia ter sido ainda maior e incluir cidadãos americanos caso o mau 
tempo não tivesse afastado o bombardeiro 1500 metros do alvo: isso salvou a vida de 1300 
prisioneiros de um campo de concentração japonês desconhecido dos Estados Unidos.
Revista SUPERINTERESSANTE
Novembro de 1989 (SUPER número 11, ano 3)
F o n t e : h t t p : / / w w w .
bloglegal.net/wp-content/
uploads/2012/01/bomba-
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13
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
Agora vejamos o mesmo tema, tratado literariamente. O poema abaixo, de autoria de Vinícius 
de Moraes, foi musicado e gravado por Nei Matogrosso:
Fonte: http://discrepanciadodesstino.
files.wordpress.com/2011/12/tumblr_
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A rosa de Hiroxima 
Vinícius de Moraes
Pensem nas crianças 
Mudas telepáticas 
Pensem nas meninas 
Cegas inexatas 
Pensem nas mulheres 
Rotas alteradas 
Pensem nas feridas 
Como rosas cálidas 
Mas oh não se esqueçam 
Da rosa da rosa 
Da rosa de Hiroxima 
A rosa hereditária 
A rosa radioativa 
Estúpida e inválida 
A rosa com cirrose 
A anti-rosa atômica 
Sem cor sem perfume 
Sem rosa sem nada.
exercício
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O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
ao contrário do que 
as famílias costumam 
imaginar, ter medo de 
dormir fora de casa não tem 
nada a ver com a idade
A seguir você vai ler dois textos: o primeiro é parte de uma reportagem de jornal; o segundo 
é uma crônica de Moacyr Scliar, criada a partir dessa reportagem.
Texto 1:
Dormir fora de casa pode ser tormento
(Mirna Feitoza)
A euforia de dormir na casa do amigo é tão comum entre algumas crianças quanto o pavor 
de outras de passar uma noite longe dos pais. E, ao contrário do que as famílias costumam 
imaginar, ter medo de dormir fora de casa não tem nada a ver com a idade. Assim como há 
crianças de três anos que tiram essas situações de letra, há pré-adolescentes que chegam 
a passar mal só de pensar na ideia de dormir fora, embora tenham vontade.
Fonte: http://uptolisbonkids.files.
wordpress.com/2014/01/21.jpg
Os especialistas dizem que esse medo é comum. A diferença 
é que algumas crianças têm mais dificuldade para lidar com 
ele. “Para o adulto, dormir fora de casa pode parecer algo 
muito simples, mas, para a criança, não é, porque ela tem 
muitos rituais, sua vida é toda organizada, ela precisa sentir 
que tem controle da situação”, explica o psicanalista infantil 
Bernardo Tanis, do Instituto Sedes Sapientiae. Dormir em 
outra casa significa deparar com outra realidade, outros 
costumes. “É um desafio para a criança, e novas situações 
geram ansiedade e angústia”, afirma. [...] 
(Folha de S. Paulo, 30/08/2001)
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O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
Texto 2:
Tormento não tem idade
(Moacyr Scliar)
- Meu filho, aquele seu amigo, o Jorge, telefonou.
- O que é que ele queria?
- Convidou você para dormir na casa dele, amanhã.
- E o que é que você disse?
- Disse que não sabia, mas que achava que você iria aceitar o convite.
- Fez mal, mamãe. Você sabe que eu odeio dormir fora de casa.
- Mas, meu filho, o Jorge gosta tanto de você...
- Eu sei que ele gosta de mim. Mas eu não sou obrigado a dormir na casa dele por causa 
disso, sou?
- Claro que não, mas...
- Mas o que, mamãe?
- Bem, quem decide é você. Mas, que seria bom você dormir lá, seria.
- Ah, é? E por quê?
- Bem, em primeiro lugar, o Jorge tem um quarto novo de hóspedes e queria estrear com 
você. Ele disse que é um quarto muito lindo. Tem até tevê a cabo.
- Eu não gosto de tevê.
- O Jorge também disse que queria lhe mostrar uns desenhos que ele fez...
- Não estou interessado nos desenhos do Jorge.
- Bom. Mas tem uma coisa...
- O que é, mamãe?
- O Jorge tem uma irmã, você sabe. E a irmã do Jorge gosta muito de você. Ela mandou 
dizer que espera você lá. 
- Não quero nada com a irmã do Jorge. É uma chata.
- Você vai fazer uma desfeita para a coitada...
- Não me importa. Assim ela aprende a não ser metida. De mais a mais você sabe que eu 
gosto da minha cama, do meu quarto. E, depois, teria de fazer uma maleta com pijama, 
essas coisas...
- Eu faço a maleta pra você, meu filho. Eu arrumo suas coisas direitinho, você vai ver.
- Não, mamãe. Não insista, por favor. Você está me atormentando com isso. Bem, deixeeu lhe lembrar uma coisa, para terminar com essa discussão: amanhã eu não vou a lugar 
nenhum. Sabe por que, mamãe? Amanhã é meu aniversário, você esqueceu?
- Esqueci mesmo. Desculpe, filho.
- Pois é. Amanhã eu estou fazendo 50 anos. E acho que quem faz 50 anos tem o direito de 
passar a noite em casa com sua mãe, não é verdade?
(In: O imaginário cotidiano. São Paulo; Global. 2001. p. 173-4)
(Observação: este autor mantinha, na Folha de São Paulo, uma coluna em que criava um texto ficcional a partir de 
uma notícia real.)
exercício
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O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
exercício
1) Você observou que os dois textos abordam o medo de dormir fora de casa. Apesar disso, 
são bastante diferentes. Essas diferenças se devem à fi nalidade e ao gênero de cada um 
dos textos, bem como ao público a que cada um deles se destina. A fi m de sintetizar as 
diferenças entre os dois textos, compare-os e responda:
a) Qual deles apresenta uma linguagem objetiva, utilitária, voltada para explicar um assunto 
ligado à realidade, e tem como objetivo passar informações ao leitor?
b) Em qual deles a linguagem é propositalmente organizada a fi m de criar duplo sentido e 
tem, como fi nalidade, divertir, distrair, sensibilizar o leitor?
c) Considerando as refl exões que você fez sobre a linguagem e o objetivo dos textos em 
estudo, responda: Qual deles é um texto literário?
possíveis respostas
a) O primeiro texto, escrito pela jornalista.
b) O segundo texto, elaborado por um escritor literário.
c) O segundo, pois visa entreter o leitor, fazendo uso de ambiguidades e linguagem fi gurada. 
O tipo de recurso que o autor utiliza para surpreender e divertir o leitor, ou seja, esconder 
uma informação essencial, a verdadeira idade do fi lho, e só revelá-la após levar o leitor a 
crer que se trata de uma criança, não caberia em um texto não literário.
Proposta de Elaboração de Texto Verbal
O recurso adotado por Moacyr Scliar na coluna que mantinha 
na Folha de São Paulo é um excelente meio de exercitar 
a elaboração de texto. Que tal fazer como ele? Escolha 
uma notícia de jornal que fale sobre uma questão real, do 
cotidiano, ou que relate um fato verídico, e a partir dela 
elabore um texto fi ccional, uma pequena redação narrativa 
relatando um caso imaginado a partir da notícia lida. Não 
se esqueça de que o diálogo exige pontuação especial, ok? 
Mãos à obra! O importante é não ter medo de tentar!
Se você quiser ler mais textos literários de Moacyr Scliar 
e de vários outros autores, como Fernando Sabino, 
Rubem Braga entre outros, além de conhecer um pouco 
de suas biografi as, acesse o site:
http://www.releituras.com/releituras.asp
Saiba mAIS
17
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
Leitura de Textos Literários de Diversos Gêneros
Cada tipo de arte faz uso de certos materiais. A pintura, por exemplo, trabalha com tinta, 
cores e formas; a música utiliza os sons; a dança, os movimentos; a arquitetura e a escultura 
fazem uso de formas e volumes. E a literatura, que material usa? De uma forma simplificada, 
pode-se dizer que literatura é a arte da palavra.
http://www.grupouninter.
c o m . b r / n o t i c i a s / w p -
content/uploads/2012/10/
Mat%C3%A9ria-Poesia-
389x260.jpg>>
Carlos Drummond de Andrade diz, em um de seus poemas:
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave? (…)
(trecho do poema “Procura da Poesia”, de Carlos Drummond de Andrade)
Como qualquer arte, a literatura exige, da parte do escritor, técnicas, conhecimentos, 
sensibilidade e paciência. Por parte do leitor, sensibilidade, para perceber os recursos 
utilizados pelo autor para passar sua mensagem ao leitor. O texto, qualquer que seja ele, só 
se torna efetivamente um texto, ou seja, só passa de fato sua mensagem ao leitor quando 
é lido e, principalmente, compreendido. É o que nos diz Mário Quintana, no poema abaixo:
OS POEMAS
Mário Quintana
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Fonte: QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM,1980.
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O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
Existem textos literários dos mais variados tipos. Os escritos em versos, como o texto de 
Mário Quintana, recebem o nome de poemas. Os escritos em prosa, ou seja, os que são 
organizados em parágrafos, recebem diversas denominações, originárias basicamente de 
sua extensão e/ou temática. Os principais são as crônicas, os contos, os romances, as 
fábulas e assim por diante.
No início desta unidade, lemos um trecho de um poema de Carlos Drummond de Andrade. 
Que tal ler agora um texto em prosa deste mesmo autor, em que ele afirma que nós, enquanto 
usuários da língua como principal recurso comunicacional, existimos, vivemos e morremos 
entre palavras? E, principalmente, que o universo das palavras é mutável, de acordo com 
os tempos e as necessidades. 
Observe que várias das palavras que o autor cita como novidades nos anos 1970, quando 
esta crônica foi escrita, hoje já quase desapareceram, outras permanecem em uso, enquanto 
milhares de outras novas surgiram e foram incorporadas à nossa língua. Mas o que ele diz 
sobre a necessidade de estar atualizado com as novas linguagens e, principalmente, sobre 
ter consciência de como usá-la com certeza permanece atual. Boa leitura!
ENTRE PALAVRAS
Carlos Drummond de Andrade
ENTRE COISAS E PALAVRAS — principalmente entre palavras — circulamos. A 
maioria delas não figura nos dicionários de há 30 anos, ou figura com outras acepções. A 
todo momento impõe-se tomar conhecimento de novas palavras e combinações de.
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual, 
pelo seu ouvido, sem registrá-la. Amanhã pode precisar dela. E cuidado ao conversar com 
seu avô; talvez ele não entenda o que você diz.
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a chacrete, o linóleo, o 
nylon, o nycron, o ditafone, a Informática, a dublagem, o sinteco, o telex... existiam em 1940?
Ponha ai o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a motoneta, a Velo-Solex, o 
biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o tá legal, 
o apharteid, o som pop, a arte op, as estruturas e a infraestrutura.
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, a descapitalização, o 
desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o mass media, o Ibope, a renda per capita, a 
mixagem.
De passagem, anote a reunião de cúpula, a minicopa, a conjuntura, o Porcão, a 
Reflexologia, a ioga, o iogurte, os alucinógenos, o morfema, o semantema, o estocástico, o 
ergódigo e o markoviano.
Só? Não. Têm seu lugar ao sol a metalinguagem, o servomecanismo, as algias, a coca-
cola, o superego, a Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o 
Incra, a Unesco, o Isop, a Oea e a Onu.
Estão reclamando porque não citei a conotação, o conglomerado, a diagramação, o 
ideologema, o idioleto; o Iem, a Ibm, o falou, as operações triangulares, o zoom e a guitarra 
elétrica.
Mas por sua vez se esqueceram de lembrar chuchu-beleza, ecumenismo, tremendo 
barato, monema, parâmetro, gerontologia, genocídio, cronograma, Pib, política habitacional, 
gol de letra, mercado fracionário de balcão.
Olhe aí na fila — quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, vela de ignição, 
engarrafamento, Detran, poliéster, parafernália, filhotes de bonificação, letra imobiliária, 
conservacionismo, carnet de girafa, poluição.
Mas há de haver espaço para setorial, tônica, mafagafe (José Cândido de Carvalho 
ex
em
pl
os19
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
descobriu um ninho deles, e diverte-nos com a descoberta, em delicioso livro), complexo de 
castração, inseminação artificial, napalm, ovos de codorna, teste de Cooper, sesquicentenário, 
didascália, passarela, gelo-baiano.
E o vestibular para milhões? O cursinho e o cursilho? O mestrado? Ah, faltava a 
análise sinótica do mapa meteorológico. A custódia de títulos nominativos. O transplante, 
variadíssimo e nem sempre letal. A implantação e os implementos industriais. O audiovisual 
e seus flanelógrafos, para uso de aloglotas. A macrobiótica, pois não. E o offset.
Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos fiscais. Know-how. Barbeador 
elétrico de 90 microrranhuras. Fenolite. Baquelite. LP e compacto. Alimentos supergelados. 
Viagens pelo crediário. Circuito fechado de TV na Rodoviária. Argh! Pow! Click!
Não havia nada disso no jornal do tempo de Venceslau Brás, ou mesmo de Washington 
Luís. Algumas dessas coisas começam a aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na 
esquina, para consumo geral. A enumeração caótica não é invenção crítica de Leo Spitzer. Está 
aí, na vida de todos os dias. Entre palavras e combinações de palavras circulamos, vivemos, 
morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que significado, que não sabemos ao certo?
In: De Notícias & Não Notícias faz-se a Crônica. 
Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.
Coesão Textual
http://noticias.universia.com.br/br/
images/especial%20redacao/coesao-
chepkdanielvitalevich.jpg>>
Entende-se por coesão textual a ligação que deve existir nas frases, entre as frases e entre 
os vários parágrafos de um texto. Logo, está diretamente ligada à continuidade entre as 
informações que são passadas. Tal ligação influi diretamente na clareza do que se deseja 
expor, pois estabelece relações de significado dentro do texto.
Seria muito difícil tentar expor todos os problemas de coesão passíveis de aparecerem em um 
texto. Vejamos os mais comuns, que aparecem com mais frequência em textos elaborados 
por alunos. 
(Obs.: os exemplos a seguir foram extraídos de textos produzidos por alunos do ensino médio.)
T4
20
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
a) Uso inadequado do conectivo (preposição, pronome relativo e conjunção):
Preposição
Observe a frase seguinte:
 “O desprezo do computador nos dias de hoje é nada mais, nada menos que pura ignorância.”
Obviamente, o autor quis dizer “O desprezo pelo computador...” O emprego da preposição 
inadequada acarretou mudança de significado. O computador não é agente da ação (isto é, 
não é ele quem despreza), e sim paciente (ele é o desprezado).
Pronome relativo
 “Os problemas o qual penso são difíceis de resolver.”
A forma correta seria: “Os problemas nos quais (ou em que) penso são difíceis de resolver.” 
Afinal, quem pensa, pensa EM alguma coisa, e a forma pronominal “o qual” ou “a qual”, além 
de concordar em gênero com o termo a que se refere, tem de concordar também em número. 
Logo, “os problemas nos quais penso” é a forma correta.
Conjunção
 “Se uma pessoa de carne e osso porém sem ação e reflexão.”
Aqui, além de excesso de conjunções, temos ausência do verbo e de pontuação. 
Provavelmente, o autor queria dizer a seguinte frase: “É uma pessoa de carne e osso, porém 
sem ação e reflexão.” O uso da conjunção se (condicional) no início desta frase é totalmente 
descabido.
b) Falta de sequência lógica
Isto ocorre quando se inicia um período utilizando uma estrutura que exige determinada 
sequência, no entanto, ao invés de dar a devida continuidade, o autor desvia-se e trunca a 
ideia inicial.
“O grau de salinidade da água é tal que não se pode mais utilizá-la nas plantações 
nem mesmo pelas pessoas.”
A expressão destacada não completa corretamente a sequência original, até por questão de 
estrutura da frase. A continuidade correta seria: “...não se pode mais utilizá-la nas plantações, 
nem para outra finalidade qualquer.”
c) Redundância
Entende-se por redundância a repetição desnecessária de palavras, expressões ou ideias, 
tornando o texto prolixo e cansativo. 
“Essa matéria é desnecessária no vestibular. Por que insistem em dar essa matéria?”
Há inúmeros recursos que se pode usar para evitar que tais repetições ocorram. O uso de 
pronomes, por exemplo. A segunda frase do período acima poderia ser redigida de várias 
formas diferentes, contornando o problema que apresenta.
ex
em
pl
os
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O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
“Por que insistem em dá-la?”
“Por que insistem em ensiná-la?”
“Por que insistem em ensinar assuntos não relevantes para nosso objetivo?”, etc.
Vejamos outros recursos para se evitar a redundância aplicados a um texto maior. Analisemos 
o seguinte parágrafo, que comenta um incêndio ocorrido em um shopping:
 Tanto os empregados como os proprietários das lojas atingidas pelo fogo acharam, a 
princípio, que, devido ao incêndio, nada se salvaria, tudo seria consumido pelo fogo, tamanho 
era o volume das chamas e a densidade da fumaça que saía das lojas. Mas, com a rápida 
ação de três guarnições do Corpo de Bombeiros que chegaram ao local em seus caminhões-
tanque, rapidamente a situação ficou sob controle e foi possível controlar as chamas.
Observe os trechos que podem ser “enxugados”, tornando o texto mais conciso e objetivo:
• devido ao incêndio: já sabemos que as lojas pegaram fogo; portanto, a destruição 
só poderia ser atribuída mesmo ao incêndio. Logo, esta informação é repetitiva e 
desnecessária.
• tudo seria consumido pelo fogo: novamente, informação repetitiva e desnecessária.
• que saía das lojas: se foram as lojas que pegaram fogo, de onde mais poderia estar 
saindo a fumaça?
• que chegaram ao local em seus caminhões-tanque: já se tinha dito que os bombeiros 
controlaram o fogo. Logo, já se sabia que eles tinham chegado ao local. Quanto 
aos “caminhões-tanque”, isto também é desnecessário, já que ninguém supões que 
bombeiros cheguem para combater incêndios de táxi ou a pé.
• e foi possível controlar o incêndio: nova informação redundante. Já havia sido dito antes 
que a situação ficara sob controle.
Eliminando-se as redundâncias, o parágrafo poderia ser escrito do seguinte modo:
Tanto os empregados como os proprietários das lojas atingidas pelo fogo acharam, a princípio, 
que nada se salvaria, tamanho era o volume das chamas e a densidade da fumaça. Mas, 
com a rápida ação de três guarnições do Corpo de Bombeiros, rapidamente a situação ficou 
sob controle.
d) Ambiguidade
Na Unidade 1, vimos o uso intencional da ambiguidade, como recurso expressivo do texto. Mal 
usada, porém, a ambiguidade se torna um problema. Isto ocorre quando o período produzido 
se presta a mais de uma interpretação, tendo sua clareza comprometida.
“Imagine que o vestibulando deve redigir um texto em trinta linhas, entregar a um professor 
que não conhece seus objetivos.”
O pronome em destaque se refere ao vestibulando ou ao professor? Afinal, é o professor que 
não conhece os objetivos do vestibulando, ou vice-versa?
Este tipo de problema é muito comum e tende a ocorrer quando o autor perde de vista o 
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O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
preceito de que seu texto deve ser o mais claro e lógico possível, para qualquer leitor que 
vá ter acesso a ele.
Vejamos mais alguns exemplos:
“Comprando legumes na feira, encontrei o meu vizinho.”
Neste caso, quem comprava legumes, você ou seu vizinho?
“Os alunos que estudam raramente tiram notas ruins.”
Aqui, há duas interpretações possíveis para esta frase:
Os alunos que raramente estudam tiram notas ruins. (ou seja, “raramente” se refere a “estudam”)
Os alunos que estudam tiram notas ruins raramente. (“raramente” se refere a “tirar notas ruins”)
“Maria viu Sílvia com seu marido numa boate.”
Aqui, o problema é sério. Se o marido for de Sílvia, tudo bem. Mas, se for o de Maria, 
provavelmente é caso de divórcio...“Pedro disse a Fernando que ele não havia tirado boas notas.”
Aqui, ficamos sem saber que é que tirou notas ruins. Escrevendo deste jeito, provavelmente 
foram os dois.
Como evitar problemas de coesão na produção de seu texto?
O melhor recurso de que se pode lançar mão para se evitar os problemas acima relacionados 
é a releitura do texto, observando-se se a relação entre cada palavra está correta. Nunca deixe 
de reler o texto produzido, antes de entregá-lo para leitura ou correção. Nessa releitura, procure 
manter uma postura o mais isenta possível, isto é, procure ver o texto como se não fosse seu. 
Pergunte-se: se eu não conhecesse esse texto ou a proposta de onde ele partiu, será que eu 
conseguiria entendê-lo na íntegra? Imagine-se não como autor, mas apenas como leitor de seu 
texto. De início, não é uma postura fácil de se seguir. Mas, com o tempo e a prática, isto vai 
ajudá-lo muito a produzir textos cada vez mais claros, principalmente os de caráter profissional 
(no trabalho ou nos estudos), que normalmente exigem maior clareza e objetividade.
ex
em
pl
os
exercício 1) Cada grupo de frases abaixo mantém entre si relação de sentido. Reescreva cada grupo de frases, de modo a formar 
um período único. Para isso, basta usar o(s) conectivo(s) 
adequado(s), fazendo as adaptações necessárias. A primeira 
está feita, como exemplo. As demais ficam por sua conta. 
Mãos à obra!
Ex.: Nossa casa estava situada na várzea. A trezentos metros dela 
ficava uma pequena lagoa. Era aí que costumávamos pescar.
Resp.: Nossa casa estava situada na várzea, a trezentos 
metros de uma pequena lagoa, onde costumávamos pescar.
a) O choque entre os dois veículos foi muito violento. Um 
dos passageiros foi atirado a distância. Ele fraturou o crânio.
b) A chuva amolece a terra. O pranto da mulher abranda o 
coração dos homens.
23
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
c) Dispúnhamos de pouco tempo. Não nos foi possível concluir a tarefa a contento. Isso 
provocou reclamações dos interessados.
d) Os jesuítas tinham-se estabelecido no Maranhão no século XVII. Então começaram as 
disputas entre eles e os colonos. O motivo dessas disputas era o cativeiro dos índios.
2) Nas frases que se seguem, o excesso de conectivos (no caso, o “que”) torna as orações 
repetitivas e enfadonhas. Reescreva-as, alterando sua estrutura, para eliminar essa repetição. 
A primeira está feita, como exemplo. Observe que foram retirados todos os “quês’. O mesmo 
pode ser feito nos demais frases. O desafio está lançado:
Ex.: Convém que recapitulemos toda a matéria que foi dada no primeiro semestre e que o 
professor disse que incluirá na prova que se realizará no mês que vem.
Resposta: Convém recapitular toda a matéria dada no primeiro semestre, pois o professor a 
incluirá na prova do próximo mês.
a) Pedi-lhe que entregasse imediatamente a encomenda que chegara na véspera, mas ele 
fingiu que estava passando mal só para não me atender.
b) Espero que me respondas prontamente a fim de que se tomem as devidas providências 
que serão necessárias para que seja bem sucedido o teu julgamento.
c) Pediram-me que providenciasse que comprassem máquinas novas para que o trabalho 
que foi pedido seja entregue dentro do prazo que foi estipulado.
possíveis respostas
Resposta do exercício 1 (atenção: é apenas uma sugestão de resposta):
a) O choque entre os dois veículos foi tão violento que um dos passageiros foi atirado a 
distância, fraturando o crânio. (Observe que entre a primeira e a segunda frase há uma 
relação de intensidade e entre a segunda e a terceira, de continuidade da ação.)
b) A chuva amolece a terra, assim como o pranto da mulher abranda o coração dos homens. 
(A relação entre as frases aqui é de comparação.)
c) Como dispúnhamos de pouco tempo, não nos foi possível concluir a tarefa a contento, 
provocando reclamações dos interessados. (No primeiro caso, relação de causa e 
consequência; no segundo, ideia de continuidade da ação.)
d) Os jesuítas tinham-se estabelecido no Maranhão no século XVII, quando começaram as 
disputas entre eles e os colonos, cujo motivo era o cativeiro dos índios. (No primeiro caso, 
ideia de temporalidade; no segundo, relação de posse entre “motivo” e “disputas”.)
Resposta do exercício 2 (novamente, se trata de uma sugestão de resposta):
a) Pedi-lhe para entregar imediatamente a encomenda chegada na véspera, mas ele fingiu 
estar passando mal só para não me atender.
b) Espero tua resposta prontamente, para tomar as devidas providências, necessárias para 
o sucesso do teu julgamento.
c) Pediram-me para providenciar a compra de máquinas novas, para o trabalho pedido ser 
entregue dentro do prazo estipulado.
24
O Texto Escrito: a Paragrafação Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
Coerência Textual
Vamos partir de exemplos de incoerências, mais simples de perceber, para mostrar o que 
é coerência.
a) Coerência Narrativa
É incoerente, por exemplo, narrar uma história em que alguém está descendo uma ladeira 
num carro sem freios, que para na hora, depois que o motorista pisa nos freios, ao ver uma 
criança atravessando a rua.
Como exemplo, vamos citar um desses equívocos cometidos na redação de um aluno em 
um curso preparatório para o vestibular:
O incêndio se alastrava velozmente pelo shopping, atingindo todas as 
lojas. Por toda a parte, viam-se rolos da espessa fumaça que tomava 
conta de tudo e essa fumaça não deixava que nós víssemos qualquer 
coisa, pois ela era muito intensa.
Fiquei parado ali, do outro lado da rua, observando as mercadorias 
que se perdiam no fogo. Havia roupas, eletrodomésticos, sapatos, tudo 
em chamas, prestes a virarem cinzas.
Nesse caso, o sujeito não podia ver e viu. Como ele podia saber que objetos estavam sendo 
destruídos pelo fogo, se a fumaça não deixava ver nada? O texto poderia tornar-se coerente 
se o narrador dissesse que ficara parado ali imaginando as mercadorias sendo destruídas 
por detrás da cortina de fumaça.
Um outro tipo de incoerência narrativa pode ocorrer em relação à caracterização dos 
personagens e às ações atribuídas a eles.
No percurso da narrativa, os personagens são descritos como possuidores de certas 
qualidades (alto, baixo, frágil, forte), atribuem-se a eles certos estados de alma (colérico, 
corajoso, tímido, introvertido, apático, combativo). Essas qualidades e estados de alma 
podem combinar-se ou repelir-se, alguns comportamentos dos personagens são compatíveis 
ou incompatíveis com determinados traços de sua personalidade. A preocupação com a 
coerência e a unidade do texto exige que se combinem apropriadamente esses elementos.
Se na narrativa aparecem indicadores de que um personagem é tímido, frágil e introvertido, 
seria incoerente atribuir a esse mesmo personagem atitudes audaciosas. Obviamente, a 
incoerência deixaria de existir se algum dado novo justificasse a transformação do referido 
personagem. Uma bebedeira, por exemplo, poderia desencadear essa mudança.
As incoerências podem ser utilizadas para mostrar a ambiguidade de um mesmo personagem, 
mas tem de ficar claro ao longo do texto que este recurso foi usado de modo proposital pelo 
autor e que as incoerências são apenas aparentes. É o caso, por exemplo, de narrativas 
policiais em que o assassino é quem menos se espera.
b) Coerência argumentativa
Num esquema de argumentação, trabalha-se com certas informações ou certos dados e a 
partir deles se leva o leitor a tirar conclusões que estejam verdadeiramente embasadas nos 
elementos lançados como base do raciocínio que se quer montar. 
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Se os pressupostos ou os dados de base não permitem tirar as conclusões que foram tiradas, 
comete-se a incoerência de nível argumentativo.
Quando se defende, por exemplo, o ponto de vista de que o homem deve buscar o amor e 
a amizade, não se pode dizer em seguida que não se deve confiar em ninguém e que por 
isso é melhor viver isolado. Nesse caso, otexto resultaria incoerente em nível argumentativo.
Assim também é incoerente defender ponto de vista contrário a qualquer tipo de violência e 
ser favorável à pena de morte, a não ser que não se considere a ação de matar como uma 
ação violenta.
Agora que já discutimos sobre coerência textual é hora de mostrar que você compreendeu 
bem o assunto. Faça o exercício!
exercício
1) Leia as notícias de jornal que se seguem, procure identificar os problemas que as tornam 
incoerentes e, na medida do possível, procure corrigi-las, buscando torná-las compreensíveis.
GAFES DO JORNALISMO
Frases efetivamente publicadas em alguns dos principais jornais brasileiros
a) "A nova terapia traz esperanças a todos os que morrem de câncer a cada ano." (JORNAL 
DO BRASIL) 
b) "Os sete artistas compõem um trio de talento." (EXTRA) 
c) "A vítima foi estrangulada a golpes de facão." (O DIA) 
d) "Os nossos leitores nos desculparão por esse erro indesculpável." (O GLOBO) 
e) "O acidente foi no triste e célebre Retângulo das Bermudas." (EXTRA) 
f) "O tribunal, após breve deliberação, foi condenado a um mês de prisão." (O DIA)
g) "O velho reformado, antes de apertar o pescoço da mulher até a morte, se suicidou." (O DIA) 
h) "Depois de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para a satisfação dos 
habitantes." (JORNAL DO BRASIL) 
i) "O aumento do desemprego foi de 0% em novembro." (EXTRA)
j) "O cadáver foi encontrado morto dentro do carro." (O ESTADO DE SÃO PAULO)
respostas
a) A incoerência aqui decorre do uso indevido do verbo “morrer”. Ora, não há como quem 
já morreu ter esperança. Para tornar a frase coerente, basta trocar o verbo: “A nova terapia 
traz esperanças a todos os que sofrem de câncer a cada ano”.
b) Aqui, provavelmente, houve uma troca de palavras. Ou o jornalista se esqueceu de 
que o termo “trio” se refere apenas a três integrantes: “Os sete artistas compõem um 
grupo de talento”.
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CONCLUSÃO
Vimos, nesta Unidade, que o tópico frasal é uma frase 
inicial que expressa de maneira resumida a ideia central 
do parágrafo. Porém, nem todo parágrafo apresenta esta 
característica de iniciar com o tópico frasal. Verificamos 
que existem maneiras diferentes de iniciar o parágrafo: 
declaração inicial, definição, divisão, alusão histórica, 
omissão de dados identificadores, interrogação. Estudamos, 
ainda, que um mesmo tema pode receber um tratamento 
utilitário ou um tratamento estético. No primeiro caso, 
produz-se um texto não literário; no segundo, um texto 
literário. Conhecemos, também, alguns elementos que 
influenciam diretamente na clareza do que se deseja expor, 
pois estabelece relações de significado dentro do texto.
Bom, pessoal, este é o fim de nosso curso de Leitura 
e Produção de Textos. Esperamos que vocês tenham 
gostado dos textos e exercícios que selecionamos, e que 
tenham aprendido bastante. Para concluir, uma frase de 
Bill Gates que nos faz pensar na importância do livro e da 
leitura em nossas vidas, principalmente em uma época 
em que tantos desconsideram a importância da leitura, 
em face às novas tecnologias:
c) Neste caso, houve a associação de sentido com outro verbo que também dá ideia de 
golpes no pescoço e a troca de um pelo outro: “A vítima foi decapitada a golpes de facão”.
d) Ora, se o próprio jornalista diz que o erro é “indesculpável”, como os leitores vão poder 
desculpar? O correto seria: “Os nossos leitores nos desculparão por esse erro”.
e) Neste caso, o jornalista deve ser ruim de geografia e de geometria, confundindo as figuras: 
“O acidente foi no triste e célebre Triângulo das Bermudas”.
f) Aqui, houve confusão de sentido. Um tribunal condena, não é condenado: “O tribunal, após 
breve deliberação, condenou o réu a um mês de prisão”.
g) Nesta frase, deve ter havido troca do advérbio de tempo: “O velho reformado, depois de 
apertar o pescoço da mulher até a morte, se suicidou”.
h) Por definição, “habitantes dos cemitérios” seriam os mortos que, é claro, não precisam 
mais de água. Nesta frase houve, é claro, um caso de termo mal empregado: “Depois 
de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para a satisfação dos 
funcionários e dos visitantes”.
i) Não existe aumento de 0%: “Não houve aumento do desemprego em novembro”.
j) Aqui, há redundância de informação, já que um cadáver necessariamente tem de estar 
morto. Há duas formas de corrigir esta frase: “O cadáver foi encontrado dentro do carro” ou 
“A vítima foi encontrada morta dentro do carro.”
declaração inicial, 
definição, divisão, alusão 
histórica, omissão de 
dados identificadores, 
interrogação
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http: / /www.l ivrosepessoas.com/wp-content /
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Se você quiser saber mais sobre a importância da 
coesão e coerência textuais para a clareza de um 
texto, pode assistira a um pequeno vídeo sobre isso, 
é só clicar no link:
h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m /
w a t c h ? v = D Y M V h E J D v Z M
aprofundando
Um texto é 
constituído por 
parágrafos 
interdependentes, 
sempre em torno 
de uma mesma 
ideia, que é seu 
tema central.
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