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COMPLICAÇÕES EM CIRURGIA. 1. COMPLICAÇÕES DA FERIDA OPERATÓRIA. Seroma: · É um acúmulo de líquido, transudato. Pode sair um líquido claro. · O seroma não é infecção, é uma complicação bengina. · Conduta: não utilizar antibióticos, pois não é infeccioso. Se há acúmulo de líquidos, a conduta é drenar, pode abrir um ponto para drenar. Hematoma: · Acúmulo de sangue na ferida operatória. Pode ser um caldo de cultura para bactérias, podendo gerar infecção. · O hematoma é mais grave que o seroma. Infecção de ferida operatória: · A infecção da ferida operatória é causada pela cirurgia quando ocorre em até 30 dias, ou em um ano quando colocada prótese. · Geralmente a infecção ocorre por gram +, que são bactérias da pele. A principal bactéria é S. aureus. · A infecção de FO pode ser superficial, profunda ou intracavitária. · Infecção superficial: é a infecção de pele e tecido subcutâneo. Apresenta sinais flogisticos, como hiperemia, calor local, dor, saída de secreção. A conduta é drenar a secreção e fazer curativo. Não é necessário o uso de antibióticos nas infecções superficiais. · Infecção profunda: é a infecção de músculo e fáscia. Pode formar abscessos. A conduta é drenar o abscesso, como é mais profundo é necessária intervenção cirúrgica ou guiado por radiologia intervencionista. Fazer antibióticos e curativo. Na maioria dos casos de abscessos a conduta é drenagem, uma exceção é na ginecologia em casos de DIP. O abscesso de DIP inicialmente é tratado com antibióticos IV. · Infecção intracavitária: é uma infecção intra-abdominal ou intratorácica. A conduta é drenar o abscesso e fazer antibiótico. É grave, pode evoluir para sepse. Deiscência da ferida operatória ou de sutura: · A deiscência é a abertura dos pontos. · Pode ocorrer por fatores clínicos, como desnutrição, cicatrização inadequada, paciente que não segue orientações sobre repouso, bem como fatores cirúrgicos. · O problema da deiscência é a infecção, pois fica em contato com bactérias. A conduta é expectante quando ocorre deiscência e deve-se tratar quando há sinais de infecção. 2. FEBRE NO PÓS OPERATÓRIO. Febre nas primeiras 24 horas: · Infecção já pre-existente ou a doença que é o motivo da cirurgia, como uma apendicite aguda, colecistite aguda. Febre no segundo dia pós operatório: · Resposta metabólica ao trauma: pode causar aumento da temperatura devido ao aumento das proteínas de fase aguda. · Atelectasia: as atelectasias são a complicação pulmonar mais comum no pós operatório. Após a cirurgia, o paciente muito restrito ao leito, que não faz fisioterapia respiratória e que não está com analgesia adequada (a dor dificulta a expansão) faz atelectasias, pois não está expandindo o pulmão adequadamente. A conduta é fazer fisioterapia respiratória, estimular a deambulação precoce e fazer analgesia adequada. Febre no terceiro dia ao quinto dia pós operatório: · Infecção: no trato urinário (pacientes com SVD ou que apresentaram retenção urinaria após a anestesia), no trato respiratório (a pneumonia pode ser uma complicação das atelectasias), infecção de cateter (olhar os cateteres, procurando sinais flogisticos e tromboflebite), infecção de ferida operatória. · TVP e TEP podem ser causas de febre. Prevenir estimulando a deambulação precoce e fazendo anticoagulação profilática. Suspeitar de TEP quando o paciente apresenta dispneia, taquidispneia, desconforto no peito, dessaturação e taquicardia. No ECG, sinal de onda Q invertida em D3. · Após fazer o diagnóstico, tratar a infecção. Febre entre o quinto e sétimo dia pós operatório: · Nas cirurgias abdominais, a causa mais comum de febre entre o 5 e 7 dia é a deiscência de anastomose. O paciente apresenta febre, dor abdominal, taquicardia, leucocitose. Quando mais grave, pode evoluir com drenagem de secreção dentro do abdome, gerando líquido livre, pneumoperitonio e peritonite, podendo evoluir com sepse. A conduta é nova intervenção cirúrgica, para correção da anastomose ou para fazer nova derivação. 3. SANGRAMENTO. · O sangramento pode ocorrer durante a cirurgia e é uma complicação quando a hemostasia está inadequada. · Também pode ocorrer em até 10 dias de pós operatório, com formação de hematomas e pode estar relacionada com infecção. Cuidado com hematomas cervicais, pois pode causar obstrução da via aérea. · O hematoma pode ser visualizado através de equimoses na pele ou em drenos com sangue. · Os pacientes instáveis devido ao sangramento devem ter cirurgia de urgência para correção. Nos pacientes estáveis com sangramento deve-se fazer TC para avaliar o local do sangramento. 4. OUTRAS COMPLICAÇÕES. Íleo adinamico: · Aperistalse intestinal: no pós operatório há perda dos movimentos peristálticos. Isso ocorre pela resposta metabólica ao trauma, uso de drogas como opioides e distúrbios hidroeletrolíticos, como hipocalemia. · Sintomas: distensão abdominal, para de eliminar gases e fezes. · Tratamento: NPO, SNG (para descomprimir o estomago, que está distendido), hidratação com soro e correção dos distúrbios hidroeletrolíticos. Fistulas gastrointestinais: · Comunicação anormal. · Na maioria dos casos é uma fistula de baixo debito, que acaba fechando. Atenção com as fistulas de alto débito e que podem infeccionar.