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Saúde pública

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Autor: Prof. Alexandre Luiz Affonso Fonseca 
Colaboradoras: Profa. Valdice Neves Polvora
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Saúde Pública
Professor conteudista: Alexandre Luiz Affonso Fonseca
Graduado como cirurgião-dentista pela Universidade Paulista – UNIP (2000) e especialista em Odontologia para 
Pacientes com Necessidades Especiais pela Unesp (2005), especialista em Saúde da Família pela Unifesp (2012) e em 
Gestão em Saúde Pública pela ENSP-Fiocruz (2011).
Mestre em Ciências, com área de concentração em Infectologia e Saúde Pública pelo Hospital Emílio Ribas (2008) 
e Doutorando em Ciências pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).
Possui experiência em atividades assistenciais no SUS desde 2002, no município de Itaquaquecetuba (região 
metropolitana de São Paulo). No mesmo local foi gestor em Saúde, atuando como coordenador de Odontologia e 
coordenador da Atenção Básica/Estratégias em Saúde da Família (2011-2013).
Desenvolve atividades docentes na UNIP desde 2008, sendo professor do Instituto de Ciências da Saúde das 
disciplinas de Epidemiologia e Saúde Pública, Bioética e Fisiologia Geral e Aplicada.
Atua no EaD na UNIP nos cursos de Ciências Biológicas (Licenciatura) e de Gestão Hospitalar.
Além disso, é tutor/orientador do curso de Especialização em Saúde da Família (EaD) da Universidade Aberta do 
SUS (UNA-SUS), e esse curso é ofertado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desde 2012.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
F676s Fonseca, Alexandre Luiz Affonso.
Saúde Pública. / Alexandre Luiz Affonso Fonseca. 2. ed. São Paulo: 
Editora Sol, 2020.
96 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Saúde Pública. 2. Legislação. 3. Sistema Único de Saúde. I. Título.
CDU 614
U418.97 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Vitor Andrade
 Cristina Z. Fraracio
Sumário
Saúde Pública
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À SAÚDE PÚBLICA E CONCEITOS DE SAÚDE E DOENÇA .......................................9
1.1 O processo saúde-doença na História ......................................................................................... 10
1.2 Saúde – doença como reflexo do processo e vida .................................................................. 13
1.2.1 Moradia ....................................................................................................................................................... 14
1.2.2 Alimentação .............................................................................................................................................. 15
1.2.3 Educação .................................................................................................................................................... 16
1.2.4 Assistência à saúde ................................................................................................................................ 17
1.3 Definição do processo saúde-doença .......................................................................................... 19
1.4 História natural da doença ............................................................................................................... 20
1.5 Período da pré-patogênse ................................................................................................................ 21
1.6 Fatores sociais ........................................................................................................................................ 21
1.7 Período de patogênese ....................................................................................................................... 24
1.8 Prevenção ................................................................................................................................................ 25
2 CONFERÊNCIA E DECLARAÇÕES INTERNACIONAIS ........................................................................... 26
2.1 Conferências e declarações internacionais ................................................................................ 27
2.1.1 Histórico das conferências .................................................................................................................. 27
2.1.2 Declaração de Alma-Ata ...................................................................................................................... 30
2.1.3 I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde.......................................................... 31
2.1.4 Carta de Ottawa ...................................................................................................................................... 31
3 HISTÓRICO DAS CONFERÊNCIAS NO BRASIL ....................................................................................... 37
3.1 O desenvolvimento das políticas públicas de saúde no Brasil ........................................... 39
3.2 Síntese histórica da saúde no Brasil: Descoberta, período republicano até 1963 .................. 39
3.2.1 De 1500 até o Primeiro Reinado ...................................................................................................... 39
3.2.2 Início da República (1889) até 1930 ............................................................................................... 40
3.2.3 O nascimento da Previdência Social (de 1930 a 1960) ........................................................... 43
3.3 O regime militar e as consequências para a saúde pública do Brasil ............................. 46
4 CONSTRUÇÃO DO SUS, SEUS PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E ORGANIZACIONAIS ............... 48
Unidade II
5 LEGISLAÇÃO E O SUS ..................................................................................................................................... 57
5.1 Como se deu a regulamentação e normatização do SUS? ................................................. 57
5.2 Ações a serem desenvolvidas pelo SUS ....................................................................................... 60
5.3 Papel dos gestores no SUS ............................................................................................................... 64
5.4 Assistência em saúde no Brasil após a implantação do SUS? ........................................... 65
6 PSF E PACS ......................................................................................................................................................... 66
7 TRANSIÇÃO DO PSF PARA O PROGRAMA ESTRATÉGIA EM SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) ............67
7.1 Estratégias em Saúde da Família (ESF) ........................................................................................69
7.2 Papel dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) ................................................................... 71
7.3 Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) ............................................................................ 72
8 PROGRAMAS DE SAÚDE NO BRASIL ....................................................................................................... 74
8.1 Sistema de saúde suplementar no Brasil .................................................................................... 77
8.1.1 Histórico ..................................................................................................................................................... 77
8.2 O papel da ANS ..................................................................................................................................... 78
7
APRESENTAÇÃO
A disciplina de Saúde Pública no curso de Gestão Hospitalar é de suma importância e terá com enfoque 
principal o estudo das políticas públicas de saúde, do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos principais 
programas de saúde, sobretudo do Programa Saúde da Família, hoje configurado em Estratégias em 
Saúde da Família (PSF/ESF).
Vamos definir conceitos que embasam o processo saúde-doença e que determinam mudanças nesse 
processo, como o aparecimento e ocorrência de doenças. Demonstraremos as políticas públicas de saúde 
e a construção do SUS, desde a concepção desse sistema até as prerrogativas atuais. Descreveremos, 
ainda, os principais programas de saúde no Brasil bem como os diversos papéis que eles representam 
para o SUS. Por fim, vamos enfatizar o PSF/ESF como redefinição da Atenção Básica no SUS.
INTRODUÇÃO
A disciplina de Saúde Pública no curso de Gestão Hospitalar é um grande diferencial para o aluno 
da UNIP.
Com o conteúdo adquirido, o aluno poderá ser gestor de serviços de saúde pública ou ainda trabalhar 
em serviços de saúde privada que prestam serviços para o SUS. Portanto, vai notar que as bases que 
compõem esse sistema são de fundamental importância em ambas as situações.
Se levarmos em consideração o fato de que muitos gestores em saúde pública não possuem 
qualificação adequada para os cargos de gestão, a relevância de tal formação por essa universidade é 
ainda maior.
Estudos demonstram que quase 40% dos empregos na área da saúde, e nisso incluem-se as atividades 
de gestão, estão voltados para os serviços de saúde que são públicos, que é um mercado de trabalho em 
ampla expansão.
Além disso, justifica-se o aprendizado da disciplina porque o foco principal dela é justamente 
discorrer sobre os meandros e trâmites que levaram à concepção do SUS e de que forma ele está 
configurado em todo o território nacional. Vale lembrar que esse sistema de saúde vigente é produto de 
movimento popular, por isso, é um valioso patrimônio do povo brasileiro.
Um sistema que provê desde vacina até transplante de órgãos não é uma estrutura qualquer! 
Nenhuma outra organização pública de saúde do mundo pode ser comparada ao SUS no que diz respeito 
à oferta de serviços.
Por todos esses motivos apresentados, considerando que você será um gestor, e também pensando em 
sua qualificação profissional, é que lhe convido a descobrir essa disciplina. Então, vai notar que o resultado 
será surpreendente e que muitos paradigmas serão quebrados depois do conhecimento adquirido.
Bons estudos!
9
SAÚDE PÚBLICA
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À SAÚDE PÚBLICA E CONCEITOS DE SAÚDE E DOENÇA
Antes de começarmos a discorrer sobre os diversos aspectos que compõem a saúde pública, é de 
extrema importância que entendamos o que de fato vem a ser isso e quais são as principais aplicações 
desse conceito. Segundo o Portal da Educação (2014), a preocupação com a saúde da sociedade é algo 
antigo e acompanha a humanidade desde os tempos remotos, portanto, existe uma necessidade em 
criar conceitos que embasem os termos que se referem à saúde da sociedade de uma forma geral; dessa 
forma, nascem dois grandes conceitos, que muitas vezes são confundidos ou até mesmo utilizados de 
forma errônea, sobretudo pelos leigos, que são os de saúde pública e de saúde coletiva.
Para muitos, não existem diferenças entre os termos supracitados, mas é notório que saúde pública 
refere-se a um conjunto de atividades que tenham como objetivo minimizar ou prevenir doenças na 
população, ou seja, são as ações que fazem com que a população não tenha a sua saúde em risco. Além 
disso, nesse contexto estão incluídas as ações do governo, em todas as esferas (federal, estadual e/ou 
municipal), para assegurar os serviços que irão compor a saúde pública, bem como as políticas de saúde 
voltadas para o planejamento dessas ações de promoção, prevenção, educação e tratamento da população.
Já o termo saúde coletiva refere-se a um movimento sanitário, de caráter social, que se iniciou 
no SUS do Brasil. Por ser tratar de um movimento, houve integração das Ciências Sociais e Políticas, 
envolvendo o planejamento de ações em saúde pública; por isso, muitas vezes os dois termos são 
confundidos, porque a saúde coletiva, na grande realidade, instrumentaliza as ações e serviços que 
compõem a saúde pública, tornando-os reais, possíveis e alcançáveis para a população. Além disso, a 
saúde coletiva leva em consideração os aspectos sociais, econômicos e ambientais que determinarão o 
aparecimento de doenças e até epidemias nas diversas regiões do país, inclusive consegue, por meio de 
correlações entre essas variáveis (questões socioeconômicas e dados epidemiológicos), fazer previsões e 
planejar ações de políticas públicas para prevenir diversos males e doenças.
Por fim, fica claro que são termos diferentes, porém dependentes, já que é a saúde coletiva que 
permite que a saúde pública aconteça em termos de ações e serviços para a população, servindo de 
instrumento e teorizando os diversos processos que compõem os serviços, o acesso, as políticas, entre 
outros aspectos.
Pode-se então dizer que saúde pública é “a arte e a ciência de prevenir a doença e a incapacidade, 
prolongar a vida e promover a saúde física e mental mediante os esforços organizados da comunidade” 
(TERRIS, 1992, p. 185).
Além dessa diferenciação feita, precisa-se compreender o objeto de trabalho e estudo da saúde 
pública, ou seja, o processo saúde-doença.
10
Unidade I
Uma concepção bem difundida de saúde é a de um estado de harmonia e equilíbrio funcional do 
corpo. Dessa forma, há a sensação de que tudo que faz o ser humano sofrer, que o limita e que o impede 
de exercer suas atividades normais dá ao homem a consciência de um corpo que deixou de funcionar, 
mesmo em silêncio, e que, portanto, começa a dar mostras de alterações que podem significar um 
estado de doença (MARQUES apud ARAÚJO, 2009).
É claro que o fato de não sentir nada não o isenta de doenças, isso porque se sabe que muitos 
processos patológicos e algumas lesões podem permanecer latentes, sem que sejam percebidos pelos 
seus portadores.
Com base nessas informações, temos que ter em mente que a relação entre saúde e doença não 
é apenas uma relação de bom ou mau funcionamento do corpo, mas sim uma interação muito mais 
complexa e ampla do homem com os aspectos físicos, sociais e até ambientais que o cercam; além 
disso, considera-se a forma de relacionamento desse homem com os outros indivíduos, estabelecendo 
relações de trabalho, pessoais, de convívio social, entre outras.
A saúde é silenciosa, geralmente não a percebemos em sua plenitude; na maior 
parte das vezes, apenas a identificamos quando adoecemos. É uma experiência 
de vida, vivenciada no âmago do corpo individual. Ouvir o próprio corpo é 
uma boa estratégia para assegurar a saúde com qualidade, pois não existe 
um limite preciso entre a saúde e a doença, mas uma relação de reciprocidade 
entre ambas; entre a normalidade e a patologia, na qual os mesmos fatores 
que permitem ao homem viver (alimento, água, ar, clima, habitação, trabalho, 
tecnologia, relações familiares e sociais) podem causardoenças. Essa relação 
é demarcada pela forma de vida dos seres humanos, pelos determinantes 
biológicos, psicológicos e sociais. Tal constatação nos remete à reflexão de que 
o processo saúde-doença-adoecimento ocorre de maneira desigual entre os 
indivíduos, as classes e os povos, recebendo influência direta do local que os 
seres ocupam na sociedade (VIANNA, 2011, p. 77).
Essa relação é demarcada pela forma de vida dos seres humanos, pelos determinantes biológicos, 
psicológicos e sociais. Tal constatação nos remete à reflexão de o processo saúde-doença-adoecimento 
ocorrer de maneira desigual entre os indivíduos, as classes e os povos, recebendo influência direta do 
local que os seres ocupam na sociedade (BRÊTAS; GAMBA, 2006).
1.1 O processo saúde‑doença na História
As várias fases de desenvolvimento da humanidade recaem e dependem das diversas maneiras que 
o homem relaciona-se com a natureza, justamente para que possa usufruir dela conforme as suas 
necessidades, e também da forma como interage com os outros homens, conforme já mencionamos. Com 
isso, a sociedade organiza-se baseada nessas relações, que então acabam determinando as condições 
de vida e o contexto em que esses homens estão inseridos. Consequentemente, os tipos de doenças que 
esses homens estão sujeitos também dependem dessas relações, por isso o contexto social, geográfico e 
econômico são tão condicionantes e determinantes.
11
SAÚDE PÚBLICA
Sendo assim, o que se pôde observar ao longo da história da humanidade é que as doenças que 
lhe afetam, de forma geral, não são as mesmas no decorrer dos tempos, portanto, são características e 
ocorrem dependendo do tempo em questão.
Analisando tal contexto, percebe-se que a História pode ser dividida em períodos. Dessa forma, 
destacamos três grandes períodos identificados na humanidade: o nômade, o agropecuário e o industrial.
No período nômade, que durou cerca de 10 mil anos, as pessoas viviam da caça, da pesca e da coleta de 
raízes e frutos. A divisão do trabalho era baseada na distribuição de tarefas por sexo e idade, e a caça era uma 
atribuição exclusiva dos homens, enquanto a coleta dos alimentos era feita pelas mulheres e as crianças.
Com o passar dos anos, o homem nômade foi fixando-se e também demarcando a terra onde vivia, 
iniciando-se então um processo de criação de animais (aves, porcos, ovelhas, entre outros) e agricultura. 
Com o estabelecimento desse novo cenário, o homem passa a assumir uma nova posição em relação à 
vida, portanto, a distribuição do trabalho passou a ser determinada pelas relações de parentesco entre 
os indivíduos e grupos; o aumento na produção de alimentos provocou um crescimento populacional, 
o que impulsionou o estoque de mercadorias.
Por conta dessa produção excedente, o homem pôde dedicar-se às outras práticas de trabalho, e 
nesse momento aparecem os artesãos, que se dedicavam às intervenções e confeccionavam utensílios 
para facilitar o processo agrícola da época.
Os homens desse passado remoto viviam como muitas tribos indígenas atuais, sem contato com 
outras civilizações, e a terra e a produção eram coletivas.
Seguindo o desenvolvimento da humanidade e com a primeira Revolução Agrícola, a maioria das 
terras cultiváveis da Europa Ocidental e Central foi dividida em áreas chamadas de feudos, regiões 
semelhantes a aldeias, e eram circundadas por terras aráveis. Cada umas das propriedades feudais tinha 
um dono, o chamado senhor feudal. Além disso, essas terras eram divididas em duas partes: quase um 
terço era de propriedade do “senhor feudal”, e a outra era arrendada para que pudesse ser cultivada.
Esses arrendatários podiam trabalhar não só nas suas terras como também nas terras do senhor 
feudal. Nesse momento já era observada alguma prática de troca entre produtos em mercados locais, 
que eram fabricados e excedentes.
O aumento e agregação da população criou condições para a propagação e transmissão de doenças 
como a cólera, a tuberculose, a diarreia, a malária, entre outras. Alguns estudos mostram que quase um 
quarto da população inglesa pode ter sido assolada por doenças nessa época. Nessa fase, nota-se que 
a ausência completa de medidas sanitárias favorecia ainda mais a contaminação da água por agentes 
e produtos de degradação (lixo).
As cidades continuaram a crescer, e isso possibilitou que seus habitantes passassem a ocupar-se de 
comércio e indústria. Então, outra nova forma de divisão de trabalho nasceu entre o campo e a cidade, 
sendo que a cidade concentrou-se na produção industrial e no comércio.
12
Unidade I
A partir de 1750, na Inglaterra, teve início a Revolução Industrial. Tal acontecimento promoveu o êxodo 
rural, pois a população queria se livrar dos senhores feudais e também buscava novas formas de trabalho.
As indústrias foram se fixando nas cidades justamente por causa da concentração de renda. Nesses 
lugares residiam os homens mais ricos que, portanto, poderiam investir e aplicar dinheiro em novos 
negócios. Além disso, o mercado consumidor para a compra de produtos industrializados era promissor.
Com isso, novas relações de trabalho foram criadas, e os donos das indústrias começaram a empregar 
os operários, e eles eram remunerados com um salário. Nesse momento, esses operários eram capazes 
de prover sustento às famílias e também passaram a ser um interessante mercado consumidor para os 
produtos industrializados.
O campo também passou a viver da lógica e da exigência das cidades grandes, e muitas terras 
antes empregadas para o cultivo de alimentos começam a ser utilizadas e reservadas para rebanhos 
de carneiros, que então poderiam fornecer lã. Esse produto poderia ser usado como matéria-prima 
nas indústrias, provocando uma queda na produção dos alimentos, que então ficaram mais caros. 
Além disso, observava-se que as cidades não comportavam mais o número de pessoas que estavam se 
concentrando nelas, já que a população aumentava cada vez mais.
Dessa forma, as condições de vida começaram a ficar muito ruins, como: água impura, esgoto a céu 
aberto, casas superlotadas e insalubres, pessoas usando roupas esfarrapadas, comida em quantidade 
insatisfatória e com qualidade e procedência duvidosas, crianças trabalhando desde os cinco anos etc.
Com condições insalubres, longas jornadas de trabalho e baixos salários pagos aos trabalhadores, a 
população torna-se vulnerável às epidemias, sobretudo de doenças parasitárias e infecciosas, que se alastravam 
e eram causas da grande maioria dos óbitos da época. Um dos exemplos é a epidemia de cólera, que assolou 
a Europa entre os anos de 1847 e 1854, vitimando milhões de pessoas, principalmente na Inglaterra.
Nesse período é que se observa a primeira menção de preocupação com a saúde pública. A maior 
proximidade e aglomeração entre as pessoas na cidade aumentava a exposição delas ao risco de 
adoecimento e morte, independentemente da classe social. Com isso, as autoridades começaram a 
tomar medidas sanitárias para melhorar as condições de vida da população geral e, consequentemente, 
minimizar e dificultar o aparecimento e propagação de doenças.
Hoje, o que se observa, sobretudo nos países desenvolvidos, é que a sociedade e o desenvolvimento 
industrial provocaram intensas modificações na qualidade de vida das pessoas, por isso o quadro de 
doenças vem se alterando, justamente porque dependem dessa transformação social.
Entre essas mudanças podemos destacar as condições de infraestrutura básica generalizadas, as 
melhorias nas condições de trabalho (melhores salários, menor jornada diária e semanal de trabalho), 
moradia, vestuário, alimentação, educação, lazer, acesso à assistência médica e hospitalar, cuidados 
materno-infantis, erradicação de doenças infecciosas, controle ambiental (poluição do ar e da água, 
desmatamentos, entre outros). Todos esses fatores contribuíram para elevar a expectativa média de vida 
das populações, em alguns países superando os 70 anos de idade.
13
SAÚDE PÚBLICA
Com o passar dos anos, as doençasinfecciosas e parasitárias tornaram-se mais raras e menos 
incidentes, havendo maior prevalência e incidência de doenças cardiovasculares, pulmonares, hereditárias, 
cânceres, doenças mentais etc.
É provável que a existência de países desenvolvidos e mais ricos se deva à exploração e submissão 
dos países do terceiro mundo ou em desenvolvimento. Desse modo, a miséria promove a alta incidência 
de doenças infecciosas e parasitárias, além das infecções típicas dos países industrializados.
Nota-se que mesmo nos países desenvolvidos existem parcelas da população que vivem também em 
estado de miséria e em condições de saúde precárias.
Em se tratando de países industrializados ou em fase de industrialização, as indústrias se constituem 
em fontes geradoras de doenças, por exemplo, enfermidades que podem ser acarretadas pelo tipo de 
trabalho executado ou até pela qualidade e ambiência dessa tarefa, ou ainda acidentes de trabalho que 
podem levar a estados de invalidez, doença permanente ou até a morte. Outras situações que podem 
levar a doenças de impacto em saúde pública são as fábricas que produzem artigos tóxicos e que são 
consumidos pela população, como bebidas alcoólicas e cigarros. Esses produtos levam ao aumento de 
doenças cardiovasculares, pulmonares, hepáticas, cânceres etc.
Além disso, tudo tem o impacto na qualidade do alimento e também no padrão alimentar dos 
indivíduos. Na maioria desses países, a indústria alimentícia, para suprir a necessidade de consumo, 
acaba produzindo alimentos sem fibras, com baixo valor nutritivo, ricos em gordura, conservantes e 
corantes, além de haver estímulo no consumo do açúcar e cafeína.
Por fim, pode-se dizer que todo esse processo também incide e acaba prejudicando o meio ambiente 
e as relações humanas de uma forma geral, não somente na questão da poluição, mas também da 
maximização da utilização dos recursos hídricos sem planejamento, do desmatamento, do excesso de 
barulho, do trânsito exacerbado e sem controle, da moradia insalubre, da precarização dos serviços 
públicos de saúde e educação, entre outros.
A sociedade moderna é tecnológica e industrializada, porém vive e sobrevive do caos institucionalizado 
e que, de certa forma, acaba sendo aceito como algo “normal” entre a população que possui uma 
variedade imensa de atividades relacionadas com os diversos setores da economia. De acordo com 
as suas especificidades e especialidades, oferecem riscos não somente de acidentes de trabalho, mas 
também de doenças profissionais. Isso ocorre pela exposição a agentes físicos, químicos, biológicos e 
psicológicos, e estes podem causar doenças pulmonares, cardiovasculares, do aparelho auditivo e visual, 
da coluna vertebral, do sistema nervoso etc.
1.2 Saúde – doença como reflexo do processo e vida
Pode-se dizer que as condições de saúde estão diretamente relacionadas com a forma como o 
homem produz e se relaciona com os meios de vida por meio do trabalho. Além disso, percebe-se que isso 
também está estreitamente atrelado ao modo como esse mesmo homem satisfaz às suas necessidades 
por meio do consumo.
14
Unidade I
Com isso, sabe-se que a saúde de uma população, de uma forma geral, dependerá da qualidade e do 
acesso ao consumo de certos bens e serviços de subsistência, que são: moradia, alimentação, educação e 
assistência à saúde. A intenção é abordar cada um desses fatores e evidenciar o quanto são importantes 
e determinantes nos aspectos de saúde da população.
1.2.1 Moradia
O aspecto moradia inclui as ruas, os animais, o ar, o meio ambiente, a água, o clima e as características 
geográficas tais como relevo, vegetação, hidrografia, entre outros, além dos meios de transporte, os 
locais de trabalho, educação e lazer. Todos esses fatores representam o conjunto de ambientes que o 
homem frequenta ou que o cerca, além do convívio social com outras pessoas e as relações do homem 
com outros seres vivos, por tudo isso é que não se pode considerar moradia como apenas a casa em que 
o homem habita (MARQUES apud ARAÚJO, 2009).
No Brasil, a partir de 1930, houve um estímulo ao êxodo rural, isso porque houve um incremento 
da industrialização em torno das grandes cidades, onde havia maior potencial de desenvolvimento 
econômico, provocando assim o fenômeno da urbanização. Isso causou a densidade demográfica, pois 
os indivíduos estavam interessados nas possibilidades e ofertas de empregos, que também aumentavam 
nesses locais, enquanto no campo as oportunidades de empregos eram cada vez menores. Como 
resultado, no Brasil, foi e é fato que a distribuição da população brasileira é muito desigual, fazendo 
com que exista uma maior concentração nas regiões Sul e Sudeste, deixando também esses locais com 
uma perspectiva financeira maior, ou seja, potencialmente mais ricos.
Esse fenômeno do êxodo rural traz algumas consequências importantes para a saúde da população 
das cidades, como: o deslocamento de doenças ocasionado pelos imigrantes, que então promove a 
necessidade de atendimentos de saúde em nível ambulatorial e hospitalar, além da Atenção Básica, que 
cria novas responsabilidades de saúde pelo incremento do atendimento e também da diversificação do 
quadro de doenças.
Todo esse processo também recai sobre a falta de infraestrutura dos serviços públicos, pois o 
crescimento acelerado dos grandes centros urbanos acarreta a falta de serviços, fazendo com que parte 
da população fique “marginalizada”, agravando sobremaneira a qualidade de vida de todos da cidade.
Serviços como saneamento básico, habitação, escolas, transportes e os serviços de saúde são 
fundamentais para o desenvolvimento social e urbano das cidades, além de serem extremamente 
importantes por serem fontes de propagação de doenças, como doenças infecciosas e parasitárias, como 
a febre tifoide, a cólera, a hepatite, a esquistossomose e outras que são transmitidas por meio da água 
e alimentos contaminados.
Não é somente a falta de infraestrutura que condiciona o aparecimento de doenças e/ou agravos; 
inclusive, o que se observa é que a poluição, o grande número de veículos nas ruas, a proliferação de 
animais como ratos, baratas e insetos, o aumento da violência, bem como a falta de espaço para o lazer 
também constituem elementos importantes para que as pessoas adoeçam nas grandes cidades.
15
SAÚDE PÚBLICA
Se for feita uma comparação com as cidades do interior e dos principais estados do Brasil vamos 
perceber que a situação nesses municípios também não é diferente, ou seja, também é grave quando se 
refere à qualidade de vida e acesso aos serviços públicos, sobremaneira os de saúde.
Como as condições de vida são muito precárias, elas também determinam um baixo desenvolvimento 
dessas cidades. Sendo assim, o que podemos dizer é que a pobreza, a falta de moradia, inclusive sem 
saneamento básico, levam a uma debilidade orgânica. Isso faz com que essas pessoas fiquem predispostas 
a infecções, altos índices de mortalidade geral e infantil, além de problemas no desenvolvimento 
cognitivo, social e econômico.
Em contrapartida, o que se observa nas grandes cidades e que contribui demasiadamente para 
o risco de adoecer nessas populações são as situações relacionadas ao trânsito, à poluição sonora, 
visual e atmosférica, além da presença de animais como ratos, baratas e uma variedade enorme de 
outros insetos que podem transmitir doenças. Além dos fatores já destacados, a falta de contato com a 
natureza contribui muito para a incidência de doenças nesses espaços.
Nas pequenas cidades a situação não é melhor, pois ainda existem doenças que são persistentes 
como a malária, a doença de chagas, a esquistossomose, o sarampo etc. Todas essas doenças estão 
diretamente relacionadas com condições precárias de vida da população, o que confirma o fato de 
que a pobreza, a falta de moradia, alimentação e educação adequadas, higiene deficiente e ausência 
de saneamento básico levam à debilidade orgânica e, consequentemente, predispõem a população a 
infecções, à alta mortalidadeinfantil e a um desenvolvimento físico e mental deficiente.
Por fim, em relação à moradia do homem, deve-se considerar que as características geográficas e 
climáticas de uma região podem influenciar no quadro de doenças da população, já que criam condições 
diferenciadas para o aparecimento de agentes transmissores de doenças, por exemplo, insetos; tanto 
as cidades grandes como as menores constituem importantes locais de proliferação de doenças, 
principalmente se não tiverem infraestrutura que permita o desenvolvimento social e econômico das 
populações que ali vivem.
1.2.2 Alimentação
Sem dúvida, a alimentação é outro fator relevante que contribui para o processo saúde-doença 
das pessoas. Um organismo debilitado fica muito menos resistente aos agentes patógenos invasores, 
o que permite inclusive que a doença se prolifere de uma forma mais rápida, intensa e avassaladora. 
Um bom exemplo disso é o quanto o sarampo e a diarreia podem ser ofensivos em crianças subnutridas 
ou desnutridas, ao passo que em organismos nutridos as mesmas enfermidades não representam 
perigo algum.
Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), concluiu-se que quase metade ou 
pelo menos três quartos das mortes infantis poderiam estar relacionadas com o binômio constituído 
pela subnutrição-infecção e, além disso, que a mortalidade infantil nos países mais pobres poderia ser 
300 vezes maior que nos países mais ricos quando eram afetados pela mesma doença, no caso em 
questão o sarampo.
16
Unidade I
Isso ocorreu antes do advento da vacina. O fato destaca que em comunidades mais pobres, que possuem 
uma alimentação mais precária, os patógenos se proliferam com mais intensidade num hospedeiro que é 
menos resistente, justamente porque ele está sob condições de desnutrição ou subnutrição.
A mesma situação pode ser observada quando se verifica o comportamento das doenças parasitárias, 
infecções respiratórias e intestinais, ou seja, quanto menor for o poder aquisitivo e a qualidade da 
alimentação, mais grave e mais agressivo pode ser o desenvolvimento dos patógenos. Tal acontecimento 
faz muitos autores afirmarem que uma alimentação adequada e equilibrada constitui a melhor vacina 
contra a maior parte das doenças infecciosas descritas na literatura.
A subnutrição, além de predispor o organismo a infecções, pode afetar o crescimento da criança 
e prejudicar o seu desenvolvimento neurológico, o que poderá acarretar danos e consequências 
irreparáveis como a debilidade e/ou deficiência mental.
Em médio e longo prazo isso constitui grande problema, que recai tanto na saúde pública como na 
área da educação. Essa criança com carências nutricionais de proteínas, vitamina D, cálcio e fósforo vai 
desenvolver danos que serão permanentes ao sistema nervoso.
Isso significa que tais casos deverão ser tratados pelo sistema de saúde brasileiro. Quanto ao aspecto 
de educação, a criança terá problemas de aprendizagem, podendo ocasionar o abandono aos estudos, 
e isso ocorre justamente pelo prejuízo de seu desenvolvimento da coordenação motora, cognitivo e 
intelectual.
1.2.3 Educação
A baixa escolaridade também exerce um papel na disseminação das doenças. Situações como má 
higiene ou higiene inadequada, imunizações deficientes ou não praticadas, má alimentação ou padrão 
alimentar errôneo são justamente situações em que o desconhecimento do indivíduo e da família vão 
interferir no aparecimento de doenças. Sabe-se também como é difícil mensurar se os problemas de 
saúde gerados têm origem no desconhecimento ou se ocorrem devido às condições precárias, que 
envolvem as questões sociais, econômicas e culturais das famílias.
Mesmo com a melhoria nos indicadores de analfabetismo e de escolaridade no Brasil, os níveis de 
educação ainda são precários. Muitas pessoas que possuem um grau de instrução mais elevado são 
negligentes com questões de saúde e de alimentação, e isso ocorre devido a maus hábitos na comunidade 
e questões de cultura que colaboram, por exemplo, para que esses indivíduos sejam descuidados com o 
corpo, com a alimentação e com a saúde.
Dessa forma, pode-se concluir que países que investiram numa educação de base, democratizando 
o acesso a um ensino qualificado e melhorando os níveis de cultura e aprendizagem, possuem 
menor incidência, ou seja, menor número de casos novos de doenças que decorrem dessas questões 
educacionais. Isso também diminuiu os custos com os serviços de saúde pública, haja vista o menor 
índice de pessoas doentes.
17
SAÚDE PÚBLICA
 Saiba mais
Para saber mais sobre a saúde da família, leia: 
AGUIAR, D. S. A saúde da família no Sistema Único de Saúde: um novo 
paradigma? 1998. 160 p. Dissertação (Mestrado em Ciências na Área de Saúde 
Pública) – Escola Nacional de Saúde Pública, Fiocruz, Rio de Janeiro, 1998.
1.2.4 Assistência à saúde
O conceito de assistência à saúde está relacionado a qualquer ação ou medida de controle que 
objetive melhorar a qualidade de vida do indivíduo e das populações. Conforme relatamos, a preocupação 
com a saúde pública teve início quando os aglomerados urbanos propiciavam a propagação de muitas 
doenças, sobretudo as infecciosas, que acabaram matando milhares de pessoas.
Verificou-se também que a introdução de medidas de higiene e saneamento na segunda metade do 
século XIX reduziu a ocorrência de doenças que são transmitidas pela água e alimentos contaminados. 
Além disso, os primeiros registros de ações que envolvem o saneamento, canalização da água e dos 
esgotos datam de 1900, e isso também colaborou para que doenças de impacto diminuíssem a ocorrência 
nos países desenvolvidos.
Outros fatos relevantes foram observados nesse contexto e que também repercutiram numa melhor 
qualidade de vida da população, por exemplo, a questão da segurança e higiene alimentar e o controle 
da poluição ambiental; ambos incidiram diretamente na melhora das condições de saúde dessas 
populações mais desenvolvidas.
No Brasil, mais de 40% da população não possui saneamento básico, portanto sofre com doenças 
provocadas por essa situação. Isso também é observado nos grandes centros urbanos, como São 
Paulo e Rio de Janeiro, onde existem comunidades que vivem excluídas e que não têm acesso à água 
tratada e instalações de esgoto adequadas, tornando-se vulneráveis à proliferação de doenças que já 
deveriam estar controladas e até extintas. Infelizmente, doenças parasitárias como esquistossomose, 
teníase e cisticercose não são raras e ainda são expressivas nas capitais e regiões metropolitanas 
desses municípios brasileiros.
A medicina, por meio do descobrimento dos patógenos e das formas de eliminação, das vacinas, dos 
antibióticos e de uma grande variedade dos medicamentos e equipamentos vêm contribuindo muito 
para o desaparecimento, erradicação ou diminuição da ocorrência de determinadas doenças.
Embora isso seja um fato e uma conquista, sabe-se que se houver melhora nas condições de vida 
das populações, representadas inclusive pelas ações de aprimoramento na alimentação, educação, 
moradia e infraestrutura, também haverá declínio do número de casos novos de determinadas doenças 
e redução do óbito associado a elas. A Inglaterra, por exemplo, em determinada ocasião, fez um maciço 
18
Unidade I
investimento para que houvesse melhorias nas condições de vida da população e conseguiu reduzir a 
ocorrência e óbitos relacionados à tuberculose, mesmo antes de se ter a descoberta da penicilina e o 
protocolo de tratamento para essa doença descritos na literatura.
Tais ocorrências só reforçam o fato da importância das ações governamentais de assistência à saúde, 
que acabam por melhorar as condições e qualidade de vida da população.
O atual estágio de desenvolvimento em que se encontra a sociedade brasileira apresenta características 
muito próximas daquelas encontradas na Europa do século XIX.
Houve rápida urbanização em nosso país. Ainda convivemos com a falta de saneamento, desemprego, 
subempregos, baixos salários, baixos níveis de escolaridadee qualificação, altos níveis de aglomeração nos 
grandes centros urbanos e nas residências que o compõem, enfim, uma série de fatores que confirmam 
a desigualdade na distribuição de renda no país, desenvolvimento intenso da pobreza e a crescente 
deterioração da saúde da população.
As situações de doenças e mortalidade da população de baixa renda, rural e urbana 
exprimem uma realidade em que se predominam a miséria, a fome, o alcoolismo, a violência, 
a criminalidade, em que grandes massas populacionais ainda continuam excluídas do processo 
de desenvolvimento. Vale ressaltar que as condições de uma comunidade não somente são 
mensuradas pelos valores dos salários dos indivíduos que a compõe mas também pelo acesso 
aos serviços públicos, a uma educação de qualidade, a uma moradia digna, acesso a espaços de 
cultura e lazer, entre outros fatores que colaboram para e efetividade e eficácia do processo de 
infraestrutura de uma civilização.
Vale lembrar que o Estado, de uma forma geral, é o grande responsável por captar e distribuir 
fundos públicos destinados à vida coletiva, como: transporte, educação, saúde, habitação, saneamento, 
aposentadorias, pensões etc., que são geridos e controlados pelas diversas instâncias que compõem o 
governo, podendo ser em âmbito federal, estadual e municipal.
Portanto, as ações governamentais são de grande importância e representam o máximo de 
investimentos, quando os fundos públicos são revertidos e aplicados de fato no subsídio de bens e 
serviços que determinarão o padrão de vida e de saúde da população. Com isso, se houver insuficiência 
ou precariedade desses serviços, associados aos baixos salários e poder aquisitivo, haverá reflexos diretos 
e imediatos nas condições de saúde dos indivíduos.
Dessa forma, conforme destacamos, a diminuição da mortalidade por doenças infecciosas na Europa 
no século passado não se deu por que os indivíduos ficaram menos expostos aos patógenos, ou por 
causa das vacinas, ou da descoberta dos antibióticos, mas sim porque houve melhorias das condições 
socioeconômicas dessas populações, que tiveram uma melhor distribuição de renda e também foram 
contempladas com uma política voltada para questões sociais. Além disso, houve também a crescente 
tomada de consciência dos direitos e da cidadania dessas pessoas, reforçando o papel delas nessa 
sociedade. Isso fez que o homem fosse valorizado e percebido nas suas várias potencialidades, sendo 
redimensionado e respeitado na sua totalidade.
19
SAÚDE PÚBLICA
1.3 Definição do processo saúde‑doença
Conforme destacamos nesta obra, existe uma diferença entre saúde pública e saúde coletiva, e não 
há dúvida que isso implique o conceito de processo saúde-doença.
Diversos autores já dissertaram sobre o assunto. Contudo, o primeiro passo para entender tal processo 
se dá no momento em que conseguimos distinguir como a doença é vista pelos sistemas de assistência à 
saúde e na diferença de como a saúde poderá ser percebida pelos indivíduos de uma forma geral.
Depois disso, é preciso ampliar tal conceito. Não podemos restringi-lo somente no que a saúde pode 
contribuir, é preciso considerar que o cenário onde tudo isso ocorre é de extrema importância, e a esse 
cenário podemos atribuir a dimensão de bem-estar. Se observarmos as pessoas que são assistidas pelos 
profissionais das ESF, muitas vezes seu maior sofrimento não está relacionado à doença propriamente 
dita, mas ao modo como são acolhidas pela equipe multiprofissional. Quando estendemos essa visão para 
as famílias e grupos sociais, isso fica mais evidente. Essa situação não corresponde necessariamente à 
concepção de processo saúde-doença que orienta os provedores da assistência, como muitos imaginam 
que seja. Em contrapartida, existem situações que superam os modelos causais clássicos, centrados 
em ações individuais, como os métodos diagnósticos e terapêuticos. Nesse contexto, vêm à tona a 
vacinação e a educação em saúde, ainda que dirigidas aos denominados grupos de risco, que superam 
essa expectativa individual e recaem em ações coletivas de grande impacto em saúde pública.
Para se pensar em um novo conceito sobre saúde e doença, devemos expandir os nossos horizontes 
no que diz respeito às questões de morbidade e mortalidade, que são universais a todos, ou seja, 
ultrapassam as classes socioeconômicas. Assim, qualquer um, independente da renda e status social, está 
susceptível a tais questões. Obviamente que devemos considerar o contexto social no qual o indivíduo 
ou grupo está inserido. Portanto, conclui-se que os determinantes sociais em saúde vão interferir nesse 
contexto e determinar, como o próprio nome indica, as situações peculiares e bem específicas que são 
vivenciadas nos mais diversos territórios.
Para Gadamer (2006), não podemos incluir saúde e doença no mesmo quadro. O autor destaca 
que elas não são duas faces da mesma moeda. Portanto, se levarmos em consideração o nosso sistema 
público de saúde, o SUS, verificamos que ações voltadas para o diagnóstico e o tratamento das doenças 
são apenas duas de suas atividades e, dessa forma, devemos sempre encarar a inclusão social, a 
promoção de equidade ou de visibilidade e cidadania como processos que poderão implicar ações de 
saúde. Entender saúde como um componente social importante e relativamente independente à doença 
traz uma nova perspectiva para compreender que a sociabilidade e as interações que a saúde permite, 
incluindo os serviços de saúde público e privado, é que nos proporcionam um novo entendimento e 
concepção do processo saúde-doença. Contudo, podemos dizer que o processo saúde-doença e o ser 
humano, com o passar dos anos, estão num sistema dinâmico e evolutivo de interação, e que foi essa 
unicidade que ensejou que o homem se apropriasse da natureza e a utilizasse para suas necessidades 
(GUALDA; BERGAMASCO, 2004).
Por esse motivo é que podemos afirmar que esse processo saúde-doença representa o conjunto de 
relações e variáveis que produz e condiciona o estado de saúde e doença de uma população, que esse 
20
Unidade I
conjunto tem a tendência de se modificar em diversos momentos históricos, e que também depende do 
desenvolvimento científico da humanidade. Dessa forma, não é um conceito abstrato, e sim real, pois 
é totalmente condizente com o contexto histórico e social (GUALDA; BERGAMASCO, 2004). Com isso, 
definimos que saúde, na amplitude do conceito determinado, sempre sofre variações, pois é um fator 
que depende da época e dos interesses dos diversos grupos sociais.
A OMS indica que ao conceito de saúde deve-se incorporar a qualidade de vida, não devendo ser 
vista como um bem de troca, mas como um bem comum, de direito social.
E é dessa forma que definimos esse processo: algo que deve ser assegurado, ou seja, o exercício 
de direito relacionado à prática de saúde, que considera toda a riqueza disponível, conhecimento e 
tecnologia que a sociedade desenvolveu e vem desenvolvendo nesse campo, adequados às suas 
necessidades, envolvendo promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento e 
reabilitação de doenças.
Na amplitude dos desdobramentos do processo saúde-doença, devemos destacar um importante 
componente: o exercício da cidadania, que deve ser um referencial para o Poder Público, para que, 
então, possa ter base e orientação na determinação de condutas, decisões, estratégias e ações.
Por fim, pode-se dizer que esse processo saúde-doença é causal, portanto, representa o conjunto 
de relações e variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde-doença de uma população, que 
varia em diversos momentos históricos do desenvolvimento científico da humanidade.
 Lembrete
Há fatores que condicionam e determinam o processo saúde-doença, 
por exemplo, a falta de saneamento básico no aparecimento e ocorrência 
de doenças parasitárias.
1.4 História natural da doença
É o nome dado ao conjunto de processos interativos compreendendo as 
inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente, fatoresque 
afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças 
que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro 
lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que 
levam a um defeito, invalidez ou morte (LEAVELL; CLARK, 1976).
Em se tratando de história natural da doença, devemos observar sua atuação e interação em 
dois períodos distintos: o epidemiológico e o patológico. No primeiro, é preciso notar o quanto os 
organismos vivos sofrem com a susceptibilidade ao meio ambiente, portanto o interesse é dirigido 
para as relações suscetíveis ao ambiente; no segundo, devemos entender quais são as modificações 
anatômicas e patológicas, que resultam em modificações que se passam no organismo vivo. Nesse 
21
SAÚDE PÚBLICA
contexto, temos duas situações que permitem que esses períodos se desdobrem, ou seja, existem dois 
domínios que integram e permitem sua ocorrência: um deles é o meio ambiente ou o meio externo ao 
organismo, em que encontramos as precondições; já o segundo é o meio interno, ou seja, o organismo 
propriamente dito, local onde se tem o processo e desenrolar da doença, na sua forma progressiva, 
alterando morfologia (forma), histologia (tecidos), fisiologia (funcionamento) e metabolismo (condições 
bioquímicas), que são características de uma doença instalada ou também chamada de enfermidade.
Em indivíduos normorreativos, ou seja, em situações normais, com ausência de estímulos, jamais 
se desdobrariam em doenças. Assim, na presença de fatores intrínsecos e preexistentes, os estímulos 
externos se transformam em estímulos patogênicos.
Em se tratando de precondições internas, podemos citar os fatores hereditários, congênitos ou 
adquiridos, que irão levar às consequências de alterações orgânicas, que podem estar associadas a 
doenças anteriores.
Devemos lembrar que o homem é o principal responsável em propiciar o aparecimento das condições 
socioeconômicas que poderão favorecer o aparecimento de anomalias ecológicas predisponentes a 
alguns dos agentes diretamente responsáveis por doenças.
Conhecer a história natural da doença é como saber o caminho de volta para nossa casa, ou seja, 
o objetivo da história natural da doença é apontar os diferentes métodos de prevenção e controle. 
Esses mecanismos vão auxiliar a compreensão de situações reais e específicas, tornando as medidas de 
prevenção operacionais e aplicáveis nas comunidades.
1.5 Período da pré‑patogênse
Envolve as inter-relações entre os agentes etiológicos da doença, o suscetível e outros fatores 
ambientais que estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condições socioeconômico-culturais 
que permitem a existência desses agentes. Exemplo: pessoas abastadas adoecerem de cólera é um 
evento de baixa probabilidade, isto é, para quem dispõe de meios adequados, a estrutura formada pelos 
fatores predisponentes à cólera é de mínimo risco. Em termos de probabilidade de adquirir doença, no 
outro extremo, encontram-se os usuários de drogas injetáveis que compartilham coletivamente de uma 
mesma agulha; para estes, os fatores pré-patogênicos estruturados criam uma situação de alto risco, 
favorável à aquisição da Aids.
Para San Martín (1981), o sistema é formado pelo ambiente, população, economia e cultura – sistema 
epidemiológico – social. Segundo ele, qualidade e dinâmica do ambiente socioeconômico, modos de 
produção e relações de produção, concentração de riquezas, participação comunitária, responsabilidade 
individual e coletiva são componentes essenciais e determinantes no processo saúde-doença.
1.6 Fatores sociais
O estudo em nível pré-patogênico da produção da doença em termos coletivos, objetivando 
o estabelecimento de ações de ordem preventiva, deve considerar a doença como fluindo, 
22
Unidade I
originalmente, de processos sociais, crescendo por meio de relações ambientais e ecológicas 
desfavoráveis. Dessa forma, acabam atingindo o homem pela ação direta de agentes físicos, 
químicos, biológicos e psicológicos, ao se defrontarem, no indivíduo suscetível, com precondições 
genéticas ou somáticas desfavoráveis.
O componente social na pré-patogênese poderia ser definido da seguinte maneira: conjunto de 
todos os fatores que não podem ser classificados como componentes genéticos ou agressores físicos, 
químicos e biológicos. São eles:
• fatores socioeconômicos;
• fatores sociopolíticos;
• fatores socioculturais;
• fatores psicossociais.
Fatores socioeconômicos – analisando a história da humanidade e o desenvolvimento da sua 
vida em sociedade, observa-se que, na grande maioria das vezes, os grupos populacionais mais 
abastados do ponto de vista econômico (classes A e B) geralmente respondem menos a ações 
de fatores ambientais, que podem gerar casos novos de doenças relacionadas. Por outro lado, os 
grupos populacionais mais pobres têm um incremento considerável de ocorrência de casos de 
doenças associadas a esses fatores.
Dessa forma, os mais pobres serão mais doentes quando atingirem idades mais avançadas. Também 
vão apresentar maior propensão ao desenvolvimento de doenças mais graves, portanto ficam mais 
doentes e com doenças mais impactantes, permanecendo nessa condição por mais tempo.
Nesse processo, quando a doença é instalada, muitas vezes ela evolui para o óbito, o que nos permite 
dizer que é também nessa classe social em que se tem o maior número de mortes, e os óbitos ocorrem 
nos indivíduos mais jovens.
Em relação às crianças desse grupo, nota-se que costumam ter menor peso ao nascer, elevando o 
número de mortalidade infantil.
São exemplos de doenças desse grupo: a desnutrição, as parasitoses e o nanismo.
Fatores sociopolíticos – as implicações políticas estão intimamente relacionadas aos fatores 
econômicos. Dessa forma, são levados em consideração: a instrumentação jurídico-legal, a capacidade 
de decisão política (bem como a sua rigidez), a participação consentida da população e a valorização 
da cidadania; além disso, destaca-se a participação da comunidade na perspectiva do engajamento 
político. Isso tudo poderá resultar num processo de atividade comunitária efetivamente exercida além 
de transparência das ações e acesso à informação.
23
SAÚDE PÚBLICA
Fatores socioculturais – No contexto do social, devem ser citados
preconceitos e hábitos culturais, crendices, comportamentos e valores, 
valendo como fatores pré-patogênicos contribuintes para a difusão e 
manutenção de doenças. [...] Como fatores na pré-patogênese, esses 
comportamentos estariam mais adequadamente inseridos no sistema de 
valores internalizados de natureza cultural, social, econômica e política do 
que entre os comportamentos externos (DA SILVA, 2009, p. 6).
Ainda hoje não é raro encontrar em países em desenvolvimento fatores dessa ordem, que contribuem 
para a transmissão de determinadas doenças. Nessas condições, podemos citar o fato de muitas pessoas 
ainda defecarem na superfície do solo, não tendo acesso a saneamento básico nem a tratamento de 
esgoto. Tal cenário é propício à transmissão de doenças parasitárias como esquistossomose, teníase, 
entre outras.
As doenças sexualmente transmissíveis são outros exemplos de como o comportamento social incide 
na ocorrência de doenças que são de extremo impacto em saúde pública, dentre elas podemos citar o 
aumento de sífilis nos últimos anos, sobretudo em jovens.
Muitos tentam explicar esse fenômeno, e alguns autores apontam o fato da liberdade sexual ser um 
dos grandes vilões, que muitas vezes recaem em atos de promiscuidades, que podem estar relacionados 
ao Poder Público, que é incompetente e sem capacidade de exercer a sua função, à ignorância da 
população ou falta de educação, que impede o exercício correto da cidadania, ao paternalismo do 
Estado e programas sociais inconsistentes, além da incapacidade social de organizar grupos de liderança 
que possam fazer as necessárias reivindicações.
Todo esse contexto vem colaborando para que a essência da nossa cultura política estejasempre 
relacionada com um aspecto de subdesenvolvimento e, além disso, reforça o perfil da nossa história, que, 
do ponto de vista político e econômico, sempre apresenta alguns privilegiados e outros prejudicados, 
reforçando a teoria social de países com grande vulnerabilidade social. Dessa forma, para os cidadão 
de elite ou que estão fora da faixa da pobreza, todo descaso e sofrimento pela sociedade é diminuído.
Fatores psicossociais – aqui destacamos pontos importantes, como: a marginalidade; a perda da 
família como instituição social; a falta de apoio no contexto social em que se vive; as condições de 
trabalho estressante e/ou insalubre; a promiscuidade; a instabilidade econômica, financeira, social ou 
pessoal; a falta de cuidados maternos na infância; a carência afetiva de ordem geral; violência urbana, 
familiar e contra a mulher; além do desemprego.
Evidente que esses fatores incidirão diretamente no psiquismo humano, o que resultará em doenças 
somáticas e psíquicas vorazes. Fato que já está sendo observado, principalmente nos grandes centros urbanos.
Fatores ambientais – é muito importante que se entenda que o ambiente, de uma forma geral, 
é o local propício para o desenvolvimento da doença, ou seja, das causas, dos fatores etiológicos, do 
desdobramento e do processo de sua evolução.
24
Unidade I
Nessa situação, deve ser incluída a capacidade que o homem tem de “se virar”, isto é, de ser 
autossustentável, e isso vai depender do ambiente físico, que abriga e pode tornar possível essa nossa 
vida autotrófica, além do ambiente biológico, que abrange todos os seres vivos, o cenário social, que 
serve de pano de fundo para as interações sociais, políticas, econômicas e culturais.
Fatores genéticos – essas implicações recaem na capacidade que as pessoas têm para adquirir 
doenças, levando em consideração sua maior ou menor susceptibilidade para tais ocorrências. Esses 
fatores genéticos despertam grande interesse da comunidade científica, merecendo estudos que possam 
explorar melhor tal relação. Quando algumas pessoas se expõem a um fator patogênico externo, nem 
todas são acometidas. O que determina ou não a ocorrência da doença pode estar associado a seu 
código genético, ou seja, o que define é o código genético.
Fatores multifatoriais – esses fatores dizem respeito à estruturação de aspectos que condicionam 
e determinam o aparecimento de diversas doenças.
1.7 Período de patogênese
Nesse período já são identificadas as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o 
indivíduo acometido. É uma fase que permite esclarecer que a história natural da doença tem seguimento 
com a sua implantação e evolução no homem e que, além de uma etapa patológica propriamente dita, 
existem detalhes de um período anterior, em que a saúde ainda não foi manifestadamente afetada. Por 
tais fatores é que essa fase é denominada período de patogênese.
O período de patogênese poderá se desenvolver nos seguintes estágios: interação estímulo-hospedeiro 
ou de suscetibilidade; patogênese precoce ou fase pré-clínica; doença precoce discernível ou fase clínica 
e doença avançada ou fase de incapacidade residual (LEAVEL; CLARK, 1976).
Para compreendermos melhor esse período, listamos a seguir as fases que o compõem.
Período de patogênese precoce – é a fase em que houve o rompimento do equilíbrio da saúde, 
porém não existem sinais clínicos de que isso ocorreu. Podemos dizer que é uma etapa em que não há 
doença propriamente dita, mas que há condições que favorecem seu aparecimento.
Deve-se levar em consideração que as pessoas não apresentam o mesmo risco de adoecer, ninguém 
nasce igual nem vive da mesma forma, conforme raciocínio epidemiológico básico.
Em se tratando de período de doença precoce discernível, o que se observa é que ela pode 
não estar apresentando sintomatologia, embora o organismo já apresente alterações patológicas. 
Quando for possível diagnosticar clinicamente a doença ou alterações de condição de saúde do 
indivíduo, dizemos ter encontrado o horizonte clínico ou, como denominado na comunidade 
científica, o significado clínico.
A partir desse momento, o período se caracteriza pelos primeiros sintomas da enfermidade; é uma 
etapa que vai desde o início do processo patológico até o aparecimento de sintomas da doença. Seu curso 
25
SAÚDE PÚBLICA
poderá ser subclínico e evoluir para a cura ou dar continuidade e desdobrar-se na fase subsequente, 
definindo o curso ou história natural da doença.
Período da doença avançada – ao manifestar-se clinicamente, a doença já se encontra em estágio 
adiantado. Lembramos que existem diferentes graus de comprometimentos do organismo, sendo que 
essa manifestação abrange desde a forma mais leve até os aspectos mais graves, podendo ser de evolução 
aguda (mais rápida) ou crônica (mais demorada). Vale ressaltar que nessa fase a doença já se apresenta 
em sua forma clínica máxima, causando alterações marcantes no organismo.
Período de convalescência – se a doença não progrediu até a morte ou não houve cura completa, 
as alterações anatômicas e funcionais se estabilizam, sob o efeito da terapêutica ou do seu próprio curso 
natural, deixando, muitas vezes, sequelas. Nesse período, então, temos o encerramento do processo, ou 
seja, é o desfecho da doença. Com a evolução desse processo, poderá haver a recuperação do paciente, 
a invalidez, a cronificação da doença ou até a morte.
 Lembrete
A história natural da doença compreende uma fase em que a saúde 
não está afetada, etapa que denominamos como período pré-patogênese. 
Depois, quando há o surgimento da doença, a fase patológica, denominamos 
de período de patogênese.
O quadro a seguir destaca bem essas duas fases:
Quadro 1 – Diferenças entre os processos mórbidos no homem conforme 
os períodos da história natural da doença
Período de pré-patogênese Período de patogênese
Momento anterior ao adoecer Percurso da doença no homem
Interação de agente da doença com hospedeiro humano 
(pessoas desiguais) Doença avançada e instalada
Fatores ambientais que produzem estímulo à doença Patogênese precoce: óbito ou doença crônica ou invalidez (sequelas)
Interação hospedeiro-estímulo (resultados) Reabilitação/recuperação: física, social e psicológica
Adaptado de: Kawamoto (2009, p. 45).
1.8 Prevenção
A prevenção pode ser definida como um processo que precede algo. Relaciona-se ao ato de antecipar, 
preceder, tornar impossível por meio de uma providência precoce (LEAVELL; CLARCK, 1976).
São consideradas medidas preventivas todas aquelas utilizadas para evitar as doenças ou suas 
consequências, quer ocorram sob a forma esporádica, quer de modo endêmico, quer de forma epidêmica.
26
Unidade I
Em saúde pública, quando se leva em consideração tal prevenção, estamos elencando uma ação 
anterior, que é baseada no curso ou na história natural da doença. Essa atitude antecipada poderá 
mudar esse percurso e não permitir o desdobramento da patologia, evitando inclusive o início 
biológico da doença infecciosa e parasitária. Kawamoto (2009) evidencia que a medicina preventiva, 
quando praticada em evidências modernas e tecnológicas, evita a ocorrência de doenças e seus 
desdobramentos como sequelas e invalidez. Para o autor, praticar essa ação, além de poder prolongar 
a vida, é um ato de fazer saúde pública, qualificando os serviços de saúde pública que atendem à 
população de uma forma geral.
Leavell e Clark, em 1965, propuseram o modelo da história natural da doença, composto por três 
níveis de prevenção:
Quadro 2 – A promoção da saúde e os níveis de prevenção
Primária (promoção da saúde 
e proteção específica)
A promoção da saúde aparece como prevenção primária, confundindo-se com a 
prevenção referente à proteção específica (vacinação, por exemplo). Corresponde a 
medidas gerais, educativas, que objetivam melhorar a resistência e o bem-estar geral 
dos indivíduos (comportamentos alimentares, exercício físico e repouso, contenção 
de estresse, não ingestão de drogas ou de tabaco),para que resistam às agressões 
dos agentes. Também diz respeito a ações de orientação para cuidados com o 
ambiente, para que este não favoreça o desenvolvimento de agentes etiológicos 
(comportamentos higiênicos relacionados à habitação e aos entornos).
Secundária (diagnóstico e 
tratamento precoce; limitação 
da invalidez)
Engloba estratégias populacionais para detecção precoce de doenças, como por 
exemplo, o rastreamento de câncer de colo uterino. Também contempla ações com 
indivíduos doentes ou acidentados com diagnósticos confirmados, para que se 
curem ou mantenham-se funcionalmente sadios, evitando complicações e mortes 
prematuras. Isso se dá por meio de práticas clínicas preventivas e de educação em 
saúde, objetivando a adoção/mudança de comportamentos alimentares, atividades 
físicas etc.
Terciária (reabilitação) Consiste no cuidado de sujeitos com sequelas de doenças ou acidentes, visando à recuperação ou à manutenção em equilíbrio funcional.
 
Fonte: Leavell; Clark (1965).
 Observação
O gestor em saúde pública deverá preocupar-se preferencialmente em 
fazer a prevenção primária. Essa conduta, além de reduzir custos, mostra o 
quanto o gestor possui capacidade em planejar ações de saúde.
2 CONFERÊNCIA E DECLARAÇÕES INTERNACIONAIS
Já discorremos sobre os aspectos que implicam o processo saúde-doença. Com isso, vimos o quão 
importante é a relação de fatores sociais, pois estes condicionam a saúde da população. Agora falaremos 
dos espaços onde são feitas essas discussões, que são as conferências de saúde, apresentando os 
documentos que nascem como “produtos” dessas interações coletivas.
27
SAÚDE PÚBLICA
2.1 Conferências e declarações internacionais
Durante a década de 1960, o amplo debate realizado em várias partes do mundo realçando a 
determinação econômica e social da saúde abriu caminho para a busca de uma abordagem positiva 
nesse campo, visando superar a orientação predominantemente centrada no controle da enfermidade. 
Houve necessidade, portanto, de discussões que começassem a tratar os aspectos que envolvessem a 
promoção da saúde, e não a doença em si (BUSS; FERREIRA, 2000).
Esses autores ainda afirmam que entre os inúmeros intentos registrados com tal orientação merecem 
destaque especial a abertura da China Nacionalista ao mundo exterior. Nesse contexto, foram observadas 
grandes e primeiras missões de observação de especialistas ocidentais promovidas pela OMS, sob a 
liderança de Halfdan Mahler (1973-1974), e o movimento canadense desenvolvido a partir do Relatório 
Lalonde (1974), posteriormente reforçado no relatório de 1986, que tratava de saúde para todos.
Com isso, iniciam-se as conferências internacionais sobre promoção da saúde. Além da OMS, setores 
representativos de vários países participam desses eventos, tais como a Organização Pan-Americana de 
Saúde (Opas) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em defesa da ampliação dos campos 
de ação em saúde e abordagens mais efetivas para o real alcance dos objetivos traçados.
O objetivo principal dessas conferências é promover o suporte das ideias e medidas necessárias para 
as ações em saúde. O resultado da discussão aberta e organizada em cada conferência é expresso por 
meio da elaboração final de um documento em defesa da promoção da saúde, salientando o bem-estar 
de todos os povos como requisito essencial para o desenvolvimento dos países e, consequentemente, 
para a manutenção da paz mundial.
2.1.1 Histórico das conferências
A 30ª Assembleia Mundial de Saúde, realizada pela OMS (1977), lançou o movimento Saúde para 
Todos no Ano 2000 e, como marco inicial dessa programação, em setembro de 1978, foi organizada 
pela OMS e Unicef a Primeira Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, 
na cidade de Alma-Ata, no Cazaquistão. Assistida por mais de 700 participantes, dessa reunião 
resultou a elaboração da Declaração de Alma-Ata, um documento que reafirmou o significado de 
saúde como um direito humano fundamental e como uma das mais importantes metas mundiais 
para a melhoria social.
De acordo com a Declaração de Alma-Ata, ações no sentido de limitar a desigualdade social deveriam 
ser estimuladas e adotadas por todos os países. Isso deveria ocorrer para que a meta de saúde universal 
fosse atingida, diminuindo a lacuna existente entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos.
Para tanto, o investimento em atenção primária seria a chave para uma promoção da saúde 
equânime e abrangente, por meio de medidas de prevenção e educação em saúde. Chegou-se, então, ao 
consenso de que a promoção da saúde é essencial ao contínuo desenvolvimento econômico e social, à 
manutenção da melhoria da qualidade de vida dos homens e à manutenção da paz mundial.
28
Unidade I
A partir dessa iniciativa, outros movimentos foram organizados periodicamente, em função 
da ampliação das ações em saúde, com a inserção de novos elementos e avanços significativos nas 
políticas de saúde em diversos países. A Declaração de Alma-Ata representou o ponto de partida para as 
conferências internacionais sobre promoção da saúde.
A partir da Primeira Conferência, foram realizadas várias iniciativas multinacionais, algumas de 
caráter internacional e global, e outras duas de caráter sub-regional. As principais conferências e 
movimentos que se seguiram foram:
• I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Ottawa, 1986);
• II Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Adelaide, 1988);
• III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Sundsvall, 1991);
• Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Bogotá, 1992);
• Primeira Conferência de Promoção da Saúde no Caribe (Porto de Espanha, 1993);
• IV Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Jacarta, 1997);
• Rede de Megapaíses para Promoção da Saúde (Suíça, 1998);
• V Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Cidade do México, 2000);
• III Conferência Latino-americana de Promoção da Saúde e Educação para a Saúde (São Paulo, 2002);
• VI Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Bangkok, 2005);
• Conferência Internacional de Saúde para o Desenvolvimento (Buenos Aires, 2007).
Certamente, uma das primeiras observações relativas ao cuidado da saúde que extrapola a tradicional 
abordagem da atenção médica constitui o relato das missões enviadas à China em 1973 e 1974, referindo 
um conjunto de atividades para a melhoria da saúde, predominantemente realizadas em ambiente rural 
e desenvolvidas pelos chineses desde 1965, com a inclusão das seguintes ações:
• organização da comunidade local;
• atenção aos anciãos, além da assistência do Estado;
• promoção do desenvolvimento de indústrias caseiras;
• ajuda às escolas e serviços em geral;
29
SAÚDE PÚBLICA
• organização do povo para cuidar da saúde ambiental;
• realização de cuidados preventivos e tratamentos, incluindo o uso de ervas medicinais;
• apoio desenvolvimento da manutenção da ordem social no tráfego, policiamento e nos incêndios;
• promoção de campanhas de saúde em todos os níveis, visando substituir velhos costumes e 
mobilizar a comunidade para: movimentos de massa contra as “quatro pestes”, limpeza das casas, 
quintais e ruas, orientação de hábitos higiênicos, manutenção e uso da água potável, construção 
de unidades rurais de saúde, preparação de insumos simples (utensílios, pílulas, poções) e controle 
da limpeza de locais públicos.
É importante notar que a proposição era correta e desde o princípio apontava na direção da 
nova concepção de promoção da saúde, embora não totalmente delineada, porém já valorizando a 
saúde como componente central do desenvolvimento humano, ressaltando, sem usar a terminologia 
de determinantes da saúde, os fatores necessários para assegurar a qualidade de vida e o direito ao 
bem-estar social.
Na verdade, o texto da Declaração de Alma-Ata, ao ampliar a visão do cuidado da saúde em sua 
dimensão setorial e de envolvimento da própria população, superava o campo de ação dos responsáveispela atenção convencional dos serviços de saúde.
Entretanto, estes últimos instintivamente concediam maior prioridade à perpetuação das atividades 
com as quais estavam mais familiarizados, que eram justamente aqueles que estão referidos no item 
V (destacado a seguir). Além disso, mais diretamente relacionados com os problemas de saúde – são 
e estão consideradas no seu sentido clássico de ausência de enfermidade, e não como o completo 
bem-estar físico, mental e social que a própria OMS havia considerado antes, em um gesto, talvez, de 
excesso de otimismo.
Destacamos a seguir alguns pontos principais da Declaração de Alma-Ata que demonstram sua clareza:
I – A conquista do mais alto grau de saúde exige a intervenção de muitos 
outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde;
II – A promoção e proteção da saúde da população são indispensáveis para 
o desenvolvimento econômico e social sustentado e contribui para melhorar 
a qualidade de vida e alcançar a paz mundial;
III – A população tem o direito e o dever de participar individual e 
coletivamente na planificação e na aplicação das ações de saúde;
IV – A atenção primária de saúde é, ao mesmo tempo, um reflexo e uma 
consequência das condições econômicas e das características socioculturais 
e políticas do país e de suas comunidades;
30
Unidade I
V – Compreende, pelo menos, as seguintes áreas: a educação sobre os 
principais problemas de saúde e sobre os métodos de prevenção e de luta 
correspondentes; a promoção de alimentos e de uma nutrição apropriada; um 
abastecimento adequado de água potável e saneamento básico; a assistência 
materno-infantil, com inclusão da planificação familiar; a imunização contra 
as principais enfermidades infecciosas; a prevenção e luta contra enfermidades 
endêmicas locais; o tratamento apropriado das enfermidades e traumatismos 
comuns; e a disponibilidade de medicamentos essenciais;
VI – Inclui a participação, ademais do setor saúde, de todos os setores e 
campos de atividade conexas do desenvolvimento nacional e comunitário, 
em particular o agropecuário, a alimentação, a indústria, a educação, a 
habitação, as obras públicas, as comunicações etc., exigindo os esforços 
coordenados de todos estes setores;
VII – Exige e fomenta, em grau máximo, a autorresponsabilidade e a 
participação da comunidade e do indivíduo na planificação, organização, 
funcionamento e controle da atenção primária de saúde (BRASIL, 2001).
2.1.2 Declaração de Alma‑Ata
No que diz respeito à atenção primária em saúde, não há dúvida da importância da Declaração de 
Alma-Ata.
Foi a primeira vez na história da saúde pública que se considerou o seguinte fato: se os países de fato 
investissem nesse eixo de atenção em saúde, muitos dos problemas e demandas de saúde da população 
poderiam ser minimizados, principalmente se levarmos em consideração a abordagem de prevenção 
defendida por Leavel e Clark (1976), conforme já estudamos.
Assim, podemos dizer que a Declaração de Alma-Ata foi formulada por ocasião da Conferência 
Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, reunida em Alma-Ata, na República do Cazaquistão 
(ex-República Socialista Soviética), entre 6 e 12 de setembro de 1978, dirigindo-se a todos os governos, 
na busca da promoção de saúde a todos os povos do mundo.
Tal documento apresenta dez itens que enfatizam a atenção primária à saúde (cuidados de saúde 
primários), salientando a necessidade de atenção especial aos países em desenvolvimento.
Defende a busca de uma solução urgente para estabelecer a promoção de saúde como uma das 
prioridades da nova ordem econômica internacional, responsabilizando os governos, a OMS, a Unicef e 
as demais entidades e organizações.
Com esse perfil e essa característica de “olhar” para a atenção primária em saúde é que a declaração 
é eleita pela OMS como sendo um marco, ou melhor, a chave para que seja estabelecida a promoção de 
saúde em caráter universal.
31
SAÚDE PÚBLICA
Mesmo que os primeiros itens da declaração reafirmem a definição de saúde defendida pela OMS, como 
o completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade, tais 
itens são defendidos como direito fundamental e como a principal meta social de todos os governos. Dessa 
forma, notamos que já existe nela a proposta de que a desigualdade social poderá interferir na adoção de 
políticas de saúde e que os países “em desenvolvimento” estão muito distantes dos desenvolvidos quando 
se trata de medidas governamentais que possam diminuir essa distância.
O documento enfatiza que os países devem buscar como objetivo comum a saúde, ressaltando-a 
como um fator que contribui para a qualidade de vida e paz mundial. Também responsabiliza todos os 
países para que esse “bem” seja enxergado como direito e dever de todos, seja nos âmbitos sociais, seja 
nos aspectos coletivos.
A Declaração reafirma a responsabilidade de todos os governos pela promoção de saúde, 
reivindicando a atenção primária como fator de viabilidade para uma universalização dos cuidados, 
mediante a abrangência e a melhoria social que possibilitam, integrando governo com todos os setores 
da sociedade e então garantindo a igualdade social.
2.1.3 I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde
A temática principal dessa conferência era a Promoção da Saúde nos Países Industrializados. O 
evento realizou-se em Ottawa, Canadá (1986). Havia grande expectativa mundial por uma saúde pública 
eficiente, partindo dos países industrializados e estendendo tal necessidade aos demais países.
O que se pôde perceber é que essa Conferência deixa claro a inter-relação existente entre os conceitos 
de atenção primária de saúde, promoção da saúde, cidades saudáveis e, além disso, estabelece itens de 
grande importância, como: a abordagem intersetorial, a participação e a responsabilidade da sociedade na 
formulação de políticas favoráveis à saúde e a uma melhor qualidade de vida, com ênfase em ambientes 
saudáveis e equidade, campos que até hoje constituem importantes desafios em se tratando de SUS.
Por último, observa-se que é o primeiro “espaço” onde se discute também a reorientação do 
sistema de serviços de saúde; mesmo não sendo o foco principal, a Conferência estabelece que é muito 
importante essa redefinição e fortalecimento dos serviços para que sejam alcançados a efetividade, a 
eficácia e a resolutividade das demandas de saúde da população.
2.1.4 Carta de Ottawa
A Carta de Ottawa foi um documento apresentado na Primeira Conferência Internacional sobre a 
Promoção da Saúde. Em suma, tal registro indicava as orientações parar atingir a execução do objetivo 
de Saúde para Todos no Ano 2000 e seguintes.
Mesmo que a Conferência tenha sido, antes de tudo, uma resposta à crescente demanda por 
uma nova concepção de saúde pública no mundo, observou-se que as discussões foram centradas 
nas necessidades dos países industrializados e, além disso, foram levados em consideração também os 
problemas que atingem as demais regiões. Isso reafirma o conteúdo democrático de tal documento.
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Unidade I
A Conferência tomou como ponto de partida os progressos alcançados em consequência da 
Declaração de Alma-Ata, em primeira instância, o documento “Os Objetivos da Saúde para Todos” da 
Organização Mundial de Saúde e o debate sobre a ação intersetorial para a saúde, discutido um pouco 
antes na Assembléia Mundial da Saúde.
Os países que estiveram representados nessa Conferência foram os seguintes: Antígua, Austrália, 
Áustria, Bélgica, Bulgária, Canadá, Checoslováquia, Dinamarca, Escócia, Espanha, Estados Unidos da 
América, Finlândia, França, Gana, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irlanda do Norte, Islândia, Israel, Itália, 
Iugoslávia, Japão, Malta, Nova Zelândia, Noruega, País de Gales, Polônia, Portugal, República Democrática 
da Alemanha, Republica Federal da Alemanha, República da Irlanda, Romênia, Saint Kitts e Nevis, Suécia, 
Sudão, Suíça e União Soviética.
Um dos pontos mais relevantes desse documento

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