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1 Cavidade Torácica Thaís Molina 07/02/2019 – AULA 1 CAVIDADE TORÁCICA - ESÔFAGO A cavidade torácica tem ligação com os sistemas respiratórios, digestório e cardiovascular. O esôfago é uma estrutura que faz parte do sistema digestório, é um tubo bem definido que se estende desde a região da laringe até a porção cárdia do estômago. Seu único papel é a condução do alimento até o estômago. O esôfago se localiza anatomicamente dorsal a traqueia e tem radiopacidade de tecidos adjacentes a ele, enquanto a traqueia é radiotransparente por conter ar em seu interior. O esôfago é lateralizado à esquerda na altura da entrada no tórax, após ele entrar no tórax ele volta a ter sua topografia dorsal. Em condições de normalidade ele é colabado e só distende no momento em que o alimento é enviado ao estômago. ASPECTOS DE NORMALIDADE Um esôfago em condições de normalidade não é possível ser visualizado em um exame, pois o mesmo é colabado, não sendo visível. Analisamos então de acordo com a sintopia – posição do órgão em relação aos órgãos vizinhos, visualizando a traqueia, pois a mesma está ao lado do esôfago. Identificando a traqueia, que é um tubo preto, conseguimos identificar onde está o esôfago – que está correndo dorsalmente do lado esquerdo da traqueia, não visualizamos o esôfago, porém identificamos onde ele está. Quando a traqueia está comprimida indica que o esôfago está dilatado, sendo indispensável analisar essa estrutura. Na entrada do tórax o esôfago altera sua topografia, ficando lateralizada, depois voltando a ser dorsal, isso faz com que seja possível e com que se tenha uma predisposição à parada de corpos estranhos neste local. 2 Cavidade Torácica Thaís Molina No terço final do esôfago dos felinos se tem uma mudança no rearranjo das camadas musculares, fazendo com que ao invés das pregas da luz esofágica fiquem longitudinais elas fiquem transversais, deixando uma marca na mucosa, fazendo com que o contraste do esofagograma fique um pouco aderido, dando um aspecto enovelado. 1. LOCALIZAÇÃO O esôfago possui uma porção cervical, torácica e uma pequena porção abdominal. Ele localiza-se na região do mediastino juntamente com coração, grandes vasos e timo (em animais jovens), com exceção do parênquima pulmonar. O mediastino é delimitado pela pleura que reveste tanto a parede do tórax quando o parênquima pulmonar. ESOFAGOGRAMA O esôfago se confunde com as estruturas da região do mediastino porque tem a mesma radiopacidade, para conseguir ver na radiografia o esôfago é necessário realizar um exame contrastado, chamado de esofagograma, esse exame permite confirmar seu contorno, sua topografia e avaliar se há um comprometimento (extravasamento) da parede. No esofagograma buscamos analisar a topografia, analisar o órgão e ver alterações no lúmen do esôfago, vendo se o mesmo está dilatado, se tem falha de preenchimento – onde o contraste ao invés de passar uniforme ele passa envolvendo uma área do esôfago que não é preenchida pelo contraste, mostrando que pode ter algum corpo estranho; o contraste também evidencia a integridade da parede, pois um corpo estranho pode passar e perfurar um esôfago ou então machucar tanto as camadas do esôfago que o mesmo pode romper, mostrando se tem alguma perfuração quando extravasa do esôfago. 1. CONTRASTE O maior cuidado que devemos ter é a administração de 15 a 20 ml do contraste com cautela para evitar que se faça uma falsa via e se tenha uma broncoaspiração. Não se coloca uma sonda pois um dos motivos do exame é analisar a evolução e a motilidade, com a sonda se perde essa visualização, não se deve sedar também pois o animal anestesiado altera a motilidade do esôfago e do esfíncter, podendo até mesmo alterar a proteção de fechamento da epiglote, onde se o animal regurgitar pode broncoaspirar. 3 Cavidade Torácica Thaís Molina Usa-se o sulfato de bário como contraste, que se usa para tudo no sistema digestório, menos para situações em que se suspeita de ruptura ou perfuração, utilizando o iodeto hidrossolúvel nesses casos, pois, por ser uma molécula pequena, o sistema linfático consegue drenar e eliminar de forma mais rápida. O sulfato de bário é utilizado para analisar o preenchimento e a atividade, o transito gastrointestinal, ou seja, não se espera que esse contraste seja absorvido e sim eliminado, não podendo ser absorvido, pois as moléculas são muito grandes, potencializando um processo inflamatório infeccioso se cair na cavidade torácica, prejudicando ainda mais o paciente. Se espera não ver nada no esôfagograma, pois se espera que o animal degluta o contraste e vá para o estômago, quando se dá o contraste e realiza o exame e ainda se vê o contraste, há algo anormal pois ele já deveria ter ido para ao estômago. ACHADOS CLÍNICOS DE ALTERAÇÕES ESOFAGICAS Regurgitação – diferenciar de êmese, com presença da mímica de vomito; inapetência; náusea; dor ou dificuldade para deglutir e engasgo. Perda de peso/emagrecimento – pois o alimento não chega ao estômago para de fato ocorrer a digestão, corrimento nasal esverdeado – evidenciando uma infecção pela aspiração de uma regurgitação (pneumonia aspirativa), pneumotórax, pneumomediastino e derrame pleural podem vir ainda secundariamente a uma perfuração esofágica quando se tem extravasamento de conteúdo alimentar para a cavidade torácica. AFECÇÕES ESOFÁGICAS Corpos estranhos – muito comuns em cães, principalmente em cães mais velhos e pouco em gatos, pois são mais seletivos; dilatação esofágica – megaesôfago, que é a dilatação total, e anomalias do anel vascular, que é uma dilatação segmentar, onde a persistência do quarto arco aórtico direito é a mais comum; neoformações – processos neoplásicos; abcessos, cistos, granulomas parasitário e perfurações. O megaesôfago é uma obstrução total do esôfago, podendo ser congênito ou então adquirido – em casos de miastenia gravis. O corpo estranho, vai levar a dilatação do esôfago – total, parcial ou segmentar, porém não chamaremos de megaesôfago – que tem uma dilatação total devido a uma disfunção neuromuscular. A persistência do quarto arco aórtico direito causa uma dilatação parcial ou segmentar do esôfago devido a uma constrição mecânica do ligamento arterioso, que causa uma dilatação, ao contrário do megaesôfago, que causa uma dilatação total. 1. CORPO ESTRANHO ESOFÁGICO Mais frequente em cães, ocorrendo mais na entrada do tórax – região de cárdia; na região de transição laringofaringeana; e na entrada do coração – região de carina. Nem todo corpo estranho é radiopaco, podendo ser radiotransparente, como plásticos, panos e tecidos, não aparecendo no exame radiográfico simples, podendo até mesmo a sua radiopacidade mimetizar tecido, fazendo com que se confunda com uma neoformação ou abcesso, ou seja, os corpos estranhos podem ser confundidos com 4 Cavidade Torácica Thaís Molina abcessos ou neoplasia esofágica, formação mediastinal ou pulmonar, sendo diferenciado de corpo estranho com histórico e contraste. O corpo estranho está intraluminal (dentro da luz), ou seja, o contraste irá parar anterior ao corpo estranho, tendo uma dilatação do corpo estranho, ou então em casos de processo obstrutivo parcial o material de contraste passa em volta do corpo estranho, evidenciando falta de preenchimento, logo, a presença de corpo estranho não é exatamente o necessário para obstruir, podendo ter um processo obstrutivo parcial. O contraste desvia de uma neoplasia ao invés de envolver a massa tumoral, e acaba diferenciando uma lesão intraluminal de uma intramural – que é uma lesão na parede, sendo mais comum em neoplasias, enquanto a intraluminal é mais comum em corpos estranhos. Sempre realizar duas projeções perpendiculares entre si para conseguirmos avaliar! E em suspeitas de ruptura não realizar contraste de sulfato de bário! DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Presença do corpo estranho na região esofágica comoaponta a seta preta, porém a silhueta cardíaca não é visível, indicando que pode se ter líquido livre na cavidade torácica, que possui a mesma radiopacidade que o coração (tecidos moles). Se tem nesse caso efusão pleural – liquido na cavidade torácica. Um exame com corpo estranho com perda da silhueta cardíaca deve ser realizado um contraste para analisar se há uma ruptura. Além disso, pode-se fazer uma toracocentese para analisar o líquido, pois nem sempre é indicado realizar um exame contrastado – animal pode não estar respirando direito, analisando se é um piotórax, liquido proveniente de uma ruptura de esôfago (amarelado e viscoso) ou analisando se esse líquido é proveniente de outra causa, como líquido serossanguinolento. Também devemos analisar o histórico para saber se há algum trauma para evidenciar uma possível ruptura. 5 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Nota-se que o corpo estranho está obstruindo parcialmente, porque o conteúdo de contraste passa através dele, tanto que uma parte dele já está no estômago e a outra parte ficou retida na base do coração. Houve uma falha de preenchimento, o corpo estranho era um bifinho – doguitos. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Na flecha amarela nota-se a traqueia que está deslocada ventralmente devido ao corpo estranho localizado no esôfago como aponta a seta vermelha. O coração também se encontra ventralmente deslocado devido ao enorme corpo estranho. Se o animal tem um linfoma mediastinal a tendencia é fazer a traqueia subir, ficar próximo às vértebras. 6 Cavidade Torácica Thaís Molina 14/02/2019 – AULA 2 RESUMO AULA 1 DILATAÇÃO ESOFÁGICA Dilatação associada a um distúrbio neuromuscular e também a uma constrição interna. Pode se ter um esôfago dilatado mais radiopaco por ter a presença de mais líquido, ou então um esôfago mais radiotransparente por se ter uma dilatação com maior presença de ar. Ainda se pode ter um esôfago preenchido por ingesta – alimento que ainda não foi para o estomago. As dilatações esofágicas podem ser divididas em segmentares – anomalia do anel vascular em animais jovens; e generalizadas – megaesôfago, dependendo da causa e localização da doença. 1. MEGAESÔFAGO Doença idiopática – sem causa aparente; onde há uma dilatação total do segmento cervical e torácico do esôfago e uma hipomotibilidade esofágica decorrente de uma disfunção neuromuscular, sendo a causa mais frequente de regurgitação em cães. É uma doença muito comum em cães jovens, porém não é exclusiva, sendo que cães mais velhos se ocorrer uma disfunção neuromuscular pode levar a essa dilatação e hipomotilidade do esôfago; cães de raças grandes são mais comuns de apresentar. Os achados radiográficos são: esôfago dilatado e preenchido por conteúdo gasoso, ingesta ou fluído; a traqueia e a silhueta cardíaca – coração, deslocam ventralmente. Os animais possuem sinais clínicos como perda de peso – emagrecimento, regurgitação, e em casos graves podem ocorrer quadros de pneumonia aspirativa. Para diferenciar o megaesôfago da persistência do quarto arco aórtico direito, quando ambos afetam animais jovens, é só analisar que animal com PAAD não tem disfunção da motilidade – hipomotilidade do esôfago, porque no megaesôfago o animal pode ter perda de peso, regurgitação, fome e pneumonia, e no PAAD animal terá uma estenose no esôfago – ponto de constrição do ligamento ducto arterioso; e não uma hipomotilidade, logo, enquanto o animal estiver na fase de amamentação ele não terá manifestações clínica, tendo essas manifestações apenas quando houver mudança da dieta, tendo manifestações como perda de peso e regurgitação, o que só ocorre por volta dos 3 meses de idade, diferente do megaesôfago congênito, que animal apresenta manifestações clinicas desde a amamentação. O animal com PAAD se alimenta normalmente, sendo que o filhote se alimenta de leite e o leite chega ao estômago (ao contrário do megaesôfago congênito, que animal não consegue se alimentar desde os primeiros dias de vida), o animal com PAAD evolui junto com os outros, mas a partir do momento em que se troca a alimentação que o animal passa a apresentar problemas, pois a dilatação se apresenta tardiamente já que o ligamento arterioso pressiona o esôfago sendo mais difícil passar alimento pastoso do que líquido. 7 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Projeção latero-lateral, exame sem contraste. Nota-se como a traqueia e a silhueta cardíaca estão ventralmente deslocadas, e se tem a presença de um esôfago dilatada com conteúdo gasoso. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Projeção ventro-dorsal de tórax, sem contraste. As setas apontam para o tamanho do esôfago dilatado, com linhas não paralelas não radiopacas, no meio dessas linhas se tem a luz do esôfago. 8 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Dilatação total, generalizada. No Esofagograma – exame contrastado, normalmente não há essa intensa retenção de contraste, se o exame contrastado tem retenção de contraste e o esôfago se manifesta dilatado, é porque há dilatação. Não se sabe o quanto de contraste o esôfago dilatado pode receber, sendo preconizado como protocolo de exame de Esofagograma dar de 15 a 20mL, cabendo até 200mL para ver o esôfago todo distendido, porém não faz sentido dar toda essa quantidade, pois tecnicamente se sabe que quando há dilatação há retenção de contraste, conseguindo enxergar a dilatação em gruas variados em toda a extensão do esôfago. Também é importante saber que quanto mais contraste for dado corre o risco de o animal regurgitar esse contraste, podendo assim aspirar. 2. ANOMALIA DO ANEL VASCULAR - SEGMENTAR Pode ocorrer por desenvolvimento anormal dos arcos aórticos que leva a uma constrição do trajeto esofágico, podendo ser por uma persistência do quarto arco aórtico direito – PAAD, sendo mais comum na rotina clínica. O animal quando está em vida embrionária possui o ducto arterioso, que após o nascimento vira ligamento arterioso, na vida embrionária não trocas gasosas no pulmão do feto porque a mãe é a responsável por essa oxigenação, sendo que a circulação no feto o sangue da artéria pulmonar já vai para a artéria aorta pelo ducto arterioso. Assim que o animal nasce, pela ação do surfactante e dos hormônios, em algumas horas o ducto arterioso se colaba e vira ligamento arterioso. Tudo fica do lado esquerdo e o esôfago fica do lado direito com relação a essas estruturas, como a artéria aorta está do lado direito ela leva junto o ligamento arterioso e então ele passa a fazer uma constrição do esôfago, o que causa sua dilatação cranial à base do coração. Só pode ser tratado cirurgicamente. Achados Radiográficos: Segmento esôfago dilatado cranialmente à base do coração (“efeito de massa”) e deslocamento ventral da traqueia. 9 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: “Saculação” – acúmulo de contraste, cranial à base do coração – silhueta cardíaca; a traqueia esta deslocada ventralmente. Não é megaesôfago, pois o trajeto esofágico cervical não está dilatado, o ponto de dilatação é exclusivamente à base do coração, e o contraste passa e vai para o estômago, logo, se tem um esôfago normal, onde no PAAD se tem a dilatação por uma constrição mecânica, e não alteração de nervo muscular, o esôfago tem atividade peristáltica no PAAD, diferentemente de megaesôfago, que está sempre dilatado. NEOFORMAÇÕES ESOFÁGICAS As neoplasias esofágicas são raras em cães e gatos, e quando aparecem fibrosarcoma e osteosarcoma são os mais frequentes e podem estar associados a presença de Spirocerca lupi. Nem sempre haverá dilatação cranial a formação. Do ponto de vista radiográfico não dá para diferenciar em um primeiro momento uma neoformação do esôfago, pulmonar, mediastinal e abscesso. Diagnóstico Diferencial: Esofagograma, tomografia contrastada ou endoscopia. 1. SPIROCERCA LUPI As neoplasias esofágicas são raras e quando aparecemo quadro está muito ruim, geralmente estão associadas a Spirocerca lupi, que é um parasita que possui parte do seu ciclo presente no besouro rola bosta, o animal engolindo esse besouro infectado irá contrair a doença, onde na contaminação do cão para completar seu ciclo, o parasita normalmente penetra na parede do esôfago e se desenvolve causando uma grande reação inflamatória, podendo ter inclusive a formação de granulomas – aspecto radiográfico tem radiopacidade de tecidos moles, causando uma infecção e liberando os ovos no trato digestório, sobrevivendo ao suco gástrico e pancreático sendo eliminado nas fezes e contaminando o ambiente. A maneira de confirmar esse diagnóstico é através de um coproparasitológico. Para confirmar onde está localizada essa neoformação é necessário realizar o Esofagograma, tomografia ou endoscopia, o US não será muito útil, a não ser que se tenha a presença de líquido livre na cavidade torácica, porque o mesmo é um meio de propagação da onda sonora. Outra opção que pode verificar essa neoformação esofágica no US é se a mesma está encostada na parede torácica e o pulmão não vai atrapalhar com sua radiopacidade ar. 10 Cavidade Torácica Thaís Molina Achados Radiográficos: Presença de formação mediastinal em terço caudal de esôfago torácico, causando uma irritação no periósteo das vértebras adjacentes. A dilatação de aorta descendente e mineralização (raro) também estão presentes. Proliferação óssea em superfície ventral de vértebras adjacentes ao granuloma. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: O granuloma devido ao Spirocerca lupi normalmente é formado no terço distal do esôfago entre a base do coração e o diafragma. Área mais radiopaca entre a base do coração e diafragma, em topografia correspondente ao esôfago – não se fala que é esôfago. Nas vértebras se tem uma área de proliferação, que é a reação inflamatória do granuloma. Normalmente possui radiopacidade de tecidos moles ou água, contornos indefinidos – regulares ou irregulares. Por adjacência observa que pode levar a uma dilatação da artéria aorta torácica e pelo processo inflamatório crônico o granuloma pode formar mineralização o que pode fazer com que esse processo inflamatório não fique apenas localizado, podendo atingir as vértebras e formar espondilite. 11 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Exame contrastado. Estrutura/formação cranial radiopaca, quando se tem uma estrutura que está na luz do esôfago a tendência é abraçar, tentar envolver, agora nesse caso, como se tem uma estrutura que está na parede do esôfago, que não está na luz, o contraste apenas desvia, por isso esse paciente pode não ter regurgitação, pois não há dilatação, já que a dilatação é uma alteração intraluminal. Mesmo na radiografia observando nódulos, espondilite nas vértebras torácicas e terço distal do esôfago deslocado ventralmente, tudo indicando um granuloma de Spirocerca lupi, só dá para fechar o diagnóstico com um coproparasitológico, porque o Spirocerca libera ovos que saem nas fezes. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Se tem a presença de formas circulares definidas com radiopacidade de tecidos moles localizados ventralmente às vértebras torácicas e rente a base do coração causados pelo Spirocerca lupi. 12 Cavidade Torácica Thaís Molina AULA 2, AULA PRÁTICA – ANÁLISE DE IMAGENS DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Observa-se dilatação esofágica preenchida por conteúdo gasoso, evidenciando um megaesôfago. – Esôfago torácico. Não se consegue delimitar mais cranialmente, porém esse tubo tem variações e sobreposições, não se pode ter a porção terminal do esôfago dilatada e o resto normal, o que se pode ter é a porção cranial do esôfago dilatada e a caudal não visualizada por obstrução, mas se parte caudal está dilatada, é porque todo o segmento também estará. 13 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Dilatação segmentar/parcial no terço cranial do esôfago com saculação do esôfago cranialmente à base do coração. É um exame contrastado com retenção do contraste com uma saculação do esôfago cranialmente à base do coração, sendo compatível com uma dilatação segmentar com anomalia do anel vascular – PAAD sendo a mais comum. 14 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Deslocamento ventral de traqueia associada a uma dilatação esofágica com um padrão misto de radiopacidade. Megaesôfago, tendo esôfago dilatado por conteúdo gasoso, liquido e ingesta – para um padrão mais heterogêneo se tem umas bolinhas mais radiotransparentes permeáveis a um conteúdo mais radiopaco, podendo ser grãos de ração que estão mais umedecidos – radiopacidade líquida, e também estão permeados por ar, por isso se tem um padrão heterogêneo. 15 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Deslocamento ventral de traqueia associada a uma dilatação total de esôfago e torácico preenchido por conteúdo gasoso, sendo característico de megaesôfago. Não se observa o coração pois se tem presença de líquido, que não está livre, ele fica contido no parênquima pulmonar, quando o líquido está livre se consegue individualizar os lobos, pois o liquido os envolve, na presença de liquido livre não se observa a silhueta cardíaca e as vezes não se consegue ver o diafragma. Na imagem se observa o diafragma e o parênquima e não se define a silhueta cardíaca pois, o coração é rodeado por parênquima pulmonar, se o pulmão começa a ser preenchido/permeado por líquido em função do processo inflamatório/infeccioso gerado pela aspiração, essa secreção vai expulsando o ar e ficando apenas o liquido, por isso o pulmão vai ficando mais radiopaco – opacificação pulmonar. Esse aspecto de alteração pulmonar é compatível com pneumonia aspirativa. Os trajetos tubulares que aparecem na imagem são os trajetos de brônquios, eles não aparecem devido à presença de ar dentro do brônquio e no parênquima pulmonar, logo não se observa, agora quando se tem liquido em volta do brônquio começa a se delimitar o contorno. 16 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Não se define silhueta cardíaca ou silhueta diafragmática, observa-se a presença de estruturas tubulares com radiopacidade ar, evidenciando a presença de alças intestinais na cavidade torácica. Imagem compatível com ruptura diafragmática. 17 Cavidade Torácica Thaís Molina 21/02/2019 – AULA 3 CAVIDADE TORÁCICA – ESPAÇO PLEURAL E MEDIASTINO Sempre analisar a imagem radiográfica torácica, nunca se esquecer de analisar a parte óssea. No exame radiográfico da cavidade torácica analisa-se: silhueta cardíaca, aorta, esôfago, traqueia, campos pulmonares e vasos – localizados no mediastino cranial em condições normais, não se consegue individualizar, sendo esses vasos a veia subclávia, veia cava cranial e a veia braquiocefálica. No exame radiográfico de rotina, sempre começa a projeção pelo lado direito. Lado direito os pilares do diafragma estão paralelos e no lado esquerdo fica em forma de Y. No decúbito direito vou visualizar o pulmão esquerdo e vice-versa. Na tomografia consegue visualizar e individualizar as estruturas porque não ficam com sobreposições como nos raios-x. Os três cortes na tomografia são sagital, dorsal e axial. Projeção latero-lateral e ventro-dorsal de uma cavidade torácica normal. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Não se consegue delimitar os lobos pulmonares em situações de normalidade, não visualizando a lobação pulmonar, fala-se da visualização de campos pulmonares, de forma mais genérica, observa-se a presença de campos pulmonares dorso caudais, que não necessariamente podem ser os lobos caudais cranial direito e esquerdo, pois não se identifica com clareza esses lobos. Além disso a posição da silhueta cardíaca em relação ao externo fica na região mais external, já que os lobos pulmonares estão aerados, preenchidos de ar, e acabamempurrando-o para essa região, se os um dos lobos ou vários lobos estiverem colabados por um trauma – perdendo a pressão negativa, o termo técnico é atelectasia, deixando mais espaço para o pulmão se movimentar, logo em casos de pneumotórax pode-se ter alterações da posição da silhueta cardíaca. Outra avaliação importante é do mediastino cranial, médio e caudal, observa-se artéria aorta, veia cava caudal, traqueia e silhueta cardíaca, não conseguindo visualizar nada além disso devido às sobreposições. 18 Cavidade Torácica Thaís Molina ESPAÇO PLEURAL O espaço pleural é um espaço virtual criado pela pleura visceral e a parietal preenchido por uma discreta coleção/lâmina serosa – que lubrifica essas pleuras, facilitando o deslizamento entre elas durante os movimentos respiratórios. A pleura visceral reveste o parênquima pulmonar, e a pleura parietal reveste a parede da cavidade torácica e delimita o mediastino. A substância surfactante que ajuda os pulmões a deslizarem na cavidade torácica enquanto o animal respira é constantemente drenado e produzido; há uma pressão negativa – vácuo, que faz com que o pulmão fique expandido, se ocorrer alguma alteração nessa pressão os pulmões podem colabar. Em condições normais não se visualizam as pleuras, sendo visualizadas apenas em decorrência de certas afecções, podendo até mesmo identificar as incisuras interlobares – divisões dos pulmões. As afecções que acometem as pleuras são efusão pleural – líquido e pneumotórax – ar, ambas restringem a expansão pulmonar. Na projeção ventro-dorsal o esôfago e o lobo acessório ficam justapostos e podem confundir a visualização, sendo assim, é necessário realizar a projeção latero-lateral também para diferenciar, realizando a tomografia caso ainda não seja possível realizar essa visualização. 1. AFECÇÕES PLEURAIS Esse espaço em condições normais não é caracterizado, tornando-se visível quando se tem a presença de líquido ou de ar – gás, nesse espaço. Quando se tem a presença de líquido ou de gás nesse espaço o indivíduo passa a respirar com dificuldade, já que se diminui a capacidade de expansão – perda a complacência do parênquima pulmonar, o que dificultam as trocas gasosas e o animal começa a entrar em um quadro de distrição respiratória, sendo o achado clínico mais evidente em casos de alterações do espaço pleural. Dependendo do quadro pela presença de líquido – além do ar e do liquido alterar o espaço pleural; existe também a alteração da pressão negativa – que mantem o pulmão estendido. PNEUMOTÓRAX Aumento da radiotransparência ou diminuição da radiopacidade, resultante da presença de ar livre no espaço pleural – cavidade torácica fica muito mais escura devido à presença de ar livre no espaço pleural. Se identifica um colabamento pulmonar, onde os lobos pulmonares as vezes assumem um aspecto de folha, ficando com a estrutura de tecidos moles; se tem uma alteração da topografia da silhueta cardíaca, que se desloca dorsalmente em relação ao esterno. Aspectos radiográficos: Aumento da radiotransparência, atelectasia e alteração da topografia da silhueta cardíaca – deslocada dorsalmente em relação ao esterno. Exames para Diagnóstico: Para analisar a presença de ar no espaço pleural o uso do ultrassom pode ser utilizado para diagnóstico de pneumotórax, não avaliando a alteração em si e sim o artefato, pois quando se respira o ar está dentro dos pulmões, e quando se inspira provoca o artefato de reverberação, essa reverberação vai acompanhar o movimento respiratório, se o exame está acompanhando essa reverberação indica que o ar está dentro dos pulmões, quando se coloca o transdutor e o animal está respirando mas se tem uma reverberação estática, indica que o ar está livre, não está mais dentro do pulmão, ou seja, o ultrassom não mostra o pneumotórax 19 Cavidade Torácica Thaís Molina como um todo, mas mostra um sinal ultrassonográfico que não se percebe a movimentação do ar – a reverberação. Principais Causas: Processos traumáticos, iatrogênicas, perfurações e extensão de pneumomediastino. Projeção latero-lateral e ventro-dorsal de uma cavidade torácica com pneumotórax. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Se tem um aumento da radiotransparência com lobos com atelectasia – colabados, tendo o aspecto triangular. A silhueta cardíaca está deslocada dorsalmente em relação ao esterno, que deveria estar encostado no esterno. Se tem uma radiotransparência em toda a cavidade torácica. Para se restabelecer essa pressão negativa precisa realizar uma toracocentese, puxando ar dessa cavidade torácica, resgatando a pressão negativa. Projeção latero-lateral e ventro-dorsal de uma cavidade torácica com pneumotórax – menos grave que a imagem acima. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Aumento da radiotransparência do parênquima pulmonar resultante da presença de ar livre, com deslocamento da silhueta cardíaca em relação ao esterno, e com certo grau de colabamento – atelectasia. 20 Cavidade Torácica Thaís Molina DERRAME/EFUSÃO PLEURAL Aumento da radiopacidade do parênquima pulmonar resultante da presença de líquido livre no espaço pleural, os pulmões não conseguem expandir na cavidade torácica devido ao aumento de líquido, tendo o aumento da radiopacidade e o deslocamento da traqueia dorsalmente. Ao contrário do ar, que tem uma radiopacidade escura, o líquido tem uma radiopacidade água – branco. *Edema pulmonar é líquido dentro dos pulmões, efusão/derrame pleural é líquido na cavidade pleural. Aspectos Radiográficos: Aumento da radiopacidade, e visualização da lobação dos pulmões. Exames para Diagnóstico: Radiograficamente não se consegue diferenciar o tipo do derrame e nem a causa desse derrame, para tentar identificar a causa dessas efusões pode-se usar o ultrassom, sendo menos invasivo, já que está se procurando a presença de líquido, pois no raio-x se tem muito artefato. O uso do raio-x é importante para avaliar a evolução do quadro, a análise em laboratório que dirá qual o tipo de líquido. Principais Causas: A efusão ou derrame pleura não é uma doença, e sim uma consequência de uma doença de base, como: falência cardíaca, neoplasias, ruptura diafragmática, hipoalbuminemia, torção de lobo pulmonar, trauma, coagulopatias, entre outros. Projeção latero-lateral e ventro-dorsal de uma cavidade torácica com derrame pleural. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Imagem de uma efusão pleural, onde há acúmulo anormal de líquido no espaço pleural, o coração não é visualizado porque se tem a mesma radiopacidade do líquido, perdendo a definição das estruturas da silhueta cardíaca e da silhueta diafragmática. Dependendo da projeção, observa-se que os lobos pulmonares vão se afastando da parede torácica, começando a permitir a visualização da lobação dos pulmões – visto na projeção ventro-dorsal. Se tiver muito liquido livre se tem uma colabamento – atelectasia, porém essa atelectasia causada pela presença de líquido livre não se observa no raio-x e sim no exame ultrassonográfico. 21 Cavidade Torácica Thaís Molina MEDIASTINO Espaço delimitado pelas pleuras parietais, corresponde ao meio da cavidade torácica, ficando na região central do tórax, abrigando uma série de estruturas como a silhueta cardíaca, esôfago, traqueia, linfonodos, nervo vago, timo, grandes vasos que derivam da artéria aorta – braquiocefálica e subclávia. Anatomicamente, pode ser dividido em porção cranial, médio e caudal, nossa maior referencia para saber onde começa uma porção e termina outra seria a silhueta cardíaca, porque a silhueta cardíaca – o coração, está no mediastino na porção média, então tudo o que estiver a frente da silhueta cardíaca corresponderá ao mediastino cranial, e tudo o que estiver atrás da silhueta será o mediastino caudal. No mediastino cranial encontra-se o timo – radiopacidade água e parece um triangulo, localiza-se à esquerda da silhueta cardíaca, aparecendo mais em animais mais jovens e algumasvezes em pacientes obesos. No mediastino médio encontra-se a traqueia, esôfago, coração e linfonodos, em condições normais não se consegue visualizar essas estruturas. No mediastino caudal visualiza-se a veia cava caudal e terço final do esôfago. Com exceção do coração, traqueia e de alguns grandes vasos – veia cava caudal e aorta, as outras estruturas localizadas no mediastino não conseguem ser distinguidas, porque possuem a mesma radiopacidade. 1. AFECÇÕES MEDIASTINAIS As alterações do mediastino são visíveis quando se tem um aumento da radiopacidade do mediastino, ou então quando se tem uma diminuição dessa radiopacidade, deixando o mediastino mais radiotransparente – diminuição devido a presença de ar no mediastino (pneumomediastino), onde a presença de ar no mediastino pode causar um pneumotórax, porem um pneumotórax não causa presença de ar no mediastino. PNEUMOMEDIASTINO Aumento da radiotransparência devido a presença de ar – conteúdo gasoso, dentro do mediastino, pode evoluir para pneumotórax e derrame pleural. Quando essa afecção está presente visualiza-se ar – radiotransparente/preto dentro do mediastino, onde as estruturas são de radiopacidade água/tecidos moles – claros, e, portanto, elas conseguem ser individualizadas devido ao contraste que o ar causa. Aspectos Radiográficos: Hipertransparência na cavidade torácica e individualização das estruturas, aumento da radiopacidade nos campos pulmonares em decorrência da atelectasia – colabamento. Principais Causas: Extensão de lesão cervical – como durante em uma briga, traumático, iatrogênico – durante a intubação, infecções mediastinais, entre outros. 22 Cavidade Torácica Thaís Molina Projeção latero-lateral de uma cavidade torácica com Pneumomediastino. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Se analisa estruturas que em situações de normalidade não são visualizadas, como os trajetos vasculares que permeiam para baixo do coração, observa-se até a veia ázigos e o esôfago. Se tem linhas mais radiotransparentes – deveria ter um padrão mais homogêneo, evidenciando a presença de veia cava cranial – sendo observado apenas a caudal em padrões de normalidade, portanto, fica claro que se tem a presença de ar definindo e delimitando estas estruturas. AUMENTO DE RADIOPACIDADE Os aumentos de radiopacidade mediastinal podem ser divididos em: difusos (mediastinites) e focais – alterações esofágicas, neoformações mediastinais e linfonodomegalia. São alterações mais difíceis de serem precisas, por isso, quando se tem aumento de radiopacidade precisa se pensar em qual posição do mediastino está alterada, em qual é o histórico clínico e quais os órgãos da região afetada. Estruturas que estão no mediastino, uma alteração mediastinal que leva ao deslocamento ventral de traqueia é o megaesôfago, corpo estranho, que são o numero 1; o numero 2 poderia ser uma neoplasia de linfonodo, um linfonodo intestinal, esternal, podendo ser até timo. O 3 é a base do coração, sendo a região, que é uma região cheia de linfonodos; a região 5 pode ser por ruptura de diafragma, onde não necessariamente se tem a passagem das alças intestinais, podendo ter apenas uma parte do lobo hepático que se insinua, tendo aumento da radiopacidade em todos esses casos. 23 Cavidade Torácica Thaís Molina Projeção latero-lateral com aumento da radiopacidade do esôfago. Imagem 1 – Projeção latero-lateral com aumento da radiopacidade próxima a traqueia, podendo ser um paciente com linfoma. Imagem 2 – Projeção ventro-dorsal de uma cavidade torácica com Aumento de Radiopacidade por presença de corpo estranho. DIAFRAGMA Estrutura músculo-tendínea em forma de cúpula que separa a cavidade torácica de cavidade abdominal, quando esse limite é perdido pode ser por um trauma – ruptura, alteração congênita ou então por um derrame pleural, que também causa a perda dessa definição. Aspecto Pode Variar em Função de: Decúbito do paciente, conformação da caixa torácica e fase do ciclo respiratório. Aspectos Radiográficos: Perda da definição da cúpula e dos pilares diafragmáticos, deslocamento cranial das vísceras abdominais, presença de estruturas tubulares gasosas – alça intestinal, em cavidade torácica, alteração da topografia dos órgãos abdominais e traqueia bem deslocada dorsalmente, assim como o coração. 24 Cavidade Torácica Thaís Molina 1. AFECÇÕES DIAFRAGMÁTICAS RUPTURA DIAFRAGMÁTICA A ruptura diafragmática – por trauma, é a perda da continuidade do diafragma permitindo que os órgãos abdominais migrem para a cavidade torácica. HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA Congênita, hérnia peritônio-pericárdica. As rupturas são por trauma, quando se tem uma alteração congênita chamamos de hérnia diafragmática. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Para realizar a diferenciação de ambas varia muito com a distribuição das estruturas abdominais dentro da cavidade torácica, pois quando se rompe se tem uma distribuição bem heterogênea dessa distribuição, quando se tem uma hérnia peritônio-pericárdica, as estruturas tendem a ficam em volta do coração, logo, se tem uma distribuição das estruturas de forma mais organizada, sendo geralmente um achado de exame. 25 Cavidade Torácica Thaís Molina 28/02/2019 – AULA 4 AULA PRÁTICA DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Perda da visualização da silhueta cardíaca e da silhueta diafragmática que é em função do aumento da radiopacidade da cavidade torácica associada à presença de estruturas tubulares preenchidas de ar/gás – estruturas abdominais como alças/segmentos intestinais. – Sendo sugestivo de uma Ruptura Diafragmática. 26 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Dilatação total do esôfago levando a um deslocamento – sutil ventral de traqueia, evidenciando a presença de um Megaesôfago. Animal com Megaesôfago pode fazer um quadro de pneumonia aspirativa, sendo evidente a presença de uma secreção inflamatória, ou até mesmo infecciosa em função da aspiração, esse líquido a principio está em nível alveolar, sendo chamada de Padrão de Opacificação Pulmonar do Tipo Alveolar. O brônquio é visualizado na base do coração, na periferia se observa mais vasos, porém nessa imagem se visualiza os brônquios na periferia, pois ao invés de ter ar em volta dele se tem líquido. – Megaesôfago com um aspecto radiográfico de Pneumonia por Aspiração. Trama mais evidente, evidenciando vasos que estão saindo do tronco das artérias pulmonares. Se tem um padrão de imagem, evidenciando um interstício – que dá sustentação para o pulmão, tendo no interstício vasos linfáticos, vasos sanguíneos, células, tronco, etc.; em um pulmão normal essa trama é evidente, em paciente idosos, por fibrose, pode se ter mais evidenciada, em animais jovens pode ser indício de pneumonia viral. A visualização do interstício é normal, porém dependendo da manifestação clínica do paciente pode-se indicar um inicio de comprometimento pulmonar, por isso o desafio do pulmão é que se tem que ter uma informação clínica melhor para conseguir se dar um diagnóstico mais preciso. 27 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Aumento da radiotransparência mais evidente na região próximo ao esterno, associado a um deslocamento dorsal da silhueta cardíaca em relação ao esterno. Se observa ainda a presença de ar livre dentro da cavidade torácica com a visualização da borda do pulmão, evidenciando não se tratar de um edema. A presença de ar livre dentro do pulmão ocorre como decorrência da perda da pressão negativa, fazendo com que o lobo colabe, processo chamado de atelectasia; como o lobo vai colabando ele vai ficando cada vez mais denso por se ter menos ar, logo, essa opacificação é devido ao colabamento/atelectasia. Se tem ainda a presença de trajetos radiotransparentes sutis, que são os trajetos de brônquios, essa visualização é possível devido a opacificação do pulmão, sendo essa característica chamada de Padrão de OpacificaçãoAlveolar, pois se está tirando o ar do alvéolo e colocando líquido, ou se está apenas perdendo esse ar; com a perda do ar de dentro do alvéolo se ganha um contraste do parênquima alveolar com líquido frente ao trajeto de brônquio, devido a isso esse trajeto fica evidente, pois caso houvesse ar em volta desse trajeto de brônquio ele não seria visualizado. – Achados compatíveis com Pneumotórax. 28 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: A seta mostra uma estrutura radiopaca de contornos definidos e bem regulares em topografia correspondente à esôfago, tanto que cranialmente a ela se vê o esôfago dilatado deslocando a traqueia. – Achados compatíveis com Corpo Estranho Esofágico. 29 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Perda de visualização de silhueta diafragmática e perda parcial da silhueta cardíaca. Esses trajetos tubulares correspondem a segmentos de alça intestinal, porém nesse caso se tem uma distribuição mais organizada/homogênea, parecendo que as alças são contidas por uma estrutura, visualizando-se lateralmente parte do diafragma. – Achados compatíveis com uma Hérnia Diafragmática/Hérnia Periônio-Pericárdica. 30 Cavidade Torácica Thaís Molina 07/03/2019 – AULA 5 CAVIDADE TORÁCICA – PARÊNQUIMA PULMONAR Iremos trabalhar com doenças que irão gerar no aumento da radiopacidade do parênquima pulmonar. Existem uma série de doenças que alteram/aumentam a radiopacidade do parênquima pulmonar, sendo o nome chamado de opacificação – fica mais opaco. Não confundir edema pulmonar com derrame pleural, já que ambos aumentam a radiopacidade, porém o edema pulmonar aumenta o parênquima pulmonar, e não necessariamente irá causar a perda da visualização da silhueta cardíaca, enquanto o derrame pleural se tem essa perda da visualização da silhueta cardíaca além do aumento da radiopacidade. SILHUETA CARDÍACA: O raio x é utilizado pouco para avaliar a silhueta cardíaca, sendo o raio x mais utilizado para ver a repercussão dessa doença cardíaca sobre o parênquima pulmonar, para a silhueta cardíaca é mais utilizado o ecocardiograma. ANATOMIA RADIOGRÁFICA O interstício é o arcabouço, o que dá sustentação para o pulmão, principalmente para os alvéolos, que é a parte aerada dos pulmões; no interstício se tem o trajeto vascular, pulmonar, artérias e veias, trajeto de vasos linfáticos, todo o sistema de drenagem linfática e os brônquios. Em condições de normalidade, um pulmão aerado, não se consegue individualizar os lobos pulmonares – se conseguir individualizar é porque se tem ar ou líquido os envolvendo, ou seja, as margens dos lobos pulmonares não são caracterizados, pois a parede do parênquima pulmonar sempre estará encostada na parede torácica, não conseguindo visualizar os limites, sendo então utilizado o termo de campos pulmonares ao invés de lobos, pois é mais abrangente e menos específico já que não tem como se ter certeza – como por exemplo, utiliza-se os termos campos pulmonares dorso caudais. O pulmão não é apenas radiotransparente, pois se tem interstício e liquido nesse pulmão, logo, quando se radiografa se vê predominantemente os campos pulmonares radiotransparentes, mas precisa se identificar quais são as artérias e as veias pulmonares, perceber que elas vão até a periferia do parênquima pulmonar, analisando trajetos vasculares e bronquiais, que normalmente vão até a periferia dos campos pulmonares, mas não se consegue acompanhar todo o trajeto, pois à medida que sai da base do coração eles vão se ramificando, ficando cada vez menores; esse grau de caracterização em aspectos de normalidade – o quanto se vê dos trajetos vasculares, dos trajetos de brônquios e dessa radiotransparência, é influenciado no ponto de vista de normalidade do grau de inspiração – em animais não se pode pedir para ele inspirar e segurar, pois quanto mais ar se tiver nesse pulmão mais contrastado fica, por isso é mais difícil analisar achados radiográficos, como em buldogues, pois possuem menos ar dentro do pulmão, sendo o mesmo mais radiopaco; idade do animal – onde em animais mais velhos é comum se ter um pulmão mais radiopaco, podendo ser por fibrose, devido ao processo de envelhecimento (senescência) e não por doenças relacionadas à idade (senilidade); técnica radiográfica – como por uma realização incorreta devido ao mau 31 Cavidade Torácica Thaís Molina posicionamento do paciente, por não se ajustar corretamente ao aparelho; e por processos patológicos. IMAGENS DE CAVIDADE TORÁCICA COM PARÂMETROS DE NORMALIDADE COM FOCO NA OBSERVAÇÃO DE PARÊNQUIMA PULMONAR Imagem 1: Predominantemente radiotransparente, se tem parênquima pulmonar com sobreposição à silhueta cardíaca, campos pulmonares aerados, se identifica o trajeto de artéria aorta e veia cava caudal, e o trajeto de artérias e veias que vão até a periferia e ficando cada vez menores, eventualmente se pode ainda ver trajeto dos brônquios perto da base do coração, onde eles são mais grossos, quando os brônquios ramificam e atingem a periferia são mais finos, não dando para identificar, assim como os trajetos vasculares. Imagem 2: Se analisa a silhueta diafragmática e a silhueta cardíaca. CORTES ANATOMICOS DE RADIOGRAFIA As áreas mais claras, tirando o coração e o trajeto vascular, são as tramas vasculares do pulmão, e as áreas circulares mais escuras que o próprio parênquima pulmonar, são os brônquios. A doença pulmonar de modo geral vai tornar o pulmão mais encharcado – se terá mais líquido, logo, a medida que se vai aumentando a quantidade de líquido no interstício, a caracterização de artérias e veias pulmonares vai diminuindo, já que o ar que está no parênquima pulmonar – nos alvéolos, é que dá o contraste para ver esses 32 Cavidade Torácica Thaís Molina trajetos vasculares, sobrando para ver apenas os trajetos dos brônquios, pois eles ainda terão ar. PADRÕES PULMONARES IMAGEM 1: Corte histológico que corresponde à imagem 2, onde as áreas mais claras correspondem ao alvéolo, e as áreas roxas correspondem aos interstícios que dão suporte para os brônquios, para os trajetos vasculares e para os alvéolos pulmonares. IMAGEM 2: Trajeto de brônquios, e artérias e veias acompanhando os trajetos desses brônquios, em um pulmão aerado, histologicamente é isso que teremos. • Paciente com Bronquite Aguda: Processo inflamatório dos trajetos de brônquios, os brônquios terão parede espessada e luz pequena, ficando mais fácil ver os trajetos de brônquios pois sua parede fica mais encharcada. • Pneumonia: Infecção em nível alveolar, edema cardiogênico, toda a estrutura ficará encharcada, não tendo ar e sim líquido, não se diferenciando a trama do interstício e não identificando o trajeto dos vasos, apenas se identifica o trajeto dos brônquios que se estende até a periferia. Em condições patológicas diferentes se podem produzir alterações radiográficas similares, para estudar melhor essas alterações se faz uma analogia radiográfica com esse corte histológico, gerando um padrão alveolar – padrão opacificado, de quão branco fica o pulmão, sendo consequência de edema pulmonar de origem cardiogênica, contusão pulmonar; intersticial; brônquico; e vascular. Para a alteração chegar no brônquio e no alvéolo teve que passar pelo interstício, caso seja uma pneumonia, a bactéria teve que comprometer o interstício, onde essa infecção gera coleção para a luz do alvéolo, já devendo ter alguma alteração nessas áreas. Se dá o nome do padrão com o padrão que mais se observa na imagem, podendo ver vários padrões, mas classificando como o padrão mais predominante. Para identificar o padrão deve-se avaliar a distribuição e a localização das alterações, correlacionar com os aspectos clínicos e com os exames complementares para a suspeita do quadro clínico e do laudo radiográfico. 33 Cavidade Torácica Thaís Molina 1. PADRÃO DE OPACIFICAÇÃO PULMONARALVEOLAR Corte Histológico Normal Corte Histológico com Padrão Alveolar Está associado a uma concussão pulmonar, pneumonia ou broncopneumonia, edema pulmonar cardiogênico ou não cardiogênico, tromboembolismo e problemas pulmonares relacionados à tumores primários. Se tendo maior assertividade no diagnóstico pensando na distribuição e na localização, pois por exemplo, normalmente um processo infeccioso não se obedece a um padrão, podendo estar dorsal, cranial, ventral, de apenas um lado, etc., quando se tem um edema pulmonar cardiogênico ele está simétrico, bilateral e envolvendo sempre lobos caudais. • Características: Alvéolos preenchidos por líquido, debris celulares – como inflamação, ou atém mesmo infiltrado neoplásico – sendo mais raro. • Achados Radiográficos: Opacificação mal definida; broncograma aéreo – aumento de radiopacidade em nível alveolar, pois se consegue identificar o trajeto dos brônquios devido a presença de líquido em nível alveolar, não tendo a definição de vasos menores, pois o pulmão está deixando de ter a presença de ar em seu parênquima; e distribuição lobar. • Atelectasia Diferente de Consolidação Pulmonar: Os dois possuem padrão alveolar, podendo ter broncograma aéreo, porém a atelectasia terá uma diminuição do parênquima, e a consolidação pulmonar fica tão denso e alterado por problemas patológicos que se tem uma hepatização pulmonar – os lobos ficam com consistência de fígado. 34 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Se observa traqueia, base do coração e brônquios, porém se observa um aumento de radiopacidade (deveria ser radiotransparente) com trajetos radiotransparentes que vão até a periferia, sendo o trajeto dos brônquios, onde em situações de normalidade, se não tivesse liquido em nível alveolar, não seriam identificados. – Padrão de Opacificação Alveolar com Broncograma Aéreo. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Deslocamento ventral de traqueia, com dilatação importante em todo o trajeto esofágico torácico pela presença de ar, onde na região de campos pulmonares crânio ventral se tem uma opacificação de padrão alveolar, identificando trajetos de brônquios na periferia, não se vendo o limite da silhueta cardíaca, evidenciando que o que era para estar aerado está com líquido. – Padrão de Opacificação Alveolar. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Parênquima está mais claro, mais opacificado, se identificando o trajeto de brônquios. – Padrão de Opacificação Alveolar com Broncograma Aéreo. 35 Cavidade Torácica Thaís Molina 2. PADRÃO INTERSTICIAL Estrutura de suporte do parênquima pulmonar, mais difícil de caracterizar do que a alveolar, pode ser dividido em: • Padrão Estruturado: Nodular – uma “bola branca”, onde quando isolado pode ser um tumor primário, cisto, abscesso; e quando se tem vários nódulos, várias formações circulares radiopacas, pode ser uma metástase, podendo ser uma pneumonia fúngica, sendo normalmente uma exceção, pois na maioria das vezes é uma metástase. O sistema linfático está no interstício, por isso quando se pensa em nódulo, neoplasia, metástase, abcesso, se pensa em interstício e não em alvéolo. Estruturas com mais de 2,5cm são chamadas de massa ou de neoformações, e não mais de nódulos. • Padrão não Estruturado: Podendo ser linear ou rendilhado, como por exemplo podendo ser um aspecto da fibrose. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Parênquima pulmonar preenchido de inúmeras formações nodulares dispersos no parênquima. – Padrão Intersticial Estruturado. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Várias e pequenas nodulações com contornos não tão bem definidas, sendo uma pneumonia fúngica – podendo confundir com padrão intersticial estruturado em um paciente com metástase pulmonar. A pneumonia fúngica pode ser visualizada como padrão intersticial estruturada e não apenas como padrão alveolar, sendo uma exceção em termos de apresentação radiográfica. Diagnóstico diferencial por lavados com cultura fúngica e citologia. – Padrão Intersticial Estruturado por Pneumonia Fúngica. 36 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: IMAGEM 1 → Presença de uma área mais clara no pulmão, sem broncograma aéreo, conseguindo se ver trajetos e individualizar de vasos, evidenciando que essa opacificação se trata de um padrão intersticial, mas esse padrão pode-se evoluir para um padrão alveolar. IMAGEM 2 → Se observa padrão intersticial por trauma, sendo uma área por contusão pulmonar pelo histórico, logo se conclui que a doença é dinâmica, já que teoricamente por trauma seria um padrão alveolar. – Padrão Intersticial não Estruturado 3. PADRÃO BRONQUIAL Caracterização da árvore brônquica podendo ser acompanhada de alterações de forma e tamanho, vendo trajetos de brônquios, mas não porque se tem liquido no alvéolo como é o caso do broncograma aéreo, e sim porque o brônquio está dilatado com a parede espessa, se tendo um pulmão ainda aerado. NÃO CONFUNDIR PADRÃO BRONQUIAL COM BONCOGRAMA AÉREO. Não é um padrão usual, sendo mais comum em casos crônicos e em gatos. • Bronquite Crônica: Bronquiectasia, sendo o nome dado a uma inflamação bronquial. • Acompanhado pelo Padrão Intersticial • Achados de Imagem: Infiltrado peribrônquico (“donuts”); e perda de definição dos vasos. 37 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: IMAGEM 1, as setas azuis indicam “bolinhas” sendo os trajetos de brônquios, chamados de infiltrado peribrônquico (donuts), que normalmente não se vê, sendo observado pelo fato de se ter uma parede mais espessa devido à dilatação dos brônquicos, nesse caso sendo um Akita que estava em contato com voláteis tóxicos por viver em uma oficina mecânica, que gerou um processo inflamatório crônico dos brônquios, se observa um pulmão aerado ainda devido a visualização do trajeto dos brônquios, não porque se tem líquido no alvéolo, e sim porque os brônquios estão dilatados. Na IMAGEM 3 se observa um padrão intersticial com padrão bronquial, pois se tem um interstício mais evidente e presença de infiltrado peribrônquico. – Padrão de Opacificação Bronquial. 4. PADRÃO VASCULAR O padrão vascular é a “ponta do iceberg” para se identificar alterações cardíacas, hoje em dia o exame de eleição é o ecocardiograma complementado pelo eletrocardiograma para identificação de problemas cardiológicos. Radiograficamente se analisa alterações cardíacas através de alterações da silhueta cardíaca, onde dependendo da doença se tem alteração na capacidade de identificação dos vasos pulmonares – artérias e veias pulmonares. Os vasos ficam mais evidentes quando se tem doenças cardíacas que alteram débito como em processos de congestão, onde o pulmão tem tendência a ficar mais claro devido ao fato dos vasos estarem mais ingurgitados e não por se ter liquido nos alvéolos, os vasos ficam mais difíceis de serem visualizados em casos de choque hipovolêmico, tendo vasos menos passiveis de serem visualizados, se tendo menos liquido nesse pulmão, ficando mais escuro, mais transparente. 38 Cavidade Torácica Thaís Molina • Hipovascularização – Aumento da Radiotransparência. Hipertransparência Pulmonar: Vasos pulmonares menores e em menor quantidade pois não se consegue ver por hipovolemia (desidratação), choque hemorrágico, estenose da pulmonar, anemia... • Hipervascularização - Aumento de Débito Cardíaco: Aumento de tamanho e número de vasos por congestão pulmonar ou Dirofilaria immitis. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Menos sangue circulante, ou seja, reduz o tamanho da silhueta cardíaca, que acaba ficando um pouco mais acima da parede torácica devido a essa redução do tamanho, se distanciando da parede. Não se vê atelectasia ou alguma área que remeta um padrão alveolar. Aumento da radiotransparência com diminuição da visualização dos vasos e diminuição da silhueta cardíaca. – Padrão Vascular por Hipovascularização. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Imagem 1, Área mais clara, comvisualização de veia cava, artéria aorta e trajeto vascular de tronco pulmonar evidente, mostrando que está dilatado, quase com o mesmo tamanho da artéria aorta. – Padrão Vascular por Hipervascularização. Imagem 2, sendo uma ventro-dorsal da imagem 1, alteração de silhueta cardíaca com artérias pulmonares mais dilatadas e tortuosas. Imagem radiográfica de hipervascularização com alteração de silhueta cardíaca que remete a um paciente com Dirofilariose (alteração de silhueta cardíaca e artérias pulmonares mais dilatadas). ESCREVER → Sugere-se ao colega realização de ecocardiograma para complementação deste. – Padrão Vascular por Hipervascularização por Dirofilariose. 39 Cavidade Torácica Thaís Molina 14/03/2019 – AULA 6 CAVIDADE TORÁCICA – SILHUETA CARDÍACA ANATOMIA RADIOGRÁFICA Quando se olha essa estrutura radiopaca e globosa no centro da cavidade torácica se analisa mais de uma estrutura e não apenas o coração, tendo o coração como parte da estrutura muscular, saco pericárdico, sangue nas câmaras cardíacas, válvulas, grandes vasos que entram e saem do coração essas estruturas se somam ao coração por terem a mesma radiopacidade gerando essa sombra no centro da cavidade torácica, por isso o temo mais correto é falar sobre a silhueta cardíaca. Para analisar a silhueta cardíaca se quer saber mais do que apenas seu tamanho e forma, que é analisado no raio x, sendo importante também analisar sua função, como o impulso elétrico, que é realizado apenas com o eletrocardiograma, ou seja, radiograficamente a única informação que é importante é tamanho e forma, não pedindo exame radiográfico para avaliação da silhueta cardíaca, realizando o raio x da cavidade torácica para analisar doenças associadas com o sistema cardiovascular, como em casos de animais com distrição respiratória, animal cianótico, alterações que apresentam tosse, sinais que estão associados ao sistema respiratório; pois a partir de alterações como aumento da silhueta cardíaca podem estar associadas com doenças cardíacas congênitas ou adquiridas. VARIAÇÕES DE FORMA E TAMANHO Variações de tamanho e forma irão depender da espécie e também da raça – no cão, nem tanto no gato, como a questão racial altera diretamente as características morfológicas, como por exemplo a caixa torácica, isso influencia muito na forma e no tamanho da silhueta cardíaca. Existe uma grande variação no tamanho e forma em questão da espécie, onde normalmente o coração do gato é mais alongado e mais inclinado se comparado com o do cão; em relação às raças, conforme a conformação torácica o coração pode ser mais globoso ou mais alongado; idade – animais mais jovens tem coração mais globoso/arredondado porque as câmaras estão se desenvolvendo, não se tem uma parede entre ventrículo esquerdo e direito tão hipertrofiada em animal jovem quanto em um animal adulto; atividade cardíaca – sístole e diástole podem alterar, sendo mais fácil notar alterações na fase de diástole do que sístole, pois a diástole leva mais tempo para acontecer; fase respiratória, posicionamento, etc. 1. MENSURAÇÃO SUBJETIVA X VHS Para sair dessa subjetividade precisa se encontrar alguns mecanismos, onde a mensuração subjetiva usa referências anatômicas e proporcionalidade, comparando a silhueta cardíaca e o número de espaços intercostais que ela ocupa, ou então analisando a base do coração até o ápice, que é o eixo apicobasilar com a altura da cavidade torácica, onde esse eixo não pode ser maior que 70%, 2/3 da altura da cavidade torácica, se não indica que já possui um aumento da silhueta cardíaca. Uma mensuração mais objetiva é o VHS, que é transformar essas dimensões cardíacas, ou silhuetas cardíacas em numero de vértebras, tornando a mensuração mais objetiva porque muitas vezes esses parâmetros subjetivos pode-se alterar com a avaliação de cada profissional, e 40 Cavidade Torácica Thaís Molina quando se coloca um número se torna isso mais concreto e mais palpável, tirando a subjetividade, porém até mesmo o VHS sofrerá uma influencia da conformação do tórax do paciente. ANÁLISE DASILHUETA CARDÍACA Se divide o coração em 4 regiões para encontrar a topografia correspondente aos átrios e aos ventrículos, sendo algo aproximado, não identificando com certeza qual é o átrio direito, por exemplo, encontrando uma região aproximada, pois na região do átrio direito também se passa o tronco da artéria pulmonar em sobreposição, sendo então abordagens aproximadas. Se tem a divisão da silhueta cardíaca em 4 partes com um eixo longitudinal e um eixo perpendicular a esse eixo longitudinal, onde tudo o que está acima corresponde aos átrios do coração, ou seja, à base do coração, e abaixo, a parte que está em contato com o esterno, corresponde ao ápice do coração, sendo os ventrículos. A margem cranial da silhueta cardíaca corresponde ao lado direito, e a margem caudal corresponde ao lado esquerdo em uma projeção latero-lateral. OBS.1: O método mais adequado para análise da silhueta cardíaca é o ecocardiograma. OBS.2: Um gato idoso tende a ter o coração mais inclinado e o arco aórtico dele mais projetado cranialmente, sendo normal, sem que seja uma doença. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Entre 9 e 11 horas é a topografia do átrio direito, entre meio dia e uma hora se tem a passagem da artéria aorta e entre uma e duas horas se tem o tronco da artéria pulmonar, entre 3 horas se tem a topografia do átrio esquerdo. Em 41 Cavidade Torácica Thaís Molina pacientes com dirofilariose, por exemplo, se tem alterações no lado direito, em topografia de átrio direito em topografia de artéria pulmonar, se tendo alterações do formato do coração nessas topografias além das alterações de trajeto vascular. VARIAÇÃO RACIAL Em cães se tem uma profunda variação da silhueta cardíaca em função da caixa torácica. 1. TÓRAX PROFUNDO E ESTREITO Cães de tórax profundo e estreito, como em raças mais comuns como Pastor Alemão, Setter Irlandês, Dobermann, Afghan Hound, possuem o tórax mais profundo e mais estreito, são animais que possuirão a silhueta cardíaca verticalizada. • Afghan Hound → Abdome bem fino com fígado bem projetado na cavidade torácica, tórax bem profundo com coração mais alongado e centralizado e posicionamento da traqueia bem mais deslocado ventralmente. São animais que possuem pulmões mais aerados e distendidos, sendo mais fácil de observar toda a arquitetura vascular. 2. TÓRAX POUCO PROFUNDO E LARGO Cães que possuem o tórax mais raso/achatado, que muito autores falam ser em forma de barril, a tendência é ter um coração de aspecto mais globoso, muito mais 42 Cavidade Torácica Thaís Molina arredondado. Como em Buldogue Frances, Buldogue Inglês, Pug, e não tão acentuado, mas também se encaixam os Beagle, Boxer, Yorkshire. • Labrador → Tórax intermediário, possuindo uma silhueta cardíaca mais globosa e arredondada com traqueia com uma tendência a ser mais elevada, quando compara a um paciente da rasa Afghan Hound. Possui uma silhueta cardíaca do ponto de vista radiográfica absolutamente normal. • Pug → Exemplo mais clássico de um tórax raso ou profundo, em formato de barril, ainda mais com todo o seu formato de crânio, braquiocefálico, achatado, tendo dificuldade respiratória. Tem um coração muito mais globoso, a princípio dando a impressão de que está aumentado, existe uma dificuldade natural de caracterizar a silhueta porque são animais que possuem uma respiração mais curta, sendo difícil achar animais dessa raça que possuem um pico de inspiração, e para ajudar ainda esses animais, Buldogue Frances, Buldogue Inglês, Pug, possuem normalmente o mediastino naturalmente mais alargado, sendo um outro ponto que torna mais difícil a caracterização. Possuem mais gordura dentro da cavidade abdominal desses animais, apesar de todas essas alterações possuem uma silhueta cardíaca normal para a raça. VHS Quando se tem um tórax maisinspirado, a distância do ápice cardíaco em relação à silhueta diafragmática se torna mais evidente, quando se tem um tórax mais expirado tendem a ficar mais sobrepostos, para sair um pouco dessa subjetividade a saída é realizar o VHS – tórax mais inspirado com um certo distanciamento do ápice de silhueta cardíaca em relação à silhueta diafragmática. Exame de triagem, que não requer a presença de um especialista/radiologista para isso, usando até mesmo uma folha de papel com uma linha para transformar essas dimensões – centímetros, em números de vértebras. Mais recentemente que teve importância pois se teve mais subjetividade, onde o padronizado é deitar o animal em decúbito lateral direito, porem em decúbito esquerdo não se tem uma diferença gritante, por isso é válido também. A linha vermelha é o eixo basilar, longitudinal, e a linha pontilhada é o eixo transversal, com o animal posicionado se observa T1, T2, T3 e T4, sobrepondo as distâncias a partir da epífise cranial de T4, sendo protocolado a metodologia de mensuração a partir de T4, se sobrepõem essas medidas, a linha vermelha corresponde a 6 vertebras torácicas, e o pontilhado azul corresponde a 4 43 Cavidade Torácica Thaís Molina vertebras torácicas, sendo então um VHS do paciente 4 + 6, tendo um VHS de 10, correspondendo a 10 vertebras torácicas. Na média sem saber se é um animal SRD ou de raça, um VHS normal é em torno de 10,5 vértebras torácicas, porém se tem VHS específico para cada raça, pois o VHS varia entre as espécies e as raças, mas na média é 10,5. – No dobermann o normal é de 9,5 e 10. DOENÇAS CARDÍACAS Doenças de mais recorrência no dia a dia. 1. CONGÊNITAS Persistência do ducto arterioso, defeito de septo ventricular, tetralogia de Fallot – persistência do ducto, defeito de septo, estenose pulmonar; persistência do Arco Aórtico direito – doença cardíaca que não tem impacto direto sobre a função cardíaca e sim sobre o trato digestório. 2. ADQUIRIDAS Insuficiência de mitral e/ou tricúspide, cardiomiopatias – doenças na estrutura muscular do coração, onde no laudo se coloca “cardiomiopatia a esclarecer”; derrame pericárdico – difícil de diferenciar de uma cardiomegalia generalizada/aumento cardíaco generalizado, tendo que usar um exame ultrassonográfico para diferenciar, onde em casos severos de derrame pericárdico o animal tem risco iminente de morte pelo excesso de liquido no saco pericárdico poder gerar um tamponamento do coração, onde o sangue não consegue mais entrar, podendo levar o animal à óbito; dirofilariose – altera o padrão vascular de pulmão também. DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Baseado nas mensurações subjetivas ou de proporcionalidade pelo VHS até mesmo pelo posicionamento da traqueia, é nítido que se tem uma cardiomegalia, onde a silhueta ocupa mais que 3 espaços intercostais, o eixo longitudinal supera e muito os 70% da altura de cavidade torácica; e o parênquima pulmonar está mais radiopaco e se consegue enxergar trajetos tubulares radiotransparentes – correspondendo aos brônquios, evidenciando um broncograma aéreo, ou seja um padrão alveolar, onde quando se observa um paciente com um coração desse tamanho, com uma opacificação bilateral – acompanhando trajeto de brônquios, sendo altamente sugestivo de um edema pulmonar cardiogênico. 44 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: FELINO. Sugestivo em Cardiomiopatia Hipertrófica Felina, na projeção latero-lateral, o gato ocupa de 2 a 2 espaços intercostais e meio, onde nessa projeção teoricamente está normal, porém o posicionamento dessa traqueia está mais distante da base do coração, podendo ser por um aumento generalizado ou por um aumento dos átrios. Na projeção ventro dorsal se tem alterações com dilatação biatrial – onde os americanos chamam de formato de “valentine’s heart”, pois existe uma hipertrofia tão grande da parede dos ventrículos que o sangue não consegue ir para essas câmaras dos ventrículos, ficando retido nos átrios, tendo uma dilatação biatrial, onde quando se tem esse formato de coração, principalmente na projeção ventro- dorsal, pode-se ter certeza que se trata de uma Cardiomiopatia Hipertrófica. Essa Cardiomiopatia Hipertrófica tem um desdobramento, podendo gerar trombos, onde esses trombos podem se desprender e gerar processos obstrutivos em membro pélvico – gerando um quadro de tromboembolismo, onde clinicamente esse animal terá quadros de paralisia com muita dor, e dependendo de onde o trombo para o animal pode ter um ou dois membros pélvicos cianóticos com temperatura baixa. IMPORTANTE Do ponto de vista radiográfico, observar as alterações correlacionadas às cardiopatias, não ao coração propriamente dito, como: • Observar alterações no parênquima pulmonar e na vascularização pulmonar. • Identificar derrame pleural ou então efusão de derrame pericárdico. • Derrame Abdominal, não se radiografa um animal para ver abdome com ascite, mas as vezes se pega um pouco da porção mais cranial de abdome e observa uma perda de definição com abdome mais homogêneo, que remete a um derrame abdominal. • Hepatomegalia, ainda não se chegou a uma fase efusiva, mas esse aumento do fígado associado a um processo de congestão, ICCD. Complementar com exame eletro e ecocardiográfico, para trazer muito mais informações! 45 Cavidade Torácica Thaís Molina AULA PRÁTICA DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Camada muscular mais dorsal com camada de ar mais radiotransparente e uma linha mais radiopaca, evidenciando um enfisema subcutâneo – presença de ar no subcutâneo, sendo uma das possibilidades desse enfisema a perfuração de traqueia por trauma, essa perfuração por trauma da traqueia pode causar também pneumomediastino, já que o ar que escapa da traqueia e vai para o subcutâneo também para essa região do mediastino, conseguindo se reconhecer pelo menos 3 trajetos vasculares no mediastino cranial, identificando a veia cava cranial, tronco braquiocefálico, artéria subclávia, e até mesmo individualizando parte do esôfago em cima da traqueia, tendo até ar onde se tem o esterno. Não se tem ar apenas no mediastino, tem tanto ar que se observa o trajeto de artéria aorta passando pela cavidade abdominal e se individualiza, tendo ar em volta do parênquima renal, evidenciando também um pneumoperitônio. – Enfisema Subcutâneo com presença de Pneumomediastino e Pneumoperitônio. 46 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Se tem a presença de interstício, mas também se observa a presença de brônquios em maiores quantidades, tendo então um infiltrado peribrônquico – “donuts”, não sendo nódulos, pois nódulos não são radiotransparentes, são radiopacos; quando se tem uma estrutura com parede radiopaca e centro radiotransparente, só pode ser trajeto de brônquio. Alvéolo é uma descrição microscópica, se entende que tem padrão alveolar porque quando se observa uma opacificação – sai preto e entra o branco, se entende que microscopicamente esse preto pulmonar é dado pela presença de ar em nível alveolar, mas não se vê os alvéolos para achar que essas “bolinhas” radiotransparentes são alvéolos, ainda se chama atenção pois se tem os brônquios em evidencia e ainda assim se tem um pulmão aerado. – Padrão Bronquial frequente em felinos portadores de bronquite, sendo difícil encontrar em cães. 47 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Aumento de radiopacidade de fuso de cavidade torácica, associada a perda de silhueta cardíaca e de silhueta diafragmática com delimitação dos campos pulmonares, sendo compatível com um derrame/efusão pleural. O método de imagem que vai complementar essa situação é o ultrassom, que ajuda a diferenciar se a presença desse liquido se deve a presença de formação torácica, se é uma dilatação cardíaca ou se é devido a presença de formação em base de coração, etc. Radiograficamente só se chega na classificação deuma efusão ou derrame pleural. – Efusão Pleural. 48 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Deslocamento ventral de traqueia com alteração da morfologia da silhueta cardíaca associada com um dilatação do esôfago, até por um conteúdo mais gasoso, um pouco mais heterogeneo, poderíamos pensar em um corpo entranho ou em um quadro mais raro de Intussuscepção Gastresofágica – onde o estomago vai para dentro da luz do esôfago gerando um processo obstrutivo também com dilatação de esôfago. Um paciente com megaesôfago pode desenvolver uma pneumonia por aspiração, logo, se observar em sobreposição em silhueta cardíaca se vê o trajeto de brônquios que vão até a periferia, vendo trajeto de brônquio não por estarem dilatados e sim pois se tem o aumento de radiopacidade do pulmão, não identificando o trajeto vascular nessa região, vendo apenas o trajeto dos brônquios, pois se tem liquido em nível alveolar a radiopacidade do liquido no alvéolo é a mesma radiopacidade do líquido dentro do vaso, então se marca apenas o trajeto dos brônquios, evidenciando ser um broncograma aéreo – padrão alveolar. – Megaesôfago associado a um foco de Pneumonia por Aspiração. 49 Cavidade Torácica Thaís Molina DESCRIÇÃO DA IMAGEM: Padrão alveolar – implícito de broncograma aéreo; pois se observa trajeto de brônquio que vai permeando o pulmão, saindo linhas/riscos radiotransparentes, não se vendo vasos, pois a opacificação está em nível alveolar – quando se observa trajeto de brônquios e opacificação em nível alveolar – bilateral, indica que muito provavelmente é um quadro de edema pulmonar cardiogênico ou não, podendo ser uma pneumonia muito severa e difusamente distribuída. – Padrão alveolar.
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