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Cavidade torácica A realização de radiografias torácicas é comum na rotina de pequenos animais, mas é menos comum em cavalos. Para muitos exames radiográficos, duas projeções fornecem informações adequadas para uma avaliação radiográfica meticulosa. Posicionamento: Radiografias laterais são realizadas em cães e gatos em decúbito lateral e dizemos radiografia laterolateral direita ou esquerda dependendo do lado do decúbito que o paciente se encontra. É indicada também a VD e DV em alguns casos. É importante que toda a cavidade torácica seja incluída na imagem. O campo de visão deve se estender da porção cranial à entrada do tórax, a alguns centímetros caudais à última costela. As radiografias devem ser obtidas durante a pausa inspiratória, já que o preenchimento dos pulmões por ar maximiza o contraste entre as diferentes estruturas no interior do tórax. Radiografia ventro dorsal tórax Radiografia laterolateral esquerda Radiografia laterolateral direita Faringe e laringe A faringe é uma passagem comum aos tratos respiratório e digestório. É dividida pelo palato mole em orofaringe, que se comunica com a boca e o esôfago, e nasofaringe, que se comunica com as câmaras nasais e a laringe. O palato mole se estende caudalmente até a epiglote. O ar presente no interior da faringe atua como contraste, permitindo a identificação de tecidos moles ou outras anomalias em seu interior. A ponta da epiglote pode repousar dorsal ou ventralmente ao palato mole e pode chegar ao assoalho da faringe. A laringe é composta por diversas cartilagens como a epiglote, a cricoide e as duas aritenoides. Além disso, há a pequena cartilagem sesamoide, entre as cartilagens aritenoides e a pequena cartilagem interaritenoide, achatada e caudal à sesamoide. Animais mais velhos às vezes apresentam calcificação de algumas ou de todas as cartilagens laríngeas. Radiografia lateral da região faringeana/laringiana normal de um cão. Radiografia lateral de um cão Corpo estranho radiopaco na faringe de um gato. A faringe está distendida por ar. O corpo estranho está localizado na porção caudal da faringe e no esôfago cranial. Observa-se ar na porção proximal do esôfago, caudal ao corpo estranho, que era parte de um osso de asa de frango. Traqueia A traqueia é uma estrutura tubular que se estende do corpo do axis até aproximadamente a quinta vértebra torácica, onde se bifurca nos brônquios principais, sobre a base do coração. É composta por uma série de cartilagens circulares. Em cães, os anéis cartilaginosos são dorsalmente incompletos e o teto da traqueia é formado pelo músculo traqueal. O ápice da divisão entre as aberturas dos brônquios primários (troncos) é denominado carina, e não é visualizado em radiografias. O diâmetro luminal da traqueia é semelhante entre a região cervical e torácica, mas algumas vezes é mais amplo caudalmente na região cervical em cães de raças grandes. O diâmetro pode variar também levemente durante a inspiração e expiração. Estreitamento variável do diâmetro luminal traqueal em cães pode ser causado pela denominada membrana dorsal traqueal redundante entre a região médio-cervical e médio-torácica da traqueia. A traqueia é visualizada com mais clareza, em projeções laterais. O ar presente em seu interior funciona como contraste, diferenciando-se da opacidade de tecido mole dos músculos do pescoço e das estruturas no interior do mediastino. Parede dorsal da traqueia em sua posição normal (seta preta). Não há evidência radiográfica de colapso de traqueia. O posicionamento da porção torácica da traqueia pode variar com o posicionamento do paciente. Normalmente está paralela com a coluna vertebral. Quando a cabeça do paciente é flexionada ventralmente, o deslocamento dorsal da traqueia pode mimetizar uma massa no mediastino cranial. Por outro lado, a extensão extrema do pescoço pode levar à compressão da traqueia. Na radiografia dorsoventral a porção torácica da traqueia está localizada na linha média ou levemente encurvada para o lado direito. Por outro lado, a extensão extrema do pescoço pode levar à compressão da traqueia. Na radiografia dorsoventral a porção torácica da traqueia está localizada na linha média ou levemente encurvada para o lado direito. Achados radiográficos das enfermidades Faringe / laringe: indicações para o exame radiográfico da faringe/laringe são dificuldade respiratória e estertores causados por suspeita de obstruções das vias aéreas superiores; ptialismo, engasgos e disfagia; disfonia, massa palpável ou fístula visível na região. Massas: podem ser oriundas de algumas estruturas ao redor da faringe ou laringe, podendo ser neoplásicas, infecciosas, traumáticas e hemorrágicas. Radiograficamente, as massas são usualmente pouco definidas em relação ao tecido mole ao redor e aparecem como áreas de espessamento de tecido mole que podem deslocar e/ou estreitar o lúmen do trato respiratório. Suas interfaces com o lúmen repleto de ar são regulares, arredondadas e com base ampla. Suas origens são determinadas baseadas na localização em relação à faringe/laringe. Radiografia de um cão para avaliar massa cervical. A massa localizada dorsal a faringe, laringe e porção cervical da traqueia deslocou essas estruturas ventralmente. Há perda da definição dos planos faciais na região cervical. Foi diagnosticado um carcinoma originário de glândula salivar. Trauma e corpo estranho: Trauma de faringe/laringe ocorre mais frequentemente por causa de ferida penetrante, com origem tanto internamente, a partir do trato respiratório superior ou do esôfago, como com uma lesão por um pedaço de madeira; ou externamente, como mordedura ou tiro. O espessamento de tecido mole, causado por edema e/ou massa, pode ser visualizado com hematoma, celulite, miosite e/ou abscesso. Opacidade gasosa pode ser encontrada no tecido subcutâneo e entre a musculatura. Radiografia de um gato com tosse e hemoptise. Múltiplas opacidades de gás linear e arredondadas estão presentes em todo tecido mole submandibular e cervical, além do espessamento do tecido mole submandibular. Há uma estrutura retangular cheia de ar com bordas radiopacas, ventral à epiglote, sobreposta à orofaringe. Uma tampa de plástico foi removida cirurgicamente. Há ruptura da parede da faringe provocando enfisema de tecido mole. Síndrome braquicefálica: abrange as complexas desordens do trato respiratório superior em cães e gatos de raças braquicefálicas. O diagnóstico é basicamente realizado pelo exame clínico e por laringoscopia Radiograficamente, o prolongamento e edema do palato mole aparecem como uma extensão e espessamento do mesmo além da ponta da epiglote e subsequente estreitamento do diâmetro da nasofaringe e da orofaringe. Radiografia de um buldogue francês. Há prolongamento do palato mole e espessamento (seta branca) e aumento da radiopacidade de tecido mole na região laringiana, que são compatíveis com edema e estreitamento das vias aéreas superiores encontrados na síndrome braquicefálica. Traqueia As indicações específicas para radiografar a traqueia são tosse, particularmente se for induzida por palpação traqueal e dificuldade respiratória causada por suspeita de obstrução das vias aéreas superiores. Hipoplasia: A hipoplasia congênita (estenose congênita) é observada em alguns cães de raças braquicefálicas, como Buldogue Inglês e Bullmastiff. É rara em gatos. O lúmen da traqueia é bastante afunilado, geralmente por todo o comprimento do órgão. Pug de 1 ano de idade apresentava desde o nascimento um histórico de colapso repetitivo após exercício. Observa-se que o lúmen traqueal é fortemente estreitado por todoo seu comprimento. Diagnóstico: hipoplasia traqueal. Colapso: o colapso da traqueia afeta cães de raças de pequeno porte, de meia-idade ou idosos. Pode ser adquirido ou congênito. Os sinais clínicos compreendem graus variáveis de desconforto respiratório e tosse crônica e seca, similar a um engasgo. As radiografias laterais são as mais informativas. Pode-se observar lúmen da traqueia significativamente reduzido, caso o colapso ocorra na traqueia cervical, é observado à inspiração. Se o colapso for intratorácico, ocorre durante a expiração e pode acometer o brônquio principal. Cuidado deve ser tomado ao posicionar o paciente, porque, se ocorrer excessiva extensão do pescoço, haverá diminuição da luz da traqueia, levando a falso diagnóstico de colapso. Yorkshire Terrier de 7 anos apresentava tosse, com espasmos intensos havia alguns meses. Estudos laterais da traqueia em expiração (1) e inspiração (2) Alguns animais obesos podem apresentar um estreitamento da traqueia, devido a sobreposição de tecido adiposo ou a flacidez do músculo traqueal, fazendo com que este se projete no lúmen da traqueia. Em animais obesos, a traqueia é menos nítida quando comparada nos indivíduos magros. O esôfago pode sobrepor-se à traqueia de forma a dar uma aparência de colapso. Neoplasias: neoplasias da traqueia raramente são observadas em cães e gatos. Foi relatada a ocorrência de osteossarcoma, condroma, adenocarcinoma e carcinoma espinocelular. Pode ser observada a massa neoplásica se projetando no lúmen da traqueia. Calcificação: A calcificação dos anéis da traqueia é, às vezes, observada em cães idosos, principalmente nas raças condrodistróficas. Aparentemente, essa calcificação não tem qualquer significado. Calcificação dos anéis traqueais Estenose: A estenose, ou estreitamento da traqueia, pode ser observada em projeções laterais. Pode ocorrer em cães ou gatos após lacerações, traumatismo contundentes diretos ou feridas por mordedura. Briga entre cães. O lúmen da traqueia é marcadamente afunilado por uma massa de tecido mole e o contorno dos anéis traqueais não é contínuo. Diagnóstico: estenose traqueal Obstrução: A obstrução da traqueia por corpos estranhos não é comum. Os principais achados clínicos são súbitos ataques de tosse grave. Presença de um corpo estranho radiopaco na traqueia. Boxer de 3 meses de vida apresentava tosse crônica. Foi detectado um corpo estranho radiopaco bem definido na traqueia distal Pulmões Os pulmões, normalmente cheios de ar, proporcionam bom contraste para a visualização das estruturas intratorácicas. Para uma boa imagem radiográfica, deve-se cuidar do posicionamento do paciente. Para a incidência lateral, o paciente é colocado em decúbito lateral sobre a mesa (filme), com os membros anteriores tracionados cranialmente. O esterno deve ficar no mesmo plano das vértebras torácicas, evitando a rotação. O feixe de raios x é centrado na altura da 5a costela. Na inspiração as costelas estão separadas por um espaço maior, e os campos pulmonares aparecem mais radiotransparentes Também se pode ver mais da área do lobo pulmonar acessório, caudal ao coração (seta). Tórax normal felino (LL e VD) A radiografia do tórax deve ser feita no final da inspiração, qualquer alteração pulmonar que produza perda de ar, fará com que os vasos tornam se menos evidentes. É importante efetuar a radiografia no menor tempo possível, para evitar imagem tremida pelo movimento respiratório. Quando feita a radiografia durante a inspiração, o diafragma alcançará 7a ou 8a costela, quando na expiração, 5a ou 6a costela. Tórax de cão, incidência L (A) e VD (B) demonstrando pulmões e coração normais. Aorta (seta branca), traqueia (seta preta). Padrões radiológicos pulmonares Dependendo da afecção pulmonar, se observará padrão pulmonar correspondente. Padrão alveolar: produzido por fluidos ou secreções que preenchem os espaços aéreos, determinando imagem de manchas radiopacas nos pulmões ou radiopacidade igualmente distribuída em todo o campo pulmonar. Pneumonia bacteriana, hemorragia, edema pulmonar e afogamento são exemplos de afecções que proporcionam padrão alveolar. Em caso de doenças que determinam padrão alveolar, os espaços aéreos preenchidos por secreção, proporcionam densidade radiopaca, enquanto os livres de secreção continuam com ar em seu interior, ficando sua imagem evidente, o que caracteriza o broncograma aéreo ou aerobroncograma. Um broncograma aéreo é definido como um brônquio preenchido por ar, atravessando uma região de pulmão anormal, em que o ar alveolar foi substituído por exsudato, hemorragia ou fluido de edema Broncograma aéreo (Seta preta: broncograma; seta branca região normal do pulmão) Podem ser vistos broncogramas aéreos (setas pretas) Padrão brônquico: um padrão brônquico ocorre quando a espessura da parede brônquica é aumentada pela infiltração de fluidos ou células, ou quando o ar no espaço peribrônquico foi substituído por células ou fluidos. O aumento da radiopacidade associado ao fluido ou celularidade dentro ou ao redor do brônquio resulta em uma maior identificação radiográfica da árvore brônquica. Com exceção dos brônquios maiores próximos ao hilo, a árvore brônquica não pode ser reconhecida em condições normais. Radiograficamente, isso se manifesta como um número aumentado de sombras em anéis ou um maior número de linhas paralelas, denominadas como trilhos de trem, criadas por uma relação lateral entre o brônquio anormal e o feixe primário de raios X. As doenças que apresentam padrão brônquico incluem a bronquite crônica e a bronquiectasia (é uma dilatação incomum, anormal e irreversível do brônquio). Radiografia lateral de um gato com padrão brônquico de leve a moderado. Há numerosas sombras em anel (setas brancas) e trilhos de trem (setas pretas). Radiografia ventrodorsal de um gato com padrão brônquico moderado. Há numerosas sombras em anel (setas brancas) e trilhos de trem (setas pretas). Todo o pulmão é anormal e somente as sombras em anel e trilhos de trem mais óbvios foram apontadas. Radiografia lateral de um cão com padrão brônquico leve a moderado. No cão, a maior evidência de vias aéreas anormais está relacionada a um grande número de trilhos de trem (setas pretas). Padrão intersticial: é dividido em formas estruturadas (nodular) e não estruturadas (linear ou reticulado) Aspectos radiográficos: Há uma perda geral de contraste nos campos pulmonares, devido ao aumento de opacidade dos tecidos intersticiais e os contornos dos vasos pulmonares tornam-se menos definidos, embora ainda possam ser facilmente identificados. Padrão intersticial estruturado: refere-se às lesões nodulares ou formações no pulmão como lesões cavitarias, lesões únicas ou múltiplas que podem estar distribuídas por todos os campos pulmonares Ao se considerar a presença de um nódulo ou formação pulmonar, é extremamente importante saber qual o decúbito lateral que o paciente se encontra para identificar a lesão pulmonar. Para ser detectado, o nódulo precisa ter no mínimo 7 a 9 mm de diâmetro para a detecção radiográfica. As doenças que podem apresentar padrão estruturado ou nodular incluem neoplasias, doenças granulomatosas, infestações parasitárias, micoses, abscessos, cistos e eosinofilia. Projeção lateral direita de um cão com um pequeno nódulo pulmonar sobreposto ao coração (setas brancas). Este nódulo não estava visível nas projeções lateral esquerda ou VD. Radiografia ventrodorsal de um cão com uma formação de 4 cm no lobo pulmonar caudal direito. Padrão intersticial não estruturado: há ausência geral de contraste e a imagem da vascularizaçãopulmonar é indefinida. O diagnóstico de um padrão intersticial não estruturado é baseado no achado de um aumento anormal na radiopacidade radiográfica do fundo do pulmão. As paredes dos bronquíolos e dos brônquios podem parecer espessadas, dado o aumento do componente intersticial. O aspecto reticulado ou em “favo de mel” é às vezes observado principalmente nos pulmões de cães idosos e representa alterações intersticiais crônicas. As condições associadas ao padrão desestruturado incluem edema pulmonar em estágio inicial, hemorragias, pneumonia, infestações parasitárias, embolia pulmonar, colapso pulmonar, corpo estranho brônquico, fibrose pulmonar, blastomicose em estágio inicial e infiltração de células neoplásicas, como a que se observa no linfoma. 1- A, e B, Presença de uma extensa doença intersticial tanto no pulmão direito quanto no esquerdo. 2- A radiopacidade de tecidos moles no aspecto ventral do tórax na projeção lateral é a mama proeminente na parede torácica (círculo vermelho). 3- Diversas marcações lineares avasculares dão aos campos pulmonares uma aparência quase reticulada (azul). Há também a presença de diversas opacificações nodulares de pequenos tamanhos (amarelo) Radiografia ventrodorsal de um cão com um padrão intersticial não estruturado intenso provocado por metástase de hemangiossarcoma Padrão nodular Padrões pulmonares Pneumonia: Os padrões radiográficos característicos da pneumonia são o alveolar e o intersticial. Na pneumonia aguda, as alterações radiográficas tornam-se evidentes logo após o aparecimento dos sinais clínicos. Os infiltrados pneumônicos geralmente apresentam distribuição irregular e bordas indefinidas. As radiografias devem ser realizadas em decúbito lateral direito e esquerdo e em posição dorsoventral e/ou ventrodorsal. Radiografia torácica em posição láterolateral esquerda evidenciando padrão alveolar em região dorsocaudal (ponta de seta preta) e cranial (seta preenchida branca). Pneumonia crônica no lobo pulmonar médio direito Na projeção lateral, os pulmões estão anormais e não têm uma margem distinta. Os broncogramas aéreos estão presentes no interior do lobo acometido, sobrepostos à metade caudal da silhueta cardíaca. (padrão alveolar) Ambos os pulmões apresentam infiltração difusa. São observados broncogramas aéreos e infiltrados peribrônquicos. Pneumotórax: é a presença de ar (gás) livre no interior do espaço pleural. Pode ser fechado ou aberto; aberto ocorre quando há uma comunicação com o exterior. Dada a perda de pressão ou força capilar normalmente presentes entre a pleura parietal e a pleura visceral, os pulmões sofrem colapso parcial ou completo. O pneumotórax é geralmente provocado por traumatismo, embora possa ocorrer pneumotórax espontâneo em cães e gatos, muitas vezes pela ruptura de um cisto. Sinais radiográficos: 1. Na projeção lateral, a silhueta cardíaca se distancia do esterno, já que não é mais mantida em posição pelos pulmões insuflados. 2. As bordas dos lobos pulmonares são retraídas do esterno, do diafragma e do recesso diafragmático, e radiopacidade ar contorna as bordas pulmonares. 3. Os pulmões apresentam aumento de radiopacidade, resultante de atelectasias totais ou parciais (é o colapso do tecido pulmonar com perda de volume). 4. Na periferia do tórax, além das bordas pulmonares há ausência das marcações pulmonares normais. 5. Ocasionalmente, observa-se ar nas incisuras Inter lombares O pneumotórax unilateral não é comum em cães e gatos, já que aparentemente o ar pode cruzar o mediastino de um hemitórax ao outro. Pneumotórax pode ocorrer após a realização de toracocentese, aspiração com agulha fina do pulmão ou biópsia de lesões pulmonares. Caso haja líquido no interior do tórax, uma interface líquido/ar pode ser observada nas projeções laterais em estação. O coração está deslocado dorsalmente em relação ao esterno. Uma borda pulmonar (setas) pode ser vista separada da coluna vertebral e do diafragma. A área do lobo pulmonar caudal apresenta radiopacidade aumentada devido a um colapso parcial A projeção dorsoventral, os pulmões parcialmente colapsados podem ser vistos dos dois lados (setas). Pleura As pleuras são membranas que recobrem os pulmões e revestem a cavidade torácica. Formam dois sacos no interior do tórax, um cobrindo cada pulmão. Os sacos são conhecidos como cavidades pleurais ou espaço pleural. A pleura pulmonar ou visceral adere às superfícies dos pulmões e recobre as fissuras inter lombares. A pleura parietal recobre a cavidade torácica. Em circunstâncias normais, a pleura não é visualizada em radiografias. Líquido pleural: A expressão líquido (ou efusão) pleural refere-se ao líquido presente no interior do espaço pleural. O líquido pleural pode ser de diversos tipos. 1. Transudatos ou transudatos modificados — por exemplo, em insuficiência cardíaca, hipoproteinemia e hérnia diafragmática encarcerada 2. Hemorragia (hemotórax) — que pode ser resultante de traumatismo, neoplasia, coagulopatia ou envenenamento por anticoagulantes. 3. Linfa (quilotórax) — após a ruptura do ducto torácico ou de seus ramos ou em doenças neoplásicas. 4. Exsudatos (piotórax) — a pleurite exsudativa pode ser uma doença primária ou resultar de disseminação de infecção dos pulmões ou do mediastino. Pode também ser provocada por uma ferida penetrante da parede torácica. Efusões supurativas estéreis podem ser provocadas por neoplasias necróticas em contato com a membrana pleural. O termo hidrotórax é empregado por alguns autores para descrever apenas transudatos, enquanto outros o utilizam para incluir líquidos. Todos apresentam radiopacidade água, independentemente de sua origem. Não é possível diferenciá-los radiograficamente. O líquido livre no interior do tórax distribui-se de acordo com as leis da gravidade. O aspecto radiográfico da efusão pleural é diferente nas projeções ventrodorsais e dorsoventrais do tórax. Em pacientes com efusão pleural, geralmente é mais seguro primeiro fazer uma radiografia dorsoventral para determinar o volume de líquido presente. A colocação do paciente em decúbito dorsal pode resultar em grave comprometimento respiratório e óbito. Sinais radiográficos: Há um aumento difuso de radiopacidade água no tórax, cujo grau depende do volume de líquido presente. Na projeção lateral, observa-se uma opacificação homogênea no tórax ventral. Essa opacidade geralmente aparece ondulada, devido ao delineamento das bordas pulmonares pelo líquido. As fissuras interlobares passam a ser visíveis como bandas curvilíneas de radiopacidade água entre os lobos pulmonares. A silhueta cardíaca pode não ser visualizada ou só é visualizada parcialmente. Em casos graves, a traqueia pode ser deslocada dorsalmente, na medida em que os pulmões flutuam no líquido. A cúpula diafragmática pode não ser visibilizada. O líquido pode acumular-se entre o diafragma e as bordas pulmonares, formando um pseudocontorno diafragmático. A projeção ventrodorsal mostra a presença de líquido, dificultando a visualização da silhueta cardíaca e do contorno diafragmático. A projeção lateral, nota-se a presença de efusão pleural, dificultando a visibilização da silhueta cardíaca. Efusão pleural. O contorno da silhueta cardíaca e o do diafragma foram perdidos. É possível observar líquido entre as bordas dorsais do lobo pulmonar caudal e a coluna vertebral. À projeção ventrodorsal, pode-se visualizar o líquido entre as bordas do pulmão e a parede torácica (seta verde). Há líquido no tórax cranial esquerdo (Seta amarela). Brônquios As projeções laterais e dorsoventrais ou ventrodorsais do tórax são necessáriaspara o exame de rotina dos brônquios. (2 projeções) As radiografias simples fornecem poucas informações sobre o brônquio normal. Apenas brônquios maiores, na região hilar, são observados com regularidade. Bronquite: A bronquite aguda pode estar presente clinicamente sem alterações radiográficas. A bronquite crônica frequentemente apresenta um padrão intersticial. Alterações patológicas difusas associadas aos brônquios manifestamse como maior opacificação dos campos pulmonares, aumento de marcações lineares não vasculares e infiltração peribrônquica. Na imagem dos brônquios, a infiltração peribrônquica é observada como uma sombra anelar ou uma bainha ao redor do brônquio afetado. Essa sombra dá aos brônquios um aspecto de “rosca” (donut). As bainhas peribrônquicas espessas sugerem a presença de um processo agudo e mais delgadas sugerem cronicidade. Linhas quase paralelas, de paredes brônquicas espessadas podem ser visualizadas estendendo- se em direção à periferia dos pulmões. Esse efeito é denominado “trilho de trem” ou “trilho de bonde”. Em projeção lateral, as setas indicam algumas marcas lineares não vasculares. Os detalhes vasculares estão encobertos pela infiltração intersticial. Na projeção ventrodorsal, pode-se observar um brônquio grande com infiltração peribrônquica Bronquite Alérgica (Asma Brônquica, Asma Felina) A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que afeta os brônquios e os bronquíolos. Sua causa ainda é desconhecida. Os sinais clínicos são relacionados a menor entrada de ar através dos brônquios e bronquíolos estreitos, provocada pela constrição dessas estruturas em consequência de espasmo, secreção de muco e edema das paredes. Pode haver súbita dificuldade respiratória ou sinais mais crônicos, principalmente tosse persistente. Os aspectos radiográficos de asma brônquica incluem aumento da radiotransparência e tamanho dos campos pulmonares devido a hiperinsuflação. Os campos pulmonares podem estender-se além do arco costal. Há também certo grau de achatamento do diafragma. Vários graus de alterações brônquicas e intersticiais podem ser detectados. Os sinais radiológicos são variáveis, indo de bronquite crônica, com espessamento e calcificação das paredes brônquicas até alterações discretas ou até mesmo ausência de alterações. Este gato foi apresentado com episódios de dificuldade respiratória. Os campos pulmonares estão hipertransparentes, e o diafragma encontra-se em uma expansão respiratória excessiva. Diagnóstico: síndrome da asma felina, hiperinsuflação pulmonar.
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