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Direito Penal Parte Geral

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1
Coordenação
Leonardo Garcia
coleção 
SINOPSES
para concursos
MARCELO ANDRÉ DE AZEVEDO
ALEXANDRE SALIM
DIREITO PENAL 
Parte Geral
2020
10.ªedição
revista, atualizada e ampliada
Colecao sinopses - Direito Penal v1_9 ed.indb 3 15/01/2020 18:10:16
C a p í t u l o
I
Introdução
1. CONCEITO DE CRIME
a) Legal: considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena 
de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou 
cumulativamente com a pena de multa (art. 1º da LICP – Lei de Introdução 
do Código Penal).
b) Material (substancial): refere-se ao conteúdo do ilícito penal, com análise 
da conduta danosa e sua consequência social. Nesse sentido, crime é o 
comportamento humano que causa lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
c) Formal (formal sintético): conceito sob o aspecto da contradição do fato 
à norma penal, ou seja, é toda a conduta (ação ou omissão) proibida por 
lei sob ameaça de pena.
d) Analítico (dogmático ou formal analítico): enfoca os elementos ou 
requisitos do crime. O delito é concebido como conduta típica, antijurídica 
e culpável (conceito tripartido), ou apenas como conduta típica e 
antijurídica (conceito bipartido).
CRIME
(Conceito tripartido)
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
CRIME 
(Conceito bipartido)
Fato típico Ilicitude
Pelo conceito bipartido, a culpabilidade não é elemento do crime, mas sim 
pressuposto de aplicação da pena. Pode ter ocorrido o crime (fato típico + ilici-
tude) e mesmo assim ser o agente isento de pena. 
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(VUNESP – 2018 – PC-BA – Delegado de Polícia) Foi considerada incorreta a seguinte 
alternativa: “Os partidários da teoria tripartida do delito consideram a culpabilidade 
como pressuposto da pena e não elemento do crime”.
Colecao sinopses - Direito Penal v1_9 ed.indb 151 15/01/2020 18:10:23
152 Direito Penal – Vol. 1 • Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo
(VUNESP – 2008 – DPE-MS – Defensor Público) Questão discursiva: “Lê-se, como manche-
te de um jornal sensacionalista: ‘Crime de homicídio praticado em legítima defesa’. 
À luz da Teoria do Delito e de seu conceito analítico tripartido (tipicidade, ilicitude e 
culpabilidade), a manchete do jornal é tecnicamente correta? Não deixe de analisar e 
conceituar os elementos do crime e como eles se relacionam, indicando os dispositi-
vos legais pertinentes”.
(TRT23 – 2007 – Juiz do Trabalho) Foi considerada correta a seguinte alternativa: “Quan-
to ao conceito analítico de crime, há duas teorias, a primeira, denominada de tri-
partite, segundo a qual crime é todo fato típico, antijurídico e culpável e, a segunda, 
considera crime todo fato típico e antijurídico”.
Além de ser majoritário na doutrina, o conceito tripartite ou tripartido é 
adotado pela jurisprudência dos Tribunais Superiores. A propósito: “Inviável re-
putar negativo o vetor do art. 59 do Código Penal com fundamento exclusivo nos 
elementos constitutivos e descritivos do crime. Desse modo, impõe-se o decota-
mento da avaliação negativa da circunstância judicial da culpabilidade, porquan-
to a indicada potencial consciência da ilicitude e exigência de conduta diversa 
constituem pressupostos da culpabilidade como elemento do crime” (STF, 2ª T., 
HC 126202, j. 30/06/2015). Ainda: “Mostra-se inviável considerar como desfavorá-
vel ao agente circunstância inerente à culpabilidade em sentido estrito, a qual é 
elemento integrante da estrutura do crime, em sua concepção tripartida” (STJ, 5ª 
T., HC 355732, j. 18/08/2016).
2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES
2.1. Crime simples, crime qualificado e crime privilegiado
Crime simples: é o tipo penal básico (ex.: art. 121, caput – homicídio simples), 
sem conter circunstância que modifique a pena.
Crime qualificado: o tipo penal possui circunstância que torna a pena mais 
elevada do que a do tipo básico (ex.: art. 121, § 2º – homicídio qualificado).
Crime privilegiado: possui circunstância que torna a pena menos grave do que 
a do tipo básico (ex.: art. 242, parágrafo único).
2.2. Crime comum, crime próprio e crime de mão própria
Crime comum: o tipo penal não exige nenhuma qualidade específica do sujei-
to ativo, de modo que qualquer pessoa poderá praticá-lo (ex.: homicídio, lesão 
corporal, furto, roubo, estelionato).
Crime próprio: o tipo penal exige uma qualidade especial do sujeito ativo 
(ex.: art. 312 – peculato, que requer a qualidade de funcionário público).
Crime de mão própria: o tipo penal exige do sujeito ativo qualidade especí-
fica e, ainda, que realize a conduta pessoalmente, de sorte que não se admite 
Colecao sinopses - Direito Penal v1_9 ed.indb 152 15/01/2020 18:10:23
153Cap. I • Introdução
coautoria e, segundo predomina, nem a autoria mediata. Ex.: crime de autoabor-
to (art. 124, 1ª parte).
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2015 – TJ-PB – Juiz de Direito) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: 
“Crime próprio é aquele que só pode ser praticado pelo agente pessoalmente, não 
podendo este utilizar-se de interposta pessoa (a exemplo do que ocorre no falso 
testemunho)”.
2.3. Crime militar
Crime militar próprio: previsto apenas no Código Penal Militar (ex.: art. 187 – 
deserção).
Crime militar impróprio: a mesma figura típica do CPM é prevista no CP ou em 
outras leis especiais (ex.: o crime de furto é previsto no CPM e no CP).
2.4. Crime instantâneo, crime permanente e crime instantâneo de efeitos 
permanentes
Crime instantâneo: a consumação é imediata (ex.: art. 121 – homicídio).
Crime permanente: a consumação se protrai no tempo (ex.: art. 148 – sequestro 
e cárcere privado).
Crime instantâneo de efeitos permanentes: a consumação é imediata, mas o 
resultado se prolonga no tempo independente da vontade do agente (ex.: art. 
235 – bigamia).
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2018 – PC-MA – Delegado de Polícia Civil) Foi considerada incorreta a seguinte 
alternativa: “Nos crimes instantâneos de efeitos permanentes, a consumação do crime 
perdura até quando o sujeito quiser”.
(CESPE – 2015 – TJ-PB – Juiz de Direito) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: 
“O crime de cárcere privado é tipicamente instantâneo, haja vista que já se consuma 
com a efetiva restrição ou privação da liberdade de locomoção por tempo juridica-
mente relevante”.
(MP-BA – 2015 – Promotor de Justiça) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: 
“No crime instantâneo, a obtenção da vantagem pelo sujeito ativo tem momento certo 
e determinado”.
2.5. Crime habitual
Para se realizar depende de uma reiteração de atos reveladores de um 
modo de vida do agente. Assim, a consumação, em regra, não ocorrerá com 
a prática de apenas um ato, mas sim de vários atos que caracterizaram um 
estilo de vida. Uma vez configurado o crime habitual, os atos posteriores não 
constituem mero exaurimento ou novo crime, mas formam delito único (ex.: art. 
Colecao sinopses - Direito Penal v1_9 ed.indb 153 15/01/2020 18:10:23
154 Direito Penal – Vol. 1 • Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo
284 – curandeirismo; art. 282 – exercício ilegal de medicina, arte dentária ou 
farmacêutica).
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2018 – PC-MA – Delegado de Polícia Civil) Foi considerada correta a seguinte 
alternativa: “No crime habitual, as ações que o compõem, consideradas isoladamente, 
não constituem crimes”.
A doutrina moderna aponta o chamado crime habitual impróprio, em que o 
tipo penal descreve um fato que manifesta um estilo de vida do agente, mas para 
consumação basta a prática de apenas um ato, sendo os demais apenas reiteração 
do mesmo crime. Nesse sentido: STF: “(…) O delito previsto no art. 4º, parágrafo 
único, da Lei nº 7.492/86 é habitual impróprio, ou acidentalmente habitual, em que 
uma única ação tem relevância para configurar o tipo, inobstante sua reiteração 
não configure pluralidade de crimes (...)” (HC 87987); STJ: “Esta Corte já decidiu que 
o crime de gestão fraudulenta,consoante a doutrina, pode ser visto como crime 
habitual impróprio, em que uma só ação tem relevância para configurar o tipo, 
ainda que a sua reiteração não configure pluralidade de crimes” (HC 39.908/PR); 
Idem: STJ, 6ª T., AgRg no AREsp 608.646, j. 20/10/2015; STJ, 5ª T., HC 284.546, j. 01/03/2016; 
STJ, 6ª T., HC 391.053, j. 30/05/2019.
2.6. Crime comissivo, crime omissivo e crime de conduta mista
Crime comissivo: o tipo penal descreve uma ação proibida (ex.: art. 121). A 
norma penal é proibitiva.
Crime omissivo próprio: o tipo penal descreve uma conduta omissiva (não fa-
zer). Para sua consumação dispensa qualquer resultado naturalístico. A norma pe-
nal nesse caso é preceptiva ou mandamental (ex.: art. 135 – omissão de socorro).
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(FCC – 2011 – TCE-SP – Procurador do Ministério Público) Foi considerada correta a se-
guinte alternativa: “Os crimes que resultam do não fazer o que a lei manda, sem depen-
dência de qualquer resultado naturalístico, são chamados de (...) omissivos próprios”.
Crime omissivo impróprio (comissivo por omissão): em certas situações (art. 
13, § 2º), mesmo o tipo penal descrevendo uma ação, pode haver a sua execução 
por omissão. O agente deixa de evitar o resultado quando podia e devia agir 
(ex.: salva-vidas dolosamente deixa de evitar a morte de pessoa que estava se 
afogando – CP, art. 121, c/c art. 13, § 2º). Sua consumação se dá no momento em 
que ocorre o resultado naturalístico. Obs.: no Capítulo “Nexo de Causalidade”, é 
abordado o chamado crime omissivo por comissão.
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2018 – PC-MA – Delegado de Polícia Civil) Foi considerada incorreta a seguinte 
alternativa: “Os crimes omissivos impróprios se perfazem com a mera abstenção da 
realização de um ato, independentemente de um resultado posterior”.
Colecao sinopses - Direito Penal v1_9 ed.indb 154 15/01/2020 18:10:23
155Cap. I • Introdução
Crimes de conduta mista: são aqueles em que o tipo penal prevê dois com-
portamentos (uma ação seguida de uma omissão). Ex.: art. 169, par. único, II, do 
CP – o agente acha coisa alheia perdida (ação) e deixa de restituí-la (omissão).
2.7. Crime monossubjetivo e crime plurissubjetivo
Crime monossubjetivo (unissubjetivo): o tipo exige apenas um agente realizan-
do a conduta típica, mas pode haver concurso de pessoas.
Crime plurissubjetivo: o tipo exige dois ou mais agentes para a configuração 
do crime. Pode ser por conduta paralela (mesmo objetivo – ex.: associação crimi-
nosa), conduta divergente (as ações são dirigidas de uns contra os outros – ex.: 
rixa) e conduta convergente (o tipo penal reclama dois agentes, cujas condutas 
tendem a se encontrar – ex.: bigamia).
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(MP-BA – 2015 – Promotor de Justiça) Foi considerada correta a seguinte alternativa: 
“Todos os crimes plurissubjetivos pressupõem concurso de agentes necessário. Como 
exemplo de crime plurissubjetivo, em sua modalidade paralela, temos a associação 
criminosa”.
2.8. Crime unissubsistente e crime plurissubsistente
Crime unissubsistente: consuma-se com a prática de um só ato (ex.: injúria 
verbal); crime plurissubsistente: consuma-se com a prática de um ou vários atos 
(ex.: art. 121 – homicídio).
2.9. Crime consumado, crime tentado e crime exaurido
Crime consumado: ocorre quando se reúnem todos os elementos de sua de-
finição legal (art. 14, I); crime tentado: ocorre quando, iniciada a execução, não 
se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (art. 14, II); crime 
exaurido: consequência mais lesiva após a consumação (ex.: recebimento da 
vantagem após a extorsão mediante sequestro).
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2015 – TJ-PB – Juiz de Direito) Foi considerada correta a seguinte alternativa: 
“Para que se verifique o exaurimento do crime, é necessário que, depois de sua con-
sumação, o delito atinja suas últimas consequências”.
2.10. Crime de ação única e crime de ação múltipla
Crime de ação única: o tipo prevê apenas uma forma de conduta (um verbo).
Crime de ação múltipla: o tipo prevê várias formas de conduta (ex.: art. 122 – 
induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio). Os crimes de ação múltipla podem 
ser de ação alternativa ou cumulativa. No caso dessa última, se o agente pratica 
mais de uma ação, terá praticado mais de um crime.
Colecao sinopses - Direito Penal v1_9 ed.indb 155 15/01/2020 18:10:23
156 Direito Penal – Vol. 1 • Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(VUNESP – 2015 – TJ-MS – Juiz de Direito) Foi considerada incorreta a seguinte alterna-
tiva: “Crime de ação múltipla é aquele em que o sujeito necessita percorrer várias 
ações do preceito fundamental para que consiga chegar ao resultado, sem a qual não 
há como se subsumir a conduta ao delito”.
2.11. Crime material, crime formal e crime de mera conduta
Crime material: o tipo descreve a conduta e o resultado naturalístico. Para con-
sumar o delito é necessário o resultado naturalístico (ex.: homicídio, furto, roubo).
Crime formal (consumação antecipada): o tipo descreve uma conduta que 
possibilita a produção de um resultado naturalístico, mas não exige a realização 
deste (ex.: no crime de extorsão mediante sequestro o tipo descreve a conduta 
de sequestrar, bem como descreve o resultado, que é o recebimento da van-
tagem, mas para a sua consumação basta o sequestro com o fim de alcançar o 
resultado).
Sobre o tema merece destaque o enunciado da Súmula 500 do STJ: “A configu-
ração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do 
menor, por se tratar de delito formal”.
Crime de mera conduta: o tipo descreve apenas a conduta, da qual não de-
corre nenhum resultado naturalístico externo a ela (ex.: porte ilegal de arma de 
fogo). Obs.: para alguns autores, não existe diferença entre crimes formais e de 
mera conduta, já que em ambos não é exigida a produção de nenhum resultado 
naturalístico.
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(FCC – 2015 – TJ-GO – Juiz de Direito) “Segundo entendimento sumulado do Superior 
Tribunal de Justiça, os crimes de extorsão e de corrupção de menores são de nature-
za: a) material e de mera conduta, respectivamente; b) formal; c) formal e material, 
respectivamente; d) material e formal, respectivamente; e) material”. Gabarito: B.
(MP-BA – 2015 – Promotor de Justiça) Foi considerada correta a seguinte alternativa: 
“A extorsão, a ameaça e a injúria verbal são exemplos de crimes de consumação 
antecipada”.
2.12. Crime de dano e crime de perigo
Crime de dano: consuma-se com a efetiva lesão ao bem jurídico (ex.: art. 
121 – homicídio).
Crime de perigo: consuma-se com a possibilidade de lesão ao bem jurídico 
(ex.: art. 132 – periclitação). Pode ser de:
– perigo concreto: aquele que necessita de comprovação do perigo. Exemplo: 
CTB, art. 309 – Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Per-
missão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, 
gerando perigo de dano).
Colecao sinopses - Direito Penal v1_9 ed.indb 156 15/01/2020 18:10:23
157Cap. I • Introdução
– perigo abstrato/presumido: aquele que dispensa a comprovação de ter 
sido o bem jurídico colocado em situação de perigo. O perigo é inerente 
à própria conduta. Basta a realização da conduta para a consumação do 
delito. Ex.: porte ilegal de arma de fogo. Vejamos: “A posse de arma de 
fogo é crime de perigo abstrato, sendo irrelevante, portanto, aferir sua 
lesividade ou mesmo o fato de estar desmuniciada, porquanto o que se 
busca é a proteção da segurança pública e a paz social” (STJ, 6ª T., AgRg no 
AREsp 1475991, j. 05/11/2019).
No crime de perigo abstrato, o tipo proíbe determinado comportamento con-
siderado perigoso, dispensando a sua comprovação. 
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(MP-SC – 2019 – Promotor de Justiça) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: 
“O crimede porte de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é um crime de perigo 
concreto”.
(FCC – 2016 – DPE-BA – Defensor Público) Segundo a jurisprudência dominante do STF, 
foi considerada incorreta a seguinte alternativa: “O porte de munição de arma de fogo 
de uso restrito constitui crime de perigo concreto, necessitando da presença da arma 
de fogo para sua tipificação”.
Como visto, parte da doutrina critica a criação de crimes de perigo abstrato 
sob a justificativa de haver violação do princípio da ofensividade. 
  Importante:
Súmula 720 do STF: “O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra 
do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante 
à direção sem habilitação em vias terrestres”.
2.13. Crime complexo
Crime complexo em sentido estrito (ou complexo puro): reunião de condutas 
típicas distintas (ex.: art. 159 – extorsão mediante sequestro, que consiste na 
fusão dos crimes de extorsão e sequestro).
Crime complexo em sentido amplo (ou complexo impuro): reunião de uma 
conduta típica e outras circunstâncias. Ex.: constrangimento ilegal (ameaça + 
outro fato não tipificado).
2.14. Crime mono-ofensivo e crime pluriofensivo
Crime mono-ofensivo: o tipo protege apenas um bem jurídico (ex.: no homicídio 
tutela-se a vida).
Crime pluriofensivo: visa à proteção de mais de um bem jurídico no mesmo 
tipo	 penal	 (ex.:	 art.	 157	 –	 roubo,	 que	 tutela	 os	 bens	 jurídicos	 patrimônio	 e	
integridade corporal).
Colecao sinopses - Direito Penal v1_9 ed.indb 157 15/01/2020 18:10:23
158 Direito Penal – Vol. 1 • Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo
Obs.: o STJ denominou o crime de moeda falsa de pluridimensional, pois, 
além de proteger preponderantemente a fé pública, de forma mediata assegura 
o	patrimônio	particular	e	a	celeridade	das	relações	empresariais	e	civis	(STJ,	5ª	
T., HC 210764, j. 21/06/2016).
2.15. Crime vago
Possui como sujeito passivo entidades sem personalidade jurídica (vítima 
indeterminada). Ex.: violação de sepultura – art. 210.
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(VUNESP – 2015 – TJ-MS – Juiz de Direito) Foi considerada incorreta a seguinte alternati-
va: “Crime vago é aquele em que a ação do agente causa dúvida sobre a tipificação 
do fato ao delito realizado”.
(MP-MS – 2007 – Promotor de Justiça) Questão discursiva: “Explique e exemplifique 
CRIME VAGO”.
2.16. Crime funcional
Possui como agente o funcionário público. Subdivide-se em:
Crime funcional próprio: a condição de funcionário público é essencial 
para configuração do crime, de forma que, sem ela, não há outro delito (ex.: 
prevaricação – art. 319).
Crime funcional impróprio: a ausência da condição de funcionário público 
desclassifica a infração (ex.: a ausência da qualidade de funcionário público 
desclassifica o crime de peculato-apropriação para apropriação indébita).
2.17. Crime transeunte e crime não transeunte
Crime transeunte: aquele que não deixa vestígio (materialidade), de sorte 
que não se realiza exame pericial. Ex.: injúria verbal.
Crime não transeunte: deixa vestígio. Ex.: homicídio, lesão corporal.
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(FGV – 2018 – AL-RO – Advogado) Foi considerada correta a seguinte alternativa: “De 
acordo com a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores, é correto afirmar 
que os crimes classificados como não transeuntes são aqueles que deixam vestígios”. 
(FUNDEP – 2018 – MP-MG – Promotor de Justiça) Foi considerada correta a seguinte 
alternativa: “Crime de fato transitório é aquele que não deixa vestígios, a exemplo 
da injúria verbal”.
2.18. Crime condicionado
Para a instauração da persecução penal é exigível uma condição objetiva 
de punibilidade. Ex.: esgotamento do processo administrativo-fiscal no delito 
descrito no art. 1º, I, da Lei 8.137/90. Nesse sentido: “Segundo orientação do 
Colecao sinopses - Direito Penal v1_9 ed.indb 158 15/01/2020 18:10:24
159Cap. I • Introdução
Plenário do Supremo Tribunal Federal (HC 81.611), a decisão definitiva do processo 
administrativo-fiscal constitui condição objetiva de punibilidade, consistindo 
elemento fundamental à exigibilidade da obrigação tributária, tendo em vista 
que os crimes previstos no art. 1º da Lei 8.137/90 são materiais ou de resultado” 
(STJ, 6ª T., HC 68480, j. 18/06/2014). Obs.: de acordo com parte da doutrina, no 
crime acima citado, o lançamento definitivo não seria uma condição objetiva de 
punibilidade, mas sim um elemento do tipo implícito, de sorte que o art. 1º da 
Lei 8.137/90 não se qualificaria como crime condicionado.
2.19. Crime de atentado ou de empreendimento
O próprio tipo penal prevê a tentativa como forma de realização do crime. 
Exemplos: art. 352 do CP (“evadir-se ou tentar evadir-se”); art. 309 do Código 
Eleitoral (“votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem”); art. 
11 da Lei de Segurança Nacional (“tentar submeter o território nacional, ou parte 
dele, ao domínio ou à soberania de outro país”).
2.20. Crime acessório, parasitário, derivado ou de fusão
Aquele que depende da existência de outro crime. Ex.: o crime de receptação 
(art. 180 do CP) depende da existência de um crime anterior, do qual a coisa 
provém. A propósito: “Por se tratar de crime acessório, derivado ou parasitário, 
o crime de lavagem de dinheiro pressupõe a existência infração anterior, que 
constitui uma circunstância elementar do tipo de lavagem” (STJ, 5ª T., HC 378.449, 
j. 20/09/2018).
2.21. Crime subsidiário
Crime subsidiário é aquele que só se aplica se não houver a incidência de um 
tipo mais grave. Ex.: o delito de constrangimento ilegal (art. 146) é subsidiário em 
relação ao crime de extorsão (art. 159).
2.22. Crime de ímpeto
O agente pratica o delito sem que tenha premeditado, em momento de 
emoção. Ex.: homicídio praticado sob o domínio de violenta emoção (CP, art. 121, 
§ 1º, última parte).
2.23. Crime de opinião ou de palavra
Delito relativo ao abuso da manifestação do pensamento. Ex.: crimes contra 
a honra.
2.24. Crime remetido
O tipo penal remete a outro tipo que passa a integrá-lo. Ex.: uso de documento 
falso (art. 304 do CP).
Colecao sinopses - Direito Penal v1_9 ed.indb 159 15/01/2020 18:10:24
160 Direito Penal – Vol. 1 • Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo
2.25. Crime de hermenêutica ou de interpretação
A pessoa interpreta uma norma de forma equivocada e emite uma manifes-
tação falsa. Predomina na doutrina que não comete crime de interpretação o 
magistrado ao interpretar mal a norma e decidir erroneamente (não cometeria 
falsidade ideológica – art. 299). Inclusive, a nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei 
nº 13.869/2019) dispõe em seu art. 1º, § 2º, que “A divergência na interpretação 
de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade”. 
No entanto, se o juiz dolosamente agir para satisfazer interesse ou sentimento 
pessoal, poderá, em tese, realizar o crime de prevaricação (CP, art. 319). Sobre 
o assunto, vide STF HC 84492.
2.26. Crimes de tendência interna transcendente (delitos de intenção)
São os que possuem como elementares intenções especiais (finalidade trans-
cendente) expressas no próprio tipo. Ex.: no crime de extorsão mediante seques-
tro (art. 159), o tipo objetivo consiste em “sequestrar alguém”. Por sua vez, o tipo 
subjetivo possui o dolo (consciência e vontade de realizar o tipo objetivo, que é 
sequestrar alguém) e o elemento subjetivo especial (com o fim de obter, para si 
ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate). Essa 
intenção especial transcende (vai além) do tipo objetivo (sequestrar alguém).
2.27. Crimes de resultado cortado ou antecipado
Os delitos de tendência interna transcendente dão lugar, dependendo do 
caso, aos chamados crimes de resultado cortado ou antecipado. Ocorre quando 
o agente pratica uma conduta com a intenção de causar certo resultado, mas o 
tipo não prevê a sua produção para a consumação do crime. Exemplo: o mesmo 
acimadescrito no item anterior (crime de extorsão mediante sequestro), em que 
o agente sequestra pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate. Para a consumação do crime 
basta a conduta de sequestrar com o fim de (...), independente da produção do 
resultado desejado (obtenção da vantagem). Se o agente obtém a vantagem, 
trata-se de mero exaurimento do crime.
2.28. Crimes mutilados de dois atos
Os delitos de tendência interna transcendente também dão lugar aos 
chamados crimes mutilados de dois atos. O agente pratica uma conduta com a 
intenção de futuramente praticar outra conduta distinta, mas o tipo não prevê 
a prática dessa segunda conduta para a consumação do crime. Exemplo: o crime 
do art. 290 do CP. O agente pratica uma primeira conduta (suprimir, em nota, 
sinal indicativo de sua inutilização), para o fim de praticar uma conduta posterior 
(restituir a nota à circulação). O crime se consuma com a primeira conduta 
(suprimir...), independentemente de o agente vir a praticar a conduta posterior 
(restituir a nota à circulação).
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161Cap. I • Introdução
Obs.: no crime de resultado cortado, o resultado visado dependerá de ato de 
terceiro e não do agente. No crime mutilado de dois atos, o ato posterior será 
praticado pelo próprio agente e não por terceiro.
2.29. Crimes de tendência intensificada (ou somente delitos de tendência)
É necessário verificar o ânimo do agente para realização do delito. Esse 
ânimo está implícito em certos tipos penais, como o propósito de ofender (CP, 
arts. 138, 139 e 140); o propósito de ultrajar (CP, art. 212). A tendência do agente 
não transcende a conduta típica, como nos delitos de intenção.
2.30. Crimes de acumulação (crimes cumulativos)
Certos tipos penais tutelam bens jurídicos supraindividuais (ex.: meio am-
biente). Em alguns casos somente se constatará a lesão ao bem jurídico se le-
varmos em consideração não somente a conduta de um agente, mas o acúmulo 
dos resultados de várias condutas (ex.: uma pessoa que pesca sem autorização 
legal um determinado peixe não lesa expressivamente o bem jurídico (meio am-
biente), mas a soma de várias pessoas pescando poderá causar lesão. Por isso 
é punida uma conduta isolada, mesmo que sem lesividade aparente.
2.31. Crimes de transgressão
São os tipos penais que se realizam com a mera desobediência de uma 
norma. O legislador presume a lesão ao bem jurídico. São tipos passíveis de 
críticas, como visto no capítulo “Direito Penal na Sociedade dos Riscos”.
2.32. Crime a distância ou de espaço máximo
A conduta é praticada em um país e o resultado ocorre em outro.
  Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2018 – PC-MA – Delegado de Polícia Civil) Foi considerada incorreta a seguinte 
alternativa: “No crime a distância, a conduta dá-se em um local e a produção, em 
outro, dentro do mesmo país”.
2.33. Crime plurilocal
A conduta ocorre em uma comarca e o resultado em outra. Ex.: disparo de 
arma de fogo na cidade de São Paulo e morte em Guarulhos.
2.34. Crime em trânsito (ou em circulação)
Crime que envolve mais de dois países. Ex.: droga transportada do país A, 
passa pelo país B e chega ao país C.
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162 Direito Penal – Vol. 1 • Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo
2.35. Crime de trânsito (ou de circulação)
Crime praticado na utilização de veículos automotores em vias terrestres para 
fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga. 
Aplica-se o Código de Trânsito Brasileiro.
2.36. Crime no trânsito
Crime sem previsão específica nas leis de trânsito, mas que é praticado na 
condução de veículo automotor. Ex.: atropelamento e morte de pedestre na 
hipótese de o agente praticar conduta com dolo eventual. Responderá pelo 
art. 121 do CP, pois a Lei nº 9.503/97 (CTB) não tipifica o homicídio doloso, mas 
apenas o culposo (art. 302).
2.37. Crime de alucinação
É uma hipótese de delito putativo por erro de proibição (erro de proibição 
invertido). O agente pratica um fato que entende ser criminoso, mas, como não 
existe norma de proibição (incriminadora), pratica uma conduta atípica. Ex.: João 
e Maria praticam incesto imaginando que se trata de crime. No entanto, não 
existe norma de proibição para esse fato.
2.38. Crime de ensaio, delito de laboratório, crime putativo por obra do agente 
provocador
São denominações dadas ao crime impossível na hipótese de flagrante 
preparado ou provocado: “Não há crime, quando a preparação do flagrante 
pela polícia torna impossível a sua consumação” (Súmula 145 do STF).
2.39. Crime de concurso (de participação ou concursal) e crimes em concurso
Como veremos no capítulo próprio (concurso de pessoas), para a teoria 
pluralista, cada pessoa que concorre para o fato responderá por um crime 
autônomo.	 Havendo	 pluralidade	 de	 agentes	 haverá	 pluralidade	 de	 crimes.	 Em	
decorrência disso, chegou-se a propor um crime sui generis, chamado de crime de 
concurso	(soma	dos	vários	delitos	autônomos	–	um	de	cada	concorrente	–	ligados	
pela relação de causalidade. Não se deve confundir “crime de concurso” com 
crimes em concurso. Os vários “crimes em concurso” (crimes cometidos por cada 
um dos concorrentes) são as partes que integram o todo (“crime de concurso”).
2.40. Crimes aberrantes
São as hipóteses de aberratio ictus (erro na execução – art. 73), aberratio 
criminis ou delicti (resultado diverso do pretendido – art. 74) e aberratio causae.
2.41. Crimes infamantes
São aqueles crimes que revelam a depravação moral, desonra ou 
desonestidade de quem os pratica.
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