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Mecanismo eMecanismo eMecanismo e assistência ao partoassistência ao partoassistência ao parto Sob o ponto de vista do mecanismo do parto, o feto é o móvel ou objeto que percorre o trajeto (bacia), impulsionado por um motor (contração uterina). Na sua atitude habitual de flexão da cabeça sobre o tronco e de entrecruzamento dos membros, que também se dobram, o móvel assemelha-se a um ovoide – o ovoide fetal. Este, por sua vez, é composto por dois segmentos semidependentes: o ovoide cefálico (cabeça) e o córmico (tronco e membros). O trajeto, ou canal da parturição, estende-se do útero à fenda vulvar. Constituído por formações de diversas naturezas, partes moles do canal do parto (segmento inferior, cérvice, vagina, região vulvoperineal), o canal da parturição é sustentado por cintura óssea, também chamada de pequena pelve, pequena bacia ou escavação. Gleice Gandra Nota Manobra de Kristeller: massagem no abdomen (perigoso pode quebrar costelas) Gleice Gandra Nota No seu transcurso através do canal parturitivo, impulsionado pela contratilidade uterina e pelos músculos da parede abdominal, o feto é compelido a executar certo número de movimentos, denominados mecanismo do parto. São movimentos puramente passivos e procuram adaptar o feto às exiguidades e às diferenças de forma do canal. Com esses movimentos, os diâmetros fetais se reduzem e se acomodam aos pélvicos. Em 95 a 96% dos casos, o parto processa-se com o feto em apresentação cefálica fletida – apresentação de vértice. De todas as apresentações, esta é a menos sujeita a perturbações do mecanismo. Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce insinuação, descida e desprendimento. A insinuação (ou encaixamento) é a passagem da maior circunferência da apresentação através do anel do estreito superior. Tempos de mecanismo de um parto iPara que se processe a insinuação, é necessário haver redução dos diâmetros da cabeça, o que será obtido pela orientação de diâmetros e por flexão. Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce No início dessa fase, a cabeça fetal encontra-se acima do estreito superior da bacia, em flexão moderada, com a sutura sagital orientada no sentido do diâmetro oblíquo esquerdo ou do transverso e com a pequena fontanela (fontanela lambdoide) voltada para esquerda. Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Nota anterior: naegele posterior: litzman O encaixamento depende, essencialmente, da morfologia da pelve. Nas de tipo ginecoide, ele se dá, preferencialmente, pelo diâmetro transverso; nas androides, as posições transversas são cerca de 3 vezes mais comuns que as anteriores e as posteriores reunidas, sendo estas últimas as de maior incidência; nas antropoides é menor a frequência do encaixamento pelo diâmetro transverso; alguns autores estabeleceram que esse tipo de bacia predispõe às posições posteriores, embora as posições direitas também sejam comuns. Nas bacias platipeloides, a cabeça deve ser encaixada quase obrigatoriamente através dos diâmetros transversos. Insinuação estática, processada na gravidez, em mais de 50% das primigestas. Flexão por aconchego no segmento inferior e na descida, conjuntamente com o útero, por tração dos ligamentos sustentadores do órgão e pressão das paredes abdominais Insinuação dinâmica, que surge no fim da dilatação cervical ou no início do período expulsivo nas multíparas. Flexão por contato com o estreito superior da bacia e descida à custa das contrações expulsivas. A insinuação estática é considerada prognóstico favorável para o parto, desde que proporcione boa proporção cefalopélvica. Descida Completando a insinuação, a cabeça migra até as proximidades do assoalho pélvico, onde começa o cotovelo do canal. Até aí mantém a mesma atitude e conserva o mesmo sentido, apenas exagerando um pouco a flexão. O ápice do ovoide cefálico atinge o assoalho pélvico, e a circunferência máxima encontra-se na altura do estreito médio da bacia. A descida, na realidade, ocorre desde o início do trabalho de parto e só termina com a expulsão total do feto. Durante esse mecanismo do parto, o movimento da cabeça é turbinal: à medida que o polo cefálico roda, vai progredindo no seu trajeto descendente. Rotação interna da cabeça: Uma vez que a extremidade cefálica distenda e dilate, o conjunto musculoaponeurótico que compõe o diafragma pélvico sofre movimento de rotação, que levará a sutura sagital a se orientar no sentido anteroposterior da saída do canal. Insinuação das espáduas. Simultaneamente à rotação interna da cabeça e à sua progressão no canal, verifica-se penetração das espáduas através do estreito superior da bacia. O diâmetro biacromial, que mede 12 cm, é incompatível com os diâmetros do estreito superior; porém, no período expulsivo, sofre redução apreciável porque os ombros se aconchegam, forçados pela constrição do canal, e se orienta no sentido de um dos diâmetros oblíquos ou do transverso daquele estreito. À medida que a cabeça progride, as espáduas descem até o assoalho pélvico. Gleice Gandra Realce Desprendimento Terminado o movimento de rotação, o suboccipital coloca-se sob a arcada púbica; a sutura sagital orienta-se em sentido anteroposterior. Dada a curvatura inferior do canal do parto, o desprendimento ocorre por movimento de deflexão. A nuca do feto apoia-se na arcada púbica; e a cabeça oscila em torno desse ponto, em um movimento de dobradiça. Com o movimento de deflexão, estando o suboccipital colocado sob a arcada púbica, liberta-se o diâmetro suboccipitobregmático, seguido pelo suboccipitofrontal, suboccipitonasal e assim por diante, até o completo desprendimento ▶ Rotação externa da cabeça. Imediatamente, livre agora no exterior, a cabeça sofre novo e ligeiro movimento de flexão pelo seu próprio peso e executa rotação de 1/4 a 1/8 de circunferência, voltando o occipital para o lado onde se encontrava na bacia. Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Nota cabeça para trás Gleice Gandra Realce ▶ Rotação interna dos ombros:Desde sua passagem pelo estreito superior da bacia, os ombros estão com os dois acrômios orientados no sentido do oblíquo direito ou do transverso da bacia. O ombro anterior coloca-se sobre a arcada púbica; o posterior, em relação com o assoalho pélvico, impelindo para trás o cóccix materno. ▶ Desprendimento dos ombros: Nessa altura, tendo o feto os braços cruzados para diante do tórax, o ombro anterior transpõe a arcada púbica e aparece através do orifício vulvar, onde ainda se encontra parcialmente recoberta pelas partes moles. Continuando a progredir em direção à saída, com o tronco fletido lateralmente, desprende-se a espádua posterior. Insinuação cefálica pelos diâmetros transversos da bacia A cabeça, antes da insinuação, é observada em posição transversa, com o parietal posterior apresentando-se sobre a região anterior da pelve (obliquidade de Litzmann). A sutura sagital permanece horizontalmente sobre a sínfise, ligeiramente por detrás dela. Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Nota o bebê nãos nasce de fronte- cesárea Simultaneamente, começa a descida, e logo a apresentação do parietal posterior, no estreito superior, é substituída pela apresentação do parietal anterior, na escavação (obliquidade de Nägele). A superfície lateral do parietal posterior fica quase paralela à superfície anterior do sacro. Se, a despeito de contrações satisfatórias, não houver progressão, irá se constituir a distocia genuína, distocia de rotação. O período premunitório é caracterizado principalmente pela descida do fundo uterino. A cúpula do útero gravídico, localizada nas proximidades do apêndice xifoide, baixa de 2 a 4 cm, condicionando maior amplitude à ventilação pulmonar, a qual está dificultada, até esse momento, pela compressão diafragmática. A adaptação do polo proximal do feto ao estreito superior traz consigo, no entanto, a incidência de dores lombares,o estiramento das articulações da cintura pélvica e distúrbios circulatórios decorrentes dos novos contatos. Há grande quantidade de secreções das glândulas cervicais, com eliminação de muco e, eventualmente, mesclado de sangue; encurta-se a porção vaginal do colo; inicia-se a percepção, por vezes dolorosa, das metrossístoles intermitentes do útero, com espaços que passam a ser frequentes e contrações que se intensificam, prenunciando a deflagração do parto (dolores praeparantes). O falso trabalho de parto e as contrações dolorosas do pré-parto são quadros clínicos frequentes no final da gravidez; apresentam em comum as metrossístoles, de ritmo irregular e sem coordenação, que, pelo fato de não produzirem modificações do colo, são um diferencial no diagnóstico do verdadeiro trabalho. Período premunitório (pré-parto) Chama-se fase latente o final do pré-parto ou o início do trabalho, quando as contrações uterinas, embora rítmicas, não determinam ainda a dilatação progressiva do colo. Diagnóstico Chama-se fase latente o final do pré-parto ou o início do trabalho, quando as contrações uterinas, embora rítmicas, não determinam ainda a dilatação progressiva do colo. - Contrações dolorosas, rítmicas (no mínimo, 2 em 10 min), que se estendem a todo o útero e têm duração de 50 a 60 s. Doze contrações por hora (2/10 min) é sinal importante de trabalho de parto verdadeiro ou iminente; -A fase ativa do parto pode não ter se iniciado com 5 cm de dilatação em multíparas e até com dilatação maior em nulíparas -Formação da bolsa das águas -Perda do tampão mucoso, denunciando o apagamento do colo; são subsídios diagnósticos a serem discutidos adiante. Fase de dilatação (ou 1o período) Inicia-se a fase de dilatação com as contrações uterinas dolorosas (que começam a modificar ativamente a cérvice) e termina quando a sua ampliação está completa (10 cm). Cerca de 70% das parturientes referem dor da contração uterina no hipogástrio, 20% na região sacra e 10% em ambos os lugares. Durante o 1o período, abre-se o diafragma cervicossegmentário e o canal do parto se forma, isto é, a continuidade do trajeto uterovaginal, com dois fenômenos a predominar: o apagamento do colo (ou desaparecimento do espaço cervical), incorporado à cavidade uterina, e a dilatação da cérvice, ao fim da qual as suas bordas limitantes ficam reduzidas a simples relevos, aplicados às paredes vaginais. Portanto, o apagamento e a dilatação são fenômenos distintos, que, nas primíparas, se processam nessa ordem sucessiva Apagamento do colo em primíparas nas proximidades do parto (1 a 4) e apagamento e dilatação do colo em multíparas em pleno trabalho de parto (5 a 8). B. Apagamento e dilatação do colo em multíparas durante o trabalho de parto. Em 80% dos casos, a ruptura (amniotomia), com evasão parcial do conteúdo líquido do óvulo, ocorre no final da dilatação ou no início da expulsão. A ruptura das membranas que ocorre no parto pode ser atribuída ao enfraquecimento generalizado, atuando as contrações uterinas e o repetido estiramento. Fase de expulsão (ou 2o período) Inicia-se quando a dilatação está completa e se encerra com a saída do feto. Caracteriza-se, fundamentalmente, pela associação sincrônica às metrossístoles da força contrátil do diafragma e da parede abdominal, cujas formações musculoaponeuróticas, ao se retesarem, formam cinta muscular forte, que comprime o útero de cima para baixo e de frente para trás. No curso do 2o período, ocorre a sucessão das contrações uterinas, cada vez mais intensas e frequentes, com intervalos progressivamente menores, até adquirirem o aspecto subintrante de cinco contrações em cada 10 min. Ao comprimir as paredes vaginais, o reto e a bexiga, o polo inferior do feto provoca, por via reflexa, o aparecimento das contrações voluntárias da prensa abdominal. Assim, origina-se a “vontade de espremer”, os puxos, movimentos enérgicos da parede do ventre, semelhantes aos suscitados pela evacuação ou micção penosas. Gleice Gandra Realce Assistência ao parto Toque vaginal: Trata-se do toque vaginal uni ou bidigital. Para efetuá-lo – e jamais dispensando os cuidados prévios de antissepsia e de assepsia da região vulvoperineal e das mãos do parteiro, estas corretamente enluvadas –, afastam-se as ninfas e introduzem-se na vagina os dedos indicador e médio, ou apenas o primeiro, untados em vaselina esterilizada ou sabão líquido. O exame procurará explorar sucessivamente: o colo (apagamento, dilatação, orientação e consistência), a bolsa das águas e a apresentação (posição, variedade, altura e proporcionalidade à bacia, além de outros detalhes como a flexão e o assinclitismo). O dedo explorador percorre a área ocupada pela região fetal que se apresenta até encontrar a linha de orientação, que varia com o caso: sutura sagital nas apresentações de cabeça fletida. Em seguida, procura- se reconhecer o ponto de referência fetal, que, nas cefálicas fletidas, é o lambda ou pequena fontanela. ▶ Altura da apresentação. No acompanhamento da evolução do parto, é importante observar, juntamente com a dilatação cervical, a altura da apresentação. Nas primíparas, ao início do trabalho, a apresentação está no nível das espinhas ciáticas (nível “0”) e diz-se que está insinuada. Nas multíparas, a insinuação ocorre somente no fim da dilatação ou no começo da expulsão; durante a maior parte do trabalho, a apresentação permanece alta; e está baixa quando, após ter sofrido a rotação interna (sutura sagital no eixo anteroposterior da bacia), tem contato com o períneo, o que ocorre no período de expulsão. Após o toque, retirados os dedos, é sempre recomendável verificar as secreções que tingem a luva nas extremidades digitais, visto que, assim, será possível identificar líquido meconial ou sangue com odor diverso, o que possibilitará o diagnóstico do sofrimento fetal, de síndromes hemorrágicas ou de infecção. ▶ Bolsa das águas: A gestante, nesse caso, percebe a perda líquida pela vagina, acusando-a, de maneira incisiva, quando surge antes do início do trabalho de parto. Empurrando-se levemente a apresentação para cima, durante o toque, jorra o líquido amniótico nas amniorrexes consumadas; se as membranas estiverem intactas, ele se acumulará entre estas e o polo fetal, ficando mais tensas durante as contrações uterinas. Por meio do tato, é possível distinguir a superfície do couro cabeludo ou as pregas genitais (na apresentação pélvica) da superfície lisa das membranas Nossa opinião é contrária à generalização da amniotomia. A ruptura das membranas deve ser realizada apenas quando houver alguma indicação formal, como: na necessidade de finalizar o parto; nas distocias funcionais; ao avaliar o líquido amniótico e a variedade de posição (quando não se consegue fazê-lo estando a bolsa íntegra); ou programando-se parto operatório (como deverá ocorrer nas cardiopatas, por exemplo). ▶ Vitabilidade fetal. A auscultação dos batimentos cardiofetais (BCF) é um procedimento indispensável para examinar a vitabilidade durante o trabalho de parto. Os ruídos do coração constituem a única manifestação clínica objetiva de funcionamento do sistema circulatório do concepto; vigiando-os, será possível diagnosticar o sofrimento e instituir as medidas pertinentes. ▶ Alimentação. No momento do trabalho de parto, os alimentos sólidos ficam proibidos, devido aos riscos inerentes às anestesias em tais condições. ▶ Deambulação. A parturiente poderá locomover-se durante o período de dilatação, até a ruptura das membranas, e desde que não esteja sob analgotocia. ▶Ocitocina. Embora acelere o trabalho de parto, aumentando a intensidade e a frequência das contrações uterinas, seu uso deve ser limitado aos casos em que está hipoativa a dinâmica da matriz. Assistência à expulsão Ao iniciar o 2o período, a parturiente, em geral, fica agitada e a maioria delas apresenta o desejo de defecar; modifica-se o caráter das metrossístoles, que aumentam de frequência e de intensidade, somando-se ainda a contração voluntária da prensa abdominal. Se, no1o período, a paciente pode assumir a posição que melhor lhe convier, deambular, sentar-se ou recostar-se, isso não ocorre no 2o período. Por ocasião da expulsão, a paciente deverá ser colocada na posição de dar à luz; decúbito dorsal com flexão máxima das coxas sobre o abdome e abdução dos joelhos. Trata-se da postura de Laborie-Duncan, que objetiva ampliar o estreito inferior e, escancarando o períneo e a vulva, vai favorecer a libertação do concepto e as intervenções obstétricas vaginais. A vitabilidade do concepto será acompanhada auscultando-lhe os batimentos cardía cos a cada 10 min. Com a parturiente em posição, é feita a antissepsia da região perineal (polivinil ou similar); a seguir, colocam-se os campos esterilizados de maneira a isolar, cobrindo todas as partes maternas, exceto a vulva. O parteiro se prepara com gorro, máscara (cerrando nariz e boca), avental e luvas esterilizadas. -> Fórceps de alívio. Havendo o menor impedimento à progressão da cabeça, é aconselhável terminar o parto a fórceps; -> Assistência ao desprendimento dos ombros. Após o nascimento do polo cefálico, explora-se a região cervical do concepto em busca de circulares do cordão, que se presentes, serão desfeitas ou seccionadas. Finalizada a rotação externa da cabeça, o parteiro apreende com ambas as mãos a apresentação, traciona para baixo – com objetivo de liberar o ombro anterior – e depois para cima, auxiliando a saída do posterior. A curva de dilatação cervical se processa de forma ascendente, com menor velocidade de dilatação inicialmente. No final, após 4 cm de dilatação, a velocidade aumenta espontaneamente. Essa diferenciação na velocidade da cervicodilatação caracteriza a fase latente (inicial) e a fase ativa (final) . Na fase latente do trabalho de parto, a conduta é expectante. Em muitas mulheres, a duração é superior a 20 h e os ocitócicos devem ser evitados pelo risco aumentado de cesárea, decorrente do colo desfavorável. Partograma As principais características do parto normal são: Início espontâneo;Apresentação cefálica de vértice, única; Gravidez a termo (37 a 42 semanas);Nenhuma intervenção artificial; Duração < 12 h em primíparas e < 8 h em multíparas. Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Nota latente-8h-20h Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Nota parto precipitado parada secundária da dilatação Aumento Fase Ativa Período Pélvico Prolongado (forceps) Parada Secundária da Descida (Cesárea) Secundamento, ou 3o período do parto, também chamado decedura e delivramento, é o estágio da parturição que se processa após o nascimento do feto e se caracteriza por descolamento (dequitação ou dequitadura), descida e expulsão ou desprendimento da placenta e de seus anexos para fora das vias genitais. Quando as três fases que o constituem se processam de modo regular, é bem característico seu mecanismo. O descolamento da placenta ocorre de acordo com dois tipos de mecanismos: mecanismo de Baudelocque- Schultze e mecanismo de Baudelocque-Duncan. O mecanismo de Baudelocque-Schultze, cuja frequência é de 75%, ocorre quando a placenta inserida na parte superior do útero inverte-se e se desprende pela face fetal, em formato de guarda-chuva (Figura 14.16). Nesse caso, o hematoma retroplacentário inicia-se no centro da inserção e fica prisioneiro da massa placentária, o que explica sua saída ulterior. No mecanismo de Baudelocque-Duncan (25% dos casos), se a placenta estiver localizada na parede lateral do útero, a desinserção começa pela borda inferior. Aqui, o sangue se exterioriza antes da placenta, que, por deslizamento, se apresenta ao colo pela borda ou pela face materna. 4 período: Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce Gleice Gandra Realce ▶ Miotamponagem. Imediatamente após a expulsão da placenta, o útero se contrai e é palpável em um ponto intermediário entre o púbis e o umbigo. A retração inicial determina a laqueadura viva dos vasos uterinos, constituindo a primeira linha de defesa contra a hemorragia. ▶ Trombotamponagem. Trata-se da formação de trombos nos grandes vasos uteroplacentários, constituindo hematoma intrauterino que recobre, de modo contínuo, a ferida aberta no local placentário. ▶ Indiferença miouterina. O útero se torna “apático” e, do ponto de vista dinâmico, apresenta fases de contração e de relaxamento, com o perigo de encher- se progressivamente de sangue. ▶ Contração uterina fixa. Normalmente, após 1 h, o útero adquire maior tônus e assim se mantém. ormalmente, o secundamento dura entre 5 e 10 min. Se a duração exceder 30 min, considera-se secundamento prolongado. A conduta ativa no secundamento é a maneira efetiva de prevenir a hemorragia pós-parto. Ela propõe a administração de ocitocina. Em seguida, executa-se a tração controlada do cordão, a extração da placenta e, finalmente, a massagem do útero. Esse conjunto de ações reduz em até 2/3 a ocorrência da hemorragia pós-parto. A ligadura precoce do cordão não mais faz parte da conduta ativa no secundamento.
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