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Mecanismo do parto ➔ conjunto de movimentos e fenômenos ativos, e principalmente, passivos do feto durante a passagem pelo canal de parto As contrações uterinas são a força motriz do TP, a qual impulsiona o feto através da pelve da gestante para alcançar a vulva e desprender-se, finalizando o ato de nascer Divide-se mecanismo de parto em 6 tempos Essa divisão tem apenas fins didáticos, uma vez que esses tempos se sobrepõem continuamente, configurando um movimento harmônico de espira, segundo Briquet Os 6 tempos são descritos de forma generalizada, podendo-se extrapolá- los para outros tipos de apresentação Nomeiam-se pelo emprego de duas ou três letras: A primeira, indicativa da apresentação, é símbolo da região que a caracteriza; As demais correspondem ao ponto de referência ao nível do estreito superior. Exemplos: o OEA significa que a apresentação é de occipital (O) e o ponto de referência, o lâmbda, está em correspondência com o estreito superior, à esquerda (E) e anteriormente (A); o MDP significa que a apresentação é de face e o ponto de referência, o mento (M), está em relação com o estreito superior, à direita (D) e posteriormente (P) Em relação a apresentação cefálica fletida, em occipital, as variedades de posição são: OP: occipitopubiana; OEA: occípito-esquerda-anterior; OET: occípito-esquerda-transversa; OEP: occípito-esquerda-posterior; OS: occipitossacra; ODP: occípito-direita-posterior; ODT: occípito-direita-transversa; ODA: occípito-direita-anterior A variedade de posição complementa a orientação espacial do concepto ao relacionar um ponto de referência da apresentação fetal com um ponto de referência ósseo da bacia materna, levando- se em consideração as faces anterior, posterior e lateral da gestante Condiciounou-se para tal, o emprego de três letras como nomenclatura definidora de apresentação, posição e variedade de posições fetais: A primeira letra diz respeito ao ponto de referência da apresentação fetal: o O (occipício), B (bregma), N (naso), M (mento), S (sacro) e A (acrômio); A segunda letra refere-se ao lado materno para o qual está voltado o ponto de referência fetal (posição): o D,(direita) e E (esquerda). o É importante lembrar que essa letra é suprimida nas variedades anteroposteriores (sacral e púbica). o De modo geral, as posições esquerdas são mais frequentes; A terceira letra indica a variedade de posição, conforme o feto esteja voltado para o ponto de referência ósseo da bacia materna: o A (anterior) - eminência ileopectínea, o T (transversa) - extremidade do diâmetro transverso, o P (posterior ou púbis) - sinostose sacroilíaca ou púbis, o S (sacro) – materno. Tocólogos franceses e latinos consideram ordem decrescente: 1. A posição occipitoesquerda anterior (OEA) a mais frequente (1ª posição, 60%); 2. A occiopitodireita posterior (ODP): 2ª posição, 32%; 3. A occipitoesquerda posterior (OEP): 6%; 4. A occiopitodireita anterior (ODA): “que não se encontra quase nunca”, 1%, é bem mais rara Onde o osso occipital estiver encostando é o posicionamento em direita e esquerda e em anterior e posterior, sendo que anterior é o púbis e o posterior é o sacro Nesse caso (imagem acima), o osso occipital está mais próximo do púbis e da perna esquerda da mae. Então ➔ OEA (occipitoesquerda anterior) Imagem → osso occipital exatamente no púbis materno ➔ OP (occipito posterior) OEA E OEP ODA e ODP Os anglo-saxões, com base em estudos radiográficos, consideram a occipitoesquerda transversa (OET)a posição mais frequente da cabeça, ao insinuar-se Considerando-se todos os tipos de bacia, as taxas de frequência são as seguintes: 1. Posição oblíqua posterior: 18,5%; 2. Posição transversa: 60%; 3. Posição oblíqua anterior: 16%; 4. Posição anterior direta: 5,5% De forma da bacia: o No tipo ginecoide e no platipeloide: preferência diâmetros transversos o Nas pelves androide e, especialmente, nas antropoides: há tendência ao encaixamento em occipitoposterior Divide-se o mecanismo de parto em 6 tempos A insinuação (ou encaixamento) é a passagem da maior circunferência da apresentação através do anel do estreito superior. Nessas condições, e pelo geral, está o ponto mais baixo da apresentação à altura das espinhas ciáticas (plano “0” de DeLee) Insinuação é definida como a passagem do maior diâmetro da parte apresentada, perpendicular à linha de orientação fetal, pelo estreito superior da bacia materna. Dessa forma, nas apresentações cefálicas o diâmetro de insinuação corresponde ao biparietal e nas apresentações pélvicas, ao bitrocantérico. No início, a cabeça fetal mostra-se em atitude indiferente ou semifletida, oferecendo o diâmetro occipitofrontal (12 cm) à passagem pelo estreito superior da bacia. Sucedendo-se as contrações e sendo impelido de encontro ao estreito superior, exagera-se a flexão e ocorre a substituição por diâmetros menores: suboccipitofrontal (10,5 cm) e suboccipitobregmático (9,5 cm) O mecanismo de flexão cefálica é resultante da pressão axial do feto. A articulação da cabeça com a coluna vertebral representa uma alavanca de braços desiguais: de um lado, o occipício (braço menor); do outro, a fronte (braço maior). Pressionado o fulcro dessa alavanca, pela contração uterina de cima para baixo, e havendo uma contrapressão representada pela resistência da parede pélvica ou do assoalho pélvico, ocorre a flexão (teoria de Zweifel) Em primigestas a insinuação ocorre, na maioria das vezes, por volta de 15 dias antes do parto Já em multíparas, a insinuação pode ocorrer a qualquer momento, desde antes do início do trabalho de parto até após a dilatação completa do colo uterino (segundo período). A ausência de insinuação em nulíparas requer exame cuidadoso no sentido de descartar desproporção cefalopélvica, apresentação anômala ou algo que possa estar bloqueando o canal de parto (tumores, placenta etc.) Na ausência dessas ocorrências, não há motivo para maiores preocupações, uma vez que a maioria dos casos irá evoluir normalmente para parto vagina A insinuação ocorre por dois processos diferentes: Insinuação estática, processada na gravidez, em mais de 50% das primigestas. Flexão por aconchego no segmento inferior e na descida, conjuntamente com o útero, por tração dos ligamentos sustentadores do órgão e pressão das paredes abdominais; Insinuação dinâmica, que surge no fim da dilatação cervical ou no início do período expulsivo nas multíparas. Flexão por contato com o estreito superior da bacia e descida à custa das contrações expulsivas Assinclitismo e sinclitismo Considerando que a articulação entre a cabeça e a coluna vertebral do feto é bastante móvel, o polo cefálico assume não só movimentos de flexão anteroposterior como também movimentos de flexão lateral. Durante o processo de insinuação, um dos ossos parietais atravessará o estreito superior da pelve antes do outro, aproximando a sutura sagital de um dos ossos do eixo anteroposterior da bacia materna (púbis ou sacro) Dessa forma, quando a sutura sagital se aproxima da pube e o parietal posterior desce até ultrapassar o promontório materno, diz que há assinclitismo posterior. Ao contrário, quando a sutura sagital está mais próxima ao sacro, mais baixo está o parietal anterior, e o assinclitismo é chamado de anterior. Em jovens primíparas, a cabeça fetal mostra-se mais frequentemente em assinclitismo posterior, uma vez que ascontrações uterinas e a contenção da prensa abdominal levam o corpo do feto em direção posterior Sinclitismo e assinclitismo ➔ movimento de rotação dentro do estreito para que haja evolução do TP ➔ inclinação lateral da cabeça (sinclitismo). Basculação da cabeça pela parte posterior (assinclitismo, pode ser posterior ou anterior) Quando a sutura sagital está mais próxima do cócix, é o assinclitismo posterior Quando a sutura sagital está mais próxima do púbis, é assinclitismo posterior A cabeça, antes da insinuação, é observada em posição transversa, com o parietal posterior apresentando- se sobre a região anterior da pelve (obliquidade de Litzmann). A sutura sagital permanece horizontalmente sobre a sínfise, ligeiramente por detrás dela. A insinuação ocorre por mecanismo de alavanca: flexão lateral da cabeça para o lado oposto, ficando a sutura sagital no diâmetro transverso da bacia (sinclitismo). Simultaneamente, começa a descida, e logo a apresentação do parietal posterior, no estreito superior, é substituída pela apresentação do parietal anterior, na escavação (obliquidade de Nägele). A superfície lateral do parietal posterior fica quase paralela à superfície anterior do sacro. Além de flexão e assinclitismo, outro processo que contribui para o mecanismo de insinuação é o cavalgamento dos ossos do crânio fetal, fenômeno que reduz as dimensões do polo cefálico, posto que o maciço frontal e o occipital se locam por baixo dos parietais. Do mesmo modo, a borda interna de um dos parietais se sobrepõe à outra. O cavalgamento é mais acentuado nas cabeças com menor grau de ossificação e maior grau de deflexão, com exceção das de apresentações de face. Devido à grande capacidade plástica da cabeça fetal, esse mecanismo torna possível como que bipartir o polo cefálico em duas metades para, então, imprimi-las em direção ao canal de parto (teoria de Sellheim) A descida ou progressão, também considerada segundo tempo do mecanismo de parto, é o momento definido pela passagem do polo cefálico (ou da apresentação fetal em geral) do estreito superior para o estreito inferior da pelve materna. É de suma importância ter em mente que, enquanto a descida está ocorrendo, a insinuação pode não ter ocorrido ainda e a rotação interna está acontecendo concomitantemente. Como esse movimento é harmônico e complexo, acredita-se que a divisão desse tempo facilita o entendimento. Na prática clínica, usa-se o esquema de DeLee, com os planos ditos em cm, a partir das espinhas isquiáticas: o Móvel: > -3cm o Ajustada ou fixada: -3, -2 ou - 1cm o Insinuada: 0cm o Fortemente insinuada: +1, +2 ou +3cm o Baixa: +4 ou +5cm (já aflorando na vulva) O canal de parto não é um cilindro regular, possuindo uma curvatura em sua porção mais inferior. Assim, o feto tem que atravessar esse canal de modo a adaptar-se ao cilindro contingente, cujo eixo possui forma de "J" Contribuem para a descida um ou mais dos seguintes elementos: contração uterina, contração dos músculos abdominais, pressão do líquido amniótico e extensão do ovoide fetal, que se transforma em cilindro. O objetivo é coincidir o diâmetro anteroposterior do polo cefálico com o maior diâmetro da bacia materna Durante a descida do feto, ocorre movimento de rotação para locar o polo cefálico sob o púbis. Descreve-se assim um movimento de espira. A linha de orientação (sutura sagital) fica orientada na direção do maior diâmetro do estreito inferior (anteroposterior) ao terminar a descida. A rotação normalmente traz o ponto de referência fetal para a frente, junto ao púbis, o que é denominado rotação anterior (ou púbica). Quando, excepcionalmente, o feto roda para trás, diz-se que ocorreu rotação posterior (ou sacra). O grau de rotação varia conforme a variedade de posição. Nas apresentações cefálicas fletidas, o occipício é o ponto de referência que irá percorrer a distância de um arco de circunferência, necessária para sua locação no subpúbis Dessa forma, será observada a rotação, em graus, conforme as seguintes variedades: o 45º nas anteriores (occipitoesquerda anterior e occipitodireita anterior). o 90º nas transversas (occipitoesquerda transversa e occipitodireita transversa). o 135º nas posteriores (occipitoesquerda posterior e occipitodireita posterior). As teorias que explicam a rotação interna invocam o princípio de mecânica segundo o qual um cilindro com zonas de flexibilidade desiguais (feto), deslizando dentro de outro cilindro encurvado (canal pelvigenital), executa movimento de rotação em torno de seu eixo longitudinal, para adaptar-se à curvatura do continente (eixo pélvico). No mecanismo de parto das apresentações cefálicas fletidas observa-se que a flexão da cabeça fetal é maior no sentido anteroposterior, enquanto a coluna vertebral apresenta maior flexibilidade no sentido lateral (teoria de Sellheim). A rotação interna é essencial para que ocorra ultimação do parto, exceto quando o feto é muito pequeno. Em aproximadamente dois terços das mulheres, a rotação interna completa-se no tempo que a cabeça chega ao assoalho pélvico e, em aproximadamente um quarto, é completada pouco depois, podendo não ocorrer em 5% das vezes. Os principais fatores que impedem que essa rotação ocorra são contrações de baixa intensidade, ausência de flexão cefálica e fetos grandes. A analgesia peridural pode predispor às rotações incompletas, por diminuir a força da musculatura abdominal e relaxar a musculatura pélvica O desprendimento cefálico ocorre com a descida final da cabeça fetal em posição occipitopúbica, até que seja possível a locação do suboccipício no subpúbis materno. Como o polo cefálico está em flexão, é necessário que ocorra movimento de deflexão ou extensão da cabeça para ocorrer exteriorização do maciço frontal. Dessa forma, o diâmetro suboccipitobregmático (9,5 cm) ocupa o diâmetro anteroposterior do estreito inferior e a fronte do feto rechaça o cóccix, aumentando esse diâmetro de 9 para 11 cm, o que se denomina retropulsão coccígea. A região que se fixa ao subpúbis como ponto de apoio para o movimento de expulsão, também chamada hipomóclio, é o suboccipício, que se localiza 7 cm abaixo da fontanela lambdoide. O hipomóclio é o ângulo anterior do bregma e, por vezes, é impossível distinguir tal mecanismo com o desprendimento cefálico das apresentações defletidas de 1 º grau Por meio de duas forças antagônicas (contração uterina e resistência perineal), o feto é impulsionado para baixo e para fora do canal de parto. Ao vencer tal resistência, a cabeça fetal desfere movimento abrupto de extensão, externando os diâmetros anteroposteriores do polo cefálico na sequência: suboccipitobregmático (9,5 cm), suboccipitofrontal (10,5 cm) e suboccipitomentoniano (9,5 cm). Nas rotações posteriores, em que o occipício se alinha com o sacro materno, a extensão a ser vencida pelo occipício é a parede posterior da pelve, que mede 10 a 15 cm, muito maior quando comparada à parede anterior (púbis), que mede 4 a 5 cm. Além disso, o diâmetro cefálico que solicita e comprime a fenda vulvar é o suboccipitofrontal, que mede 10,5 cm. Por esse motivo, o desprendimento cefálico em posição occipitossacra é lento, por vezes necessitando de auxílio instrumental com fórcipe Ocorre, portanto, a exteriorização do bregma, da fronte, do nariz e do mento do feto, sucessivamente A rotação externa da cabeça fetal, também denominada movimento de restituição, leva o occipício a voltar-se para o lado maternoque ocupava no interior do canal de parto. Nessa ocasião, as espáduas, que se insinuaram no diâmetro oblíquo oposto ao da cabeça fetal, rodam, trazendo o diâmetro biacromial para o diâmetro anteroposterior do estreito inferior. Esse movimento que ocorre com os ombros se deve, aparentemente, aos mesmos fatores que determinam a rotação interna da cabeça O desprendimento do ovoide córmico caracteriza-se pela exteriorização das cinturas escapular e pélvica do feto Após a rotação das espáduas, o ombro anterior fixa-se no subpúbis, apresentando a inserção braquial do deltoide como ponto de apoio, e desprende-se por movimento de abaixamento. Desprende-se então o ombro posterior por movimento de elevação e, em seguida, completa-se a expulsão da cintura escapular. A determinação da apresentação fetal e da variedade de posição no curso do trabalho de parto é passo crucial na avaliação da gestante. O exame interno, realizado por meio do toque vaginal com cérvix dilatada, permite a identificação das apresentações pélvicas e defletidas que costumam ter superfície mais macia e irregular. As apresentações cefálicas defletidas geralmente derivam de cefálicas fletidas. A cabeça em atitude indiferente ou de semiflexão, em virtude da pressão axial, não evolui para flexão quando ocorre impedimento à descida do occipício. Isso ocorre em casos de bacias viciadas, contração ineficiente, anomalias de conformação da cabeça fetal e modificações na forma uterina, sobretudo quando o fundo uterino está muito desviado para um dos lados e arrasta consigo o tronco fetal, como ocorre nas grandes multíparas º A etiologia é desconhecida, mas aventa-se a presença de fatores predisponentes; Os fatores de risco incluem multiparidade, desproporção cefalopélvica, braquicefalia fetal, bacias muito amplas ou feto pequeno Acredita-se que grande parte das apresentações defletidas de 1 ° grau decorra de deflexão discreta das fletidas occipitoposteriores O diagnóstico de apresentação cefálica defletida de 1º grau é realizado intraparto, por meio do toque vaginal, com o qual se identifica a linha de orientação sagitometópica e a fontanela bregmática. O diâmetro transverso de insinuação é o biparietal O diagnóstico diferencial é feito com as variedades occipitoposteriores, nas quais se toca o lâmbda e a linha sagital; Antes da insinuação, já a apresentação defletida de 1° grau pode acentuar ainda mais seu grau de deflexão, originando as defletidas de 2º e 3º graus. Assim, o diagnóstico se firma com a insinuação do polo cefálico e a persistência desse grau de deflexão O diâmetro anteroposterior de insinuação é o occipitofrontal, que mede 12 cm; A circunferência que se oferece ao trânsito mede, por sua vez, 34 cm; Os parâmetros mais amplos da cabeça fetal requerem acentuado grau de moldagem cefálica e solicitam intensamente a vagina, que pode se lacerar devido à distensão. A descida é lenta e se faz sem que se modifique a atitude da cabeça; O hipomóclio é um ponto variável entre a glabela e o limite do couro cabeludo; e quanto mais próximo ao bregma, melhor o prognóstico, já que a circunferência de desprendimento será menor; A cabeça desprende-se em dois tempos: flete e libera o occipício para em seguida defletir e exteriorizar a fronte e a face Apresentação cefálica defletida de 10 grau ➔ a região occipital está virada para o sacro, e não para o púbis, o que dificulta a saída do feto de maneira plena Por conta dos maiores riscos para gestante e feto, deve-se estar preparado para parto por via abdominal; Essa apresentação é relativamente frequente e possui chance de evolução para parto vaginal; Só se justifica a opção pela condução do trabalho de parto, nessas apresentações, em mulheres com bacia ginecoide, de dimensões adequadas e vitalidade fetal assegurada; Recomenda-se evitar o parto vaginal instrumentalizado e o uso indiscriminado de ocitócicos º Os fatores predisponentes repetem-se em relação às defletidas de 1º grau, acrescentando-se também causas como feto volumoso, feto pequeno, feto morto, dolicocefalia, polidrâmnio e placenta prévia; São extremamente raras e, a não ser em fetos muito pequenos ou macerados, não é possível a evolução para parto vaginal. Para que ocorra, a apresentação defletida de 2° grau deve ser transitória, evoluindo para apresentação fletida ou defletida de 1 ° ou 3° graus; O parto é distócico na quase totalidade dos casos No exame vaginal, é possível sentir a sutura metópica (como linha de orientação) e a glabela ou raiz do nariz, que corresponde ao ponto de referência fetal; O diâmetro transverso é o bitemporal, que, por possuir medida pouco extensa, não contribui para possíveis dificuldades. Em relação aos planos de DeLee, a apresentação situa-se sempre em nível mais alto A apresentação cefálica defletida de 2° grau ou de fronte é a que oferece o maior diâmetro em direção ao canal de parto; Assim, o diâmetro occipitomentoniano, que mede 13 a 13,5 cm em um feto a termo, não é capaz de realizar a insinuação do polo cefálico; Caso ocorra essa insinuação, será em feto pequeno, macerado ou à custa de extensos mecanismos de moldagem cefálica. Para que se suceda a descida, uma série de teorias aventa a necessidade de desnivelamento do mento ou do occipício, já que esses se encontram no mesmo nível e perpendiculares ao eixo da bacia materna. Nessa eventualidade, é mais provável que a apresentação evolua para as formas fletida ou defletida de 3° grau do que para um mecanismo próprio dessa apresentação; A rotação é custosa e muitas vezes a cabeça fetal permanece em variedade transversa O hipomóclio é realizado locando-se a região da glabela ou raiz do nariz abaixo da sínfise púbica; Por mecanismos de flexão, desprendem-se os diâmetros subnasofrontal, subnasobregmático e subnaso-occipital; Apoiado o polo cefálico com a porção suboccipital na fúrcula vaginal, ocorre deflexão e desprende- se a porção restante da face. º Não se sabe ao certo a etiologia da ocorrência das apresentações de face, mas é possível que estejam relacionadas a fatores que predisponham à extensão e/ ou limitem a flexão cervical; Entre os fatores fetais estão hidrocefalia acentuada, tumores cervicais anteriores, excesso de líquido amniótico e rotura intempestiva das membranas ovulares. Dos fatores maternos já citados em outros graus de deflexão, a multiparidade é o mais importante, pois a flacidez da musculatura abdominal faz com que o dorso fetal fique pendente, o que predispõe à extensão cervical do feto Ao toque vaginal, reconhece-se a linha de orientação representada pela linha facial, na qual é possível sentir glabela, nariz, boca e mento - este é o ponto de referência fetal; No momento do diagnóstico, 60% das apresentações de face serão variedades mentoanteriores; 15%, mentotransversas; e 25%, mentoposteriores. No entanto, quase metade das ocorrências transversas e posteriores evoluirão para variedades anteriores; Conforme a evolução do trabalho de parto, forma-se uma bossa serossanguínea na face, podendo dificultar o diagnóstico diferencial com apresentação pélvica, contudo a pirâmide nasal nunca se infiltra, o que é útil para diferenciar do polo pélvico. A insinuação faz-se por um aumento da deflexão, pois inicialmente se apresenta em fase frontal de deflexão; O diâmetro anteroposterior que se oferece é o mentorretrobregmático; e o transverso, bimalar; Conforme a insinuação cefálica progride, a deflexãoaumenta e ocorre a substituição do diâmetro mentorretrobregmático pelo diâmetro submentobregmático, também chamado hiobregmático (9,5 cm); Em razão da menor extensão dos diâmetros insinuados, o parto nas apresentações de face costuma não apresentar dificuldades Os fenômenos plásticos do polo cefálico observados durante o mecanismo de parto são o cavalgamento ósseo e a bossa serossanguínea. O primeiro tem grande importância no processo de insinuação e descida, sobretudo nas apresentações defletidas de 1 ° e 2° graus, nas quais esse processo ocorre de forma acentuada. O segundo é consequente ao mecanismo de parto e tem valor no diagnóstico de parto distócico O cavalgamento ósseo tem por objetivo reduzir os diâmetros cefálicos, facilitando a adaptação e a descida da cabeça fetal pelo canal de parto; Ocorre por conta da grande plasticidade do polo cefálico, constituído por tábuas ósseas articuladas por suturas mais ou menos elásticas; Essas características conferem maleabilidade entre as partes ósseas do crânio, permitindo que uma porção se ajuste abaixo de outra, subtraindo a extensão das medidas cefálicas. Assim, observa-se mais frequentemente a locação dos ossos frontais e occipital sob os parietais e de um parietal sob o outro; Nos casos de malformações do crânio fetal, por exemplo, craniossinostose, a fusão precoce dos ossos leva à impossibilidade de ocorrência desse fenômeno, podendo impedir o parto vaginal A bossa serossanguínea consiste na transudação dos vasos presentes entre a derme e o periósteo do crânio ou da face fetal, com instalação de infiltração local decorrente da pressão negativa gerada no centro do canal vaginal; Para que essa pressão negativa possa interferir na filtração plasmática local, é preciso que a bolsa das águas esteja rota; Mesmo as bossas grandes não apresentam significado clínico na saúde do neonato, desaparecendo dentro de 24 a 48 horas após o parto; O diagnóstico diferencial é feito principalmente com o cefalematoma, que consiste na rotura de vasos e no extravasamento sanguíneo entre o periosteo e o osso craniano. O cefalematoma é decorrente, na maioria das vezes, de tocotraumatismos durante o parto. Em razão de sua localização, respeita os limites das suturas, que são regiões em que há fixação do periósteo à tábua óssea, diferentemente da bossa. O cefalematoma desaparece dentro de 1 a 2 meses A incidência de apresentação pélvica nas gestações a termo é de 3 a 4%; A frequência dessa apresentação é tanto maior quanto menor for a idade gestacional; Com 32 semanas de gestação, por exemplo, 16% dos fetos estarão em apresentação pélvica; A chance de ocorrer versão cefálica espontânea sempre existe, mas diminui com a idade gestacional, sendo equivalente a 25% a partir de 36 semanas; Diversos fatores contribuem com a versão cefálica espontânea ao longo do terceiro trimestre, a saber: desenvolvimento vertical do útero, ocorrência de contrações de Braxton Hicks, distensão progressiva do segmento inferior e aumento do tônus fetal; Existem três tipos de apresentações pélvicas que ocorrem nas seguintes frequências: o Apresentação pélvica completa: o feto permanece em atitude de flexão generalizada, com as coxas fletidas sobre o tronco e as pernas fletidas sobre as coxas (5 a 10% das apresentações pélvicas); o Apresentação pélvica no modo de nádegas ou agripina: o feto fica com as coxas fletidas sobre o tronco e as pernas estendidas, de tal forma que os pés se encontram próximos ao polo cefálico (50 a 70%); o Apresentação pélvica incompleta ou modo de joelho ou de pé: o feto apresenta uma ou ambas as coxas estendidas, de tal forma que permaneçam um ou ambos os joelhos ou pés no estreito superior (10 a 40% ). Ao diagnosticar a apresentação pélvica durante o processo de trabalho de parto, o obstetra se depara com duas preocupações: a existência de uma condição de base que predisponha a tal apresentação e evitar lesões durante o parto; Na admissão da gestante cujo feto está em apresentação pélvica, é mandatária a investigação da presença de fator predisponente para evitar complicações inerentes a esses fatores, sendo eles: o Malformações e anomalias de conformação da cavidade uterina (mioma, tumores etc.); o Inserção anômala de placenta (prévia ou cornual); o Multiparidade; o Polidrâmnio; o Malformação fetal (anencefalia, hidrocefalia ou teratoma sacrococcígeo); o Gestação múltipla; o Prematuridade; o Restrição do crescimento fetal; o Óbito fetal; o Cordão curto. A identificação de apresentação pélvica por meio de palpação abdominal pode ser difícil, necessitando de complementação ultrassonográfica para a confirmação diagnóstica; São achados de exame físico sugestivos de apresentação pélvica a escava ocupada incompletamente, palpação de polo cefálico no epigástrio materno e ausculta de foco cardíaco fetal acima da cicatriz umbilical; Eventualmente, o exame de toque vaginal pode revelar apresentação pélvica somente durante o trabalho de parto; O diagnóstico diferencial é feito com a apresentação cefálica defletida de 3º grau, pelas semelhanças entre as características das superfícies da face e das nádegas; Estudos recentes mostraram que a cesárea eletiva reduz significativamente a mortalidade perinatal, a mortalidade neonatal e a ocorrência de morbidades neonatais graves, mas, por outro lado, não se associa à mortalidade materna ou a morbidades maternas graves; A cesárea com data agendada reduz as chances de versão cefálica espontânea, que pode ocorrer inclusive após 40 semanas em até 20% dos casos; Para decisão pela via vaginal, recomenda-se que alguns cuidados sejam tomados no sentido de reduzir eventuais prejuízos, sendo que apenas 30% dos casos de apresentação pélvica cumprem os critérios para parto vaginal. Preconiza- -se, para isso, algumas regras descritas a seguir: o Ausência de contraindicação para parto vaginal; o Ausência de malformação fetal; o Peso do concepto: permite-se o parto de conceptos com peso estimado entre 2.500 e 3.499 g; o Idade gestacional maior que 36 semanas; o Avaliação da flexão e do volume do polo cefálico, utilizando-se ultrassonografia para medida dos diâmetros occipitofrontal e biparietal (ângulo de extensão do polo cefálico menor que 90°); o Avaliação da bacia com pelvimetria nas primíparas e avaliação do peso ao nascimento em gestações anteriores nas multíparas; o Apresentação pélvica completa ou de nádegas: as pélvicas incompletas oferecem diâmetros acentuadamente menores ao colo. O parto em apresentação pélvica é tido como o parto das dificuldades crescentes, porque os cintos de distocia, que vão sendo expulsos sucessivamente (cintura pélvica, cintura escapular e cabeça fetal), apresentam diâmetros cada vez maiores; Além disso, a cabeça fetal não sofre compressões por tempo suficiente para haver moldagem óssea. Por esse motivo, a versão cefálica externa pode ser uma solução para reduzir as taxas de parto vaginal pélvico ou de cesárea eletiva. Versão cefálica externa é uma manobra de modificação da , apresentação fetal córmica ou pélvica para cefálica. Apresenta sucesso em dois terços dos casos reduzindo aproximadamente pela metade o risco de parto cesáreo; Recomenda-se a realização da versão nos casos de apresentação pélvica próximo ou após o termo (36 a 37 semanas), podendo inclusive ser realizada no início do trabalho de parto; As contraindicações para a versão externa incluem: o Gestação múltipla; o Presença de oligoâmnio;o Alteração da vitalidade fetal; o Restrição do crescimento fetal; o Presença de placenta prévia; o Malformações uterinas. Podem ocorrer complicações durante o procedimento e, por isso, especial atenção deve ser oferecida aos quadros sugestivos de descolamento prematuro de placenta (DPP), sofrimento fetal, sangramento genital, compressão funicular, entre outros. Para evitar tais complicações, preconizam-se alguns cuidados a serem realizados antes e durante o procedimento: o Certificar-se da apresentação fetal antes do procedimento com auxílio de ultrassonografia; o Garantir a presença de bem-estar fetal com avaliação da vitalidade fetal pouco antes do início da manobra; o Localizar a inserção placentária, evitando sua manipulação; o Garantir que não há vício pélvico ou qualquer outra intercorrência que impeça o parto vaginal o Suspender o procedimento se a paciente se queixar de dor intensa ou sangramento genital ou se houver grande resistência; o Monitorizar o feto durante a manobra; o Realizar o procedimento em ambiente hospitalar capacitado para parto de urgência, se houver complicação. Não é necessário utilizar tocolíticos durante ou após a manobra. A técnica consiste em elevação delicada da apresentação (no caso, do polo pélvico) e apreensão dos dois polos, cada um com uma das mãos, reforçando a flexão cefálica. Desloca-se a pelve fetal para cima e a cabeça para baixo do abdome materno, suave e lentamente; Aguarda-se 1 a 2 horas para repetir a avaliação da vitalidade fetal após o procedimento e autoriza-se a alta hospitalar da paciente. Se realizada no início do trabalho de parto, recomenda-se a condução deste com amniotomia, se a altura da apresentação assim o permitir, facilitando o processo de insinuação do polo cefálico. O mecanismo das apresentações pélvicas em geral é o mesmo para os diferentes tipos, independentemente de ser a apresentação completa ou de nádegas; Os tempos do mecanismo de parto nessas apresentações diferem das apresentações cefálicas por conta da ordem de desprendimento das extremidades fetais; Assim, ocorrem insinuação, descida e rotação do polo pélvico, desprendimento das espáduas e desprendimento da cabeça; Durante a insinuação, o diâmetro bitrocantérico ocupa um dos oblíquos do estreito superior, enquanto o diâmetro sacrotibial (pélvicas completas) ou o sacropúbico (agripinas) ocupa o diâmetro oblíquo perpendicular. O ponto de referência é o sacro; e a linha de orientação, o sulco interglúteo. A rotação interna, em vez de levar a linha de orientação para o diâmetro anteroposterior do estreito inferior, como nas apresentações cefálicas, leva o bitrocantérico, que lhe é perpendicular; a rotação é sempre de 45°, já que nesses casos independe o lado para o qual o feto roda; Assim, o diâmetro bitrocantérico, que mede 12 cm, por aconchego dos tecidos moles chega a 9,5 cm, ocupando o diâmetro anteroposterior do estreito inferior da bacia materna. O hipomóclio é a região imediatamente acima da crista ilíaca. Desprende-se o quadril anterior seguido do posterior; Quando o parto é assistido, o diâmetro biacromial insinua-se em um dos diâmetros oblíquos, desce e roda 45 °, colocando-se em sentido anteroposterior e assim se desprendendo. Os braços desprendemse, em condições normais, junto ao tórax; Quando, no parto não assistido, deixa- se pender o tronco fetal por ação da gravidade, ocorre rotação e consequente desprendimento do diâmetro biacromial alinhado ao diâmetro transverso da bacia materna; A cabeça, quando tudo evolui normalmente, apresenta-se fletida. A rotação interna leva o suboccipício por baixo da pube, recalca o cóccix pela região frontal e desprende-se libertando, sucessivamente, mento, face e fronte. ➔ A assistência nesses moldes deve contar com a paciência do obstetra, que deve aguardar a sequência dos diversos tempos, evitando o instintivo desejo de tracionar o feto. Nas primíparas, recomenda-se fazer a episiotomia tardiamente. Se o polo pélvico chegar à vulva, não se tem necessariamente as condições para um parto vaginal, pois o colo poderá estar com dilatação menor que a total, o que ocorre mais frequentemente nas apresentações pélvicas incompletas. Como o períneo da primípara possui tensão, as contrações uterinas, ao imprimir o feto contra ele, garantem a dilatação total do colo. Na multípara, o períneo é flácido e não retém o feto dentro da pelve materna; Quando a cabeça se encontra fletida e os braços juntos ao tórax, o feto habitualmente nasce bem e não são necessárias manobras assistenciais. Se, acidentalmente, o colo da primípara não se dilatar integralmente, acaba por romper-se ao nível das comissuras, por ser muito fino; mas não leva à deflexão dos braços e do polo cefálico; A manobra recomendada para o sucesso da expulsão fetal é a de Thiessen, que consiste em impedir o desprendimento da pelve fetal por duas ou três contrações, pressionando- se o períneo. O aumento da pressão interna promove a dilatação completa da cérvix e a condensação do ovoide fetal. Com a realização em seguida da episiotomia, a expulsão do feto ocorre em bloco; A assistência ao parto pélvico tem por objetivo um parto eutócico, devendo- se indicar resolução por via alta diante da ocorrência de distocias, em razão da possibilidade de desproporção fetopélvica e do maior risco de desfechos perinatais desfavoráveis. A progressão do trabalho de parto deve ser monitorada e registrada na forma de partograma; Recomenda-se, ainda, monitorização dos batimentos cardíacos fetais. Analgesia, especialmente peridural ou de duplo bloqueio, é útil pois, além de prover melhora da dor, evita que a paciente faça movimentos involuntários de puxo antes da dilatação total, assim como facilita a eventual execução de manobras pelo obstetra. Preconizada por Bracht, em Berlim, no ano de 1935, a manobra que recebe seu nome consiste em atender ao parto em apresentação pélvica adotando uma atitude passiva, sem executar tração alguma, apenas orientando o feto, que é rebatido sobre o abdome da mãe; Evoluindo espontaneamente à medida que se sucedem as contrações, vai sendo expulso o polo pélvico, e, em seguida, as mãos do parteiro abarcam-no, com os quatro últimos dedos aplicados sobre a região sacrococcígea de cada lado da coluna vertebral, e os polegares mantendo as coxas aconchegadas. Respeitando a lordose natural do feto, sem tracioná-lo, soergue-se o feto em tom o do púbis da mãe. No momento oportuno, faz-se a alça no cordão. Por último, o feto é rebatido progressivamente sobre o abdome da mãe e a cabeça também se desprende de modo espontâneo Nas apresentações pélvicas de nádegas, orienta-se realizar a manobra de Pinard, que consiste na transformação desse tipo de apresentação em pélvica completa; Dessa forma, a, toma-se a perna fetal anterior, imprimindo os dedos indicador e médio na face posterior do joelho fetal e o polegar na face anterior da coxa; Comprime-se suavemente o cavo poplíteo, levando à flexão da perna e alcançando-se o pé; Repete-se a manobra para a perna posterior, com opção de torná-la anterior por rotação axial fetal. Se baseia em movimentos pendulares de abaixamento e elevação do corpo fetal, procurando fazer com que o ombro anterior se encaixe no subpúbis e, em seguida, desprenda com auxílio digital. O movimento seguinte, de elevação, toma possível a expulsão do ombro posterior. Caso o ombro anterior se apresente impactado, orienta-se emprimeiro lugar iniciar a manobra com a tentativa de exteriorização do ombro posterior. Consiste na transformação da espádua posterior em anterior, por meio de tração, rotação axial e translação fetal. Ao realizar tal movimento, o braço posterior flexiona-se pela face anterior do tronco do feto, desprendendo-se no subpúbis. Durante a manobra, o obstetra deve fixar as mãos na pelve do feto, girando-o no sentido do dorso (dorso para face materna anterior) com um movimento helicoidal, formando um arco de 180º. A seguir, repete-se o movimento no outro sentido, para que se desprenda o outro ombro, agora posterior (previamente anterior). A manobra de Pajot está indicada nos casos em que não houve apenas deflexão dos braços, mas também o deslocamento destes para a face anterior ou posterior da cabeça fetal. Apreende-se o braço anterior com os dedos médio e indicador na face externa e o polegar no cavo axilar, realizando movimento de flexão do cotovelo e descida do braço pela região anterior da face e do tronco fetal. Se o braço anterior não for acessível, recomenda-se tornar o braço posterior em anterior, girando o dorso por trás, para evitar que o braço anterior passe para trás da cabeça fetal ("braço nucal"). As espáduas costumam desprender-se com facilidade no parto pélvico se for mantida a posição fisiológica de flexão. A deflexão das espáduas ocorre quase sempre pela tração do feto por manobra intempestiva. As dificuldades de extração da cabeça derradeira podem ocorrer por causa da não insinuação do polo cefálico ou, quando a insinuação acontece, do encravamento da cabeça nas partes moles ou estreitos médio e inferior. O desprendimento cefálico é o tempo mais difícil e arriscado do mecanismo do parto pélvico, por ser causa frequente de asfixia perinatal nessas apresentações. A manobra mais utilizada nesse tempo é a de Bracht, mas quando não há sucesso, pode-se lançar mão de outras manobras A manobra de Liverpool consiste em manter pendente o corpo fetal por 20 segundos, até que o polo cefálico desça e seja possível visualizar a raiz da nuca. Em seguida, segurando o feto pelos pés, eleva-se e traciona-se suavemente o corpo fetal, direcionando-o para o ventre materno, com consequente desprendimento cefálico; A manobra de McRoberts, também muito utilizada para distocia de biacromial, consiste na hiperflexão da coxa materna para aumentar a amplitude dos estreitos médio e inferior da bacia. A manobra de Mauriceau consiste em apreender o corpo fetal com uma das mãos sobre o dorso e os dedos indicador e médio em torno da região cervical. A outra mão deve segurá-lo pelo ventre, com os dedos indicador e médio locados no interior da boca fetal, mais propriamente na base da língua; Por meio de movimento de tração delicada, flexiona-se o tronco do feto para baixo e traz-se o mento de encontro ao esterno. Ao se visualizar a raiz do couro cabeludo, levanta-se o corpo do feto em direção ao ventre materno para que ocorra desprendimento cefálico. É indicada para casos em que o polo cefálico ultrapassou o estreito superior. São necessários dois auxiliares para realizá-la, além do obstetra; O primeiro auxiliar imprimirá compressão abdominal suprapúbica, no sentido do estreito inferior; o segundo auxiliar segurará o feto pelos pés, exercendo leve tração; e o obstetra operador apreende o feto, como na manobra de Mauriceau, mantendo a flexão do polo cefálico; A seguir, o segundo auxiliar eleva o corpo do feto, direcionando sua face lateral para o ventre materno, enquanto o operador imprime pressão na base lateral do crânio do concepto de baixo para cima, de tal forma que ocorra assinclitismo posterior, com encaixamento do parietal posterior na porção côncava da curvatura do sacro; Repete-se a manobra com abaixamento do corpo fetal e pressão na base do crânio de cima para baixo, para haver deslocamento do parietal anterior para o subpúbis. Nas rotações posteriores, o desprendimento da cabeça derradeira só irá ocorrer por meio de manobras; Inicialmente, orienta-se tentativa de realizar a manobra de Mauriceau invertida; Caso não surta efeito, indica-se a manobra de Praga invertida, na qual se eleva o feto pelos pés, apreendem-se os ombros pelo dorso e exerce-se tração para a frente até o desprendimento cefálico; Na ausência de êxito com as manobras de desprendimento da cabeça derradeira, recomenda-se a tentativa de aplicação do fórcipe de Piper As apresentações córmicas derivam de situação transversa, em que o maior eixo fetal é perpendicular ao maior eixo materno. Suas variações são determinadas de acordo com a face materna para a qual o dorso fetal se direciona. Assim, reconhecem-se as variedades de posição dorsoanterior, posterior, superior e inferior. A incidência das apresentações córmicas é baixa, em torno de 0,3%, sendo ainda mais raras as variedades dorsossuperior e inferior; Assim como as apresentações pélvicas, são mais frequentes quanto menor for a idade gestacional, por causa da maior proporção entre a capacidade uterina e o líquido amniótico, quando comparados ao volume fetal. O parto vaginal é impossível, salvo em situações nas quais o feto é muito pequeno; Os fatores predisponentes envolvidos na etiologia da apresentação córmica são os mesmos que levam à apresentação pélvica, sendo os de maior prevalência a multiparidade, a prematuridade e a rotura prematura de membranas ovulares; Em virtude da conformação da cavidade uterina e da posição do corpo fetal, a presença de pequenas partes fetais no colo uterino e, por vezes, na vagina, é comum, configurando a procidência de membro; O prolapso de cordão é acidente frequente, já que a parte fetal apresentada não ocupa todo o estreito superior. Da mesma forma, a rotura prematura de membranas ovulares ocorre proporcionalmente mais vezes; No exame interno, com colo uterino pérvio, é possível tocar o gradeado costal e uma das espáduas fetais. A palpação abdominal, observa-se, na gestante a termo, os polos pélvico e cefálico paralelos e situados um em cada fossa ilíaca Na Clínica Obstétrica do HC-FMUSP, adota-se a nomenclatura criada por Briquet, que classifica as variedades de posição das apresentações córmicas com três letras, relacionadas apenas a referências fetais. A primeira letra é sempre A, de acrômio; A segunda relaciona-se ao lado do acrômio fetal que ocupa o estreito superior (D, de direito; E, de esquerdo); e A terceira refere-se à orientação do dorso (A, de anterior, e P, de posterior). A variedade ADA, por exemplo, significa que o acrômio direito do feto ocupa a escava e que o dorso se direciona para a frente. O parto nas apresentações córmicas são inerentemente distócico. É impossível ocorrer a passagem do feto pelo canal de parto nos casos de gestação a termo, ainda que morto; O mecanismo de parto é descrito por alguns autores, baseado em casos de óbito de fetos muito pequenos. A insinuação é realizada por uma das espáduas, seguida do tronco fetal que se dobra. Pode ocorrer flexão do tronco em diferentes regiões, com descida e desprendimento que se inicia próximo à pelve fetal ou ao polo cefálico. Se o desprendimento se iniciar pela espádua insinuada, com liberação do tronco e da cabeça fetais sincronicamente, denomina-se conduplicato corpore. Na maior parte das vezes, no entanto, ocorre encravamento fetal Os riscos que advêm da escolha pela via vaginal são grandes, mesmo em casos de fetos pequenos. Se o feto já não estivermorto, o óbito é inexorável. Entre outras complicações associadas a esse tipo de parto estão: o prolapso de cordão; o asfixia neonatal; o hipertonia, atonia e rotura uterina; o endometrite; o e óbito materno; Em feto vivo, a indicação de cesárea é mandatária como via de parto. A versão pélvica interna em trabalho de parto reserva- se para feto morto. Preconiza-se a incisão segmentar transversa no útero e a extração pélvica do concepto. A via vaginal com embriotomia, nos casos de óbito fetal, já não é mais utilizada atualmente.
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