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ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA EIXO ORALIDADE

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ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: EIXO ORALIDADE
Laisa Barreto Ferreira
A linguista Irandé Antunes, em seu livro “Aula de português: encontro & interação, publicado em 2003, evidencia que as atividades em torno da oralidade ainda estão sendo aplicada no ensino fundamental com “uma quase omissão de fala como objeto de exploração no trabalho escolar; essa omissão pode ter como explicação a crença ingênua de que os usos orais da língua estão ligados à vida de todos nós que nem precisam ser matéria de sala de aula”. (Marcushu, 2001:19).
 A oralidade é vista como uma equivocada visão de fala, como o lugar privilegiado para a violação das regras da gramática. Na sala de aula, os professores não identificam os alunos como falantes de culturas diferentes que devem ser estimulados a elaborar textos, desconstruindo a ideia de que todo erro na língua acontece na fala e que é permitido, distanciando a fala das prescrições gramaticais. Tratar a oralidade como gênero informal, impossibilita o conhecimento 
em sala de aula, os padrões gerais da conversação, a realização dos gêneros orais da comunicação pública, que pedem registros mais formais, como escolhas lexicais mais especializadas e padrões textuais mais rígidos, além do atendimento a certas conversações sócias exigidas pelas situações de “falar em público (Antunes, 2003, p.102).
 O desafio é desfazer o mito de que a escrita é superior a fala, deve-se estabelecer igualdade entre a oralidade e a escrita. O importante é deixar claro, que a coesão e a coerência são identificadas a partir do entendimento da comunicação. O aluno deve ser capaz de identificar na sua comunicação a coesão e coerência para que aprenda a produzir textos.
O fato é que ao ingressarem na escola, os alunos já dispõem de competência discursiva e linguística para comunicar-se em interações que envolvem relações sociais de seu dia-a-dia. Porém, nas inúmeras situações sociais do exercício da cidadania que se colocam fora dos muros da escola como a busca de serviços, as tarefas profissionais, os encontros institucionalizados, a defesa de seus direitos e opiniões os alunos serão avaliados (em outros termos, aceitos ou discriminados) à medida que forem capazes de responder a diferentes exigências de fala e de adequação às características próprias de diferentes gêneros do oral.
Assim, ensinar língua oral não significa trabalhar a capacidade de falar em geral. A escola precisa propor situações didáticas nas quais essas atividades façam sentido de fato. Ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral para desenvolver o domínio dos gêneros que apoiam a aprendizagem escolar de Língua Portuguesa e de outras áreas (exposição, relatório de experiência, entrevista, debate etc.) e, também, os gêneros da vida pública no sentido mais amplo do termo (debate, teatro, palestra, entrevista etc.). 
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro&interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf
FÁVERO, Leonor Lopes; ANDRADE Maria Lúcia C.V. O; AQUINO, Zilda G.O Oralidade e escrita: perspectiva para o ensino de língua materna. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2005.
GERALDI, João Wanderley. Linguagem e Ensino: exercício de militância e divulgação. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras: associação de Leitura do Brasil, 1996.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para escrita: atividades de retextualização. 4 ed. São Paulo: Cortez,2003.

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