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Medicina | Larissa Marzagão Ferreira Nefrite lúpica Cerca de 74% dos pacientes com LES irão ser acometidos em algum momento da evolução da doença e é um indicativo de pior prognóstico. Essa patologia renal ocorre por depósito de imunocomplexos circulantes ou formação local desses complexos nos glomérulos levando à ativação do complemento e subsequentemente recrutamento de células inflamatórias. Há também necrose e formação de cicatrizes nos glomérulos. Classificação Feita de acordo com elementos primariamente acometidos, ou seja, os glomérulos, os túbulos e/ou interstício e os vasos sanguíneos, e mediante biópsia renal. Classe I: raramente diagnosticada, pois os pacientes apresentam exames de urina normais. Classe II: a microscopia óptica caracteriza-se por hipercelularidade mesangial discreta ou moderada ou por extensão da matriz mesangial. A clinica inclui hematúria e/ou proteinúria discreta. Evolução normalmente benigna. Classe III: acometimento de pelo menos 50% dos glomérulos pela microscopia óptica. O quadro clínico é caracterizado por hematúria recorrente e proteinúria leve a moderada.. A evolução pode ser favorável ou evoluir para a forma mais grave, como a glomerulonefrite difusa. Classe IV: forma mais comum e mais grave. É definida histologicamente pelo acometimento de mais de 50% dos glomérulos pela microscopia óptica. • Síndrome nefrótica: hematúria macro ou microscópica, proteinúria, além de cilindrúria hemática e celular. A maioria dos pacientes evoluem com hipertensão arterial e insuficiência renal (quando não tratados em tempo hábil). • Insuficiência renal: hipocomplementemia significativa (redução de C3 principalmente) e níveis séricos elevados do anticorpo anti-DNA. . Classe V: espessamento difuso da parede capilar glomerular à microscopia óptica e pela presença de depósitos imunes subepiteliais tanto global quanto segmentar à microscopia eletrônica e imunofluorescência. A clínica inclui e proteinúria nefrótica (>3,5 g/24 h), hipoproteinemia, especialmente hipoalbuminemia (albumina <3g/24h), edema e hiperlipidemia = síndrome nefrótica. Pode haver também hematúria microscópica, hipertensão arterial e função renal normal ou levemente alterada. Classe VI: definida histologicamente por esclerose global em mais de 90% dos glomérulos. Os pacientes evoluem com insuficiência renal progressiva com proteinúria e com poucas alterações do sedimento urinário. Sem benefícios com terapia imunossupressora. Diagnóstico Feito por biópsia renal, porém na prática nem sempre pode ser realizada. Para os pacientes não submetidos à biópsia renal, e para todos ao longo da evolução, usam-se marcadores clínicos e laboratoriais que auxiliam a caracterizar a gravidade e atividade da glomerulonefrite e orientam o uso dos agentes imunomoduladores e/ou imunossupressores. Indicações para biópsia renal: - Elevação da creatinina sérica sem causa aparente e potencialmente associada ao LES (piora da função renal). - Proteinúria isolada > ou = 1g/24h. - Proteinúria > ou = 0,5g/24h associada à hematúria dismórfica glomerular e/ou cilindros celulares. Medicina | Larissa Marzagão Ferreira Tratamento Dividido em fases de indução e de manutenção, mais direcionado para pacientes classes III, IV ou V. → Classes I ou II: conduta expectante ou indução e manutenção com azatiopina ou micofenolato de mofetila se houver proteinúria persistente > ou = 1g/24h. → Classe VI: sem benefício de terapêutica medicamentosa. → Classes III, IV e V: Fase de indução: duração de 3 meses a 1 ano, média de 6 meses. • Doença renal ativa com IR e manifestações extrarrenais importantes: tratamento inicial com pulsoterapia de metilprednisolona 0,5 a 1g por 3 dias para induzir um rápida melhora. • Função renal normal: prednisona 0,5 a 1 mg/kg/dia por um período de 6 a 8 semanas, seguindo-se sua redução progressiva até 0,25 mg/kg/dia. • As diretrizes americana e europeia ainda recomendam a associação dos corticosteroides com a ciclofosfamida ou micofenolato mofetil durante o tratamento de indução Fase de manutenção: tratamento com imunossupressores menos tóxicos por um período mais prolongado (pelo menos de 18 a 24 meses) com o objetivo de reduzir a frequência de recidivas.
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