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2 Lúpus Eritematoso Sistêmico

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FMUSP (2021) – Mulher de 27 anos de idade está em acompanhamento em ambulatório de serviço de referência por lúpus eritematoso 
sistêmico diagnosticado há 2 anos. Comparece em consulta queixando-se de edema progressivo de membros inferiores, urina 
espumosa e redução progressiva do volume urinário há 20 dias. Atualmente está em uso de prednisona 10 mg/dia e Azatioprina 150 
mg/dia. No exame clínico, PA 150x90 mmHg, FC 100 bpm, FR 20 ipm, Temperatura axilar 36,5°C. Edema depressível de membros 
inferiores 2+/4+, edema de face +/4+. Não há outras alterações no restante do exame clínico. Considerando o quadro atual da paciente, 
qual das alternativas abaixo traz associações compatíveis entre a classificação da doença e os achados histológicos e laboratoriais? 
 
 Classificação Achados histológicos e laboratoriais 
(A) Proliferativa difusa 70% de glomérulos acometidos por proliferação celular na microscopia ótica; redução do C3 sérico, 
proteinúria > 3g/dia 
(B) Proliferativa focal 30% de glomérulos acometidos por proliferação celular na microscopia ótica; aumento do C3 
sérico, hematúria e proteinúria entre 1 e 3 g/dia 
(C) Membranosa Espessamento da cápsula de Bowman, cilindros hemáticos numerosos, proteinúria entre 1 e 3 
g/dia 
(D) Proliferativa mesangial Expansão da matriz mesangial, insuficiência renal rapidamente progressiva, proteinúria > 3g/dia 
 
Dx: LES – nefrite lúpica. 
 
O acometimento renal no LES se dá pela presença de: 
▪ Proteinúria de 24 horas ≥ 500 mg (ou relação proteína/creatinina na urina ≥ 0,5); ou 
▪ Cilindros hemáticos na urina. 
 
A nefrite lúpica se caracteriza por diversas formas de acometimento renal, sendo os glomérulos os segmentos dos néfrons mais 
afetados. Representa uma das manifestações mais graves do LES. 
Os pacientes com LES podem apresentar diversas outras alterações renais não relacionadas com a nefrite lúpica, como microangiopatia 
trombótica, amiloidose, nefrite túbulo-intersticial mediada por IC, doenças infecciosas túbulo-intersticiais ascendentes, infecções renais 
oportunistas e lesões induzidas por drogas nefrotóxicas. 
 
Classificação histopatológica da nefrite lúpica (ISN/RPS 2003-2018): (+ laboratoriais) 
Classe I – mesangial mínima: deposição de complexos imunes no tecido mesangial detectáveis por técnicas de IF. 
Classe II – mesangial proliferativa: deposição de complexos imunes no tecido mesangial detectáveis por IF. Hipercelularidade mesangial 
de qualquer ordem ou expansão da matriz mesangial com imunodeposição detectável por MO. Caracterizada por hematúria e proteinúria 
discreta (1 a 1,5 g em 24 h). Com função renal preservada e na ausência de hipertensão arterial. 
Classe III – proliferativa focal: glomerulonefrite endo/extracapilar, focal ativa ou inativa, segmentar ou global, que acometa <50% do 
tecido glomerular. Pode apresentar lesões ativas, inativas crônicas acompanhadas de cicatrizes glomerulares ou ambas. Caracterizada 
por hematúria, proteinúria (por vezes nefrótica), cilindrúria, hipertensão arterial e discreta perda da função renal. 
Classe IV – proliferativa segmentar difusa ou global difusa: glomerulonefrite endo/extracapilar, difusa ativa ou inata, segmentar difusa 
que acometa ≥50% do tecido glomerular, ou global difusa, quando houver lesões globais ≥50% do tecido glomerular. Pode apresentar 
lesões ativas, crônicas ou ambas. Ocorre consumo do complemento, ativando a via clássica, levando à redução de C3, além disso, 
apresenta FAN positivo. É a classe mais severa e comum. Caracterizada por uma combinação de sedimentos nefríticos e nefróticos, 
com proteinúria e hematúria significativas, a insuficiência renal é marcante. 
Classe V – membranosa: deposição imune subeptelial segmentar/global ou suas sequelas morfológicas, com ou sem alterações 
mesangiais, ocorre espessamento da membrana basal glomerular e desestabilização dos podócitos. Detectável por MO, IF e ME. Pode 
correr em combinação com as classes III ou IV e pode apresentar esclerose avançada. Caracterizada por síndrome nefrótica. 
Classe VI – esclerótica avançada: nefrite lúpica terminal. 90% em glomeruloesclerose global. 
 
Associar: avaliação vascular em busca de indícios de síndrome antifosfolípide (SAF). 
 
 
 
 
 
Resposta correta: A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referência: 
HC FMUSP. Clínica Médica, Volume 5: Doenças Endócrinas e Metabólicas, Doenças Osteometabólicas, Doenças Reumatológicas. Barueri, SP: 
Editora Manole, 2016. 
PINHEIRO, S. V. B.; DIAS, R. F.; FABIANO, R. C. G.; ARAUJO, S. A.; SILVA, A. C. S. Nefrite lúpica em pediatria. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 
41, n. 2, p. 252-265, 2019.

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