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DIREITO DO CONSUMIDOR - Serviços Públicos

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ANA CAROLINA SANTOS GOMES 
A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO EM CONSONÂNCIA COM O CDC E A (IM)POSSIBILIDADE DE INTERRUPÇÃO DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS
VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
2021
1. INTRODUÇÃO
A estrutura do Estado se consolida de acordo com a sociedade e período por esta experimentado. O Estado Social pretende garantir as liberdades individuais, intervindo, de forma que o conjunto da população tenha acesso a uma série de serviços sociais, especialmente aqueles relacionados à educação, saúde e habitação. 
 A Constituição Federal fixa os objetivos fundamentais a serem atendidos pela República Federativa do Brasil e disciplina os serviços públicos, distribuindo entre os entes da Federação a competência sobre estes serviços. 
Assim também, o Código de Defesa do Consumidor, através da Lei Federal nº 8.078/90 surge neste contexto, para garantir a defesa daqueles que são os destinatários desses serviços, prevendo no artigo 3º a responsabilidade do Poder Público como fornecedor de serviços.
2. DESENVOLVIMENTO
A fim de suprir a qualidade daquilo que se considera essencial à sociedade, foram instituídos os serviços públicos, que, segundo o entendimento de Carvalho Filho (2018, p.400) são “toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade”.
 Essa atividade está prevista no Código de Defesa do Consumidor como um direito básico do consumidor, sendo evidenciados pelo dispositivo no artigo 5°, X, c/c com o art. 22, que determinam a eficaz e adequada prestação dos serviços públicos, atribuída aos órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, como obrigados a fornecer os serviços de maneira adequada, eficiente, segura, e ressalvando, quanto aos essenciais, dever de serem contínuos.
Dessa maneira, como já supracitado, todos os serviços públicos são essenciais por serem necessários. Assim, ao analisar o dispositivo, a separação dos serviços se dá observando dois critérios: O caráter não essencial de alguns serviços e o Aspecto de urgência. 
Os serviços não essenciais são aqueles assim considerados por sua própria natureza, ou determinados por lei, a exemplo dos serviços de ordem burocrática, que por exemplo, não se revestem de essencialidade, esses são serviços cuja prestação pode ser interrompida ou adiada. Já aqueles que quando não atendidos, colocam em perigo iminente a sobrevivência ou os que segundo os princípios constitucionais atingem a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), a garantia à segurança e à vida (caput do art. 5º), que tem de ser sadia e de qualidade, em função da garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado (caput do art. 225) e da qual decorre o direito necessário à saúde (caput do art. 6º) são por sua natureza indispensáveis.
Quanto a urgência dos serviços essenciais, esses estão elencados na Lei de Greve nº 7.783, de 28 de junho de 1989, que em seu artigo 10 que dispõe da seguinte redação:
São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - Tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
II - Assistência médica e hospitalar;
III - Distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV - Funerários;
V - Transporte coletivo;
VI - Captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - Telecomunicações;
VIII - Guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
IX - Processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X - Controle de tráfego aéreo;
XI - Compensação bancária.
Assim, determinados os serviços essenciais, podem ser classificados quanto aos destinatários, a forma de prestação e a remuneração. Quanto aos destinatários, podem os serviços serem prestados de forma individualizada (uit singuli) ou prestado a toda coletividade (uti universis). Quanto a forma, podem ser prestados pelo Estado de forma direta ou indiretamente por meio de delegação a terceiros (concessão, autorização e permissão de serviços públicos). E quanto a remuneração, são remunerados por meio de taxas (tributos) quando oferecidos a coletividade e remunerados por sua vez por meio de tarifas quando se tratar dos serviços prestados de forma indireta e individualizada. 
Ao firmar o Código de Defesa do Consumidor que os serviços públicos essenciais estão ligados ao principio da continuidade, ou seja, que esses derivam da indisponibilidade dos interesses públicos e da obrigatoriedade do Estado prestar os serviços essenciais à sociedade, ele não se preocupou em especificar nenhuma dessas características citadas, o que ensejou sobre a doutrina grandes divergências.
De forma que, para grande parte da doutrina, aos serviços de caráter uti universis não há incidência do CDC, levando se em conta principalmente a razão da sua forma de remuneração se dá por meio de tributos, assim essas relações seriam regidos pelas normas do Direto Público, conforme também é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. 
A doutrina também diverge acerca dos serviços uti singuli e a aplicação do Código do Consumidor, pois do mesmo modo, aqueles que por meio de delegação prestam serviços públicos se encontrariam numa relação tríplice que se difere da relação habitual regulada pelo direito privado, de forma que, elas devem ser regidas pelas normas do direito público, havendo incidência da Lei 8.987/95.
Todavia, considerando o fato de que a remuneração desses serviços é dada através de tarifas e de forma que esses serviços são facultativos e divisíveis aos usuários, se considera uma relação de consumo, aplicando-se assim o Código de Defesa do Consumidor. 
Nesse sentido acentua Genoso (2011, p.40):
"Aplicam-se as normas do CDC aos serviços públicos executados mediante o regime de concessão, cabendo ao interprete potencializar a utilização das normas do Código em conjunto com as regras protetivas do consumidor, existentes nas leis específicas que regulam cada um dos serviços" (conclusão n. 2 do V Congresso Brasileiro de Defesa do Consumidor, BH, 2000 )
Nesse viés, também se pronunciou o Tribunal Superior de Justiça no Recurso Especial n° 183812/SP do Ministro Relator Mauro Campbell Marques na decisão que diz: “É de pacifico entendimento no Superior Tribunal de Justiça no sentido de que os serviços públicos prestados por concessionárias, como no caso dos autos, são regidos pelo Código de Defesa do Consumidor.”
Portanto, a continuidade não possui caráter absoluto, mas traz inúmeras divergências doutrinárias, que ainda hoje vem sendo discutidas, existindo situações em que mesmo nos casos dos serviços prestados por concessionárias é possível a paralisação temporária dos serviços públicos. A dizer, a Lei 8.987/95 prescreve que não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou, após prévio aviso, quando: motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações ou por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. 
Assim, há o entendimento pela possibilidade jurídica de interrupção do serviço púbico, com fundamento no caput do art. 22 por entender que o sentido de continuidade, conforme sustentado por Zelmo Denari é de que:
 “não podem deixar de ser ofertados a todos os usuários, vale dizer, prestados no interesse coletivo. Ao revés, quando estiverem em causa interesses individuais, de determinado usuário, a oferta de serviço pode sofrer solução de continuidade, se não forem observadas as normas administrativas que regem a espécie", (apud HARD, 2017)
O serviço público possui, portanto, uma natureza institucional, ou seja, a concessão de serviço público é um instrumento de agregação de sujeitos para ampliar os esforços necessários à concretização de um fim de grande relevância. Este fim pretendido nada mais é que a prestação das utilidades necessárias à satisfação de um direito fundamental. 
Com efeito, vê-se que a atividade de serviço públicoé um meio de realizar fins indisponíveis para a comunidade. Como os direitos fundamentais não podem deixar de ser realizados, nota-se que devem ser norteados pelo regimento direto público.
Diante disso, observamos a ligação entre o serviços públicos e o Código de Defesa do Consumidor, com a chegada da concorrência na prestação de serviços públicos, que fez com que estes passassem a ser atividades total ou parcialmente regidas pelo mercado, sendo necessária, consequentemente, a aplicação, pelo menos em parte, do Direito do Consumidor, que constitui assim um dos pilares da disciplina jurídica do mercado.
3. CONCLUSÃO
 Os serviços públicos são instituto jurídico regido por normas e princípios que visam estabelecer direitos e obrigações tanto ao usuário como ao prestador, visando proteger consumidor de modo geral e manter a qualidade e eficiência na prestação do serviço à coletividade.
Assim, conclui-se que, o princípio da continuidade refere-se à disponibilidade do serviço no mercado in abstrato, não abarcando as contratações individuais e as peculiaridades contratuais da prestação de cada serviço pelo usuário. A obrigação constitucional do Estado fornecer os serviços essenciais e que estes sejam contínuos, tem caráter geral e deve ser avaliado em cada caso concreto. 
Após todo o apresentado, evidencia-se a relevância do tema diante da relação existente entre o princípio da continuidade da prestação do serviço público com o princípio da dignidade da pessoa humana. Visto que tais serviços são imprescindíveis para a consecução de atividades básicas e fundamentais na vida do consumidor-usuário e abrangem, desta forma, todas as esferas sociais. Posto que, a manutenção da saúde e da qualidade de vida está ligada ao fornecimento efetivo e contínuo de serviços públicos essenciais.
Contudo, pode haver a relativização do princípio da continuidade frente ao inadimplemento do consumidor-usuário, e esta deve ser feita a partir da observância dos princípios da ponderação e da razoabilidade frente à realidade social em que se insere o consumidor-cidadão devedor.
Salienta-se que o princípio da continuidade deve imperar ainda que haja a inadimplência do consumidor se este não tiver formas de quitar sua dívida, ou seja, se sua realidade social for precária ao ponto de não poder satisfazer suas responsabilidades financeiras com o Estado. Posto que é dever da Administração zelar pelo bem-estar social, e como se trata de serviços públicos, estes devem ser fornecidos a todos.
Entretanto, não se pode admitir que o consumidor-cidadão imbuído de má-fé seja beneficiado pelo princípio da continuidade. Dessa forma, acredita-se que o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais poderá ser efetivado caso o não pagamento da contraprestação se dê por motivo alheio a necessidade e tenha respaldo na pretensão dolosa do consumidor. Pois, acredita-se que se tal postura não fosse tomada, poder-se-ia incentivar o não pagamento das tarifas por outros indivíduos os quais se sentiriam resguardados pelo excesso de tutela oferecida pelo princípio em tela. 
Portanto, não se pode admitir que o princípio da continuidade seja relativizado em qualquer situação. Mister é a observação do caso concreto para a aplicação ou não deste meio de proteção à dignidade da pessoa humana. Não se pode considerar como razoável a interrupção do fornecimento do serviço público essencial àqueles que são desprovidos de meios econômicos para remunerá-los, nem se deve proteger a conduta dolosa do consumidor inadimplente, sob possibilidade de estimular o não pagamento das tarifas por outros indivíduos.
É bom esclarecer também, que nem todo serviço público é essencial. Há serviços públicos que são burocráticos, envolvendo basicamente o funcionamento da máquina estatal. É o caso do fornecimento de certidões, alvarás e outros, emitidos por repartições públicas e órgãos de fiscalização. 
Além disso nem toda prestação de serviço público se caracteriza como relação de consumo e, por isso, há aqueles que não se sujeitam às normas do Código de Defesa do Consumidor. Neste exemplo estão os serviços judiciários e de segurança pública, que são prestados diretamente pelo Estado, através de seus agentes, não havendo, portanto, uma relação de consumo, pois não há um consumidor propriamente dito, mas sim um contribuinte que usufrui de um serviço mantido pelos cofres públicos, com as receitas obtidas mediante a arrecadação de tributos.
4. REFERÊNCIAS
Nunes, Rizzatto Curso de direito do consumidor / Rizzatto Nunes. – 12. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018. http://solicitacao.com.br/files/conteudo/48/curso-de-direito-do-consumidor---rizzatto-nunes---2018.pdf
SERVIÇOS PÚBLICOS DOMITILA DUARTE ALVES, https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_servicos_publicos.pdf
Manual de direito administrativo / José dos Santos Carvalho Filho. – 32. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2018. https://forumdeconcursos.com/wp-content/uploads/wpforo/attachments/2/1719-Manual-de-Direito-Administrativo-Jos-dos-Santos-Carvalho-Filho-2018.pdf
A continuidade dos serviços públicos essenciais e a possibilidade de corte por falta de pagamento Kérollyn Michelle Marques https://jus.com.br/artigos/50574/a-continuidade-dos-servicos-publicos-essenciais-e-a-possibilidade-de-corte-por-falta-de-pagamento
Princípio da continuidade do serviço público Caio César Soares Ribeiro PatriotaPublicado em 02/2017.https://jus.com.br/artigos/56087/principio-da-continuidade-do-servico-publico
GENOSO, Gianfrancesco,O Principio da Continuidade dos serviços públicos, 2011, USP, São Paulo https://teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-26032012-112515/publico/Gianfrancesco_Genoso.pdf
HOUAT HARB, Karina. Princípio da continuidade do serviço público e interrupção, edição 1, 2017 https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/87/edicao-1/principio-da-continuidade-do-servico-publico-e-interrupcao
A suspensão do fornecimento de serviço público essencial por inadimplemento do consumidor-usuário à luz do princípio da continuidade https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-107/a-suspensao-do-fornecimento-de-servico-publico-essencial-por-inadimplemento-do-consumidor-usuario-a-luz-do-principio-da-continuidade/
SCARIOT, Marcos Alan. Relação entre os serviços públicos concedidos e o Direito do Consumidor https://jus.com.br/artigos/21682/relacao-entre-os-servicos-publicos-concedidos-e-o-direito-do-consumidor/2

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