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Faculdade de Minas 1 TEORIA DA APRENDIZAGEM Faculdade de Minas 2 Sumário 1 Introdução .................................................................................................. 4 2 Processo de Construção do Conhecimento e Desenvolvimento Mental do Indíviduo ................................................................................................................... 5 3 O que são teorias de aprendizagem ........................................................ 11 3.1 Aprendizagem ................................................................................... 11 3.2 Comportamentalismo ou behaviorismo: PAVLOV e SKINNER ......... 12 3.3 Teoria de aprendizagem social: BANDURA ...................................... 14 3.4 Cognitivismo: PIAGET ....................................................................... 14 3.5 Teoria sociointeracionista: VYGOTSKY ............................................ 17 3.6 Aprendizagem significativa: AUSEBEL ............................................. 18 4 As Políticas Educacionais e as Práticas Pedagógicas ............................. 20 5 Praticas Pedagógicas Eficientes .............................................................. 23 5.1 Trabalhos coletivos ........................................................................... 23 5.2 Educação voltada para o futuro......................................................... 24 5.3 Descolonização da educação............................................................ 25 Referências ................................................................................................... 25 Faculdade de Minas 3 FACULESTE A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. Faculdade de Minas 4 1 Introdução Para os seres humanos se desenvolverem é necessário aprender coisas novas a todo o momento. Sejam habilidades motoras, idiomas ou cálculos matemáticos: todos possuem seus próprios métodos para processar a informação transformá-la em conhecimento. Investigar, analisar e sistematizar estes métodos é a tarefa da área da psicologia denominada psicologia da educação. Esta área é a responsável por pesquisar sobre as teorias da aprendizagem, que abordam a desenvolvimento cognitivo humano por diferentes pontos de vista. O indivíduo sofre, durante toda a sua vida, a influência dos agentes externos de natureza física e social. Esses agentes atuam sobre o seu organismo e sobre o seu espírito, estimulando suas capacidades e aptidões e promovendo o seu desenvolvimento físico e mental. O processo para uma aprendizagem eficaz depende de inúmeros fatores, dentre os quais, os mais prementes são: o talento do professor, o tipo intelectual do aluno, as Faculdade de Minas 5 oportunidades oferecidas pelo ambiente imediato da escola, perspectivas futuras de vida do aluno. A escola não pode mais ser considerada como uma simples máquina de alfabetização. Sua função não se restringe mais, como antigamente, à modesta tarefa de ensinar, sua tarefa é mais ampla e profunda, ou seja, deve levar o nosso aluno a ser mais critico, mais compromissado e mais otimista em relação à aprendizagem. Suas responsabilidades atuais são bem maiores. Além de instrumento de formação física, intelectual e moral, cabe-lhe a missão de promover a integração harmoniosa do educando no seio da comunidade, fornecendo-lhe todos os elementos para que se possa tornar um fator de progresso individual e social. Assim, a aprendizagem é um processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental, organizados e orientados no processo ensino aprendizagem. 2 Processo de Construção do Conhecimento e Desenvolvimento Mental do Indíviduo A aprendizagem é um processo contínuo que ocorre durante toda a vida do indivíduo, desde a mais tenra infância até a mais avançada velhice. Normalmente uma criança deve aprender a andar e a falar; depois a ler e escrever, aprendizagens básicas para atingir a cidadania e a participação ativa na sociedade. Já os adultos precisam aprender habilidades ligadas a algum tipo de trabalho que lhes forneça a satisfação das suas necessidades básicas, algo que lhes garanta o sustento. As pessoas idosas embora nossa sociedade seja reticente quanto às suas capacidades de Faculdade de Minas 6 aprendizagem podem continuar aprendendo coisas complexas como um novo idioma ou ainda cursar uma faculdade e virem a exercer uma nova profissão. O desenvolvimento geral do individuo será resultado de suas potencialidades genéticas e, sobretudo, das habilidades aprendidas durante as várias fases da vida. A aprendizagem está diretamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo. As passagens pelos estágios da vida são marcadas por constante aprendizagem. “Vivendo e aprendendo”, diz a sabedoria popular. Assim, os indivíduos tendem a melhorar suas realizações nas tarefas que a vida lhes impõe. A aprendizagem permite ao sujeito compreender melhor as coisas que estão à sua volta, seus companheiros, a natureza e a si mesmo, capacitando-o a ajustar-se ao seu ambiente físico e social. A teoria da instrução de Jerome Bruner (1991), um autêntico representante da adordagem cognitiva, traz contribuições significativas ao processo ensino- aprendizagem, principalmente à aprendizagem desenvolvida nas escolas. Sendo uma teoria cognitiva, apresenta a preocupação com os processos centrais do pensamento, como organização do conhecimento, processamento de informação, raciocínio e tomada de decisão. Considera a aprendizagem como um processo interno, mediado cognitivamente, mais do que como um produto direto do ambiente, de fatores externos ao aprendiz. Apresenta-se como o principal defensor do método de aprendizagem por descoberta (insight). A teoria de Bruner apresenta muitos pontos semelhantes às teorias de Gestalt e de Piaget. Bruner considera a existência de estágios durante o desenvolvimento cognitivo e propõe explicações similares às de Piaget, quanto ao processo de aprendizagem. Atribui importância ao modo como o material a ser aprendido é disposto, assim como Gestalt, valorizando o conceito de estrutura e arranjos de Faculdade de Minas 7 idéias. “Aproveitar o potencial que o indivíduo traz e valorizar a curiosidade natural da criança são princípios que devem ser observados pelo educador” (BRUNER, 1991, p. 122). A escola não deve perder de vista que a aprendizagem de um novo conceito envolve a interação com o já aprendido. Portanto, as experiências e vivências que o aluno traz consigo favorecem novas aprendizagens. Bruner chama a atenção para o fato de queas matérias ou disciplinas tais como estão organizadas nos currículos, constituem-se muitas vezes divisões artificiais do saber. Por isso, várias disciplinas possuem princípios comuns sem que os alunos – e algumas vezes os próprios professores – analisem tal fato, tornando o ensino uma repetição sem sentido, em que apenas respondem a comandos arbitrários, Bruner propõe o ensino pela descoberta. O método da descoberta não só ensina a criança a resolver problemas da vida prática, como também garante a ela uma compreensão da estrutura fundamental do conhecimento, possibilitando assim economia no uso da memória, e a transferência da aprendizagem no sentido mais amplo e total. Segundo Bock (2001), a preocupação de Bruner é que a criança aprenda a aprender corretamente, ainda que “corretamente” assuma, na prática, sentidos diferentes para as diferentes faixas etárias. Para que se garanta uma aprendizagem correta, o ensino deverá assegurar a aquisição e permanência do aprendido (memorização), de forma a facilitar a aprendizagem subseqüente (transferência). Este é um método não estruturado, portanto o professor deve estar preparado para lidar com perguntas e situações diversas. O professor deve conhecer a fundo os conteúdos a serem tratados. Deve estar apto a conhecer respostas corretas e reconhecer quando e porque as respostas alternativas estão erradas. Também necessita saber esperar que os alunos cheguem à descoberta, sem apressa-los, mas garantindo a execução de Faculdade de Minas 8 um programa mínimo. Deve também ter cuidado para não promover um clima competitivo que gere, ansiedade e impeça alguns alunos de aprender. O modelo de ensino e aprendizagem de David P. Ausubel (1980) caracteriza-se como um modelo cognitivo que apresenta peculiaridades bastante interessantes para os professores, pois centraliza-se, primordialmente, no processo de aprendizagem tal como ocorre em sala de aula. Para Ausubel, aprendizagem significa organização e integração do material aprendido na estrutura cognitiva, estrutura esta na qual essa organização e integração se processam. Psicólogos e educadores têm demonstrado uma crescente preocupação com o modo como o indivíduo aprende e, desde Piaget, questões do tipo: “Como surge o conhecer no ser humano? Como o ser humano aprende? O conhecimento na escola é diferente do conhecimento da vida diária? O que é mais fácil esquecer?” atravessaram as investigações científicas. Assim, deve interessar à escola saber como criança, adolescentes e adultos elaboram seu conhecer, haja vista que a aquisição do conhecimento é a questão fundamental da educação formal. A psicologia cognitiva preocupa responder estas questões estudando o dinamismo da consciência. A aprendizagem é, portanto, a mudança que se preocupa com o eu interior ao passar de um estado inicial a um estado final. Implica normalmente uma interação do individuo com o meio, captando e processando os estímulos selecionados. O ato de ensinar envolve sempre uma compreensão bem mais abrangente do que o espaço restrito do professor na sala de aula ou às atividades desenvolvidas pelos alunos. Tanto o professor quanto o aluno e a escola encontram-se em contextos mais Faculdade de Minas 9 globais que interferem no processo educativo e precisam ser levados em consideração na elaboração e execução do ensino. Ensinar algo a alguém requer, sempre, duas coisas: uma visão de mundo (incluídos aqui os conteúdos da aprendizagem) e planejamento das ações (entendido como um processo de racionalização do ensino). A prática de planejamento do ensino tem sido questionada quanto a sua validade como instrumento de melhoria qualitativa no processo de ensino como o trabalho do professor: [...] a vivência do cotidiano escolar nos tem evidenciado situações bastante questionáveis neste sentido. Percebe-se, de início, que os objetivos educacionais propostos nos currículos dos cursos apresentam confusos e desvinculados da realidade social. Os conteúdos a serem trabalhados, por sua vez, são definidos de forma autoritária, pois os professores, via regra, não participam dessa tarefa. Nessas condições, tendem a mostrar-se sem elos significativos com as experiências de vida dos alunos, seus interesses e necessidades (Lopes, 2000, p. 41). De modo geral, no meio escolar, quando se faz referência a planejamento do ensino – aprendizagem, este se reduz ao processo através do qual são definidos os objetivos, o conteúdo programático, os procedimentos de ensino, os recursos didáticos, a sistemática de avaliação da aprendizagem, bem como a bibliografia básica a ser consultada no decorrer de um curso, série ou disciplina de estudo. Com efeito, este é o padrão de planejamento adotado pela maioria dos professores e que passou a ser valorizado apenas em sua dimensão técnica. Em nosso entendimento a escola faz parte de um contexto que engloba a sociedade, sua organização, sua estrutura, sua cultura e sua história. Desse modo, qualquer projeto de ensino – aprendizagem está ligado a este contexto e ao modo de cultura Faculdade de Minas 10 que orienta um modelo de homem e de mulher que pretendemos formar, para responder aos desafios desta sociedade. Por esta razão, pensamos que é de fundamental importância que os professores saibam que tipo de ser humano pretendem formar para esta sociedade, pois disto depende, em grande parte, as escolhas que fazemos pelos conteúdos que ensinamos, pela metodologia que optamos e pelas atitudes que assumimos diante dos alunos. De certo modo esta visão limitada ou potencializada o processo ensino-aprendizagem não depende das políticas públicas em curso, mas do projeto de formação cultural que possui o corpo docente e seu compromisso com objeto de estudo. Como o ato pedagógico de ensino-aprendizagem constitui-se, ao longo prazo, num projeto de formação humana, propomos que esta formação seja orientada por um processo de autonomia que ocorra pela produção autônoma do conhecimento, como forma de promover a democratização dos saberes e como modo de elaborar a crítica da realidade existente. Isto quer dizer que só há crítica se houver produção autônoma do conhecimento elaborado através de uma prática efetiva da pesquisa. Entendemos que é pela prática da pesquisa que exercitamos a reflexão sobre a realidade como forma de sistematizar metodologicamente nosso olhar sobre o mundo para podermos agir sobre os problemas. Isto quer dizer que não pesquisamos por pesquisar e nem refletimos por refletir. Tanto a reflexão quanto à pesquisa são meios pelos quais podemos agir como sujeitos transformadores da realidade social. Isto indica que nosso trabalho, como professores, é o de ensinar a aprender para que o conhecimento construído pela aprendizagem seja um poderoso instrumento de combate às formas de injustiças que se reproduzem no interior da sociedade. Faculdade de Minas 11 3 O que são teorias de aprendizagem Teorias de aprendizagem são os estudos que procuram investigar, sistematizar e propor soluções relacionadas ao campo do aprendizado humano. Esta área de investigação remonta à Grécia Antiga. Neste período, o processo pelo qual uma pessoa adquire conhecimento já era tema de investigação dos filósofos gregos. Entretanto, a área de estudo ganhou destaque a partir do século XX, quando o advento da psicologia. O principal fator que diferencia uma teoria de outra é o ponto de vista sob o qual cada uma trabalha. Existem as teorias que abordam a aprendizagem a partir do comportamento, outras a partir do aspecto humano ou, ainda, aquelas que consideram apenas a capacidade cognitiva de cada um. Como o campo da investigação do conhecimento humano é bastante vasto, algumas teorias obtiveram destaque ao longo do século, servindocomo base teórica para os estudos nesta área. 3.1 Aprendizagem Sabe-se que a aprendizagem é um processo contínuo, que pode ocorrer em qualquer situação. Nesse sentido, podemos dizer que um dos fatores essenciais do aprendizado é a cultura, pois ela molda o sujeito por meio de suas relações com o meio. Faculdade de Minas 12 Muitas pessoas confundem construção de conhecimento com aprendizagem. Entretanto, aprender é algo muito mais amplo, pois é a forma de o sujeito aumentar seu conhecimento. Nesse sentido, a aprendizagem faz com que o sujeito se modifique, de acordo com a sua experiência (LA ROSA, 2003). Entretanto, o ser humano passa por mudanças que não se referem à aprendizagem e sim aos processos maturativos, tais como: aquisição da linguagem, engatinhar, andar ou até mudanças em decorrência de doenças físicas ou psicológicas. Sendo assim, a aprendizagem é uma mudança significativa que ocorre baseada também nas experiências dos indivíduos. Todavia, para ser caracterizada como tal, é necessária a solidez, ou seja, ela deve ser incorporada definitivamente pelo sujeito. 3.2 Comportamentalismo ou behaviorismo: PAVLOV e SKINNER O Behaviorismo é uma corrente da psicologia que define o comportamento humano como resultado “das influências dos estímulos do meio”. Sendo assim, o comportamento pode ser moldado de acordo com estímulos e respostas. Podemos utilizar como exemplo aquele sujeito que recebe um treinamento específico, que o faz passar numa prova x. Todavia, esses resultados precisam ser duradouros, para que possa ser caracterizada uma mudança definitiva no comportamento. Os principais representantes do behaviorismo são: Ivan Pavlov e Burrhus Frederic Skinner. O behavorismo, ou teoria comportamental, foi desenvolvido nos Estados Unidos da América John Watson (1878-1958) e na Rússia por Ivan Petrovich Pavlov (1849- 1936). Embora as bases desta teoria tenham sido desenvolvidas por estes pesquisadores, foi Burrhus Frederic Skiiner (1904-1990) que a popularizou, através de experimentos com ratos. Em seus experimentos, os ratos eram condicionados a determinadas ações, com recompensas boas ou ruins pelos seus atos. Assim, se Faculdade de Minas 13 moldava o comportamento destes a partir de um sistema de estímulo, resposta e recompensa. Pavlov desenvolveu a teoria do comportamento em resposta aos estímulos do ambiente. “De acordo com Pavlov, o requisito fundamental é que qualquer estímulo externo seja o sinal (estímulo neutro) de um reflexo condicionado e se sobreponha à ação de um estímulo absoluto” (LA ROSA, 2003, P. 45). OS TRÊS TIPOS DE ESTÍMULOS SÃO OS SEGUINTES: Estímulo neutro – é involuntário, pois não está relacionado com uma ação ou reação; todavia, deve-se sempre perguntar se ele é neutro em relação a que. Um evento qualquer costuma ser reativo em relação à uma ação e neutro em relação à outra. Exemplo: Contração da pupila. Estímulo condicionado – era neutro em um primeiro momento, mas depois de vivenciar diversas repetições e associações, passou a ser condicionado. Exemplo: resultado de treinamento de animais. Estímulo incondicionado – é o mesmo que um reflexo inato, que é natural do organismo. Exemplo: estímulo incondicionado – calor = resposta incondicionada – suor. Skinner é o principal representante do behaviorismo, pois foi ele “quem levou até as últimas consequências os princípios empiristas no estudo da aprendizagem. Para esta corrente, o ser humano se resume às contingências observáveis.” Ela trabalha principalmente com a ideia de extinção operante, estímulos, reforços (LA ROSA, 2003, P.57). Faculdade de Minas 14 Como aplicar essa teoria na prática da tutoria? O behaviorismo é encontrado no ensino tradicional, pois se baseia em estímulos, respostas e reforços. As notas das avaliações e elogios, por exemplo, podem ser entendidas como reforço. 3.3 Teoria de aprendizagem social: BANDURA A abordagem da aprendizagem social foi fundada pelo psicólogo Bandura e tem algumas semelhanças com o behaviorismo de Skinner. A diferença é que “o comportamento é controlado não só pelas consequências externas, (...), mas também pelo reforço vicariante e pelo auto-reforço” (LA ROSA, 2003, P. 88). Bandura diz que somos expostos a diversos padrões de comportamentos, mas só vamos imitá-los se tivermos reforço. No caso específico da sala de aula, os elementos mais sutis podem indicar reforços ou punição. Por exemplo: se um aluno faz uma pergunta e o professor diz que está fora do contexto num tom de ridicularização, esse é um exemplo de punição. EXISTEM DOIS TIPOS DE REFORÇO: Reforço direto – ocorre por uma ação direta. Exemplo: uma medalha dada em uma competição. Reforço vicariante – ocorre pela observação de um acontecimento. Exemplo: Observo uma batida de carro e aprendo que, se andar em alta velocidade, posso sofrer um acidente também. 3.4 Cognitivismo: PIAGET Para Piaget (Apud Lima, 1984), o desenvolvimento da mente é um processo dialético que ocorre por meio da autorregulação. Para este autor, todos os processos vitais, Faculdade de Minas 15 sejam eles psicológicos, biológicos ou sociológicos, se comportam da mesma forma. Isto significa que, diante das dificuldades de assimilação, o organismo se acomoda (modifica), e assim pode assimilar sucessivas vezes. O resultado entre a assimilação e a acomodação é a adaptação. Por meio desse processo, o autor sugere uma mudança na pedagogia da época, pois diz que os alunos precisam ser desafiados. Dessa forma, caberia ao professor “propor situações que estimulem a atividade reequilibradora do educando.” (...) “Ninguém educa ninguém: é o próprio aluno que se educa” (Lima, 1984, p. 19). Piaget diz que o desenvolvimento mental se dá pela socialização e que a pedagogia é a arte de modificar a sociedade. Sendo assim, como educadores, de que forma podemos provocar a sensação de desafio nos alunos? Jean Piaget desenvolveu sua teoria a partir de várias outras existentes no período, como a do cognitivismo. Para ele, o desenvolvimento da aprendizagem em crianças ocorre pelas seguintes etapas: – Sensório motor (0 a 2 anos): as ações representam o mundo para a criança. Chorar, chupar o dedo, morder. – Pré operatório (2 a 7 anos) : a criança lida com imagens concretas – Operações concretas (7 a 11 anos): a criança já é capaz de efetuar operações lógicas. – Operações formais (11 em diante) a criança já efetua operações lógicas com mais de uma variável. Faculdade de Minas 16 Piaget (1969), foi quem mais contribuiu para compreendermos melhor o processo em que se vivencia a construção do conhecimento no indivíduo. Apresentamos as idéias básicas de Piaget (l969, p.14) sobre o desenvolvimento mental e sobre o processo de construção do conhecimento, que são adaptação, assimilação e acomodação. Piaget diz que o individuo está constantemente interagindo com o meio ambiente. Dessa interação resulta uma mudança contínua, que chamamos de adaptação. Com sentido análogo ao da Biologia, emprega a palavra adaptação para designar o processo que ocasiona uma mudança contínua no indivíduo, decorrente de sua constante interação com o meio. Esse ciclo adaptativo é constituído por dois subprocessos: assimilação e acomodação. A assimilação está relacionada à apropriação de conhecimentos e habilidade. O processo de assimilação é um dos conceitos fundamentais da teoria da instrução e do ensino. Permite-nos entender que o ato de aprender é um ato de conhecimento pelo qual assimilamos mentalmente os fatos, fenômenos e relações do mundo, da natureza e da sociedade, através do estudo das matérias de ensino. Nesse sentido, podemos dizer que a aprendizagem é uma relação cognitiva entre o sujeito eos objetos de conhecimento. A acomodação é que ajuda na reorganização e na modificação dos esquemas assimilatórios anteriores do indivíduo para ajustá-los a cada nova experiência, acomodando-as às estruturas mentais já existentes. Portanto, a adaptação é o equilíbrio entre assimilação e acomodação, e acarreta uma mudança no indivíduo. Faculdade de Minas 17 A inteligência desempenha uma função adaptativa, pois é através dela que o indivíduo coleta as informações do meio e as reorganiza, de forma a compreender melhor a realidade em que vive, nela agi, transformando. Para Piaget (1969, p.38), a inteligência é adaptação na sua forma mais elevada, isto é, o desenvolvimento mental, em sua organização progressiva, é uma forma de adaptação sempre mais precisa à realidade. É preciso ter sempre em mente que Piaget usa a palavra adaptação no sentido em que é usado pela Biologia, ou seja, uma modificação que ocorre no indivíduo em decorrência de sua interação com o meio. Portanto, é no processo de construção do conhecimento e na aquisição de saberes que devemos fazer com que o aluno da EJA seja motivado a desenvolver sua aprendizagem e ao mesmo tempo superar as dificuldades que sentem em assimilar o conhecimento adquirido 3.5 Teoria sociointeracionista: VYGOTSKY Vygotsky é o fundador da teoria sociointeracionista, que pode ser dividida em dois princípios. O primeiro princípio é estudar o processo, pois o psicólogo entende que o estudo histórico do comportamento é a base de tudo. Nesse contexto, o desenvolvimento cultural da criança somente pode ser compreendido como um processo vivo de desenvolvimento, de formação, de luta e, nesse sentido, deve ser objeto de um verdadeiro estudo científico (LA ROSA, 2003, P. 128). O segundo princípio seria a origem social dos fenômenos psicológicos. Esse fato deve ser levado em consideração em qualquer pesquisa, pois sem ele, pode-se cair num reducionismo psicológico e social. Faculdade de Minas 18 A teoria sociointeracionista está centrada, basicamente, no processo da mediação, que está dividida em dois tipos de elementos mediadores: os instrumentais e os signos. O instrumental é o que está entre o trabalhador e o seu objeto de trabalho. Já o signo “age como um instrumento da atividade psicológica de maneira análoga ao papel do instrumento de trabalho” (LA ROSA, 2003, P. 133). Baseando-se nessas relações, Vygotsky diz que o sujeito constrói o conhecimento pela aprendizagem, promovendo o desenvolvimento mental, e por meio dele, deixaria de ser um animal para se tornar um ser humano. Dessa forma, tanto a aprendizagem quanto o desenvolvimento acontecem pela dialética. Na teoria de Vygotsky, o professor é visto como um mediador, pois o ser humano está em constante desenvolvimento mental e todas as suas relações são conquistadas pela mediação. Sendo assim, qual a atitude que o tutor deve ter para mediar a relação entre o aluno e o conhecimento, se baseando no fato que essa relação é dialética? Diante de uma dúvida do aluno, o tutor deve responder com provocações que o conduzam a descobrir a resposta sozinho, agindo como um mediador, um provocador de ideias. 3.6 Aprendizagem significativa: AUSEBEL A teoria da aprendizagem significativa, segundo Ausebel, se propõe a construir algo novo a partir do conhecimento prévio dos alunos, utilizando alguns meios, tais como o mapa conceitual. O objetivo dessa teoria é sempre descobrir coisas novas e promover uma aprendizagem prazerosa. Trabalhar com mapas conceituais é uma forma de utilizar a aprendizagem significativa. Por meio deles, podemos identificar os Faculdade de Minas 19 conhecimentos prévios dos alunos e/ou reforçar os conteúdos já adquiridos (PELIZZARI ET AL, 2002). O termo aprendizagem significativa foi escolhido baseando-se no fato de que a aprendizagem deve se dar a partir de um conhecimento prévio, dando assim, significado ao processo. Pois, se não significar algo, a aprendizagem se torna mecânica ou repetitiva, que é o caso da memorização. Um aprendizado mecânico é aquele que foi decorado e logo será esquecido. Já o significativo se incorpora ao sujeito, pois nele ocorre um processo de modificação do conhecimento. Para que o processo de aprendizagem significativa possa ocorrer, são necessárias duas condições: (PELIZZARI ET AL, 2002). I. o aluno precisa querer aprender e II. o conteúdo a ser ensinado precisa ter características significativas, ou seja, deve ser flexível para que se adapte à experiência individual de cada aluno Como exemplo de como podemos aplicar a aprendizagem significativa, observe abaixo o mapa conceitual com os elementos necessários para que a aprendizagem significativa ocorra: Faculdade de Minas 20 Sendo assim, "os alunos sempre trazem alguma coisa deles mesmos para a negociação. Não são como uma tábua rasa ou um recipiente vazio que o professor deve preencher” (PELIZZATI ET AL, 2002). 4 As Políticas Educacionais e as Práticas Pedagógicas As práticas pedagógicas constituem e mediam a relação do indivíduo consigo mesmo na qual se estabelece, regula ou modifica a experiência que esse tem de si, servindo dessa maneira como um aparato de subjetivação no qual se fabricam sujeitos. Para Libâneo (2005), as práticas educativas não se restringem à escola ou à família, elas ocorrem em todos os contextos e âmbitos da existência individual e social humana. Para Freire (1997), a prática educativa, é algo muito sério, lidarmos com Faculdade de Minas 21 gente, com crianças, adolescentes ou adultos. “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática” (Freire, 2002, p. 22). Para Tardiff (2012), o professor deve assumir sua prática a partir dos significados que ele mesmo lhe dá, um professor que possui conhecimentos e um saber-fazer retirados de suas próprias experiências e a partir disso faz sua estrutura de orientação. As práticas pedagógicas devem ser envolvidas nas teorias e nos modelos teóricos para demonstrar conceitos científicos, muitas vezes ganham mais significado e importância para a sua inclusão nos currículos de saberes escolares das escolas PCN (1998). Os fundamentos científicos acabam muitas vezes não sendo assimilados pelos alunos devido à complexidade de seus conceitos durante a abordagem. Surge então a figura do professor articulador, que também é membro do coletivo do ciclo. Não é um substituto do professor regente ou do coordenador, sendo assim: Não possui uma turma fixa, trabalha com grupos de alunos provenientes das fases do ciclo e da superação que apresenta dificuldades na aprendizagem e necessitam de um planejamento participativo, consistente e rigoroso de acordo com sua necessidade, sem um valioso amparo ou Apoio Pedagógico (PAP). A função do professor articulador e investigar o processo de conhecimento e desenvolvimento do educando e atuar a partir dos dados e aspectos encontrados nessas investigações. Através disso, criar estratégias de atendimento educacionais complementares integradas as atividades desenvolvidas pelo professor regente. E cada Escola Ciclada possui um professor articulador a cada 6 turmas nos ciclos da escola este profissional da escola e escolhido pelo coletivo da mesma.(PPP, 2014, p. 09). Faculdade de Minas 22 Maria Antônia de Souza, doutora em educação pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professora na UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), escreveu um artigo bastante elucidativo a respeito. Nele, a pesquisadora diz: a prática pedagógica é influenciada pelos aspectos conjunturais e estruturais da sociedade brasileira. A conjuntura pode ser visualizada nos aspectos da gestão educacional, do desenvolvimento das propostascurriculares, dos programas sociais — a exemplo do Bolsa Escola —, políticas de cotas etc. Ou seja, não adianta falar sobre estratégias para aproveitar melhor o tempo da aula ou dar lições inovadoras, por exemplo, sem olhar para o contexto. Uma boa prática pedagógica sempre leva em conta os fatores descritos acima para determinar os seus objetivos e formas de atuação. Em termos práticos: não é viável adotar a mesma estratégia utilizada na educação infantil para o ensino médio e acreditar que os resultados serão parecidos. Levando em conta os aspectos citados, devemos delimitar objetivos antes de pensar nas práticas que serão utilizadas para chegar até eles. O que se pretende com elas? Dar uma aula mais produtiva? Despertar nos alunos o interesse pelo debate? Incentivar a leitura? Feita essa reflexão inicial, pense a respeito dos recursos, materiais ou não, que serão necessários para executá-las. Quais deles você tem à disposição para tirar a sua ideia do papel? Como consegui-los, caso não tenha? Serão necessárias adaptações visando à acessibilidade? Quanto tempo será preciso para aplicá-la? Enfim, tudo isso precisa ser considerado anteriormente. Depois, em um terceiro momento, deve-se criar a própria prática pedagógica. Faculdade de Minas 23 5 Praticas Pedagógicas Eficientes O pedagogo passou da posição de único detentor do conhecimento em sala de aula para um papel de mediador do ensino, reconhecendo que uma educação flexível é a chave para melhorar a aprendizagem dos alunos em toda a escola. Novas práticas pedagógicas em sala de aula e ações para melhorar o desempenho dos alunos vêm colocando o estudante como ponto principal na busca e construção do conhecimento, garantindo que cada estudante seja envolvido e trilhe o seu próprio sucesso. 5.1 Trabalhos coletivos Mostrar aos alunos a importância de saber trabalhar em grupo tem uma função grandiosa. Trata-se de uma ótima iniciativa do ponto de vista social, já que ajuda a desenvolver a empatia e o respeito pela alteridade. Há, ainda, uma influência indireta na formação cidadã dos jovens e crianças. Afinal, saber escutar as opiniões alheias, sair da zona de conforto e ter as ideias contrariadas são fatos pertinentes à criação do pensamento crítico. Essas noções bem desenvolvidas, aliás, podem melhorar o rendimento da escola, além das notas, fazendo com que ela se destaque também por suas ações e pela capacidade de mobilização estudantil. Faculdade de Minas 24 5.2 Educação voltada para o futuro A educação voltada para o futuro é uma das práticas pedagógicas na sala de aula que transmite uma visão educacional preocupada com a capacitação dos alunos em pensar de forma crítica e criativa em relação às perspectivas futuras e tecnologias atuais, gerando visões alternativas de possíveis problemas e a busca da resolução dos mesmos. Na sala de aula, o tema da prática pedagógica voltada para o futuro nos leva diretamente a comentários sobre a falta de perspectiva de futuro na educação atual e a importância dos alunos serem motivados a desenvolver essas características. O objetivo com essa prática pedagógica em sala de aula é melhorar as perspectivas humanas e qualidade de vida por meio do desenvolvimento de habilidades e capacidades que irão ajudá-los nos prováveis cenários futuros, contando com o auxílio das mais recentes tecnologias. Sim, a tecnologia pode ser uma poderosa aliada das escolas! Elaborar práticas pedagógicas a partir desse tipo de recurso é a chave para dar aulas mais participativas e dinâmicas. Mostrar aos alunos, desde cedo, que os celulares, por exemplo, devem ser utilizados além do entretenimento, é uma forma de educá-los para o uso consciente desses dispositivos. Negá-la é um erro comum, que só reforça uma barreira antiquada entre o professor e as tecnologias, entre a educação e a diversão. Com uma boa implementação tecnológica é possível: Faculdade de Minas 25 acompanhar melhor os alunos; pensar em ensino híbrido como ferramenta complementar; fornecer uma forma personalizada de ensinar. 5.3 Descolonização da educação Essa prática pedagógica em sala de aula está preocupada com a desconstrução de quadros pedagógicos dominantes que promovem visões de mundo singulares, visando ampliar a compreensão intercultural e experiências dos alunos. Ela surgiu como uma necessidade pedagógica importante para o ensino, ligada à rápida globalização e questões de diversidade cultural e inclusão. Tem como objetivo uma aprendizagem voltada para a incorporação da “diversidade”, incluindo esforços para internacionalizar o currículo estudantil por meio da inclusão de exemplos globais e também estender a alfabetização intercultural, melhorando a capacidade de pensar e trabalhar com diferentes perspectivas culturais e sociais. Referências AUSUBEL, D. e NOVAK, A. Psicologia educacional. 3ª ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. Faculdade de Minas 26 BOCK, A.; al. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001. BRAGHIROLLI, E. et al. Psicologia Geral. 16ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998. BRUNER, J. O Processo da educação Geral. 2ª ed. São Paulo: Nacional, 1991. LA ROSA, J. Psicologia e educação: o significado do aprender. Porto Alegre: EDiPUCR, 2003. LIMA, L.O. A Construção do Homem Segundo Piaget. São Paulo: Summus, 1984, p 17-45. LOPES, Antonia Osima. Planejamento do ensino numa perspectiva de educação. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Repensando a didática, 16ª. Ed. Campinas: Papirus, 2000. P.158 PELIZZARI, A; KRIEGL, M. L; BARON M.P; FINCK, N.T.L; DOROCINSKI, S.I. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Rev PEC. 2001- 2002; 2(1): 37-42. PIAGET, J. O nascimento do raciocínio na criança. 5ª. Ed. São Paulo: El Ateneo, 1993.
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