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HORMÔNIOS Todos os hormônios agem através de receptores específicos localizados nas células- alvo sensíveis ao hormônio. Os receptores devem desempenhar pelo menos duas funções: ter a capacidade de ligar os hormônios com alta especificidade e afinidade. A especificidade da ação de um dado hormônio resulta da complementaridade entre ele e o seu receptor – são reações especificas com substratos específicos. A alta afinidade de interação permite que mesmo em concentrações muito baixas dos hormônios haja a interação. transmitirem informação levando ao desencadeamento da resposta celular. A resposta a um determinado hormônio não depende apenas da presença do receptor, mas também dos sistemas de transdução do sinal hormonal na célula-alvo. Entre as funções dos hormônios estão as seguintes: a) Regulação do metabolismo dos glicídeos e lipídeos (insulina, glucagon); b) Adaptação ao estresse (catecolaminas, glicocorticóides); c) Regulação do crescimento e da maturação (GH); d) Regulação da função reprodutiva (eixo hipotálamo-hipofisário, hormônios gonadais, prostaglandinas); e) Regulação do equilíbrio hidroeletrolítico (ADH, aldosterona); f) Controle do metabolismo do cálcio e do fósforo (PTH, calcitonina, vitamina D3); g) Modulação das funções digestivas (secretina, gastrina, CCK, GIP, VIP); h) Regulação da taxa metabólica e a calorigênese (hormônios tireoidianos). CLASSIFICAÇÃO Hormônios de ação rápida: agem através de receptores localizados na membrana plasmática. Promovem mudanças na atividade de uma ou mais enzimas preexistentes na célula, por mecanismos alostéricos ou por modificações covalentes (fosforilação, por exemplo). Hormônios de ação lenta: agem através de proteínas receptoras localizadas no núcleo. Geralmente alteram a expressão gênica, resultando na síntese de proteínas reguladoras. Carol Colnaghi Exemplo: a leptina induz a produção de norepinefrina no hipotálamo. A norepinefrina se ligará ao seu receptor na célula, acopladas à proteína G haverá a ativação da AMPc e proteína kinase, que entrará na célula gerando a expressão UCP (proteína). A UCP sai do núcleo em direção à oxidar os ácidos graxos para serem liberados do interior da célula. Os hormônios também podem ser classificados pelo trajeto que fazem desde o ponto de liberação até as células-alvo. Os hormônios endócrinos são liberados no sangue e transportados para a célula-alvo por todo o corpo (a insulina e o glucagon são exemplos). Os hormônios parácrinos são liberados no espaço extracelular e difundem- se para as células-alvo vizinhas (os hormônios eicosanóides são deste tipo). Os hormônios autócrinos afetam a mesma célula que os libera, ligando-se a receptores na superfície celular. São classificados como PEPTÍDEOS, ESTERÓIDES, AMINAS e EICOSANÓIDES Possuem diferentes características quanto a sua forma de síntese, armazenagem, meia vida, forma de transporte no sangue e ação. Os PEPTÍDICOS, AMINAS E EICOSANÓIDES agem por via receptoras de superfície (mais rápidos) ESTERÓIDES e HORMONIOS DA TIREÓIDE entram na célula e atuam por meio de receptores nucleares. PEPTÍDEOS: são hormônios pancreáticos – insulina, glucagon, somatostatina, o hormônio paratireóideo – calcitonina e todos do hipotálamo e hipófise. São sintetizados no ribossomo na forma de proteínas precursoras mais longas acondicionadas em vesículas secretoras. Os capilares que irrigam as glândulas endócrinas produtoras de peptídeos são frenestradas. A ligação aos receptores na membrana plasmática causa a geração de um segundo mensageiro no citosol, muda a atividade dessa enzima intracelular alterando o metabolismo celular. AMINAS: catecolaminas sintetizadas na medula renal e em algumas células nervosas, e as iodotironinas derivadas da tirosina. São hidrossolúveis, adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina) concentradas nas vesículas secretoras agindo via receptores de superfície. T3 E T4 – são vias receptoras nucleares e estimulam o metabolismo energético, especialmente no fígado e no músculo, aumentando a expressão de genes que codificam enzimas-chaves catabólicas. EICOSANÓIDES: são as prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos derivados do araquidonato via fosfolipase A2. Enzimas da via que leva às prostaglandinas e aos tromboxanos estão amplamente distribuídas nos tecidos. São hormônios parácrinos – secretados no fluido intesticial (não no sangue) que agem em células próximas. PG’s promovem a contração da musculatura lisa e medeiam a dor e a inflamação dos tecidos. Tromboxanos regulam a função das plaquetas (coagulação sanguínea). Leucotrienos LTC4 e LTD4 (via receptores de membrana) estimula a contração da musculatura lisa no intestino, nas vias aéreas pulmonares e na traquéia, mediadores de anafilaxia, uma resposta imune grave e prejudicial. ESTERÓIDES: adrenocorticais e sexuais sintetizados em vários tecidos endócrinos a partir do colesterol. Atua em receptores nucleares. Deslocam-se através da corrente sanguínea, ligados a proteínas carreadoras. São sintetizados no córtex adrenal (corticoesteroides e mineralcorticoides) e nos testículos e ovários (hormônios sexuais) Os hormônios esteróides e os tireoidianos são transportados pelo sangue mediante proteínas específicas. Exemplo dessas proteínas transportadoras são a globulina transportadora de tiroxina (TBG), a globulina transportadora de corticoides (CBG) ou transcortina, e a globulina transportadora de hormônios sexuais (SHBG). MECANISMO DE AÇÃO HORMONAL Estruturas análogas que se unem ao receptor ocasionando os mesmo efeitos que o hormônio são chamadas de agonistas, em oposição àquelas estruturas cuja união ao receptor não causa efeito hormonal por bloquear o receptor e que são chamadas de antagonistas. Os hormônios são liberados no sistema circulatório pelas glândulas endócrinas. Os hidrossolúveis circulam livres, na forma não ligada a proteínas plasmáticas, já os lipossolúveis circulam ligados a uma proteína plasmática transportadora. Essa proteína pode ser a albumina, mas quase sempre é uma glicoproteina da classe das globulinas específica: transportadora dos hormônios sexuais, da testosterona. Dependendo da natureza do hormônio os mecanismos de ação podem ser: hormônio hidrofílico – não atravessa a membrana plasmática. Chamados de primeiro mensageiro e participam do mecanismo de transdução de sinais, esses hormônios produzem no interior da célula moléculas chamados de segundo mensageiro que realizam a amplificação do sinal inicial, ex: AMPc. hidrofóbico: atravessam a membrana plasmática e ligam-se a receptores citosolicos, são transportados por proteínas plasmáticas. Eles atravessam a MP e ligam-se a receptores intracelulares, o complexo hormônio-receptor liga-se a seqüência específica de DNA, induzem uma modificação da expressão gênica, por ativarem/inibirem RNA polimerase. O local de encontro entre o hormônio e o receptor pode ser extracelular, citosólico ou nuclear, dependendo do tipo de hormônio. As consequências intracelulares da interação hormônio-receptor são de pelo menos seis tipos gerais, conforme Figura 2: (1) uma alteração no potencial de membrana que resulta na abertura ou fechamento de um canal iônico funcionalmente ligado ao hormônio; (2) uma enzima receptora é ativada pelo hormônio extracelular; (3) um segundo mensageiro (como o cAMP ou o inositol trifosfato) é gerado dentro da célula e atua como um regulador alostérico de uma ou mais enzimas; (4) um receptor sem atividade enzimática intrínseca ativa uma proteína quinase solúvel no citosol e esta passa o sinal adiante; (5) um receptor por adesão na superfície celular interage com moléculas presentes na matrizextracelular e transmite a informação ao citoesqueleto; (6) um esteroide ou molécula assemelhada causa uma mudança no nível de expressão (transcrição do DNA em RNA) de um gene ou mais, com a mediação de um receptor de hormônio protéico presente no núcleo celular. Os mecanismos básicos de ação hormonal estão em função do tipo de hormônio: (a) Os hormônios peptídicos e as catecolaminas, que não podem penetrar as membranas plasmáticas das células, tem seus receptores localizados na membrana plasmática das célulasalvo. A união do hormônio a seu receptor específico causa mudanças que levam ao aumento de substâncias conhecidas como segundos mensageiros, geralmente nucleotídeos cíclicos ou cálcio, os quais regulam reações enzimáticas específicas ou modificam a velocidade de transcrição de genes específicos. (b) Os hormônios esteróides e tireoidianos, que podem atravessar as membranas plasmáticas, tem seus receptores localizados no núcleo. A interação hormônio-receptor nuclear altera diretamente a transcrição de genes específicos. O mecanismo de ação dos hormônios peptídicos e das catecolaminas, os quais atuam através de segundos mensageiros, é mais rápido que o mecanismo de ação dos hormônios esteróides e tireoidianos, pois os primeiros não necessitam entrar na célula e causam rápidas modificações metabólicas por alterar a atividade de enzimas específicas, enquanto os segundos devem atravessar a membrana plasmática e o citosol até chegar no núcleo, além de requerer tempo para a síntese de mRNA no núcleo e subsequente síntese de proteínas nos ribossomos. RECEPTORES DE MEMBRANA Os receptores intracelulares são específicos para sinalizadores lipofílicos, capazes de atravessar a membrana plasmática. Os receptores de membranas são lipofóbicos, incapazes de se difundirem através da bicamada da membrana celular. Os receptores de membrana fazem transdução do sinal. Essa transdução permite que o sinal sofra amplificação vantajosa, uma vez que a interação de uma única molécula é capaz de gerar várias moléculas de segundos mensageiros, propiciando ao organismo um maior rendimento; essa transdução ocorre por meio de cascata de sinalização, sequencia de eventos intracelulares. Os segundos mensageiros são gerados por Enzimas Amplificadoras do sinal. Desempenham funções como alteração de abertura de canais iônicos, aumentam os níveis de cálcio intracelular, modificam atividades enzimáticas de proteínas alvo, quinases e fosfatases, modulando suas atividades. As proteínas modificadas pelo cálcio ou pelo estado de fosforilação podem controlar enzimas metabólicas, proteínas motoras da contração e movimento, transporte vesicular, proteínas transportadora de membrana. Canais iônicos: de entrada da membrana plasmática que se abrem e fecham em resposta à ligação de ligantes químicos ou às alterações no potencial transmembrana. Ex: receptor nicotínico da acetilcolina, ATPase Na+/K+ Receptores enzimáticos: quando um desses receptores é ativado por seu ligante extracelular ele catalisa a produção de um mensageiro secundário. Ex: receptor de insulina Receptores que não possuem atividade enzimática: atraem e ativam enzimas citoplasmáticas atuando em proteínas. Ex: JAK- STAT Receptores acoplados a proteínas G: constitui uma família de receptores responsáveis pela maior parte da transdução dos sinais celulares, são proteinas que atravessam a membrana lipídica por sete vezes. A cauda citoplasmática é acoplada a uma molécula transdutora de membrana com três subunidades. Seus ligantes incluem hormônios, fatores de crescimento, neurotransmissores. Geram mensageiros secundários intracelulares. Ex: receptores beta adrenérgicos e fosfolipase C Proteína G: Molécula sinalizadora liga-se ao receptor de membrana; Receptor de membrana está acoplado a uma proteína G inativa. As proteínas G inativas ligam-se ao GDP. Troca de GDP por GTP ativa a proteína G. Quando as prot G são ativadas, elas podem: 1. Alterar a atividade enzimática intracelular. Muitas vezes estão associadas a enzimas amplificadoras (adenilato ciclase, AC; e fosfolipase C, PLC), constituindo a maior parte dos mecanismos de transdução. 2. Abrir canal iônico na membrana Receptores nucleares: alteram a velocidade pela as quais genes específicos são transcritos e traduzidos em proteínas celulares. Encontram- se localizados no citoplasma ou núcleo da célula, possuindo função de regular a transcrição de genes no interior do núcleo. Ex: receptores esteróides