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1 Thayná Campos Duarte VISÃO GERAL ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS Hb: hemoglobina Ht: hematócrito VCM: volume corpuscular médio HCM: hemoglobina corpuscular média CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média RDW: amplitude de distribuição dos eritrócitos HEMOGLOBINA: Quantidade de hemoglobina em tosos os eritrócitos em 100ml de sangue. Valor de referência: -Homem: 13,5 - 17,5 g/dL -Mulher: 12 – 15,5 g/dL HEMATÓCRITO Porcentagem de volume total do sangue que é composta por eritrócitos. Valor de referência: -Homem: 40 - 52% -Mulher: 36 - 48% ERITRÓCITOS Número de hemácias encontradas por litro de sangue. Valor de referência: -Homem: 4,5 – 6,5 x 10¹²/L -Mulher: 3,9 – 5,6 x 10¹²/L VOLUME CORPUSCULAR MÉDIO (VCM) Média do tamanho das hemácias. Valor de referência: 79 – 99 f/L Divide as anemias em: Microcítica, normocítica e macrocítica HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MÉDIA (HCM) Hemoglobina média presente em cada hemácia. Valor de referência: 27 – 34 pg Divide as anemias em: hipocrômicas, normocrômicas e hepercrômicas CONCENTRAÇÃO DE HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MÉDIA (CHCM) Concentração média de hemoglobina em 100ml de eritrócitos. Valor de referência: 31 – 36 g/dL *CHCM leva em conta o volume celular apenas e não o número de eritrócitos como o HCM. AMPLITUDE DE DISTRIBUIÇÃO DOS ERITRÓCITOS (RDW) Índice de variação do tamanho dos eritrócitos. Valor de referência: 11 a 15% Valores maiores de 15% Indicam anisocitose. RETICULÓCITOS São os eritrócitos imaturos. Revela a atividade medular de produção de eritrócitos. Valor de referência: 40.000 – 100.000 ou 0,5 – 1,8% Reticulócitos aumentado: hiperproliferativo Reticulócitos diminuídos: hipoproliferativos (Medula óssea pode não estar produzindo direito) Anemias 2 Thayná Campos Duarte LEUCÓCITOS Leucopenia: -Anemia aplásica -Deficiência de B12 -Deficiência de ácido fólico Leucocitose: -Inflamação -Infecção -Neoplasia *CELULAS Monocitose: Síndrome mielodisplásica Linfopenia: Infecção Viral Neutrófilos hipersegmentados: anemia megaloblástica (deficiência de B12) PLAQUETAS Originada pela fragmentação do megacariócito. Valor de referência: 150.000 – 450.000 Trombocitopenia: (diminuição) -Anemia aplásica -Deficiência de B12 e ácido fólico -Hiperesplenismo Trombocitose: - Deficiência de ferro - Anemia de doença crônica - Neoplasia e sepse ESFREGAÇO DE SANGUE PERIFÉRICO Visualização das hemácias: Analisar a forma, cor, número e inclusões citoplasmáticas *Alterações na forma: Poiquilocitose ANEMIA FERROPRIVA METABOLISMO DO FERRO Fontes: Alimentos -Carnes: FERRO HEME -> Tem que ser liberado pela pepsina - Vegetais: FERRO NÃO HEME -> Tem que ser reduzido pelo pH ácido do estômago O ferro será absorvido no duodeno e jejuno proximal, no entanto a maior parte dele é excretado nas fezes. *Vitamina C, ácidos orgânicos e proteínas de carne ajudam na absorção do ferro. *Fitatos, oxalatos, antiácidos e cálcio dificultam a absorção do ferro. -No intestino o ferro pode ter dois destinos: Ou será estocado pela própria mucosa intestinal na foram de ferritina (principal reserva de ferro do organismo. Vai estar presente em praticamente todo o organismo) Se o ferro não for absorvido ele vai ser excretado nas fezes. Absorção do ferro: Fe se liga a ferroportina para leva-lo ao plasma. A ferroportina é regulada pela Hepcidina (inibea ferroportina). A hepcidida estará baixa quando o organismo tiver necessidade de ferro como numa anemia. No plasma, o ferro tem que se ligar a transferina para ser levado para os tecidos. Um dos tecidos que mais precisa do ferro é a medula ósses, esse ferro será utilizado na formação de hemoglobina para os eritrócitos. Na medula óssea: o ferro pode ser acumulado na forma de ferritina (caso a medula óssea precise de um estoque) ou vai ser transformada em hemoglobina e levada aos eritrócitos. Os eritrócitos tem seu ciclo de vida e serão destruídos no baço. No baço, o ferro é recuperado que pode ser estocado na forma de ferritina ou pode ser liberado novamente para a circulação. 3 Thayná Campos Duarte ETIOLOGIA É a anemia mais comum do mundo. Associada a baixa renda, carência nutricional. **Diagnóstico diferencial: Talassemia e anemia de doença crônica. Causas: -Ingesta menor que a demanda do organismo (Mulher em fase menstrual, gestação, dieta pobre em ferro) -Deficiência na absorção (Enteropatia por glúten e cirurgia bariátrica) -Sangramento (Crônico – No TGI, gastrite, CA. E Sangramento uterino) QUADRO CLÍNICO - Fadiga -Palidez de mucosas -Dispneia aos esforços -Queilite -Coinoníquea (unha em forma de colher) -Paciente com perversão do apetite (comer terra) -Síndrome de Plummer-Víson: disfagia DIAGNÓSTICO FERRITINA: Primeiro marcador a se alterar. Melhor indicador laboratorial do estoque de Fe. FERRO SÉRICO: Baixo SATURAÇÃO DA TRANSFERINA: Baixa CAPACIDADE TOTAL DE LIGAÇÃO DO FERRO/TIBC: Alta TRANSFERRINA: Aumentada **Exame padrão-ouro: Mielograma com pesquisa de Fe medular (invasivo, não é muito utilizado) TRATAMENTO Nunca tratar apenas com dieta. Ferro via oral. Sulfato ferroso 300mg/cp (60mg de Fe elementar por cp) - 160 a 240mg/dia de ferro elementar até normalizar a Hb (em torno de 2 meses); - A seguir, a mesma dose por 4 a 6 meses para repor os estoques de ferro; - Tomar de 30 a 60 minutos antes das refeições. Se possível com vitamina C (laranja, limão acerola), mas nunca com leite. -Posologia: tomar 2 a 4cp/dia CRIANÇAS: - 1mL = 20 gotas. - 4-6mg/kg/dia de Fe elementar até normalizar a HB. - A seguir a mesma dose por 4 a 6 meses para repor os estoques de Fe. *Efeitos colaterais: Náuseas, dor abdominal, constipação ou diarreia, gosto amargo na boca e fezes escurecidas. Tratamento parenteral É indicado quando o paciente possui: Anemia grave; incapacidade de tolerar ferro por via oral; incapacidade de seguir as orientações; Perda de sangue muito rápida; Patologia do TGI; Incapacidade de manter o equilíbrio de ferro no tratamento com hemodiálise; Deficiência funcional de ferro com tratamento concomitante com eritropoietina. → Solução intravenosa: 100mg de Fe elementar por ampola de 5mL (Complexo coloidal de Sacarato de Hidróxido de Ferro III – NORIPURUM). → Solução intramuscular: 100mg de Fe elementar por ampola de 2mL (Complexo de Hidróxido de Ferro III Polimaltasado – NORIPURUM). Anemia microcítica hipocrômica HEMOGRAMA Microcitose Hemácias em alvo Hemácias em forma de lápis Ht baixo VCM baixo RDW aumentado 4 Thayná Campos Duarte ANEMIA MEGALOBLÁSTICA METABOLISMO DA B12 E FOLATO Vit B12 (Cobalamina: Fontes: Alimentos de origem animal (carnes, peixes, laticínios). Digestão Após a digestão das proteínas, a Vit. B12 liberada vai ser ligar ao fator intrínseco do estômago. A Vit. B12 + Fator intrínseco vão se ligar a Cubilina no intestino grosso. **Fator intrínseco é fundamental para absorver a Vit. B12. Quando a Vit. B12 é absorvida o Fator intrínseco é destruído. Absorção No plasma a Vit.B12 se liga as Transcobalaminas que transportam a B12 para os tecidos. No fígado essa Vit. B12 pode ser estocada. o Função da Vit. B12: Coenzima em duas reações FOLATO: Derivado do ácido fólico. Fontes: Vegetais verdes, fígado e frutas Absorção É absorvido no duodeno e no jejuno proximal pela ação das carboxipeptidases que vão converter o folato em monoglutamato e diglutamato No plasma: são convertidos em metiltetra- hidrofolato (metil-THF). Pela ação da metionina sintetase tem a remoção do grupo metil formando-> THF (poliglutamato) forma ativa da vitamina. o Função do folato: Participa de reações bioquímicas com transferência de átomos de carbono, na interconversão de aminoácidos e na síntese de precursores purínicos de DNA. ATENÇÃO: A deficiência de B12 e Folato atrapalha diretamente a produção de DNA ETIOLOGIA DEFICIÊNCIA DE B12 Anemia perniciosa: atrofia e inflamação crônica da mucosa gástrica, levando à ausência concomitante de fator intrínseco e da secreção de ácido clorídrico, com consequente má absorção da vitamina B12. É uma gastrite do tipo A (autoimune). - Principal causa de deficiência de Vit. B12. - Acomete mais mulheres - Associada a doenças autoimunes (tireoide) - H. pilory - 90% dos pacientes apresenta anticorpos contra células parietais - 50% dos pacientes apresenta anticorpos inibidores da ligação do fator intrínseco à B12 - Caracterizada por uma agressão autoimune da mucosa gástrica -Dietas sem consumo de alimentos de origem animas - Ausência ou anormalidade congênita de fator intrínseco (Percebida aos 2 anos por fim do estoque adquirido intra-útero) -Mutações dos receptores do complexo fator Int + B12 e cubilina -Idosos com gastrite crônica - Uso de metformina e inibidores de bomba de próton - Gatrectomia parcial ou total: leva à carência de vitamina B12, em um prazo em torno de cinco anos, se o paciente não receber suplementação da vitamina por via parenteral para manter o depósito -Síndrome da alça cega: fístulas, anastomoses, diverticulose, diminuição de motilidade intestinal, hipogamaglobulinemia: ocorre proliferação de bactérias que consomem a vitamina B12. - Deficiência de proteínas transportadoras: transcobalamina I (deficiência congênita é associada a baixos níveis séricos de vitamina B12, sem manifestações clínicas) e transcobalamina II (a forma rara de anemia megaloblástica grave com níveis séricos de vitamina B12 normais). ETIOLOGIA DEFICIÊNCIA DE FOLATO Dieta com baixa ingesta Aumento do consumo corporal (Maior necessidade de síntese de DNS: Gravidez, lactação e prematuridade 5 Thayná Campos Duarte Maior renovação celular: (Doenças onco- hematológicas, anemia hemolítica, doenças inflamatórias crônicas) Drogas: anticonvulsivantes Alcoolismo QUADRO CLÍNICO - Anemia de instalação insidiosa -Icterícia (aumento da bilirrubina indireta) - Glossite - Perda Ponderal **Neuropatia progressiva: Deficiência severa de B12. Neuropatia simétrica dos MMII. Formigamento dos pés e dificuldade para deambular. Macrocitose. DIAGNÓSTICO - RETICULÓCITOS: Baixo - Pode haver leucopenia e plaquetopenia associada -Neutrófilo hiperseguimentado -MIELOGRAMA: Medula óssea: hipercelular, falha de maturação dos eritroblastos -DHL: aumentado -BILIRRUBINA INDIRETA: aumentada -B12 e FOLATO: baixos -HOMOCISTEÍNA SÉRICA: aumentada *** -ÁCIDO METILMALÔNICO: aumentado na deficiência de B12 (acúmulo de CoA devido a falya de B12 para conversão em succinil-CoA) Investigação da causa: Histórica dietética Suspeita de deficiência de B12: Gastrina sérica, anticorpos contra fator intrínseco, anticorpos contra células parietais, endoscopia. Suspeita de deficiência de folato: anticorpos antitransglutaminase, anticorpos antiendomísio. TRATAMENTO - Reposição da vitamina deficiente: *** Repor ácido fólico em indivíduos com deficiência de B12, pode piorar a deficiência de B12. O ácido fólico vai ativar vias que vão aumentar o consumo de vitamina B12. Vitamina B12: -VIA ORAL: Deficiência leve -IM ou PARENTERAL: a maioria dos casos o problema é a má absorção. Hidroxicobalamina ou cianocobalamina Folato: -VIA ORAL: preferencial. Defeitos de absorção conseguem ser tratados com doses altas Profilaxia com reposição de B12: Pacientes que realizaram gastrectomia total, cirurgia bariátrica e ressecção ileal. ANEMIA FALCIFORME FISIOPATOLOGIA -Mutação do gene da globina β o que gera a hemoglobina S (polimerização das moléculas de hemoglobinas anormal quando desoxigenadas). Substituição de uma base nitrogenada, a adenina (A), por outra, a timina (T), no sexto códon do gene beta. Substituição do ácido glutâmico pela valina na cadeia beta. HbS gera uma deformação na hemácia quando ocorre uma desoxigenação, pH baixo (estresse), temperaturas baixas. Essa hemoglobina S se agrega em polímeros longos e insolúveis gerando a alteração da hemácia que apresenta forma de foice. *Drepanócito* Essa forma de foice provoca uma redução da capacidade da hemácia de se deformar, mecanismo que é essencial para a sua circulação, podendo gerar Anemia macrocítica hipoproliferativa 6 Thayná Campos Duarte até mesmo a trombose (não consegue se deslocar de forma adequada e se acumula). -Hemoglobina fetal inibe polimerização: quanto maior a quantidade de HbF menos sintomas ele vai apresentar. -Hemoglobina A: participa pouco da polimerização. (pessoa que tem traço talassêmico). Pessoa possui menos anormalidades clínicas. CINÉTICA DA FALCIZAÇÃO -Processo reversível com a reoxigenação. -Repetição desse processo promove uma lesão na membrana na hemácia que permanece em forma de foice. Essa alteração da forma da hm promove: -Redução da meia-vida da hemácia -Inflamação -Obstrução vascular-> vaso-oclusão, geralmente na microcirculação, pode afetar grandes artérias principalmente as pulmonárias e cerebrais. Hemácia fragilizada se rompe e libera hemoglobina intravascular. Essa hemoglobina provoca dano e ativação das células endoteliais vasculares o que leva a uma resposta inflamatória vascular com adesão de células brancas e vermelhas na parede do vaso, provocando a vasoconstrição. -Processos associados a vaso-oclusão: Ação do endotélio, inflamação, adesão celular, queda do óxido nítrico, ativação de plaquetas e da coagulação, aumento do estresse oxidativo. PADRÕES DE HERANÇA Hemoglobina S -Em heterozigose confere vantagem seletiva contra o Plasmodium falciparum (malária) -Nas regiões onde a malária é endêmica houve o aumento do gene da HbS porque protegia contra a infecção da malária. (seleção) -Prevalente nos afrodescendentes Hemoglobina SS = ANEMIA FALCIFORME -Homozigose para o gene βs. -Forma mais grave da síndrome -Ausência de HbA -Aumento de HbF Heterozigose para hemoglobina S -Traço talassêmico. -Sem anormalidades hematológicas significativas -Apresentam raras hemácias falciformes -Não necessitam de tratamento -Necessitam de aconselhamento genético (para o filho não nascer com anemia falciforme) -Podem apresentar complicações renais (hematúria, redução da capacidade de concentrar urina) -Complicações raras: falcização em procedimento cirúrgicos; glaucoma agudo após sangramento intraocular; infartos esplênicos em situações de hipóxia; maior risco de trombose venosa profunda Hemoglobinopatia SC -Hemoglobina C: variante da cadeia β da globina -Evolução mais benigna da Hb SS -Indivíduospodem apresentar complicações da anemia falciforme S/β0 talassemia: ausência da HbA; semelhante a SS; microcitose, hipocromia, aumento de HbA2; realizar estudo familiar. S/β+ talassemia: quantidade reduzida de HbA; clínica grave a moderada. *S/β talassemia é raro em afrodescendentes. DIAGNÓSTICO -Eletroforese de hemoglobina: Triagem neonatal (teste do pezinho). Feito após 48h depois que o RN se alimentou até no máximo 5 dias do nascimento. 7 Thayná Campos Duarte -Hemoglobina: 6-10g/dL na fase estável -Esfregaço: hemácias em forma de foice -Presença de Corpos de Howell-Jolly: sinal de hemácia velha. Demonstra uma hipofunção esplênica. -Aumento de marcadores de hemólise: Bilirrubina indireta Hepatoglobina sérica Urubilinogênio urinário Hiperplasia eritróide da medula -Leucocitose -Plaquetose -Prova de coagulação normal- em crises vaso-oclusivas pode apresentar hipercoagulabilidade -Ferritina elevada nos pacientes politransfundicods; hemacromatose secundária -> uso de quelantes de ferro QUADRO CLÍNICO Fase estável: - anemia (sem manifestações clínicas) Crise de falcização: -Crise de Vaso-oclusão: episódios dolorosos. Bloqueio da circulação. Frequência e intensidades variadas. Manifestação mais comum. Desencadeada por: infecção, desidratação e tensão emocional 3ª e 4ª década. Maior mortalidade em adultos. Hemácias em forma de foice não conseguem passar pela microcirculação, gera então oclusão microvascular com isquemia dos tecidos, resposta inflamatória aguda e dor. Dor em articulações, ossos longos, tórax, pelve. Síndrome mão-pé/Dactilite (6m a 2ª) **Grave: tratamento hospitalar com analgésico parenteral por mais de 4h. 3 ou mais episódios graves em 1 ano definem evolução clínica grave. Internados: tratar com opioides, apoio psicológico, retirar o fator causador, hidratação, fisioterapia para evitar perda de função do local, transfusão se <20% do valor basal. -Crises aplásticas: Queda acentuada da hemoglobina. Reticulócitos reduzidos -> insuficiência transitória da eritropoiese. Infecção pelo parvovírus B19 -> 68% casos em crianças Adultos -> streptococcus, salmonela Necrose medular óssea extensa Febre Reação Leucoeritroblástica *Tratamento sintomático, com transfusão. -Crises hemolíticas: Aumento da hemólise, secundária a infecção por Mycoplasma, deficiência de G6PD e associação com esferocitose hereditária. Agravamento da anemia Piora da icterícia *Diagnóstico diferencial: Obstrução por cálculo vesicular, falcização com colestase intra-hepática, hepatite -Crise de sequestro esplênico: Acumulo rápido se sangue no baço Definição: Queda de pelo menos 2g/dL de hemoglobina; hiperplasia compensatória da medula (reticulócito aumentado); rápido aumento do baço. Acomete entre 6m e 2a, ocorrência de microtromboses o paciente sofre um auto- esplenectomia. Baço fica não funcionante. Considerar esplenectomia no tratamento, se possível fazer só depois dos 5 anos de idade. Se ocorre com frequência, indicada a hipertransfusão, em menores de <5 anos. -Infecções: Maior causa de mortalidade e morbidade na anemia falciforme -Síndrome torácica aguda: Dor torácica, tosse, dispneia e taquipneia. Febre Causada por infecção, embolia de medula, vaso- oclusão pulmonar e sequestro pulmonar. Opacidade nova no RX tórax Queda de HB Pode evoluir com hipóxia grave Importante causa de óbito Realizar exames laboratoriais e de imagem, antibioticoterapia, transfusão simples ou de troca. Complicações neurológicas: AVE Hemorragia cerebral (associado com moya moya- nova vascularização que forma novelos) *Pode melhorar com exsanguineotransfusão. Anemia normocítica e normocrômica. Reticulócitos elevados 8 Thayná Campos Duarte Complicações genitourinárias: Hematúria, proteinúria Priapismo: ereção dolorosa do pênis. Quanto mais longo e recorrente mais a chance de impotência sexual. Tratar de acordo com a gravidade, banho morno, exsanguineotranfusão, intervenção anestésica e cirúrgica. Fígado e vias biliares: Litíase biliar, colecistite, obstrução do ducto biliar, podendo causar colestase, pancreatite aguda. Colecistectomia se sintomático. Pode ocorrer doença hepática aguda, insuficiência hepática por vaso-oclusão no fígado, nesse caso trata com exsanguineotransfusão. Hemossiderose também pode ocorrer, pelo depósito excessivo de ferro no fígado, uso de quelantes é importante. CRISE DE VASO-OCLUSÃO A liberação intravascular de hemoglobina pelas hemácias fragilizadas, além da vaso-oclusão recorrente e dos processos de isquemia e reperfusão, leva a dano e ativação das células endoteliais da parede do vaso. Há indução de uma resposta inflamatória vascular e a adesão de células brancas e vermelhas à parede dos vasos sanguíneos. Tal fato, associado a uma redução na biodisponibilidade de Óxido Nítrico (NO) no interior do vaso e ao estresse oxidativo, pode ocasionar, em alguns casos, uma redução no fluxo sanguíneo e, finalmente, a vaso-oclusão. → Endotélio: ativação ocorre por lesões promovidas pela liberação de Hb e pelas hemácias SS. O endotélio ativado libera, então, moléculas de adesão, fatores procoagulantes e vasoconstritores potentes. → Inflamação: estado inflamatório crônico que exerce um papel fundamental na ativação das células endoteliais e células sanguíneas, em especial, dos leucócitos. → Adesão celular: adesão de células vermelhas, leucócitos e plaquetas ao endotélio e à parede vascular que pode causar diminuição no fluxo sanguíneo e, portanto, a vaso-oclusão. → Plaquetas e a coagulação: a fisiopatologia da AF está associada a um estado de hipercoagulabilidade. TRATAMENTO -Reposição de ácido fólico 5mg/dia: Devido a hiperplasia eritropoética -Uso de hidroxiureia em pacientes selecionados: a ureia aumenta a quantidade de Hb fetal -> crises dolorosas frequentes, síndrome torácica aguda, anemia grave, complicações vaso-oclusivas. O aumento da HbF, diminui as moléculas de adesão e aumenta a produção de óxido nítrico, que funciona como vasodilatador. -Crise vaso-oclusiva: tratar fator desencadeante, hidratação vigorosa -> adulto 3L/dia. Analgesia para alívio da dor. -Vacinação de acordo com o calendário +pneumococo. Penicilina profilática oral a cada 21 dias de 3m até 5 anos. ****Tratar todo episódio febril como potencialmente fatal. -Síndrome torácico aguda: antibioticoterapia agressiva -Terapia transfusional: Objetivo -> Hb S < 30% -Transplante de célula-tronco hematopoiéticas experimentais. Curativo. Apenas para casos graves. TALASSEMIA -É um grupo heterogêneo de doenças genéticas -redução ou ausência da síntese de um dos tipos de cadeia de globina que formam as hemoglobinas -Denominadas conforme a cadeia afetada: α- talassemia não produz cadeia α e β-talassemia não produz cadeia β -As manifestações clínicas e laboratoriais são decorrentes do desequilíbrio na produção quantitativa dessas cadeias B-TALASSEMIA FISIOPATOLOGIA 3 formas clínicas: Talassemia maior (anemia de Cooley) -Forma grave -Dependente de transfusões -Homozigotos ou heterozigostos compostos Talassemia intermediária -Sintomática, mas menos grave que a maior -Hb entre 8-10g/dL -Não depende de transfusões Talassemia menor -Heterozigotos -Clinicamente assintomáticos 9Thayná Campos Duarte -Apenas alterações laboratoriais Tem-se um desequilíbrio na produção das cadeias de globina. Menor disponibilidade de cadeia B, que gera uma limitação do número de moléculas de hemoglobina completas por célula Maior número de cadeias α: leva uma precipitação nos eritrócitos e a destruição precoce na medula óssea e baço. A medula não chega a liberar essa hemácia com defeito. QUADRO CLÍNICO Heterozigotos: Geralmente assintomáticos; defeito detectado nos exames laboratoriais Homozigotos e heterozigotos compostos: variam de anemia grave incompatível com avida até a forma assintomática -Anemia: palidez, taquicardia, fraqueza, sopros no precórdio, insuficiência cardíaca, Hb <7g/dL em casos graves. -Hipodesenvolvimento somático e sexual: menor crescimento em estatura, menor massa muscular, ausência ou retardo da maturação sexual. -Hiperplasia da medula óssea: a medula aumenta a produção. A medula é 7-30x maior que a normal, gera desvio de nutrientes para a medula óssea, aumento de absorção gastrintestinal do ferro e alterações ósseas. A maioria das células são destruídas ainda na medula óssea, tem o aumento da desidrogenase lática, aumento do ácido úrico e aumento de bilirrubina. -Alterações ósseas, dentárias, faciais e articulares: Protuberância frontal e malar, depressão na ponta do nariz, horizontalização dos orifícios nasais, hipertrofia maxilar “cara de rato” **À radiografia: boças, e presença de “fio de escova” -Pode ter esplenomegalia que provoca: trombocitopenia, neutropenia, agravamento da anemia. -Sobrecarga de ferro: Causa mais frequente de óbito após a 2ª década de vida. Ocorre devido a amior absorção intestinal, múltiplas transfusões (tratamento). ->Quadro clínico: retardo do crescimento e maturidade sexual, diabetes, escurecimento da pele, alterações cardíacas. *Alterações cardíacas: ocorre devido a anemia e ao acúmulo de ferro -> cardiomegalia, circulação hiperdinâmica, insuficiência cardíaca, pericardite. Pode ser evitável com o uso de transfusões e quelantes de ferro. DIAGNÓSTICO Homozigotos: -Achado clínicos -Pais heterozigotos -Anemia – Hb < 9 g/dL -Eletroforese de hemoglobina: Aumento da hemoglobina fetal e Hb A2 variável Heterozigoto: -Maioria assintomático -Hb 10-13 g/dL -Ferro sério normal ou pouco elevado -Eletroforese de hemoglobina: Aumento de HbA2 (3,5- 6%) e Hb fetal ligeiramente elevada. TRATAMENTO Talassemia maior: - Transplante de medula óssea (curativo) - Transfusões: objetivo Hb > 10g/dL. Início precoce reduz complicações. -Terapia com quelante: ferro aumentado devido a transfusões. Para todo talassêmico que faz transfusões regulares, após um ano do início, quando ferritina atingr 1000-1500 - 0,75g de ferro/kg > manifestações clínica Quelantes parenterais - Desferroxamina: subcutânea - 20 a 40mg/kg/dia, 5 a 6 dias por semana, infusão contínua prolongada diária por bomba de infusão Quelantes orais: Deferiprone 75mg/kg/dia e Deferasirox 5-20 mg/kg/dia -Esplenectomia: indicação -> plaquetopenia, esplenomegalia, elevado consumo transfusional de Microcitose e hipocromia Microcitose e hipocromia Hipocrômia, microcitose e hemácias em alvo 10 Thayná Campos Duarte sangue. Se possível após os 5 anos. Talassemia menos: -Raramente necessitam tratamento Talassemia intermediáira: -Transfusões conforme complicações -Uso de quelante A-TALASSEMIA FISIOPATOLOGIA -Indivíduo normal possui 4 genes α ativos. 4 quadros clínicos e laboratoriais distintos. Traço a-talassêmico: -Heterozigostos de a0-talassemia ou homozigotos para a+-talassemia. 2 genes ativos e 2 inativos. -> Clinicamente normais, podem apresentar microcitose ou hipocromia. Neonato 5-30% de Hb Bart’s. Diagnóstico apenas pela medida da relação de a/B ou análise de DNA. Portador silencioso: -Heterozigoto para a+-talassemia. 3 genes ativos e 1 inativo. - 1-2% de Hb Bart’s no neonato. Adulto pode ter ligeira hipocromia. Diagnóstico por análise do DNA. Enfermidade por HbH - 4β -1 gene ativo e 4 inativos. -Anemia moderada, microcitose, hipocromia. -O quadro clínico é de talassemia maior ou intermediária Hidropsia fetal por Hb Bart´s -4 genes inativos. -morte intrauterina ao final da gestação ou poucas horas após o nascimento. Não há HbA ou HbF ANEMIAS HEMOLÍTICAS -Hemólise imune, causando uma destruição precoce das hemácias por ação da resposta imunológica. -Leva a anemia se a resposta medular não for compensatória. Anemia ocasionada pela sobrevida curta das células vermelhas circulantes devido sua destruição prematura. A MO tenta compensar, aumentando a produção e acaba liberando reticulócitos na circulação, reliculocitose. LDH elevado, é um marcador de hemólise. Bilirrubina indireta aumentada, pela quebra da hemácia e transformação da porfirina em biliverdina e depois em bilirrubina. Haptoglobina baixa, se liga à hemoglobina circulante, diminui sua quantidade livre. MECANISMOS DA HEMÓLISE Anormalidades da membrana da hemácia: A capacidade da hemácia de mudar de forma e se adaptar aos pequenos capilares é perdida, quando elas passam pelo baço, os macrófagos as fagocitam para a destruição. Ex.: esferocitose, eliptocitose, hemoglobinúria paroxística noturna, cirrose hepática. Anormalidades da Hb: Alteram a viscosidade ou deformabilidade da hemácia. - Reticulocitose, LDH elevado, Bilirrubina indireta aumentada, Haptoglobina baixa, esferocitose, macrocitose 11 Thayná Campos Duarte Ex.: doença falciforme, talassemias e deficiência e G6PD. Anormalidades das enzimas eritrocitárias: Deficiência de piruvato quinase (PK), mais rara. Deficiência da G6PD. Fatores extrínsecos provocando a hemólise: Fixação de anticorpos à membrana, anemias hemolíticas imunes. Hemólise mecânica: próteses valvares cardíacas, atletas que fazem marchas prolongadas, microangiopatias). Infecções: malária, vírus Veneno de cobra. Hiperesplenismo: aumenta a hemocaterese. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Causa mais comum de anemia hemolítica por defeitos na membrana. Para desenvolver o paciente tem alteração em um dos 5 genes que codificam as proteínas da hemácia que estão envolvidas na ligação do citoesqueleto à camada lipídica. Enfraquece essa interação, célula mais redonda, não consegue se adaptar aos sinusoides esplênicos de maneira adequada, não há deformabilidade adequada. FISIOPATOLOGIA Deficiência de espectrina, deficiência combinada de espectrina e anquirina, deficiência de banda 3 ou da banda 4.2. Há redução da superfície em relação ao volume, se torna esférica e sem deformabilidade, gera estase desses esferócitos no baço, mantém maior contato dessas células com os macrófagos. Mais redondo e mais vermelho que as hemácias normais. CLÍNICA Pode ser diagnóstico em qualquer idade. Reticulocitose, bilirrubina aumentada, LDH aumentado, haptoglobina baixa. Classificação Traço: Hb e reticulócitos normais, não manifesta. Leve: Hb 11 a 15 g/dl, reticulócitos 3 a 6% e bilirrubina 1 a 2 mg/dl. Moderado: Hb 8 a 12g/dl, reticulócitos >10% e bilirrubina >2mg/dl. Grave: Hb 6 a 8g/dl, reticulócitos>10% e bilirrubina>3mg/dl. Abaixo disso seria muito grave. RN: Desenvolvem a anemia entre a 2 e 3 semana de vida. Apresentam icterícia grave, usar fototerapia ou até exsanguineotransfusão. Crianças e adultos: Hemólise, esferocitose no sangueperiférico, cálculo biliar, esplenomegalia e icterícia. Mais os sintomas de todas as anemias, como fraqueza. Pode ter associação com anemia falciforme ou talassemia. Quadro mais grave nesse caso, mais defeitos favorecendo a hemólise. EXARCEBAÇÃO DA ANEMIA Infecção: dificuldade de compensação da hemólise. Ex.: parvovírus B19, causa uma aplasia de medula durante a infecção. Há queda dos reticulócitos. Esplenomegalia: aumenta a degradação. Ex: mononucleose. Deficiência de vit. B12, B9 e ferro: medula não tem nutrientes suficientes para produzir e repor hemácias. Gravidez: queda de alguns nutrientes. COMPLICAÇÕES Icterícia neonatal Esplenomegalia Cálculo biliar Raros: Hematopoese extramedular Déficit de crescimento QUANDO SUSPEITAR Hemólise coombs negativo e esferócitos em sangue periférico. HF de EH. Fazer: Hemograma e esfregaço de sangue periférico (CHCM>36g/dl é grande indicativo). LDH, reticulócitos, haptoglobina, bilirrubina indireta. Coombs direto, para verificar se é imune, se tem anticorpos ligados à hemácia. DIAGNÓSTICO Teste de fragilidade osmótica: plasma do paciente é colocado imerso em diferentes concentrações de solução salina. Hemólise ocorre em quase todas as concentrações, pela fragilidade existente. Curva de fragilidade osmótica mais à direita. Teste de baixa especificidade. 12 Thayná Campos Duarte Outros testes são muito caros, pouco disponíveis. TRATAMENTO Neonato: fototerapia e se for necessário exsanguineotransfusão. Ácido fólico 1 a 2mg/dia nos casos moderados a graves, na gravidez 4 a 5 mg/dia. Transfusão em alguns casos, como crise aplásica ou gravidez. EPO: até 9 meses de idade pode usar, quando o rim ainda não produz direito. Esplenectomia: Idealmente após os 6 anos de idade, antes disso as crianças estão muito sujeitas a infecções de germes encapsulados, que são combatidos pelo baço. Fazer em hemólise grave, sintomas relacionados à esplenomegalia, retardo de crescimento decorrido da hemólise. Vacinação contra germes encapsulados (pneumo, meningo, haemophilus)! Pelo menos 2 semanas antes. Riscos da cirurgia: sangramento, choque hipovolêmico, infecções, trombose (baço também é responsável pela destruição de plaquetas, risco aumentado em 5 anos).
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