Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A Valores normais para hemoglobina: Homens: HB>13 g/dl Mulehres: Hb>12 g/dl Grávidas e crianças 6 meses-6 anos: Hb>11g/dl ANEMIA FERROPRIVA ● Geralmente é uma anemia microcítica (VCM diminuído) e hipocrômica (CHCM diminuído) → anemias microcícitas e hipocrômicas são as mais prevalentes no mundo e a causa é o descompasso entre a síntese de Hb e a proliferação eritróide, tornando as hemácias menores por falta de conteúdo. ● A deficiência de ferro é a principal causa de anemia o Resulta em células com conteúdo reduzido de HB, traduzindo-se por hemácias hiprocrômicas e microcíticas e por redução dos índices hematiméticos (VCM<80 e CHCM<32). o O ferro é um nutriente essencial ao organismo, associado à produção de glóbulos vermelhos e ao transporte de oxigênio dos pulmões para todas as células do corpo. o Principal fonte de fero: existem duas formas de ferro disponíveis nos alimentos - o ferro heme e o ferro não heme. ▪ Uma dieta normal contém 13-18 mg de ferro, somente 1-3mg serão absorvidos no intestino delgado, principalmente jejuno e íleo. o A depleção dos estoques de ferro pela ingesta inadequada geralmente ocorre em cerca de 4 anos. MECANIMOS DE INSTALAÇÃO DA ANEMIA: ● Aumento do consumo/demanda (em lactentes e na gestação) ● Excesso de perda (hemorragias) ‘ ● Menor absorção (síndromes de má absorção, gastrectomia) HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A Hepcidina: ● É um regulador negativo do metabolismo do ferro, ela controla: a concentração plasmática de ferro e a distribuição aos tecidos ao inibir a absorção de ferro no intestino; a reciclagem de ferro pelos macrófagos e a mobilização de ferro de estoques hepáticos. ANEMIA FERROPRIVA X ANEMIA POR INFLAMAÇÃO Como diferenciar na avaliação de exames: QUADRO CLÍNICO: Sinais e sintomas: ● Astenia, fraqueza, desânimo, palidez cutânea, tonturas, sonolência, taquicardia, dispneia. ● Glossite atrófica. ● Perversão do apetite: geofagia pica. ● Disfagia cervical ● Coiloniquia ● Quelite angular ● Cabelos enfraquecidos ● Amenorréia na mulher ● Diminuição de libido DIAGNÓSTICO: Laboratorial: ● Estudo da série vermelha: diminuição da taxa de HB e do Hct. O número de eritrócitos pode estar normal, pouco ou muito alterado. ● Anemia micro e hipo - VCM e CHCM baixos ● Reticulócitos normal ou reduzidos, sobe rapidamente após início da terapêutica. ● RDW aumentado. (diagnóstico diferencial: na talassemia está normal) ● Ferritina (<30ng/mL) diminuída. ● Fe sérico diminuído. ● TIBC (capacidade de ligação do ferro) aumentado. ● Saturação da transferrina diminuído. ● Ferro medular por azul da prússia diminuído. ● Receptor solúvel da transferrina aumentado. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Talassemia, anemia sideroblástica, intoxicação por chumbo e anemia por inflamação (ADC). TRATAMENTO: HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A ● Reposição de ferro: sulfato ferroso 325mg VO ou EV. o Ingerir longe das refeições, apesar de já haverem formulações que podem ser ingeridas com alimentos. o Não utilizar antiácidos. o Ácido ascórbico (vitamina C) aumenta a absorção. o Manter o tratamento de 3-6 meses após normalização da Hb. o Efeitos colaterais: náuseas, epigastralgia e constipação. ● Ferro parental: utilizar quando houver intolerância ao ferro oral, distúrbio de absorção e peras superiores à absorção e hemodiálise. o Hidróxido de Ferro III 500mg/ml diluído e lentamente. o Efeitos colaterais graves, pode ocorrer reação anafilática com hipotensão, prurido, rash, náuseas, vômitos e mialgias. ANEMIAS MEGALOBLÁSTICAS ● Grupo de distúrbios que se caracterizam pela presença de aspectos morfológicos distintos dos eritrócitos em desenvolvimento na medula óssea. ● Anemia macrocítica com VCM aumentado > 100. ● A MO costuma ser hipercelular, e a anemia tem como base a eritropoiese ineficaz. A causa, em geral, consiste em deficiência de cobalamina (vitamina B12) ou de folato. Pode ocorrer anemia megaloblástica devido a anormalidades genéticas ou adquiridas que afetam o metabolismo dessas vitaminas, ou devido a defeitos na síntese do DNA não relacionados com a cobalamina ou do folato. ● Os eritroblastos da medula mostram anormalidade característica: atraso da maturação do núcleo em relação a do citoplasma. ● A característica em comum de todas as anemias megaloblásticas é um defeito na síntese do DNA que afeta rapidamente as células em divisão na medula óssea. ● Causas da anemia megaloblástica: o Deficiência da cobalamina ou anormalidades em seu metabolismo. o Deficiência de folato ou anormalidade em seu metabolismo. o Terapia com fármacos antifolato (metotrexato) o Independente da deficiência de cobalamina/folato e refratária à terapia com cobalamina/folato. (Alguns casos de leucemia mielocítica aguda/mielodisplasia, terapia com fármacos que interferem na síntese do DNA, acidúria orótica) COBALAMINA (VITAMINA B12) Fontes dietéticas e necessidades: ● A única fonte de vitamina B12 para os humanos são os alimentos de origem animal como a carne, os peixes e os laticínios. ● As necessidades diárias de cobalamina são de cerca de 1-3 μg/dia. As reservas corporais são da ordem de 2-3 mg, suficientes para 3 a 4 anos se o fornecimento for completamente abolido. Absorção: ● Mecanismo passivo: o É rápido mais ineficiente. o Ocorre nas mucosas bucal, duodenal e do íleo. ● Mecanismo fisiológico normal: o É ativo, mediado pelo fato intrínseco (FI) gástrico, e ocorre pelo íleo. HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A o A cobalamina dietética é liberada a partir de complexos proteicos por enzimas existentes no estômago, no duodeno e no jejuno, combinando-se rapidamente com um glicoproteína salivar da família das haptocorrinas (HCs). No intestino, a HC é diferida pela tripsina pancreática e a cobalamina é transferida para o FI. O complexo FI-cobalamina passa para o íleo, onde o FI se liga a um receptor específico na membrana da microvilosidade dos enterócitos. O complexo cobalamina-FI entra na célula ileal, onde o FI é destruído. Depois de cerca de 6h. a cobalamina aparece no sangue portal ligada a transcobalamina II. Anemia perniciosa: ● Causa mais comum de deficiência de B12. ● Resulta do ataque auto-imune no fator intrínseco gástrico. Gastrite atrófica: ● Diminui a produção de fator intrínseco. ● Associado a auto-anticorpos contra as células parietais. FOLATO (ÁCIDO FÓLICO) Fontes dietéticas e necessidades: ● O ácido fólico é uma substância hidrossolúvel, amarela e cristalina. ● A maioria dos alimentos contém algum folato, as maiores concentrações estão no fígado, nas leveduras, no espinafre, em outras verduras e nas nozes. ● O folato é facilmente destruídopelo calor. ● As necessidades diárias são de cerca de 100μg/dia, de modo que as reservas (10mg) são suficientes por apenas 3-4 meses nos adultos normais, que podem vir a ter deficiência grave rapidamente. Absorção: ● Os folatos são absorvidos rapidamente na parte superior do intestino delgado. ● Todos os folatos dietéticos são convertidos em 5-metil-THF dentro da mucosa do intestino delgado antes de entrar no plasma portal. O folato é transportado no plasma, 33% se liga frouxamente a albumina e o restante não se liga. Funções bioquímicas: ● Os folatos atuam como coenzimas na transferência de unidades de carbono único. Estão envolvidos na síntese das purinas e das pirimidinas, necessárias à replicação do DNA e do RNA. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ● Muitos pacientes assintomáticos são descobertos pelo achado de um volume corpuscular médio (VCM) elevado em um hemograma de rotina. ● As principais manifestações clínicas nos casos mais graves são de anemia. ● Em geral, a anorexia é acentuada, podendo haver perda de peso, diarreia ou constipação intestinal. ● Glossite, queilose angular, febre baixa, icterícia e hiperpigmentação cutânea → casos de anemia mais grave. ● A trombocitopenia às vezes acarreta em equimoses, o que pode ser gravado pela deficiência de vitamina C ou pelo álcool em pacientes subnutridos. ● Complicações na gravidez: a deficiência materna de folato foi implicada como causa de prematuridade, e tanto a deficiência de folato quanto de cobalamina foram envolvidas na perda fetal recorrente e em defeitos do tubo neural. HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A ● Neuropatia: a deficiência severa de B12 pode levar a neuropatia progressiva, afeta nervos periféricos e medula espinhal. ACHADOS HEMATOLÓGICOS Sangue periférico ● Macrócitos ovais, com considerável anisocitose e poiquilocitose. ● VCM > 100 fL. → Macrocitose ● Neutrófilos hipersegmentados, reticulócitos baixos e aumento do ferro sérico. ● No paciente com anemia grave, a MO é hipercelular e megaloblástica com acúmulo de células primitivas devida à morte seletiva por apoptose das formas mais maduras. ● Diminuição da haptoglobina. ● Aumento do LDH e da bilirrubina indireta. Hematopoiese ineficaz ● Acúmulo de bilirrubina não conjugada no plasma devido à morte dos eritrócitos nucleados na MO. TRATAMENTO ● Em geral, é possível estabelecer qual das duas deficiências, de folato ou de cobalamina, é a causa da anemia e tratar apenas com a vitamina apropriada. ● Folato: ác. fólico de 1-5 mg/dia VO, durante 1-4 meses ou até recuperação completa. ● Cobalamina: intramuscular na dose de 1mg/dia por 1 semana, seguido de 1mg/semana por 4 semanas e 1 mg mês. ANEMIA APLÁSICA DEFINIÇÃO: ● É uma pancitopenia (diminuição global de elementos celulares do sangue) com hipocelularidade na MO. ETIOLOGIA: ● Na maioria dos casos a anemia aplásica é idopática. Anemia de Fanconi: Adquiridas Hereditárias Secundária: ● Irradiação ● Fármacos e produtos químicos ● Vírus (Epstein-Barr, hepatite, parvovírus B19 e HIV-1) Anemia de Fanconi Doenças imunes Disceratose congênita Linfocitose de grandes linfócitos granulares. Síndrome de Shwachman-Diamond Hemoglobinúria paroxística noturna Disgenesia reticular Gestação Trombocitopenia amegariocítica Idiopática Anemias aplásicas familiares Pré-leucemia Síndrome não hematológica HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A ● É uma doença rara, autossômica recessiva que causa falência medular progressiva e predisposição a malignidades. ● Os sintomas se iniciam entre 5-10 anos e as crianças nascem sem alterações hematológicas. ● A história familiar é importante pois é uma doença frequente entre irmãos. ● Ocorre mais em homens. ● Pancitopenia progressiva, hipoplasia medular e anomalias congênitas do desenvolvimento. ● Fenótipo: baixa estatura, hiperpigmentação da pele, ausência de polegar/rádio, hipogonadismo, hipoplasia renal e esplênica, microcefalia, estrabismo, microftalmia e retardo mental. ● Tratamento: transfusões de sangue, andrógenos, corticoides, fator estimulante de colônia de granulócitos e macrófagos, transplante de medula alogênica é o único curativo para paciente com doador compatível. FISIOPATOLOGIA: ● A insuficiência da MO resulta de lesão grave do compartimento das células hematopoiéticas. ● Na anemia aplásica, a substituição da MO por gordura é observada. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ● Pode surgir abruptamente ou de maneira insidiosa. ● Sangramento é o sintoma inicial mais comum, o paciente queixa-se de fácil aparecimento de equimoses, sangramento das gengivas, epistaxe (sangramento no nariz), fluxo menstrual intenso e, algumas vezes, petéquias. ● Sintomas de anemia (cansaço, fraqueza, dispneia e sensação pulsátil nas orelhas) também são frequentes. ● Uma característica marcante da anemia aplásica é a restrição dos sintomas ao sistema hematológico, os pacientes frequentemente se sentem bem e têm boa aparência apesar da redução drástica das contagens hematológicas. ● Deve-se questionar repetidamente sobre o uso anterior de fármacos, exposição a substância químicas e doenças virais prévias. ● Ao exame físico as petéquias e equimoses são típicas, também podem ocorrer hemorragias retinianas. ● Palidez da pele e mucosas é comum. ● Astenia, palidez, hemorragias, risco de infecções (febre), sem adenomegalias, hepato e espleno, anorexia. Anemia aplásica grave: Neutrófilos <500 Palquetas <20000 Muito grave: Neutrófilos < 200 ESTUDOS LABORATORIAIS: Sangue: ● O esfregaço revela grandes eritrócitos e uma escassez de plaquetas e granulócitos. ● VCM costuma estar aumentado. ● Reticulócitos diminuídos. ● A contagem dos linfócitos pode ser normal ou reduzida. HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A ● Geralmente anemia normo/normo. ● Neutropenia ● Plaquetopenia. Medula óssea; ● A MO é facilmente aspirada, porém se dilui no esfregaço, e a amostra de biópsia pode estar visivelmente pálida na retirada. ● Hipoplásica com aumento do tecido gorduroso. DIAGNÓSTICO: ● Associação de pancitopenia (diminuição global de elementos do sangue) à medula óssea gordurosa. ● É uma doença de jovens (adolescentes e adultos jovens). TRATAMENTO: ● A anemia aplásica adquirida grave pode ser curada pela reposição das células hematopoiéticas ausentes mediante o transplante de células-tronco ou melhorada com a supressão do sistema imune para permitir a recuperação da função residual da medula óssea do paciente. ● Tratar a causa e afastar agente causador se possível. Transplante de células-tronco hematopoiéticas: ● É a melhor forma de terapia para o paciente mais jovem com um irmão doadortotalmente histocompatível. Imunossupressão: ● Globulina antitimócito (ATG) em combinação com a ciclosporina induz a recuperação hematológica. ● Crianças reagem especialmente bem. ● A maioria dos paciente com anemia aplásica não possui um doador de medula apropriado, de modo que a imunossupressão é o tratamento de escolha. Tratamento de apoio: ● Tratar agressivamente a infecção na presença de neutropenia grave, com a instituição imediata de antibióticos de amplo espectro, em geral ceftazidima ou uma associação de aminoglicosídeo, cafelosporina e penicilina semissintética. O tratamento é empírico. ● As contagens das plaquetas e de eritrócitos podem ser mantidas com transfusão. ANEMIAS HEMOLÍTICAS ● Aumento da destruição dos eritrócitos= Resultam do consumo excessivo do sangue periférico e aumento da produção na medula, gerando reticulose. ● Podem ser hereditárias/adquiridas, agudas/crônicas, discretas/muito graves, intravasculares/extravasculares, de causa intracorpusculares/extracorpusculares. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ● As manifestações dependem do início abrupto ou não, podendo ser uma emergência ou um quadro arrastado. ● Sinais e sintomas decorrentes da hemólise → baço e fígado podem apresentar megalias. ● O principal sinal é a icterícia. HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A DIAGNÓSTICO Laboratorial: ● Aumento BI (pela hemólise). ● Uribilinogênio aumentado nas fezes e urina. ● Hemoglobinúria (+ hemossidenúria). ● LDH aumentada ● Haptoglobina reuzida. ● Bilirrubina normal ou levemente aumentada. ● Reticulocitose. ● Esfregaço: Macrócitos, policromatose e eritrócitos nucleados. TRATAMENTO: ● Objetivos: reduzir a produção de anticorpos, diminuir a capacidade de ac viáveis, diminuir/cessar a hemólise. ANEMIAS HEMOLÍTICAS AUTO-IMUNES: ● Anticorpos, complemento e macrófagos que causam a morte prematura dos eritrócitos estão envolvidos. ● Mais comumente os anticorpos se ligam a membrana do eritrócito. ● Menos comumente alguns medicamentos estimulam a formação de anticorpos que se ligam a parede do eritrócito, marcando as hemácias como alvo. ● Causas: ainda não bem definidas. ● Quadro clínico: o Insidiosa o Pode ser abrupta com anemia grave o Sintomas inespecíficos e variáveis, dependem da idade, comorbidades e se é primária. o Astenia e fadiga. ● Diagnóstico: história, medicamentos, patologias prévias (LLC, linfomas B, colite e AR). ● Exame físico: inespecífico, palidez, icterícia e báco palpável. Hepatomegalia também pode estar presente. ● Laboratório: o Esfregaço: população dimórfica - reticulócitos e esferóctios. o Eritrócitos anormais (aumento RDW) + VCM alto + reticulocitose = sugestivo de hemólise. o Leucócitos discretamente aumentados o Plaquetas normais (exceto em LES ou sind. Evans) o Aumendo de bilirrubina indireta, aumento de LDH, diminuição de haptoglobina. o BI < 4 o Pode ocorrer hemoglobinúria e hemossiderinúria. ● MO: hiperplasia eritróide. Fazer em suspeita de linfoma. ● Teste de Coombs (antiglobulina): o É a chave para o diagnóstico, principal método para diagnóstico. Tratamento: ● Corticoterapia: Prednisona - 2mg/kg/dia ● Transfusão: depende do estado clínico e tolerância do paciente, pode haver reações transfusionais. HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A ● Esplenectomia: em casos refratários ou dependentes de corticoide. ● Rituximbe: Ac monoclonal anti-CD20 ● Imunossupressores: utilizar em casos refratários. Azatioprina, Ciclosporina e Ciclofosfamida. ● Outras alternativas: Danazol, IgG. AHAI com auto-Ac IgG / Doença da aglutina fria: ● Representam 75% dos casos. ● Os Ac IgG causam hemólise extravascular. ● A taxa de hemólise depende da quantidade de auto-Ac sobre superfície do eritrócito, da afinidade e avidez pelo auto antígeno. ● O grau de anemia depende da taxa de destruição e da capacidade da medula de aumentar a produção. ● A anemia aparece quando a meia-vida das hemácias fica reduzida para cerca de 10 dias. ● Existem 2 tipos: o Forma aguda - causada por infecção (Mycoplasma pneumoniae ou E. Baar), é abrupta e aparece na fase de recuperação da infecção. Normalmente ocorre em jovens e é auto-limitada, raramente precisando de tratamento. o Forma crônica - é a forma mais comum, principalmente em idosos e associada a doença linfoproliferativas B, LLC e Waldestron. ● Aglutina fria = IgM monoclonal/auto-ac IgM que reagem com eritrócitos a temperatura < 37 graus. ● Quadro clínico: 50-70 anos, anemia com piora em climas frios geralmente não grave. ● Diagnóstico: o Aglutinação desaparece no calor. o Coombs direto positivo se aglutininas de alta amplitude térmica. ● Tratamento: o Se por infecção: não requer tratamento. o Manejo: evitar frio. o Prednisona raramente é efetiva. o Não usar Azatioprofina e Ciclofosfamida. o Rituximabe: aglutinina crônica ou neo células B. AHAI causasa por medicamentos: ● Há medicamentos (cefalosporinas, fludarabina e interferon) que induzem a formação de Ac anti-medicamentos, os Ac na membrana se ligam a eles, resultando em teste de Coombs direto positivo. ● Diagnóstico: histórico de uso. ● Pode ou não se resolver com a interrupção do medicamento. HEMOGLOBINÚRIA PAROXISTICA NOTURNA: ● Anemia hemolítica adquirida por mutação das células tronco, com eritrócitos susceptíveis a destruição. ● Pode ocorrer em qualquer idade (10-50anos), mas a média é 40 anos. ● Sobrevida de 10 anos. ● Quadro clínico: urina da manhã cor de coca-cola, dores abdominais, disfagia e disfunção erétil. Trombose venosa se faz presente em 1/3 dos casos. Há danos na medula em quase todos os pacientes, podendo evoluir para anemia aplásica e raramente para leucemia aguda. HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A ● Diagnóstico: Citometria de fluxo. ● Tratamento: Ac monoclonal (Eculizumabe), Fe se deficiência, Varfarina se trombose, transfusões + suporte. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA: ● É uma doença hemolítica familiar. ● Caraterizada por: anemia + icterícia intermitente + esplenomegalia ● Tem boa resposta à esplenectomia. ● Patogênese: anormalidades nas interações verticais entre as proteínas de mb. A desestruturação da membrana leva a perda de lipídeos e consequente formação de esferócitos. ● Quadro clínico: ocorre em qualquer idade (neonatal a adulto), anemia em geral leve-moderada, há piora da icterícia com esforço físico, infecções, estresse, gestação. o Cálculos biliares frequentes, úlceras perimaleolares, infecções por parvovírus B19. o Pode haver crise aplásica grave e crise megaloblástica. ● Laboratório: reticulose sempre, aumento de BI e LDH, Coombs direto negativo, CHCM aumentado, fragilidade osmótica aumentada. ● Tratamento: o Neonatal dependendo da gravidade = Exsanguíneotransfusãoo Suplementação com ác. fólico 1-5mg/d VO o Tranfusões nas exacerbações da hemólise e crises. o Esplenectomia é curativa e indicada em casos graves (Hb<8 e reticulócitos>10%). Somente após os 6 anos e vacinados. HEMOGLOBINOPATIAS ● São doenças hereditárias causadas por diminuição ou anomalias na síntese de globina. ● Hemoglobina: é uma proteína formada por 4 cadeias de globina ligadas a um grupamento heme que possui ferro e transporta oxigênio. o Os adultos tem 3 tipos de Hb (A, F e A2) ● Epidemiologia: são as doenças genéticas mais comuns, algumas relacionadas a proteção conta a malária. Algumas populações apresentam mais frequentemente distúrbios, como beta-talassemia no mediterrâneo e alfa-talassemia no oriente. Hemoglobinopatias: Quantitativas - Talassemias: deficiência na síntese de cadeias globínicas. Qualitativas - Hemoglobinas anormais (variantes): alteração estrutural da cadeia globínica. PHHF - Persistência hereditária de hemboglobina fetal. TALASSEMIAS ● Deficiência total ou parcial de cadeiras α ou β. ● Como consequência, há redução na síntese de Hb normal além de desequilíbrio entre a produção das cadeias globínicas e formação de tetrâmeros β e γ/α. ● Fe sérico normal, TIBC normal, Ferritina normal ou aumentada, RDW normal e ferro medular presente. HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A Síndromes alfa-talassêmicas: ● São causadas por deleção de genes, o normal são 4 cópias de gene α-globina. ● A gravidade clínica pode ser classificada conforme o número de genes que faltam ou estão inativos. ● Hidropsia fetal: deleção dos 4 genes, defeito imcompatível com a vida. ● Talassemia α maior: 3 deleções o Anemia microcítica e hipocrômica moderadamente severa (Hb 7-11). o Células em alvo, esplenomegalaia e Hb A2 diminuída. ● Traço talassêmico α: perda de 2 genes o Em geral não se associam a anemia, embora tenham VCM e HCM baixos e eritrócitos > 5,5 milhões. o Maioria são assintomáticos. ● Portador silencioso: perda de 1 gene ● Diagnóstico: observação dos eritrócitos, determinação hematimétrica, reticulócitos, pesquisa de corpúsculos de Heinz, eletroforese de hemoglobina e história familiar. Síndrome Beta-talassêmicas: ● β-talassemia Maior / Anemia de Cooley: o Ocorre por falha do gene que sintetiza a globina beta. o A associação da globina beta prejudica sua associação com a globina alfa. o Anemia grave 3-4 meses após o nascimento (Hb 2-3) o Hepatoesplenomegalia, expansão óssea (fácies talassêmica e fio de escova) o Dependente de transfusões. o Atentar para sobrecarga de ferro. o Diagnóstico laboratorial: Hb, VCM e HCM baixos, aumento de reticulócitos e eritroblastos, células em alvo. o Diagnóstico diferencial: eletroforese de HB (ausência ou diminuição de HbA, quase 100% de Hb Fetal), cromatografia para hemoglobinopatias e avaliação do ferro. o Tratamento: ▪ Transfusões 2-3 unidades a cada 4-6 semanas. ▪ Ác. fólico para reposição ▪ Quelantes de ferro ▪ Vitamina C ▪ Esplenectomia pode ser necessária ▪ Transplante de MO eficaz em 80% ● Traço β-talassêmico ou Talassemia β menor: o É comum, geralmente assintomática. o VCM e HCM baixos, eritrócitos altos e Hb entre 10-12. o Hb A2 > 3,5% o Hb F normal ou pouco elevada ● Talassemia intermediária o Gravidade moderada (Hb 7-10), geralmente sem necessidade transfusão. SÍNDROMES FALCIFORMES ● Herança do gene da β-globina S (sickle=foice) ● Padrões de herança: o Anemia falciforme - homozigótica HbSS ▪ Pacientes assintomáticos até os 6 meses de vida, após isso anemia hemolítica grave pontuada por crises. HEMATOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A ▪ Crises vaso-oclusivas frequentes e precipitadas por infecção, acidose, desidratação, frio e desoxigenação. ▪ Lesões crônicas dos órgãos. ▪ Síndrome nefrótica. ▪ Priaprismo. ▪ Manifestações oculares. ▪ Lesões por estase vascular e isquemia focal. ▪ Achados laboratoriais: Hb 6-9, normocrômica e normocítica, tendendo a microcitose. HCT 20-30%. Leucocitose 12000-15000. Plaquetas>440000. VSG baixo. Hemácias falciformes, células em alvo e policromatofilia. ▪ Diagnóstico: eletroforese de Hb, HPLC da Hb, testes de solubilidade, hemograma completo, PCR. ▪ Tratamento: medidas preventivas (evitar frio, infecções, desidratação e anóxia), ácido fólico, higiene e boa nutrição, controle da dor, transfusões sanguíneas somente em anemia muito grave, hidroxiuréia, TMO pode curar. o Traço falciforme - heterozigótica HbAS ▪ Paciente sem anemia e com eritrócitos normais. ▪ Hematúria é o sintoma mais comum. ▪ O diagnóstico é importante para aconselhamento genético. o Associado a outras variantes HbSC, HbSD... ● Profundas alterações na estabilidade e solubilidade da hemoglobina. ● A HbS é insolúvel e forma cristais quando exposta a baixa tensão de O2. ● A Hb desoxigenada polimeriza, a célula adquire forma de foice, suscetível a hemólise. Os eritrócitos deformados podem ocluir a microcirculação e também grandes vasos. ● Consequências: anemia hemolítica crônica, lesão crônica de órgãos e tecidos, crises vaso-oclusivas dolorosas.
Compartilhar