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Hematologia - Prova 1 (Anemia ferropriva/Anemias megaloblásticas/Anemia aplásica/Anemias hemolíticas/Hemoglobinopatias)

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HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
Valores normais para hemoglobina:  
Homens: ​HB>13 g/dl  
Mulehres: ​Hb>12 g/dl  
Grávidas e crianças 6 meses-6 anos: ​Hb>11g/dl 
 
ANEMIA FERROPRIVA 
 
● Geralmente é uma anemia microcítica (VCM diminuído) e hipocrômica (CHCM                   
diminuído) ​→ anemias microcícitas e hipocrômicas são as mais prevalentes no                     
mundo e a causa é o descompasso entre a síntese de Hb e a proliferação eritróide,                               
tornando as hemácias menores por falta de conteúdo.  
● A ​deficiência de ferro​ é a principal causa de anemia 
o Resulta em células com conteúdo reduzido de HB, traduzindo-se por                   
hemácias hiprocrômicas e microcíticas e por redução dos índices                 
hematiméticos (VCM<80 e CHCM<32).  
o O ferro é um nutriente essencial ao organismo, associado à produção de                       
glóbulos vermelhos e ao transporte de oxigênio dos pulmões para todas as                       
células do corpo.  
o Principal fonte de fero: existem duas formas de ferro disponíveis nos                     
alimentos - o ferro heme e o ferro não heme.  
▪ Uma dieta normal contém 13-18 mg de ferro, somente 1-3mg serão                     
absorvidos no ​intestino delgado​, principalmente jejuno e íleo.  
o A depleção dos estoques de ferro pela ingesta inadequada geralmente                   
ocorre em cerca de 4 anos.  
 
MECANIMOS DE INSTALAÇÃO DA ANEMIA:  
● Aumento do consumo/demanda (em lactentes e na gestação)  
● Excesso de perda (hemorragias) ‘ 
● Menor absorção (síndromes de má absorção, gastrectomia)  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
Hepcidina:  
● É um regulador negativo do metabolismo do ferro, ela controla: a concentração 
plasmática de ferro e a distribuição aos tecidos ao inibir a absorção de ferro no 
intestino; a reciclagem de ferro pelos macrófagos e a mobilização de ferro de 
estoques hepáticos.  
 
ANEMIA FERROPRIVA X ANEMIA POR INFLAMAÇÃO 
Como diferenciar na avaliação de exames:  
 
QUADRO CLÍNICO:  
Sinais e sintomas:  
● Astenia, fraqueza, desânimo, palidez cutânea, tonturas, sonolência, taquicardia, 
dispneia.  
● Glossite atrófica.  
● Perversão do apetite: geofagia pica.  
● Disfagia cervical  
● Coiloniquia  
● Quelite angular  
● Cabelos enfraquecidos 
● Amenorréia na mulher 
● Diminuição de libido  
 
DIAGNÓSTICO:  
Laboratorial:  
● Estudo da série vermelha: diminuição da taxa de HB e do Hct. O número de 
eritrócitos pode estar normal, pouco ou muito alterado.  
● Anemia micro e hipo - VCM e CHCM baixos  
● Reticulócitos normal ou reduzidos, sobe rapidamente após início da terapêutica.  
● RDW aumentado. (diagnóstico diferencial: na talassemia está normal)  
● Ferritina (<30ng/mL) diminuída. 
● Fe sérico diminuído. 
● TIBC (capacidade de ligação do ferro) aumentado.  
● Saturação da transferrina diminuído.  
● Ferro medular por azul da prússia diminuído.  
● Receptor solúvel da transferrina aumentado.  
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:​ Talassemia, anemia sideroblástica, intoxicação por 
chumbo e anemia por inflamação (ADC).  
 
TRATAMENTO:  
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
● Reposição de ferro:​ ​sulfato ferroso​ 325mg VO ou EV.  
o Ingerir longe das refeições, apesar de já haverem formulações que podem 
ser ingeridas com alimentos.  
o Não utilizar antiácidos.  
o Ácido ascórbico (vitamina C) aumenta a absorção.  
o Manter o tratamento de 3-6 meses após normalização da Hb.  
o Efeitos colaterais: náuseas, epigastralgia e constipação.  
● Ferro parental: ​utilizar quando houver intolerância ao ferro oral, distúrbio de 
absorção e peras superiores à absorção e hemodiálise.  
o Hidróxido de Ferro III​ 500mg/ml diluído e lentamente.  
o Efeitos colaterais graves, pode ocorrer reação anafilática com hipotensão, 
prurido, rash, náuseas, vômitos e mialgias.  
 
ANEMIAS MEGALOBLÁSTICAS 
 
● Grupo de distúrbios que se caracterizam pela presença de aspectos morfológicos                     
distintos dos eritrócitos em desenvolvimento na medula óssea.  
● Anemia macrocítica com VCM aumentado > 100.  
● A MO costuma ser hipercelular, e a anemia tem como base a eritropoiese ineficaz.                           
A causa, em geral, consiste em deficiência de cobalamina (vitamina B12) ou de                         
folato. Pode ocorrer anemia megaloblástica devido a anormalidades genéticas ou                   
adquiridas que afetam o metabolismo dessas vitaminas, ou devido a defeitos na                       
síntese do DNA não relacionados com a cobalamina ou do folato.  
● Os eritroblastos da medula mostram anormalidade característica: atraso da                 
maturação do núcleo em relação a do citoplasma.  
● A característica em comum de todas as anemias megaloblásticas é um defeito na                         
síntese do DNA que afeta rapidamente as células em divisão na medula óssea.  
● Causas da anemia megaloblástica:  
o Deficiência da cobalamina ou anormalidades em seu metabolismo.  
o Deficiência de folato ou anormalidade em seu metabolismo.  
o Terapia com fármacos antifolato (metotrexato)  
o Independente da deficiência de cobalamina/folato e refratária à terapia com                   
cobalamina/folato. (Alguns casos de leucemia mielocítica           
aguda/mielodisplasia, terapia com fármacos que interferem na síntese do                 
DNA, acidúria orótica)  
 
COBALAMINA (VITAMINA B12) 
Fontes dietéticas e necessidades:  
● A única fonte de vitamina B12 para os humanos são os ​alimentos de origem animal                             
como a carne, os peixes e os laticínios.  
● As necessidades diárias de cobalamina são de cerca de ​1-3 ​μ​g/dia​. As reservas                         
corporais são da ordem de 2-3 mg, suficientes para 3 a 4 anos se o fornecimento                               
for completamente abolido.  
Absorção:  
● Mecanismo passivo:  
o É rápido mais ineficiente.  
o Ocorre nas mucosas bucal, duodenal e do íleo. 
● Mecanismo fisiológico normal:  
o É ativo, mediado pelo fato intrínseco (FI) gástrico, e ocorre pelo íleo.  
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
o A cobalamina dietética é liberada a partir de complexos proteicos por                     
enzimas existentes no estômago, no duodeno e no jejuno, combinando-se                   
rapidamente com um glicoproteína salivar da família das haptocorrinas                 
(HCs). No intestino, a HC é diferida pela tripsina pancreática e a cobalamina é                           
transferida para o FI. O complexo FI-cobalamina passa para o íleo, onde o FI                           
se liga a um receptor específico na membrana da microvilosidade dos                     
enterócitos. O complexo cobalamina-FI entra na célula ileal, onde o FI é                       
destruído. Depois de cerca de 6h. a cobalamina aparece no sangue portal                       
ligada a transcobalamina II.  
Anemia perniciosa:  
● Causa mais comum de deficiência de B12.  
● Resulta do ataque auto-imune no fator intrínseco gástrico.  
Gastrite atrófica:  
● Diminui a produção de fator intrínseco.  
● Associado a auto-anticorpos contra as células parietais.  
 
FOLATO (ÁCIDO FÓLICO)  
Fontes dietéticas e necessidades:  
● O ácido fólico é uma substância hidrossolúvel, amarela e cristalina.  
● A maioria dos alimentos contém algum folato, as maiores concentrações estão no                       
fígado, nas leveduras, no espinafre, em outras verduras e nas nozes​.  
● O folato é facilmente destruídopelo calor.  
● As necessidades diárias são de cerca de ​100​μ​g/dia​, de modo que as reservas                         
(10mg) são suficientes por apenas 3-4 meses nos adultos normais, que podem vir a                           
ter deficiência grave rapidamente.  
Absorção:  
● Os folatos são absorvidos rapidamente na parte superior do intestino delgado.  
● Todos os folatos dietéticos são convertidos em 5-metil-THF dentro da mucosa do                       
intestino delgado antes de entrar no plasma portal. O folato é transportado no                         
plasma, 33% se liga frouxamente a albumina e o restante não se liga. 
Funções bioquímicas:  
● Os folatos atuam como coenzimas na transferência de unidades de carbono único.                       
Estão envolvidos na síntese das purinas e das pirimidinas, necessárias à replicação                       
do DNA e do RNA.  
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS  
● Muitos pacientes ​assintomáticos são descobertos pelo achado de um volume                   
corpuscular médio (VCM) elevado em um hemograma de rotina.  
● As principais manifestações clínicas nos casos mais graves são de anemia.  
● Em geral, a anorexia é acentuada, podendo haver perda de peso, diarreia ou                         
constipação intestinal.  
● Glossite, queilose angular, febre baixa, icterícia e hiperpigmentação cutânea ​→                   
casos de anemia mais grave.  
● A trombocitopenia às vezes acarreta em equimoses, o que pode ser gravado pela                         
deficiência de vitamina C ou pelo álcool em pacientes subnutridos.  
● Complicações na gravidez: a deficiência materna de folato foi implicada como                     
causa de prematuridade, e tanto a deficiência de folato quanto de cobalamina                       
foram envolvidas na perda fetal recorrente e em defeitos do tubo neural.  
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
● Neuropatia: a deficiência severa de B12 pode levar a neuropatia progressiva, afeta                       
nervos periféricos e medula espinhal.  
 
ACHADOS HEMATOLÓGICOS 
Sangue periférico  
● Macrócitos ovais, com considerável anisocitose e poiquilocitose.  
● VCM > 100 fL. ​→​ Macrocitose 
● Neutrófilos hipersegmentados, reticulócitos baixos e aumento do ferro sérico.  
● No paciente com anemia grave, a MO é ​hipercelular e megaloblástica com                       
acúmulo de células primitivas devida à morte seletiva por apoptose das formas                       
mais maduras.  
● Diminuição da haptoglobina.  
● Aumento do LDH e da bilirrubina indireta.  
Hematopoiese ineficaz  
● Acúmulo de bilirrubina não conjugada no plasma devido à morte dos eritrócitos                       
nucleados na MO.  
 
TRATAMENTO  
● Em geral, é possível estabelecer qual das duas deficiências, de folato ou de                         
cobalamina, é a causa da anemia e tratar apenas com a vitamina apropriada.  
● Folato: ​ác. fólico de 1-5 mg/dia VO, durante 1-4 meses ou até recuperação                         
completa. 
● Cobalamina: intramuscular na dose de 1mg/dia por 1 semana, seguido de                     
1mg/semana por 4 semanas e 1 mg mês.  
 
ANEMIA APLÁSICA 
DEFINIÇÃO:  
● É uma pancitopenia (diminuição global de elementos celulares do sangue) com                     
hipocelularidade na MO.  
 
ETIOLOGIA:  
● Na maioria dos casos a anemia aplásica é idopática.  
Anemia de Fanconi:  
Adquiridas  Hereditárias 
Secundária:  
● Irradiação 
● Fármacos e produtos químicos 
● Vírus (Epstein-Barr, hepatite,     
parvovírus B19 e HIV-1)  
Anemia de Fanconi 
Doenças imunes  Disceratose congênita 
Linfocitose de grandes linfócitos       
granulares. 
Síndrome de Shwachman-Diamond 
Hemoglobinúria paroxística noturna  Disgenesia reticular 
Gestação  Trombocitopenia amegariocítica 
Idiopática  Anemias aplásicas familiares 
  Pré-leucemia 
  Síndrome não hematológica 
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
● É uma doença rara, autossômica recessiva que causa falência medular progressiva                     
e predisposição a malignidades.  
● Os sintomas se iniciam entre 5-10 anos e as crianças nascem sem alterações                         
hematológicas.  
● A história familiar é importante pois é uma doença frequente entre irmãos.  
● Ocorre mais em homens.  
● Pancitopenia progressiva, hipoplasia medular e anomalias congênitas do               
desenvolvimento.  
● Fenótipo: ​baixa estatura, hiperpigmentação da pele, ausência de polegar/rádio,                 
hipogonadismo, hipoplasia renal e esplênica, microcefalia, estrabismo, microftalmia               
e retardo mental.  
● Tratamento: transfusões de sangue, andrógenos, corticoides, fator estimulante de                 
colônia de granulócitos e macrófagos, transplante de medula alogênica é o único                       
curativo para paciente com doador compatível.  
 
FISIOPATOLOGIA:  
● A insuficiência da MO resulta de lesão grave do compartimento das células                       
hematopoiéticas.  
● Na anemia aplásica, a substituição da MO por gordura é observada.  
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS:  
● Pode surgir abruptamente ou de maneira insidiosa.  
● Sangramento é o sintoma inicial mais comum, o paciente queixa-se de fácil                       
aparecimento de equimoses, sangramento das gengivas, epistaxe (sangramento               
no nariz), fluxo menstrual intenso e, algumas vezes, petéquias.  
● Sintomas de anemia (cansaço, fraqueza, dispneia e sensação pulsátil nas orelhas)                     
também são frequentes.  
● Uma característica marcante da anemia aplásica é a ​restrição dos sintomas ao                       
sistema hematológico​, os pacientes frequentemente se sentem bem e têm boa                     
aparência apesar da redução drástica das contagens hematológicas.  
● Deve-se questionar repetidamente sobre o uso anterior de fármacos, exposição a                     
substância químicas e doenças virais prévias.  
● Ao exame físico as petéquias e equimoses são típicas, também podem ocorrer                       
hemorragias retinianas.  
● Palidez da pele e mucosas é comum.  
● Astenia, palidez, hemorragias, risco de infecções (febre), sem adenomegalias,                 
hepato e espleno, anorexia. 
Anemia aplásica grave: 
Neutrófilos <500 
Palquetas <20000 
Muito grave: 
Neutrófilos < 200 
 
ESTUDOS LABORATORIAIS:  
Sangue:  
● O esfregaço revela grandes eritrócitos e uma escassez de plaquetas e granulócitos.  
● VCM costuma estar aumentado.  
● Reticulócitos diminuídos. 
● A contagem dos linfócitos pode ser normal ou reduzida.  
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
● Geralmente anemia normo/normo. 
● Neutropenia 
● Plaquetopenia. 
Medula óssea;  
● A MO é facilmente aspirada, porém se dilui no esfregaço, e a amostra de biópsia                             
pode estar visivelmente pálida na retirada.  
● Hipoplásica com aumento do tecido gorduroso.  
 
DIAGNÓSTICO:  
● Associação de pancitopenia (diminuição global de elementos do sangue) à medula                     
óssea gordurosa.  
● É uma doença de jovens (adolescentes e adultos jovens).  
 
TRATAMENTO:  
● A anemia aplásica adquirida grave pode ser curada pela reposição das células                       
hematopoiéticas ausentes mediante o transplante de células-tronco ou melhorada                 
com a supressão do sistema imune para permitir a recuperação da função residual                         
da medula óssea do paciente.  
● Tratar a causa e afastar agente causador se possível. 
Transplante de células-tronco hematopoiéticas:  
● É a melhor forma de terapia para o paciente mais jovem com um irmão doadortotalmente histocompatível.  
Imunossupressão:  
● Globulina ​antitimócito (ATG) em combinação com a ciclosporina induz a                   
recuperação hematológica.  
● Crianças reagem especialmente bem.  
● A maioria dos paciente com anemia aplásica não possui um doador de medula                         
apropriado, de modo que a imunossupressão é o tratamento de escolha.  
Tratamento de apoio:  
● Tratar agressivamente a infecção na presença de neutropenia grave, com a                     
instituição imediata de antibióticos de amplo espectro, em geral ceftazidima ou                     
uma associação de aminoglicosídeo, cafelosporina e penicilina semissintética. O                 
tratamento é empírico.  
● As contagens das plaquetas e de eritrócitos podem ser mantidas com transfusão.  
 
ANEMIAS HEMOLÍTICAS 
 
● Aumento da destruição dos eritrócitos= Resultam do consumo excessivo do                   
sangue periférico e aumento da produção na medula, gerando ​reticulose​.  
● Podem ser hereditárias/adquiridas, agudas/crônicas, discretas/muito graves,           
intravasculares/extravasculares, de causa intracorpusculares/extracorpusculares.  
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:  
● As manifestações dependem do início abrupto ou não, podendo ser uma                     
emergência ou um quadro arrastado.  
● Sinais e sintomas decorrentes da hemólise ​→ baço e fígado podem apresentar                       
megalias.  
● O principal sinal é a icterícia.  
 
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
DIAGNÓSTICO  
Laboratorial:  
● Aumento BI (pela hemólise).  
● Uribilinogênio aumentado nas fezes e urina. 
● Hemoglobinúria (+ hemossidenúria).  
● LDH aumentada  
● Haptoglobina reuzida.  
● Bilirrubina normal ou levemente aumentada.  
● Reticulocitose.  
● Esfregaço: Macrócitos, policromatose e eritrócitos nucleados. 
 
TRATAMENTO:  
● Objetivos: reduzir a produção de anticorpos, diminuir a capacidade de ac viáveis,                       
diminuir/cessar a hemólise.  
 
ANEMIAS HEMOLÍTICAS AUTO-IMUNES:  
● Anticorpos, complemento e macrófagos que causam a morte prematura dos                   
eritrócitos estão envolvidos.  
● Mais comumente os anticorpos se ligam a membrana do eritrócito.  
● Menos comumente alguns medicamentos estimulam a formação de anticorpos                 
que se ligam a parede do eritrócito, marcando as hemácias como alvo.  
● Causas: ainda não bem definidas.  
● Quadro clínico:  
o Insidiosa 
o Pode ser abrupta com anemia grave 
o Sintomas inespecíficos e variáveis, dependem da idade, comorbidades e se                   
é primária.  
o Astenia e fadiga.  
● Diagnóstico: história, medicamentos, patologias prévias (LLC, linfomas B, colite e                   
AR). 
● Exame físico: ​inespecífico, palidez, icterícia e báco palpável. Hepatomegalia                 
também pode estar presente.  
● Laboratório:  
o Esfregaço: ​população dimórfica - reticulócitos e esferóctios.  
o Eritrócitos anormais (aumento RDW) + VCM alto + reticulocitose = sugestivo                     
de hemólise.  
o Leucócitos discretamente aumentados 
o Plaquetas normais (exceto em LES ou sind. Evans)  
o Aumendo de bilirrubina indireta, aumento de LDH, diminuição de                 
haptoglobina. 
o BI < 4 
o Pode ocorrer hemoglobinúria e hemossiderinúria. 
● MO: ​hiperplasia eritróide. Fazer em suspeita de linfoma. 
● Teste de Coombs (antiglobulina):  
o É a chave para o diagnóstico, principal método para diagnóstico.  
Tratamento:  
● Corticoterapia: ​Prednisona - 2mg/kg/dia 
● Transfusão: ​depende do estado clínico e tolerância do paciente, pode haver                     
reações transfusionais.  
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
● Esplenectomia: ​em casos refratários ou dependentes de corticoide.  
● Rituximbe: ​Ac monoclonal anti-CD20  
● Imunossupressores: ​utilizar em casos refratários. Azatioprina, Ciclosporina e               
Ciclofosfamida. 
● Outras alternativas: ​Danazol, IgG. 
AHAI com auto-Ac IgG / Doença da aglutina fria:  
● Representam 75% dos casos.  
● Os Ac IgG causam hemólise extravascular.  
● A taxa de hemólise depende da quantidade de auto-Ac sobre superfície do                       
eritrócito, da afinidade e avidez pelo auto antígeno.  
● O grau de anemia depende da taxa de destruição e da capacidade da medula de                             
aumentar a produção. 
● A anemia aparece quando a meia-vida das hemácias fica reduzida para cerca de 10                           
dias.  
● Existem 2 tipos:  
o Forma aguda - causada por infecção (Mycoplasma pneumoniae ou E. Baar),                     
é abrupta e aparece na fase de recuperação da infecção. Normalmente                     
ocorre em jovens e é auto-limitada, raramente precisando de tratamento. 
o Forma crônica - é a forma mais comum, principalmente em idosos e                       
associada a doença linfoproliferativas B, LLC e Waldestron.  
● Aglutina fria = IgM monoclonal/auto-ac IgM que reagem com eritrócitos a                     
temperatura < 37 graus.  
● Quadro clínico: 50-70 anos, anemia com piora em climas frios geralmente não                       
grave.  
● Diagnóstico:  
o Aglutinação desaparece no calor.  
o Coombs direto positivo se aglutininas de alta amplitude térmica.  
● Tratamento:  
o Se por infecção: ​não requer tratamento.  
o Manejo:​ evitar frio.  
o Prednisona raramente é efetiva.  
o Não usar Azatioprofina e Ciclofosfamida.  
o Rituximabe: aglutinina crônica ou neo células B.  
AHAI causasa por medicamentos:  
● Há medicamentos (cefalosporinas, fludarabina e interferon) que induzem a                 
formação de Ac anti-medicamentos, os Ac na membrana se ligam a eles,                       
resultando em teste de Coombs direto positivo.  
● Diagnóstico: histórico de uso.  
● Pode ou não se resolver com a interrupção do medicamento.  
 
HEMOGLOBINÚRIA PAROXISTICA NOTURNA:  
● Anemia hemolítica adquirida por mutação das células tronco, com eritrócitos                   
susceptíveis a destruição.  
● Pode ocorrer em qualquer idade (10-50anos), mas a média é 40 anos.  
● Sobrevida de 10 anos.  
● Quadro clínico: ​urina da manhã cor de coca-cola, dores abdominais, disfagia e                       
disfunção erétil. Trombose venosa se faz presente em 1/3 dos casos. Há danos na                           
medula em quase todos os pacientes, podendo evoluir para anemia aplásica e                       
raramente para leucemia aguda.  
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
● Diagnóstico: ​Citometria de fluxo.  
● Tratamento: Ac monoclonal (Eculizumabe), Fe se deficiência, Varfarina se                 
trombose, transfusões + suporte.  
 
ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA:  
● É uma doença hemolítica familiar.  
● Caraterizada por: ​anemia + icterícia intermitente + esplenomegalia 
● Tem boa resposta à esplenectomia.  
● Patogênese: ​anormalidades nas interações verticais entre as proteínas de mb. A                     
desestruturação da membrana leva a perda de lipídeos e consequente formação                     
de esferócitos.  
● Quadro clínico: ​ocorre em qualquer idade (neonatal a adulto), anemia em geral                       
leve-moderada, há piora da icterícia com esforço físico, infecções, estresse,                   
gestação.  
o Cálculos biliares frequentes, úlceras perimaleolares, infecções por             
parvovírus B19. 
o Pode haver crise aplásica grave e crise megaloblástica.  
● Laboratório: ​reticulose sempre, aumento de BI e LDH, Coombs direto negativo,                     
CHCM aumentado, fragilidade osmótica aumentada.  
● Tratamento:  
o Neonatal dependendo da gravidade = Exsanguíneotransfusãoo Suplementação com ác. fólico 1-5mg/d VO 
o Tranfusões nas exacerbações da hemólise e crises.  
o Esplenectomia é curativa e indicada em casos graves (Hb<8 e                   
reticulócitos>10%). Somente após os 6 anos e vacinados.  
 
HEMOGLOBINOPATIAS 
 
● São doenças hereditárias causadas por diminuição ou anomalias na síntese de                     
globina.  
● Hemoglobina: é uma proteína formada por 4 cadeias de globina ligadas a um                         
grupamento heme que possui ferro e transporta oxigênio.  
o Os adultos tem 3 tipos de Hb (A, F e A2)  
● Epidemiologia: ​são as doenças genéticas mais comuns, algumas relacionadas a                   
proteção conta a malária. Algumas populações apresentam mais frequentemente                 
distúrbios, como beta-talassemia no mediterrâneo e alfa-talassemia no oriente.  
 
Hemoglobinopatias:  
Quantitativas​ - ​Talassemias​: deficiência na síntese de cadeias globínicas. 
Qualitativas - ​Hemoglobinas anormais (variantes​): alteração estrutural da cadeia                 
globínica.  
PHHF​ - ​Persistência hereditária de hemboglobina fetal​.  
 
TALASSEMIAS  
● Deficiência total ou parcial de cadeiras ​α​ ou ​β​.  
● Como consequência, há redução na síntese de Hb normal além de desequilíbrio                       
entre a produção das cadeias globínicas e formação de tetrâmeros ​β​ e ​γ​/​α​.  
● Fe sérico normal, TIBC normal, Ferritina normal ou aumentada, RDW normal e ferro                         
medular presente. 
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
Síndromes alfa-talassêmicas:  
● São causadas por deleção de genes, o normal são 4 cópias de gene ​α​-globina.  
● A gravidade clínica pode ser classificada conforme o número de genes que faltam                         
ou estão inativos.  
● Hidropsia fetal​: deleção dos 4 genes, defeito imcompatível com a vida.  
● Talassemia ​α​ maior​: 3 deleções 
o Anemia microcítica e hipocrômica moderadamente severa (Hb 7-11).  
o Células em alvo, esplenomegalaia e Hb A2 diminuída.  
● Traço talassêmico ​α​: perda de 2 genes  
o Em geral não se associam a anemia, embora tenham VCM e HCM baixos e                           
eritrócitos > 5,5 milhões.  
o Maioria são assintomáticos.  
● Portador silencioso:​ perda de 1 gene 
● Diagnóstico: ​observação dos eritrócitos, determinação hematimétrica, reticulócitos,             
pesquisa de corpúsculos de Heinz, eletroforese de hemoglobina e história familiar.  
Síndrome Beta-talassêmicas:  
● β​-talassemia Maior / Anemia de Cooley:  
o Ocorre por falha do gene que sintetiza a globina beta. 
o A associação da globina beta prejudica sua associação com a globina alfa.  
o Anemia grave 3-4 meses após o nascimento (Hb 2-3)  
o Hepatoesplenomegalia, expansão óssea (fácies talassêmica e fio de escova)  
o Dependente de transfusões.  
o Atentar para sobrecarga de ferro.  
o Diagnóstico laboratorial: Hb, VCM e HCM baixos, aumento de reticulócitos e                     
eritroblastos, células em alvo.  
o Diagnóstico diferencial: ​eletroforese de HB (ausência ou diminuição de                 
HbA, quase 100% de Hb Fetal), cromatografia para hemoglobinopatias e                   
avaliação do ferro.  
o Tratamento:  
▪ Transfusões 2-3 unidades a cada 4-6 semanas. 
▪ Ác. fólico para reposição  
▪ Quelantes de ferro 
▪ Vitamina C  
▪ Esplenectomia pode ser necessária  
▪ Transplante de MO eficaz em 80% 
● Traço ​β​-talassêmico ou Talassemia ​β​ menor:  
o É comum, geralmente assintomática.  
o VCM e HCM baixos, eritrócitos altos e Hb entre 10-12.  
o Hb A2 > 3,5% 
o Hb F normal ou pouco elevada 
● Talassemia intermediária  
o Gravidade moderada (Hb 7-10), geralmente sem necessidade transfusão.  
SÍNDROMES FALCIFORMES 
● Herança do gene da ​β​-globina S (sickle=foice)  
● Padrões de herança:  
o Anemia falciforme ​- homozigótica HbSS 
▪ Pacientes assintomáticos até os 6 meses de vida, após isso anemia                     
hemolítica grave pontuada por crises.  
HEMATOLOGIA ​ Talita B. Valente  
 ATM 2023A 
 
▪ Crises vaso-oclusivas frequentes e precipitadas por infecção, acidose,               
desidratação, frio e desoxigenação.  
▪ Lesões crônicas dos órgãos.  
▪ Síndrome nefrótica. 
▪ Priaprismo. 
▪ Manifestações oculares. 
▪ Lesões por estase vascular e isquemia focal.  
▪ Achados laboratoriais​: Hb 6-9, normocrômica e normocítica,             
tendendo a microcitose. HCT 20-30%. Leucocitose 12000-15000.             
Plaquetas>440000. ​VSG baixo​. Hemácias falciformes, células em alvo               
e policromatofilia.  
▪ Diagnóstico: ​eletroforese de Hb, HPLC da Hb, testes de solubilidade,                   
hemograma completo, PCR.  
▪ Tratamento: medidas preventivas (evitar frio, infecções, desidratação             
e anóxia), ácido fólico, higiene e boa nutrição, controle da dor,                     
transfusões sanguíneas somente em anemia muito grave, hidroxiuréia,               
TMO pode curar.  
o Traço falciforme​ - heterozigótica HbAS 
▪ Paciente sem anemia e com eritrócitos normais. 
▪ Hematúria é o sintoma mais comum.  
▪ O diagnóstico é importante para aconselhamento genético.  
o Associado a outras variantes HbSC, HbSD... 
● Profundas alterações na estabilidade e solubilidade da hemoglobina. 
● A HbS é insolúvel e forma cristais quando exposta a baixa tensão de O2.  
● A Hb desoxigenada polimeriza, a célula adquire forma de foice, suscetível a                       
hemólise. Os eritrócitos deformados podem ocluir a microcirculação e também                   
grandes vasos.  
● Consequências: anemia hemolítica crônica, lesão crônica de órgãos e tecidos,                   
crises vaso-oclusivas dolorosas.

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