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Resumo patologia clínica veterinária

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Morfologia dos eritrócitos
· A função primária dos eritrócitos é transportar hemoglobina, a qual é responsável por carrear oxigênio para os tecidos.
· Resumidamente, as diferenças significativas entre os eritrócitos das espécies incluem tamanho, forma, grau de palidez central, tendência de formar rouleaux, presença de pontilhados basofílicos e de reticulócitos na resposta regenerativa à anemia
· A morfologia eritrocitária é classificada de acordo com cor, tamanho, forma, estrutura interna e externa dos eritrócitos e da disposição dessas células em um esfregaço sanguíneo.
Coloração dos eritrócitos
Policromasia
· As células policromatofílicas são eritrócitos jovens que foram liberados prematuramente. Normalmente, são células grandes e com coloração mais azulada do que as células maduras. A presença ou a ausência de policromatofilia é muito importante para determinar a causa de anemia. Caso células imaturas tenham sido liberadas,a provável causa de anemia foi a perda sanguínea ou a destruição de eritrócitos, com a medula óssea tentando compensar, fazendo uma rápida liberação de células. Se a anemia for ocasionada por aplasia ou por hipoplasia eritrocitária dentro da medula, o nível de células policromatofílicas não aumenta. OBS: EM EQUINOS, NÃO HÁ LIBERAÇÃO SIGNIFICATIVA DE CÉLULAS POLICROMATOFÍLICAS QUANDO OCORRE ANEMIA.
Hipocromasia
Os eritrócitos hipocrômicos são claros e sua palidez central é mais acentuada devido a menor concentração de hemoglobina decorrente da deficiência de ferro. OBS: NÃO CONFUNDIR COM CÉLULAS ARREDONDADAS (TORÓCITOS) OU DE CÉLULAS “PERFURADAS”, QUE NÃO APRESENTAM SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA.
Tamanho dos eritrócitos
A variação no tamanho dos eritrócitos é denominada anisocitose. Os eritrócitos podem parecer menores no esfregaço sanguíneo devido ao diâmetro diminuído; todavia, o volume celular é o verdadeiro parâmetro para a avaliação do tamanho dos eritrócitos, sendo determinado em instrumento eletrônico.
Eritrócitos microcíticos
Para estimar o tamanho real dos eritrócitos, o volume corpuscular médio (VCM) é mais útil do que o exame do esfregaço sanguíneo. 
A principal causa de microcitose é a anemia por deficiência de ferro; a diminuição do VCM é marca registrada desse tipo de anemia.
As células não conseguem obter um teor normal de hemoglobina porque há necessidade de ferro para formar tal molécula.
Eritrócitos macrocíticos
são grandes e apresentam VCM aumentado
A principal causa de macrocitose é o aumento da quantidade de eritrócitos imaturos, que se apresentam policromatofílicos em esfregaços sanguíneos corados por Wright.
Ao contrário de outras espécies domésticas, os equinos liberam macrócitos não policromatofílicos. Nessa espécie, o aumento doVCM geralmente representa a única evidência de regeneração eritroide.
Macrocitose sem policromasia ou sem outra evidência de resposta regenerativa
apropriada é um achado comum em gatos anêmicos com mielodisplasia e doença mieloproliferativa.
Morfologia dos eritrócitos
As alterações morfológicas mais importantes incluem vários tipos de eritrócitos espiculados, esferócitos e excentrócitos. Os eritrócitos espiculados apresentam um ou mais espículos na superfície e incluem equinócitos, acantócitos, ceratócitos e esquistócito.
Eritrócitos com alterações morfológicas menos importantes incluem leptócitos (ou seja, células dobradas ou células-alvo), codócitos (ou seja, células-alvo), dacirócitos (ou seja, eritrócitos em
forma de lágrima) e torócitos (ou seja, eritrócitos arredondados).
Esquistócitos e ceratócitos
Fragmentos de eritrócitos, ou esquistócitos, geralmente resultam do cisalhamento eritrocitário devido a algum trauma intravascular. Podem ser vistos em animais com coagulopatia intravascular disseminada (CID) em consequência da lise dos eritrócitos por filamento de fibrina, com neoplasia vascular (p. ex., hemangiossarcoma) e com deficiência de ferro.
Eritrócitos com deficiência de ferro apresentam uma lesão. Posteriormente, essas lesões ampliam e rompem-se, formando células com uma ou mais espículas. Quando uma espícula está presente, essas células comumente são denominadas células tronco de macieira; quando duas ou mais espículas estão presentes, são denominadas ceratócitos Na sequência, as projeções dos ceratócitos provavelmente se desprendem dos eritrócitos, originando os esquistócitos.
Acantócitos
Acantócitos, ou células com esporões, são eritrócitos espiculados irregulares, com poucas projeções, de comprimento e diâmetro variáveis, distribuídas aleatoriamente. São frequentemente observados em esfregaços sanguíneos de gatos com lipidose hepática e também
comumente vistos em esfregaços de cães com hemangiossarcoma. 
Equinócitos
Equinócitos (ou seja, células espinhosas) são células espiculadas que têm em sua superfície numerosas pequenas projeções de rombas a afiadas, uniformemente espaçadas e que são relativamente uniformes em tamanho e forma. 
Pode ser um resultado artefatual, mas também tem sido associada a doença renal, linfoma, acidentes ofídicos por cascavel, quimioterapia em cães e depois do exercício em equinos.
Esferócitos
Esferócitos são eritrócitos de coloração escura que perderam a palidez central. Parecem ser pequenos, mas o seu volume é normal. 
Sua presença sugere anemia hemolítica imunomediada. Entretanto, eles também podem ser constatados após transfusão sanguínea com sangue incompatível. Há relatos de ocorrência de esferócitos em cães após picadas de abelha e intoxicação por zinco.
Excentrócitos
As características dos excentrócitos incluem o deslocamento da hemoglobina para uma parte da célula, perda de palidez central normal e uma zona clara delimitada por membrana. 
Esse tipo celular está associado à lesão oxidativa, especialmente em cães, e pode ser encontrado em conjunto com corpúsculos de Heinz.
Leptócitos e codócitos
Leptócitos são eritrócitos que sofreram alterações na razão superfície:volume, restando excesso demembrana em relação aos conteúdos internos e resultando em dobras da membrana e em formação de
células-alvo .Contudo, esse tipo celular tem pouca importância ao diagnóstico e pode
formar-se in vitro, se ocorrer contato com excesso de ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) como resultado de preenchimento inadequado dos tubos de coleta de sangue. As células-alvo são
também denominadas codócitos e correspondem a eritrócitos arredondados e finos, com densa área central de hemoglobina que está separada da região hemoglobinizada periférica por uma zona pálida. As células em alvo podem ser vistas em cães com aumento da concentração sérica de colesterol, mas também são observadas em uma variedade de outras condições e têm pouca importância.
Estomatócitos
Estomatócitos são eritrócitos unicôncavos com uma área clara semelhante ao formato de uma boca, próximo do centro da célula.
Em geral, a presença de alguns estomatócitos no esfregaço sanguíneo não tem grande significado.
Estruturas observadas nos eritrócitos
Corpúsculos de Heinz
A desnaturação oxidativa da hemoglobina resulta na formação de corpúsculos de Heinz.
Os corpúsculos de Heinz são estruturas
pequenas, pálidas e excêntricas dentro dos eritrócitos e nos esfregaços sanguíneos corados com Wright.
A presença deles reduz a deformação da célula, tornando-a mais suscetível às hemólises intra e extravascular. Caso um grande número de eritrócitos seja afetado, pode ocorrer anemia hemolítica grave. Medicamentos e substâncias oxidantes que sabidamente induzem a formação de corpúsculos de Heinz incluem cebola, alho, Brassicas spp., folhas murchas ou secas de bordo-vermelho (Acer rubrum),benzocaína, zinco, cobre, paracetamol, propofol, fenazopiridina, fenotiazina, fenilidrazina, naftaleno, vitamina K, azul de metileno e propilenoglicol.
Pontilhado basofílico
A agregação de ribossomos in vivo, na forma de pequenos grânulos basofílicos, é denominado pontilhado basofílico.
Em ruminantes, o pontilhado basofílico está associado a eritrócitos imaturos e também pode ser visto, porém em menor grau, em cães e gatos comanemia altamente regenerativa. 
Pontilhados basofílicosnão associados à anemia grave são sugestivos de intoxicação por chumbo.
Eritrócitos nucleados 
O aumento da quantidade de eritrócitos nucleados está associado à anemia regenerativa ou à liberação precoce dessas células em resposta à hipoxia.
Corpúsculos de Howell-Jolly
Restos nucleares dentro dos eritrócitos são denominados corpúsculos de Howell-Jolly. Concentração aumentada de corpúsculos de Howell-Jolly está associada à anemia regenerativa, à esplenectomia e à supressão da função esplênica.
 Esses corpúsculos são inclusões pequenas, arredondadas, de cor azul-escura e tamanhos variáveis.
Parasitas
Hemobartonella felis, Cytauxzoon felis, Hemobartonella canis, Babesia canis e B. gibsoni, B. bigemina, Eperythrozoon
sp., Anaplasma sp.
Inclusões virais
Inclusões virais são ocasionalmente vistas em eritrócitos de cães com cinomose. Quando constatadas, elas apresentam variação no tamanho (1 a 2 μm), na quantidade e na cor (azul-claro a magenta), sendo vistas mais frequentemente em eritrócitos policromatofílicos. 
Distribuição de eritrócitos no esfregaço sanguíneo
Formação de rouleaux
A formação de rouleaux corresponde ao posicionamento espontâneo dos eritrócitos em forma de pilhas lineares, sendo sua aparência semelhante à de uma pilha de moedas. Em equinos, é normal a marcante formação de rouleaux, sendo que uma pequena quantidade também é normal em
cães e gatos. No entanto, nota-se maior formação de rouleaux quando a concentração de certas proteínas do plasma, tais como o fibrinogênio e as imunoglobulinas, está aumentada. O aumento da formação rouleaux frequentemente é sugestivo de gamopatia; animais com mieloma múltiplo quase sempre apresentam aumento na formação rouleaux.
Aglutinação
A aglutinação de eritrócitos resulta em aglomerados celulares irregulares e esféricos devido àformação de pontes relacionadas com os anticorpos.
A aglutinação é sinal sugestivo de anemia hemolítica imunomediada, porém também pode ser observada após transfusão sanguínea com sangue incompatível.
A aglutinação vai persistir na presença da solução salina, enquanto a formação de rouleaux irá dispersar.
3 aula
Anemia 
Anemia é a diminuição da quantidade de eritrócitos (Er) que resulta em diminuição da oxigenação dos tecidos. 
Classificação da anemia
Tamanho dos eritrócitos e teor de hemoglobina
A anemia é classificada em microcítica, normocítica oumacrocítica quando os eritrócitos apresentam tamanho pequeno, normal ou grande, respectivamente.
Refere-se anemia hipocrômica e normocrômica quando os eritrócitos apresentam teor dehemoglobina diminuído e normal, respectivamente.
 Não ocorre anemia hipercrômica, mas é possível observar um falso aumento de CHCM no caso de teor falsamente aumentado de hemoglobina devido
a hemólise intravascular, lipemia ou presença de corpúsculos de Heinz.
Em geral, a anemia macrocítica
indica que a medula óssea se encontra funcional e está liberando células imaturas, de tamanho maior
do que o normal. Deve-se reavaliar o paciente quando for constatada macrocitose não acompanhada de policromasia ou reticulocitose, pois, provavelmente, a resposta regenerativa não é a causa de macrocitose.
Resposta da medula óssea
A anemia é classificada como regenerativa ou não regenerativa com base na quantidade de eritrócitos imaturos circulantes.
A ausência de eritrócitos imaturos circulantes indica anemia não regenerativa e deve ser considerado evidência de
disfunção da medula.
A reticulocitose ou o aumento da policromasia são melhores indicadores de falta de resposta da medula óssea do que o aumento do volume celular médio.
Classificação fisiopatológica
A classificação fisiopatológica da anemia baseia-se, essencialmente, na disfunção primária.
A anemia não regenerativa é resultante de eritropoese defeituosa ou diminuída
7). A
diminuição da eritropoese é geralmente classificada pelo fato de a produção de neutrófilos e
plaquetas também estar diminuída (anemia aplásica) ou se a produção de eritrócitos está reduzida
(hipoplasia) ou ausente (aplasia). Além disso, a produção de eritrócitos pode ser prejudicada por um distúrbio intrínseco da medula óssea (causas primárias), como mielofibrose, mielodisplasia, distúrbios mieloproliferativos ou induzidos por distúrbio extrínseco (ou seja, secundários). Entre esses, incluem-se doença renal crônica, algumas doenças endócrinas, doenças inflamatórias, agentes infecciosos, como Ehrlichia sp., vírus da anemia infecciosa equina, vírus da leucemia felina, destruição imunomediada de precursores de eritrócitos e lesão induzida por medicamentos ou substâncias químicas.
A anemia regenerativa é causada por perda de sangue ou destruição de eritrócitos . 
A hemorragia pode ser interna ou externa, bem como aguda ou crônica. As causas de perda desangue aguda incluem trauma, lesões hemorrágicas (p. ex., neoplasias ou úlceras extensas) e distúrbios hemostáticos (p. ex., trombocitopenia ou coagulopatia hereditária ou adquirida, tais como intoxicação por varfarina ou coagulopatia intravascular disseminada). As causas mais comuns de hemorragia crônica são lesões hemorrágicas, especialmente no trato gastrintestinal, parasitas gastrintestinais e parasitas externos.
A destruição de eritrócitos (ou seja, hemólise) pode ser intravascular ou extravascular e decorre de disfunções intrínsecas (primárias), como deficiências de membrana ou de enzimas de origem hereditária; ou extrínsecas (secundárias), como ação de hemoparasitas ou destruição imunomediada.
As causas mais comuns de hemólise
são mecanismos imunomediados, parasitas de eritrócitos e medicamentos ou substâncias químicas que produzem danos oxidativos, resultando na formação de corpúsculos de Heinz.
Policetmia
Policitemia refere-se ao aumento na concentração de eritrócitos no sangue, evidenciado pelo aumento
do volume globular (VG ou hematócrito), pela contagem de hemácias ou pela concentração de hemoglobina.
Em animais domésticos com policitemia verdadeira, muitas vezes apenas a concentração
de eritrócitos está aumentada.
A policitemia pode ser relativa ou absoluta. A policitemia relativa pode ocorrer devido àdiminuição do volume plasmático ou à redistribuição de eritrócitos. Exemplos desse primeiro tipoincluem desidratação e desvio de líquidos corporais.
A policitemia absoluta pode ocorrer como
resultado da contração esplênica observada comumente em animais excitáveis, como gatos e equinos.
A policitemia absoluta é causada pelo aumento real da massa de hemácias e pode ser primária ousecundária.
 A policitemia absoluta secundária é resultante da superprodução de eritrócitos devido ao aumento da concentração de eritropoetina, que, por sua vez, é secundário a hipoxia generalizada,
hipoxia renal localizada ou superprodução de eritropoetina por neoplasia.
 A policitemia absoluta primária (ou seja, policitemia vera) é considerada um distúrbio mieloproliferativo em que a
eritropoese ocorre independente da concentração de eritropoetina.
17/09/2020
Aula: Leucograma
O conjunto completo de dados numéricos no perfil leucocitário, com qualquer anormalidade morfológica, é conhecido como leucograma.
Leucócitos sanguíneos comuns | Funções gerais e morfologia
Neutrófilos Os neutrófilos participam da resposta inflamatória por meio de quimiotaxia positiva aos locais de inflamação tecidual e fagocitose de organismos e outros materiais estranhos. Após a fagocitose, grânulos lisossômicos fundem-se aos fagossomos para eliminar os microrganismos e, em seguida, degradar o material por digestão enzimática.
O metamielócito neutrofílico não está presente no sangue normal. Ele tem núcleo em formato de feijão que, quando maduro, toma a forma de ferradura, característica dos neutrófilos bastonetes.
Pequenas concentrações de neutrófilos bastonetes podem estar presentes no sangue normal. Os neutrófilos segmentados têm o núcleo em forma de ferradura com graus variados de endentação e constrição ao longo do seu perímetro.
Linfócitos
As subpopulações incluem linfócitos B, responsáveis pela imunidade humoral, e linfócitos T, responsáveis pela imunidade celular e pela respostaàs citocinas. Adicionalmente, os linfócitos T podem ser classificados como células T indutoras (i. e., auxiliar; antígeno CD4) e como células T citotóxicas/supressoras (antígeno CD8). As células nulas representam uma terceira população presente em pequenas concentrações. Elas consistem em vários subtipos de linfócitos, incluindo grandes linfócitos granulares, células assassinas naturais (natural killers) e outras células com poder de destruição. Os subtipos de linfócitos podem ser diferenciados pela imunoglobulina e por marcadores de superfície (ou seja, CD); entretanto, essa tecnologia ainda não é rotineiramente utilizada nos laboratórios clínicos veterinários.
Os linfócitos são reconhecidos por apresentar núcleo de arredondado a oval e quantidade mínima de citoplasma claro, quase incolor.
Linfócitos circulantes normais apresentam diâmetro menor do que o dos neutrófilos.
Monócitos 
Os monócitos também participam da resposta inflamatória. Os monócitos do sangue são considerados células intermediárias de um processo contínuo de maturação. Eles migram para o interior dos tecidos, onde continuam o desenvolvimento até a forma de macrófagos. Fagócitos mononucleares podem fagocitar bactérias, grandes microrganismos complexos (p. ex., leveduras e protozoários), células danificadas, debris celulares e partículas estranhas. Essas células desempenham importante função imunorreguladora por apresentarem o antígeno processado aos linfócitos T. Essas células são também responsáveis pela destruição fisiológica dos eritrócitos, com reciclagem metabólica do ferro, e pela maioria dos processos patológicos que envolvem destruição eritrocitária.
Os monócitos são as células mais erroneamente identificadas nos esfregaços sanguíneos.
As características-chave que os distinguem dos neutrófilos são o maior diâmetro e a coloração mais acinzentada do citoplasma.
As diferenças morfológicas dos monócitos entre as espécies não são notáveis.
Eosinófilos
Os eosinófilos contêm proteínas que se ligam e promovem danos à membrana dos parasitas; são responsáveis por fornecer um mecanismo de defesa contra os estágios larvais da infestação parasitária. Eles também estão envolvidos na modulação de reações inflamatórias alérgicas e de imunocomplexos.
A morfologia dos eosinófilos é variável entre as espécies (Figura 10.7). O núcleo é segmentado (semelhante aos neutrófilos). A característica padrão dos eosinófilos é a presença de grânulos vermelho-alaranjados proeminentes, similares aos eritrócitos.
Basófilos
 A função dos basófilos é basicamente desconhecida. Eles contêm histamina e heparina. Assim como nos mastócitos, a membrana citoplasmática contém imunoglobulina E; entretanto, sua função fisiopatológica na circulação é desconhecida. Não existem relatos com evidências convincentes de que basófilos migrem para os tecidos e tornem-se mastócitos. 
As concentrações de basófilos na circulação são muito baixas e em geral não são encontrados na contagem diferencial de rotina. 
Os basófilos são maiores em diâmetro do que os neutrófilos. O núcleo é segmentado (semelhante a outros granulócitos). A morfologia dos grânulos varia de acordo com a espécie.
Valores de referência | Leucograma normal
Caso a contagem total esteja diminuída, deve-se examinar a concentração absoluta de cada tipo celular para determinar qual aumentada, deve-se examinar a concentração absoluta de cada tipo celular para determinar qual está presente em excesso. Mesmo se a concentração estiver normal, deve-se examinar a concentração absoluta de cada tipo celular, determinando se existe alguma anormalidade na distribuição.
O clínico interpreta anormalidades leucocitárias ao examinar as concentrações diferenciais individuais de leucócitos e, em seguida, ao observar qualquer anormalidade morfológica ou tipo celular anormal que não deveria estar presente no sangue normal. As concentrações diferenciais de leucócitos de cada tipo celular são expressas em células por microlitro. As células nucleadas anormais incluem blastos, eritrócitos nucleados, mastócitos e granulócitos imaturos. Anormalidades morfológicas incluem alterações morfológicas adquiridas transitoriamente ou hereditárias.
Produção, migração e cinética dos neutrófilos
Os neutrófilos são produzidos quase exclusivamente na medula óssea ativa de animais domésticos adultos sadios. Alguma produção pode ser encontrada em locais extramedulares, a maioria no baço de animais jovens. No caso de aumento persistente na demanda por neutrófilos (p. ex., na doença inflamatória crônica), pode-se observar produção extramedular em animais adultos. Isso ocorre de maneira proeminente no baço, mas também pode ser observado no fígado e nos linfonodos.
Metamielócitos, neutrófilos bastonetes e segmentados são células que estão em um estágio mais 269 maduro e são caracterizados pela perda da capacidade de sofrer divisão celular. A maturação consiste principalmente de condensação nuclear progressiva e de alteração no formato do núcleo. O citoplasma perde a maior parte ou toda a sua coloração azulada à medida que diminui a quantidade de ribossomos.
Maturação e produção ordenada
A progressão de algumas células imaturas para células mais maduras é descrita como produção ordenada. A produção normal e a produção acelerada em resposta à maior demanda de granulócitos obedecem a essa sequência ordenada. As células são também liberadas no sangue em um padrão ordenado .
A produção desordenada é caracterizada por uma quantidade relativa de formas primitivas desproporcionais e diminuição ou ausência de formas mais maduras. A produção desordenada é um das características utilizadas para a identificação de padrões patológicos (p. ex., distúrbios mieloproliferativos).
Compartimentos e migração de neutrófilos
O compartimento da medula óssea pode conceitualmente ser dividido em populações de células-tronco, população de células primitivas e populações de células em maturação e estocagem.
A população de células proliferativas consiste em neutrófilos em estágios nos quais ainda é possível a divisão celular; é a principal população responsável pelo aumento do número de células. A população das células em maturação e estocagem consiste em células que não têm a capacidade de divisão e que estão completando sua maturação. Essas células podem acumular-se, criando uma reserva de tamanho variável, dependendo da espécie do animal.
Os neutrófilos fazem uma migração unidirecional para o compartimento sanguíneo, que é dividido em compartimento marginal e circulante. O compartimento circulante está localizado em grandes vasos, nos quais normalmente não ocorre interação entre os neutrófilos e o endotélio vascular. As amostras sanguíneas obtidas por meio de venopunção são provenientes do compartimento circulante.
O compartimento marginal é representado pela microcirculação. As células podem mover-se bidirecionalmente entre o compartimento marginal e circulante. Os neutrófilos interagem com o revestimento endotelial de pequenos vasos e capilares devido à sua viscosidade. Tais células podem migrar unidirecionalmente para os tecidos adjacentes (ou seja, o compartimento tecidual). É nesse compartimento que os neutrófilos participam da defesa do hospedeiro.
Fatores de crescimento e de controle da produção e concentração sanguínea
O controle da produção é mediado por um complexo conjunto de citocinas e fatores de crescimento. (FEC: fator estimulador de colônia)
As interleucinas (IL) também participam na estimulação da produção. A liberação dos neutrófilos do espaço medular para o sangue pode ser acelerada pela IL-1, pelo fator de necrose tumoral (TNF) e pelo fator indutor de leucocitose (FIL). Em detrimento das variações nos métodos e condições experimentais, o papel do FILpode ser o mesmo que o da IL-1 e do TNF.
Em condições estáveis normais, a produção é balanceada pela migração transendotelial de neutrófilos para o interior dos tecidos. Esse equilíbrio mantém a concentração de neutrófilos sanguíneos dentro de uma variação normal.
A migração para o interior dos locais de inflamaçãoé acelerada e focalizada por fatores quimiotáticos que são liberados na lesão inflamatória. O resultado real é o aumento no fluxo de neutrófilos da medula óssea para a lesão inflamatória. Após a resolução da lesão inflamatória, a concentração de neutrófilos sanguíneos retorna ao normal.
Cinética dos neutrófilos
O tempo de trânsito é o período de tempo necessário para o mieloblasto completar as fases de maturação e tornar-se um neutrófilo segmentado no sangue. Em condições normais, o período de trânsito é de aproximadamente 7 dias. Quando a medula óssea é estimulada pela resposta inflamatória, o tempo de trânsito encurta-se a 2 a 3 dias.
O tempo de circulação é o período de tempo entre a liberação do neutrófilo para o sangue e sua subsequente saída para o interior dos tecidos. Os neutrófilos migram aleatoriamente para o interior dos tecidos; por isso, o tempo de circulação é variável e não é relacionado com a idade da célula. O tempo de circulação é aproximadamente de 6 a 10 h, incluindo algumas variações nas espécies. Isso significa que a população dos neutrófilos do sangue renova-se aproximadamente de 2 a 3 vezes/dia.
O tempo de circulação pode ser diminuído consideravelmente quando os neutrófilos são consumidos em uma taxa mais rápida (p. ex., por um local de inflamação).
Interpretação da resposta leucocitária na doença
Terminologia dos padrões de contagens leucocitárias anormais 
Sufixos
O sufixo -penia refere-se à diminuição da contagem do tipo celular no sangue. O termo geral, citopenia, refere-se à diminuição da contagem das células de maneira inespecífica. As citopenias importantes para a interpretação incluem neutropenia, linfopenia e eosinopenia. Citopenia não se aplica a monócitos, pois a diminuição da contagem desse tipo celular não é importante. O termo também não se aplica a neutrófilos bastonetes, metamielócitos, basófilos e metarrubrícitos, pois a ausência dessas células é um achado normal.
Os sufixos -filia ou -citose referem-se ao aumento da contagem do tipo celular no sangue. Exemplos incluem: Neutrofilia ou leucocitose neutrofílica ; Eosinofilia ; Basofilia ; Monocitose ; Linfocitose; Metarrubricitose.
Desvio à esquerda 
“Desvio à esquerda” refere-se ao aumento na concentração de neutrófilos imaturos no sangue. Isso em geral envolve neutrófilos bastonetes, mas metamielócitos e formas jovens podem acompanhar o aumento dos bastonetes.
Um desvio à esquerda pode ocorrer com neutrofilia e também com neutropenia; este último indica consumo mais grave de neutrófilos devido a lesão inflamatória mais agressiva ou repopulação precoce do sangue após lesão reversível às células-tronco.
Um desvio ordenadamente à esquerda sugere estímulo inflamatório; nesse caso, o termo “ordenadamente” significa que a quantidade de cada estágio celular diminui com o grau de imaturidade do estágio celular.
Leucemia
O termo “leucemia” refere-se à presença de células neoplásicas na circulação sanguínea. O tipo de célula neoplásica que está presente designa, de maneira mais específica, a classificação da leucemia presente.
Exemplos incluem leucemia mielomonocítica e leucemia linfocítica. A concentração de células neoplásicas pode variar de detectável na varredura do esfregaço sanguíneo a extremamente elevada.
Distúrbio proliferativo
 Distúrbio proliferativo é um termo inespecífico para uma célula hematopoética neoplásica que está distribuída no sangue, na medula óssea e em outros tecidos, ou uma combinação desses e outros locais. Os distúrbios proliferativos são classificados em duas categorias: linfoproliferativos e mieloproliferativos.
Distúrbios linfoproliferativos 
Os distúrbios linfoproliferativos são processos neoplásicos com diferenciação de células linfoides. Se a neoplasia for confinada a tecidos sólidos, ela é chamada de linfoma ou de linfossarcoma; se envolver o sangue e/ou a medula óssea, é chamada de leucemia linfocítica.
A apresentação específica com diferenciação de células plasmáticas é chamada mieloma (neoplasia específica de lif. B), que geralmente está associada à produção de uma imunoglobulina monoclonal que pode ser detectada no sangue.
Distúrbios mieloproliferativos 
Os distúrbios mieloproliferativos originam-se do sistema de células-tronco da medula óssea.
Diferenciações granulocíticas, monocíticas e eritroides são os distúrbios mieloproliferativos mais comuns; os outros são raros.
Alterações adquiridas na morfologia dos leucócitos 
Alterações tóxicas nos neutrófilos
O termo é errôneo, pois implica que as células estão danificadas ou comprometidas. Hoje, entretanto, entende-se que a alteração morfológica é atribuída à produção alterada na medula óssea e que as células têm função normal.
Alterações tóxicas nos neutrófilos podem ser associadas a respostas inflamatórias.
A interpretação de alterações tóxicas é a de que neutrófilos são produzidos em condições de produção acelerada, que ocorrem como parte de resposta inflamatória. Como resultado, a alteração tóxica muitas vezes acompanha outras alterações quantitativas no leucograma inflamatório.
Hipersegmentação do neutrófilo
A hipersegmentação dos neutrófilos é a progressão normal da maturação nuclear do neutrófilo.
A hipersegmentação observada nos esfregaços é resultado da permanência de neutrófilos na circulação por período maior do que o normal .A interpretação da hipersegmentação é relativamente insignificante.
Degeneração de neutrófilos O termo “degeneração dos neutrófilos” é a descrição ordinariamente aplicada a neutrófilos de outras amostras biológicas que não o sangue (p. ex., amostras citopatológicas). Neutrófilos expostos a ambiente insalubre fora do sangue podem degenerar rapidamente.
As características degenerativas incluem vacuolização citoplasmática e aumento de volume nuclear indicado pela perda do padrão de cromatina e por coloração discreta. Essas alterações podem progredir para a lise celular.
No sangue, portanto, é interpretado como artefato proveniente de manuseio impróprio da amostra.
Aglutinação de leucócitos
 A aglutinação de leucócitos é mediada por imunoglobulina de leucócitos in vitro. Ela pode afetar neutrófilos ou linfócitos. Esse fenômeno não ocorre no animal com temperatura corporal normal e provavelmente não tem nenhuma consequência patológica in vivo.
Quando o sangue esfria à temperatura ambiente ou menor, essa imunoglobulina anormal liga-se ao leucócito-alvo e faz pontes celulares em partículas aglutinadas. Portanto, ela ocorre no tubo de sangue após a coleta do paciente. Sua importância é poder resultar em contagens de leucócitos falsamente diminuídas, pois os leucócitos aglutinados podem não ser contados pelo equipamento.
Vacuolização de linfócitos 
A vacuolização de linfócitos pode ser uma alteração adquirida associada à ingestão de certas plantas contendo a substância tóxica swainsonina.
Anormalidades hereditárias de função e morfologia dos leucócitos 
Anormalidades hereditárias de morfologia e/ou função dos neutrófilos
Anomalia de Pelger-Huët Neutrófilos maduros e hipossegmentados são observados em animais heterozigotos para a anomalia de Pelger-Huët.
Essas células têm forma nuclear imatura (ou seja, forma de bastonete ou mielócito), porém com padrão de cromatina maduro e grosseiro.
A importância de reconhecer a anomalia de Pelger-Huët objetiva evitar falsa identificação de um grande desvio à esquerda, assim como falsa interpretação de resposta inflamatória em indivíduo ou portador do distúrbio, porém aparentemente sadio.
Anomalia de granulação do neutrófilo em gatos Birman
 Os neutrófilos de gatos afetados apresentam finos grânulos de coloração de magenta a eosinofílica. Essa anomalia é hereditária de maneira autossômica recessiva. A função dos neutrófilos é normal e os gatos são sadios. Essa granulação deve ser distinguida de granulação tóxica, que é rara, e da observada em gatos com mucopolissacaridose, que geralmente é mais grosseira.
Mucopolissacaridose
Mucopolissacaridoses são distúrbios de armazenamento lisossomal, hereditários, causados pela deficiência de enzimas lisossomais necessárias paraa degradação gradual dos glicosaminoglicanos.
Animais afetados podem viver por vários anos, mas a dificuldade locomotora é progressiva.
Síndrome de Chédiak-Higashi 
Os neutrófilos em gatos afetados pela síndrome de Chédiak-Higashi apresentam lisossomos grandes, fusionados, com 2 mm, que coram levemente em rosa ou eosinofílicos no interior do citoplasma.
Esses gatos têm leve tendência a sangrar, pois a função plaquetária é anormal. Embora a função do neutrófilo também esteja anormal, gatos são geralmente sadios. A síndrome tem sido relatada em gatos Persas e é hereditária de forma autossômica recessiva.
Anormalidades hereditárias da morfologia de linfócitos 
A vacuolização citoplasmática é a anormalidade hereditária mais significativa dos linfócitos e em geral está associada a distúrbios de armazenamento lisossomal.
Interpretação das respostas dos leucócitos Resposta hematológica à inflamação
Quando a inflamação está estabelecida, uma série de mediadores químicos modulam diversos eventos. Vasodilatação e substâncias quimiotáticas trabalham para aumentar a saída de neutrófilos do compartimento marginal local para o interior da lesão inflamatória. As citocinas liberadas das células mononucleares locais migram para a medula óssea, onde aumentam a taxa de liberação de neutrófilos em processo de maturação e a taxa de produção pelo aumento da entrada de células-tronco, eventos proliferativos e de maturação. O resultado é que a medula responde dramaticamente aumentando a taxa de liberação de neutrófilos no sangue.
Os padrões inflamatórios, manifestados como neutrofilia, podem ser considerados como respostas de discretas a graves envolvidas no controle da lesão. A gravidade do processo pode ser estimada pela magnitude do desvio à esquerda e pela presença de alteração tóxica nos neutrófilos.
Lesões inflamatórias muito graves e tipicamente agudas, por outro lado, podem consumir neutrófilos mais rapidamente do que os neutrófilos possam ser liberados no sangue. Quando isso ocorre, desenvolve-se neutropenia.
O equilíbrio entre o consumo de neutrófilos e a liberação pela medula óssea é afetado por características próprias das diferentes espécies.
Os cães têm reserva maior e grande habilidade para produzir neutrófilos; bovinos e outros ruminantes formam o outro extremo. Felinos e equinos assumem capacidade intermediária nas suas capacidades de liberar células no sangue.
Fatores que modulam a magnitude da neutrofilia na resposta inflamatória
O tipo de lesão inflamatória pode influenciar o equilíbrio entre consumo e liberação medular.
Lesões crônicas de órgãos ocos podem resultar em contagens muito elevadas de neutrófilos. Os exemplos incluem piometra em cães ou abscesso fechado que não se resolve. Elas também são conhecidas como lesões inflamatórias de cavidade fechada (opostas à inflamação difusa discutida anteriormente). Essas lesões continuam a estimular a medula para obter a produção máxima, entretanto a taxa de consumo é reduzida pela natureza da lesão, de modo que a produção excede o consumo de células.
Resposta à excitação | Liberação de epinefrina
 A resposta à excitação é uma alteração imediata associada à liberação de epinefrina e é também conhecida como resposta de “fuga ou luta”. A liberação de epinefrina resulta em eventos cardiovasculares que, por sua vez, resultam em aumento do fluxo sanguíneo por meio da microcirculação, particularmente nos músculos.
Isso resulta em desvio dos leucócitos do compartimento marginal para o compartimento circulatório.
No leucograma, isso se manifesta como duplicação do número de leucócitos e é notado nos neutrófilos e/ou linfócitos. Dentro da população de neutrófilos não ocorre desvio à esquerda, pois a neutrofilia é decorrente do aumento da população de células maduras na microcirculação, que alcançam o compartimento circulante.
Resposta ao estresse | Liberação ou administração de corticosteróides
Essa é provavelmente a resposta leucocitária mais comum.
Exemplos de condições que provocam a resposta ao estresse incluem insuficiência renal, cetoacidose diabética, desidratação, doença inflamatória e dor associada ao trauma. A resposta pode ser detectada no leucograma por alterações nos vários tipos celulares.
A alteração mais consistente é a linfopenia. Os esteroides podem induzir a apoptose dos linfócitos e podem alterar seus padrões de recirculação.
A segunda alteração mais consistente é a duplicação dos neutrófilos circulantes. Os esteroides causam diminuição da viscosidade e marginalização celular, resultando em retenção maior do que o normal na circulação. Como resultado, pode ser observada hipersegmentação.
Um desvio à esquerda não ocorrerá a menos que haja doença inflamatória concomitante.
A importância da interpretação do leucograma de estresse é observar se há distúrbio fisiológico adjacente (caso ele ainda não tenha sido reconhecido) e evitar a interpretação de um padrão induzido simplesmente por esteroides como inflamação.
O componente inflamatório terá prioridade na determinação da magnitude da neutrofilia e de qualquer desvio à esquerda a ela associado. O componente esteroide pode apenas ser reconhecido pela presença concomitante de linfopenia.
Não havendo resposta esteroide em um animal muito doente, deve-se pensar na hipótese de hiperadrenocorticismo (ou seja, doença de Addison).
Resumo | Abordagem da neutrofilia
Existem três causas de neutrofilia.
Quando houver neutrofilia, o examinador deverá avaliar se há desvio à esquerda (fase 1). No caso de desvio à esquerda, considera-se inflamação. Caso não haja desvio, o examinador deverá avaliar a quantidade de linfócitos (fase 2). Linfopenia combinada com neutrofilia madura indica resposta a esteroides, mas caso a contagem de linfócitos esteja normal ou aumentada, deve-se considerar resposta à excitação. Observe também que um padrão inflamatório pode ter resposta a esteroides sobreposta, condição reconhecida como linfopenia associada ao padrão inflamatório.
Linfocitose
 A linfocitose tem duas causas comuns. A primeira é a resposta à excitação (discutida anteriormente) e a segunda é a leucemia linfocítica.
Se a contagem celular estiver apenas levemente aumentada e as células forem morfologicamente pequenas, com linfócitos de aparência normal, uma resposta excitatória deverá ser considerada.
Se as contagens excederem esse valor de referência ou o animal não estiver excitado, deve-se considerar leucemia linfocítica como possível diagnóstico. A repetição do hemograma no dia seguinte, ao mesmo tempo que se nota a possibilidade de excitação durante a coleta de sangue, também pode ser útil.
Se as células com padrão anormal para o sangue, ou seja, prolinfócitos e/ou linfoblastos, estiverem presentes na circulação, a leucemia deve ser uma consideração diagnóstica, mesmo com contagens de linfócitos normais ou levemente aumentadas.
A linfocitose persistente bovina pode ocorrer no gado infectado com o vírus da leucemia bovina (VLB).
Neutropenia 
Neutropenia resultante de consumo decorrente de inflamação aguda
A neutropenia resultante de alto consumo é associada ao desvio à esquerda. Alterações tóxicas são também esperadas dentro de poucos dias após o início do processo. Um tipo alternativo de neutropenia por consumo excessivo é a neutropenia imunomediada, o pode resultar em profunda neutropenia não associada à lesão inflamatória evidente.
Neutropenia resultante de lesões às células-tronco
evidência de falha medular manifestada no sangue está relacionada com a duração da lesão em relação ao tempo de circulação ou ao tempo de vida de vários tipos celulares. Em detrimento de os neutrófilos serem renovados no sangue mais rapidamente, nas lesões às célulastronco instala-se primeiro a neutropenia. A trombocitopenia é observada secundariamente, pois as plaquetas duram aproximadamente 7 dias na circulação. A anemia não regenerativa ocorre por último devido ao tempo de vida relativamente longo dos eritrócitos.
Neutropenia causada por lesões reversíveis às células-tronco 
Lesões agudas e transitórias às células-tronco são causadaspelo tropismo de vírus por células que se dividem rapidamente.
Um grupo de causas são produtos químicos ou medicamentos que lesam células que se dividem rapidamente. Muitos fármacos quimioterápicos estão nessa categoria.
Neutropenia causada por lesão irreversível de células-tronco
 Essa categoria de lesão às células-tronco pode ser considerada como uma continuidade das anormalidades proliferativas do sistema de células-tronco da medula óssea.
As causas incluem infecções pelo vírus da leucemia felina, distúrbios hipoproliferativos idiopáticos, mielodisplasias e distúrbios mieloproliferativos.
Abordagem à neutropenia
Quando se confrontar com neutropenia, o examinador deverá inicialmente avaliar a quantidade de plaquetas e de eritrócitos, pesquisando distúrbios de produção. Caso a produção dessas linhagens celulares esteja normal, considera-se a resposta leucocitária como neutropenia seletiva. Em seguida, o examinador deverá avaliar se há desvio à esquerda. Se houver, considera-se inflamação aguda grave. Se não houver desvio à esquerda, considera-se deficiência aguda na produção de neutrófilos .Caso a neutropenia seja acompanhada de falha na produção de outras linhagens celulares (p. ex., plaquetas ou eritrócitos), deve-se considerar uma lesão medular mais crônica. Células neoplásicas podem indicar neoplasia de célula hematopoética primária e também uma possível causa de insuficiência medular.
Linfopenia 
A linfopenia é geralmente atribuída a uma resposta aos esteroides; outras causas são incomuns e raras. Infecções virais agudas linfocíticas induzem linfopenia, que é acompanhada por neutropenia; entretanto, a neutropenia é o achado mais importante. A síndrome da imunodeficiência combinada dos potros Árabes é um distúrbio hereditário com deficiência grave das funções dos linfócitos T e B.
Monocitose 
A monocitose é uma alteração relativamente pouco importante e pode acompanhar respostas inflamatórias crônicas e agudas. A monocitose que acompanha resposta inflamatória é interpretada como resposta ao aumento na demanda de células mononucleares nos tecidos. Os monócitos no sangue são considerados como células imaturas que se tornarão macrófagos após a migração para os 303 locais teciduais. A monocitose também pode ocorrer em resposta a esteroides, particularmente em cães.
Eosinofilia 
A eosinofilia é interpretada como resposta inespecífica que requer consideração de parasitismo, hipersensibilidade ou lesão incomum produzindo quimiotáticos para eosinófilos.
Basofilia A basofilia é incomum. De fato, basófilos são tão raros em animais normais que eles geralmente não são encontrados na microscopia diferencial de 100 leucócitos. A interpretação de basofilia é desconhecida ou não está clara. Frequentemente acompanha eosinofilia. Quando isso acontece, é descrita como eosinofilia e basofilia, mas é a eosinofilia que é interpretada como importante.
1ª aula:
 
01/10/2020
Termo “hemostasia” é definido como a parada de sangramento; as anormalidades de hemostasia
variam desde hemostasia excessiva, e consequente trombose intravascular, a hemorragia e perda de
sangue excessiva. Ambos os extremos podem representar risco à vida do paciente, porém, em
animais, é mais difícil detectar e controlar a trombose intravascular.
Após a lesão vascular, a hemostasia efetiva
envolve respostas integradas de três principais componentes: fatores de coagulação solúveis
circulantes (i. e., proteínas), que formam fibrina insolúvel estável; plaquetas circulantes; e parede
vascular formada por matriz de células endoteliais, células de músculo liso e fibroblastos.
Fatores de coagulação
Em geral, o termo “coagulopatia” refere-se à hemorragia excessiva decorrente de função anormal ou
ausência de um ou de mais fatores de coagulação circulantes.
Os fatores de coagulação são ativados principalmente pela exposição à
tromboplastina tecidual, presente na superfície de micropartículas circulantes, células endoteliais
estimuladas ou fibroblastos extravasculares. Após a ativação inicial, com produção de pequena
399
quantidade de trombina, os fatores de coagulação são adicionalmente ativados por meio de alças de
amplificação de retroalimentação para exacerbar o estímulo inicial. O evento culminante da ativação
do fator de coagulação é a conversão de fibrinogênio em fibrina e a formação de um coágulo de
fibrina estável, juntamente com plaquetas, para ocluir o fluxo sanguíneo de um vaso lesionado. A
disfunção do fator de coagulação, ou a sua ausência, retarda a formação de fibrina.
Tradicionalmente, o esquema de ativação e amplificação da hemostasia compreende a via
intrínseca, a via extrínseca e a via comum.
Esse esquema implica duas vias de
ativação: ativação por exposição à tromboplastina tecidual e ativação por contato com a membrana
basal e o colágeno (ou outras superfícies com cargas negativas).
Alguns fatores de coagulação requerem vitamina K, a qual atua como um cofator na carboxilação
pós-translacional dos fatores de coagulação II, VII, IX e X, bem como das proteínas anticoagulantes
C e S, e, recentemente, da proteína Z.3 A vitamina K normalmente é oxidada durante a carboxilação
de proteínas de coagulação e, então, novamente reduzida para a forma hidroquinona ativa por meio
de um mecanismo de duas etapas que envolve a enzima epóxido redutase.4,5 No caso de diminuição
ou de ausência de inibidores da vitamina K na dieta, são formadas proteínas pró-coagulantes e
anticoagulantes, porém sem atividade. Essas proteínas não funcionais são denominadas PIVKA (do
inglês proteins in vitamin K absence or antagonism, ou seja, proteínas na ausência, ou antagonismo,
de vitamina K) e podem ser detectadas por métodos imunológicos.
Plaquetas
As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos de megacariócitos, com várias organelas citosólicas
(Tabela 16.2), com formato de disco plano (Figura 16.3). As plaquetas são fundamentais para a
hemostasia e propiciam uma superfície6 para a formação do complexo tenase/protrombinase para
formar trombina; são responsáveis pela cessação inicial temporária do fluxo de sangue após lesão no
leito microvascular.
As plaquetas respondem à lesão vascular que expõe colágeno, laminina e fibronectina.
Tromboxano A2 é produzido e liberado para se ligar ao receptor de superfície (TP) a fim de ativar,
adicionalmente, as plaquetas por meio de um mecanismo de retroalimentação positivo. O ácido
acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios não esteroides (AINE) inibem a função plaquetária por
impedirem a síntese de tromboxano A2.
Vasos
Os vasos contribuem para a cessação da hemorragia por meio de vasoconstrição reflexa das células
de músculos lisos, diminuindo o diâmetro do lúmen vascular, bem como por meio de secreção ou
expressão de substâncias trombogênicas pelas células endoteliais lesionadas, como o fator de
ativação plaquetária e a tromboplastina tecidual, com o intuito de promover a formação do coágulo.
Lesão ou perda de endotélio também reduz a secreção local de mediadores, como a prostaciclina
(PGI2)2, responsáveis pela infrarregulação da reatividade plaquetária, aumentando a responsividade
das plaquetas no local da lesão.
Comparativamente às anormalidades de plaquetas e
de fatores de coagulação, as alterações vasculares são as causas menos frequentes de hemorragia
excessiva, porém as mais difíceis de avaliar.
A manutenção efetiva da integridade vascular e da perfusão tecidual requer o controle preciso da
formação e da resolução do coágulo, de modo a restabelecer o fluxo sanguíneo aos tecidos. Assim
que o coágulo se forma, a lise do coágulo de fibrina é feita pela plasmina, a qual é oriunda da
ativação do plasminogênio.
A ativação do plasminogênio em plasmina, in vivo, envolve
principalmente o fator XII ativo e o ativador de plasminogênio tecidual das células endoteliais. O
fator XII ativa o plasminogênio, bem como o fator XI, o complemento e as cininas, por meio do
mecanismo descrito na. Os pacientes que apresentam deficiência de fator XII não manifestam hemorragia excessiva, porém exibem tendência à trombose em razãoda insuficiente lise dos coágulos de fibrina pela plasmina.
Proteínas anticoagulantes
As proteínas anticoagulantes estão envolvidas na infrarregulação da cascata de coagulação por meio
da inibição das proteínas pró-coagulantes das vias intrínseca, extrínseca e comum. Isso assegura que
a ativação da coagulação não excederá a necessidade imediata de hemostasia no local da lesão
vascular. Essas proteínas anticoagulantes mantêm-se em equilíbrio com as proteínas pró-coagulantes;
a atividade deficiente de proteínas anticoagulantes, em relação à atividade de proteínas prócoagulantes,
resulta em trombose. Esse equilíbrio pode ser comprometido, com risco de trombose,
pela perda de proteínas anticoagulantes ou pelo aumento seletivo do teor de proteína pró-coagulante.
A proteína anticoagulante circulante mais importante é a antitrombina (AT), anteriormente
denominada antitrombina-III, a qual responde por, aproximadamente, 70% da atividade
anticoagulante total do plasma.
Avaliação dos componentes da hemostasia
Fatores de coagulação
Todos os fatores de coagulação circulantes são sintetizados no fígado. Portanto, a insuficiência
hepática frequentemente está associada à hemorragia clínica em razão da menor produção de um ou
mais fatores de coagulação. Os fatores de coagulação e algumas de suas características estão listados
na Tabela 16.1. Entre eles, apenas o fator VIII:C e o fator V não são proteases; esses dois fatores exacerbam a atividade dos fatores IXa e Xa, respectivamente. As deficiências hereditárias de fatores
de coagulação são incomuns em animais domésticos, porém há relato de deficiência hereditária dos fatores mais conhecidos. A deficiência hereditária de fator de coagulação mais frequentemente
relatada em medicina veterinária envolve o fator VIII:C, sendo denominada hemofilia clássica ou hemofilia A. As deficiências dos fatores VIII:C e IX (hemofilia B) são características ligadas ao
sexo e a hemorragia é mais frequentemente observada em pacientes machos; os outros fatores são
controlados por cromossomos somáticos.
Plaquetas
Quantidade insuficiente de plaquetas e, menos comumente, disfunção plaquetária podem ser
responsáveis pela ocorrência de hemorragia excessiva.
No esfregaço sanguíneo é possível estimar a quantidade dessas células; deve haver, no
mínimo, de 5 a 10 plaquetas por campo, em objetiva de grande aumento (1.000×, em óleo de
imersão). O número normal de plaquetas é variável entre as espécies de animais, mas, em todas elas,
tal variação situa-se entre 100.000 e 800.000 plaquetas/μℓ; os menores valores são constatados em
equinos e os maiores em bovinos. A diminuição da quantidade de plaquetas não ocasiona hemorragia
em animais até que se atinja o valor ≤ 10.000 a 50.000 plaquetas/μℓ. O tamanho das plaquetas
normais é menor do que aquele dos eritrócitos (hemácias). Em cães da raça Cavalier King Charles
Spaniel e em gatos que apresentam plaquetas de tamanho maior do que a de eritrócitos é possível
notar pseudotrombocitopenia ocasionada pela subcontagem de plaquetas de tamanho acima do
normal.
Na verdade, a quantidade de plaquetas pode estar suficientemente diminuída para causar
hemorragia em razão da maior taxa de remoção do sangue (i. e., destruição) ou de ativação (ou seja,
consumo). Quando há menor produção de plaquetas pela medula óssea, verifica-se menor quantidade
de megacariócitos na medula; ao contrário, o número de megacariócitos na medula óssea é maior
quando as plaquetas estão sendo destruídas ou consumidas. Quando há produção e
liberação acelerada de plaquetas, elas podem parecer maiores do que o normal.
Quando a contagem de plaquetas é normal, pode-se avaliar a função plaquetária por meio da
verificação do tempo de sangramento ou pela mensuração in vitro da resposta plaquetária a agonistas
específicos. Em geral, o tempo de sangramento é o tempo necessário para cessar o fluxo de sangue
em um pequeno ferimento, que causa lesão capilar, provocado na superfície cutânea livre de pelos.
tempo necessário para a cessação desse
sangramento é denominado tempo de sangramento e reflete a formação do tampão de plaquetas, que
interrompe o extravasamento do sangue capilar. Mesmo se os fatores de coagulação forem insuficientes, formar-se-á o tampão plaquetário e o fluxo de sangue cessará; contudo, a lesão
novamente voltará a sangrar (i. e., fenômeno de novo sangramento) porque não houve formação de
fibrina em tempo suficientemente rápido para estabilizar o tampão de plaquetas formado.
Se a
quantidade de plaquetas estiver diminuída, nota-se prolongamento do tempo de sangramento. Se o
número de plaquetas situar-se no intervalo de referência normal, mas o tempo de sangramento
encontrar-se prolongado, as plaquetas não estão respondendo apropriadamente.
O padrão de resposta aos agonistas plaquetários conhecidos sugere
o tipo de disfunção plaquetária. A doença de von Willebrand é a disfunção plaquetária mais comum
em medicina veterinária e deve-se à síntese anormal do fator de von Willebrand pelo endotélio e
pelos megacariócitos.
Em animais, a trombocitose (i. e., aumento da quantidade de
plaquetas acima do intervalo de referência) é uma anormalidade inespecífica em geral não
acompanhada de sinais clínicos, mas é um potencial fator predisponente à trombose e a condições de
hipercoagulabilidade. Com frequência, a trombocitose está relacionada com anemia por deficiência
de ferro, doenças inflamatórias, liberação de epinefrina e algumas formas de doenças
mieloproliferativas.
Anormalidades vasculares
É incomum a ocorrência de anormalidades de hemostasia em virtude de defeitos ou de anormalidades
em vasos sanguíneos.
Os métodos de
avaliação de possíveis causas vasculares de hemorragia incluem biopsia por incisão tecidual para
exame histológico e da estrutura vascular ou para exame bioquímico do colágeno. Dependendo da
espécie do animal que apresenta sangramento, pode ser útil o exame clínico para a pesquisa de
sintomas de escorbuto ou de síndrome de Cushing, verificando-se maior fragilidade de pele e do
colágeno em um paciente com hemorragia.
Anormalidades da hemostasia comumente verificadas
Coagulação intravascular disseminada
A coagulação intravascular disseminada (CID) está associada a várias doenças, sendo provocada
pela ativação excessiva do mecanismo de coagulação em determinada região ou no corpo todo. As
causas potenciais para a iniciação da coagulação podem variar desde uma lesão tecidual extensa,
como acontece na termoplegia, até a produção de proteínas pró-coagulantes pelas populações de
células neoplásicas, como acontece em alguns tipos de leucemia.25,26 É possível a ocorrência de
trombose difusa, especialmente na microcirculação, e a consequente depleção de fatores de
coagulação e diminuição da quantidade de plaquetas. Esse consumo de fatores de coagulação e de
plaquetas, por sua vez, ocasiona hemorragia. Com frequência, a coagulação intravascular
disseminada representa risco à vida do paciente e seu controle é difícil. Não é possível o controle
efetivo da CID sem a identificação e o tratamento da causa primária.
Coagulopatias hereditárias
A coagulopatia hereditária mais comum em animais domésticos
é a hemofilia A, uma deficiência do fator de coagulação VIII:C.
Com frequência, a hemofilia A é confundida com doença de von Willebrand porque,
historicamente, ambas têm sido denominadas anormalidades do fator VIII.
Enquanto a
hemofilia A é uma característica ligada ao sexo, com maior ocorrência em machos, a doença de von
Willebrand é uma anomalia autossômica transmitida com igual frequência em machos e fêmeas.
Coagulopatias adquiridas
Uma causa relativamente comum de coagulopatia adquirida em grandes e pequenos animais é a
exposição a antagonistas de vitamina K, os quais inibem a redução da vitamina K oxidada de volta à
forma hidroquinona ativa. Antagonistas da reação de redução da vitamina K incluem cumarina,
presente no trevo-doce mofado; sulfaquinoxalina, um coccidiostático adicionado à água; e alguns
rodenticidas.
Em pequenos animais, a administração de antibióticos
que inibem aprodução de vitamina K pelos microrganismos da flora intestinal pode resultar em
deficiência dessa vitamina. Doença hepática grave comumente resulta em coagulopatia adquirida. A
maioria dos fatores de coagulação é produzida nos hepatócitos; além disso, o fígado é responsável
pela remoção de fatores de coagulação ativados e de PDF do plasma.
Causas incomuns de coagulopatia adquirida incluem amiloidose, que está associada à deficiência
seletiva do fator X porque esse fator é incorporado à matriz amiloide, causando a depleção do fator
X no plasma. Doença autoimune, com um autoanticorpo direcionado contra um fator de coagulação,
também tem sido descrita em animais domésticos, porém sua ocorrência é rara.
Trombocitopenia
Várias condições podem causar diminuição da produção de plaquetas (consulte o Capítulo 13).
Irradiação corporal total, medicamentos, toxinas, microrganismos infecciosos, doenças neoplásicas e
doenças imunomediadas podem resultar em menor produção de plaquetas. Em cães e furões, a
intoxicação por estrógeno é uma causa comum de diminuição na produção de plaquetas.
Maior consumo de plaquetas está associado a CID (discutida anteriormente), hemangiossarcoma
canino, vasculite e outros tipos de lesão vascular. Hemorragia não resulta em trombocitopenia
importante; no caso de hemorragia, a contagem de plaquetas raramente é inferior a 100.000 células/
μℓ.
Trombocitopenia imunomediada é uma das causas mais comuns de trombocitopenia em cães.
Em cães, a principal causa infecciosa de trombocitopenia é a ehrlichiose.
Disfunções plaquetárias
Adquiridas
A função das plaquetas pode ser inibida pela maioria dos anti-inflamatórios não esteroides, por
proteínas plasmáticas anormais (paraproteínas do mieloma), proteínas como PDF, autoanticorpos,
tranquilizantes fenotiazinas e catabólitos que se acumulam no plasma do paciente com uremia.
Hereditárias
As plaquetas podem ser não funcionais em decorrência de anomalias hereditárias, como acontece na
doença de von Willebrand, ou de anormalidades intrínsecas em receptores ou sinalizadores
plaquetários, as quais têm sido descritas em animais domésticos e em animais de laboratório.
O defeito
de plaqueta hereditário mais comum em animais domésticos é a doença de von Willebrand.
Causas vasculares de hemorragia
Adquiridas
A lesão de endotélio vascular, como ocorre na febre maculosa das Montanhas Rochosas ou no caso
de termoplegia, pode causar hemorragia disseminada e subsequente ativação da coagulação. Doença
do colágeno adquirida, como acontece no escorbuto, pode estar associada à hemorragia decorrente
da maior fragilidade da parede dos vasos sanguíneos. Doença inflamatória localizada pode estar
associada à hemorragia. Caso seja detectada hemorragia localizada recorrente, porém sem evidência
de disfunção de plaquetas ou de fatores de coagulação, a realização de biopsia pode ser útil para
determinar a causa da hemorragia.
Hereditárias
Doença do colágeno hereditária, como ocorre na síndrome de Ehlers-Danhos e na síndrome de
Marfan, bem como a anormalidade de colágeno adquirida, como verificada no escorbuto e na
síndrome de Cushing, tem sido associada à hemorragia clínica. Em parte, a hemorragia deve-se à
maior fragilidade vascular causada pelo colágeno anormal, ou por sua diminuição, e, em alguns
casos, também pode ser decorrência da menor receptividade das plaquetas ao colágeno anormal.
Trombose
Trombose pode ser uma condição de risco à vida do paciente, sendo causa terminal comum de óbito
em uma ampla variedade de doenças clínicas que envolvem alteração do fluxo sanguíneo, lesão
endotelial ou hipercoagulação. A manifestação clínica de trombose é especialmente comum em
algumas doenças específicas.
Trombose localizada pode ser decorrente de fluxo sanguíneo turbulento ou fluxo em direção inapropriada;
trombose generalizada pode ser induzida por lesão vascular disseminada causada por produtos
químicos, endotoxinas, reações imunológicas ou microrganismos infecciosos, como o vírus da
hepatite canina infecciosa ou Rickettsia rickettsii.
Conclusão
A hemostasia efetiva é o produto da atuação conjunta de fatores de coagulação, plaquetas e vasos
sanguíneos com intuito de cessar o sangramento de um vaso lesionado, permitindo sua cicatrização e
reparação, de modo a restabelecer o fluxo sanguíneo aos tecidos. Disfunção em qualquer um dos
componentes desse delicado equilíbrio pode resultar em grau excessivo de hemostasia (ou seja,
trombose) ou hemostasia inadequada (i. e., hemorragia). Em cada caso clínico, o desafio é
considerar racionalmente as possíveis causas, examinando-as minuciosamente. Para avaliar as
anormalidades de hemostasia comumente constatadas nos casos clínicos, deve-se examinar, no
mínimo, TTPa ou TCA, TP e contagem de plaquetas. A necessidade de avaliações clínicas adicionais
é definida com base nos resultados desses testes e na sua relação com os achados do exame físico
completo.
URINÁLISE E PROVAS DE FUNÇÃO RENAL
Alterações laboratoriais só serão identificadas quando grande parte dos néfrons estiver lesionada e, ainda, se os remanescentes não conseguirem mais compensar os danificados. Uma vez identificada, a
insuficiência renal é então categorizada como aguda ou crônica.
Se a doença estiver concentrada no glomérulo (glomerulonefrite ou
amiloidose), nos túbulos (nefrose), no interstício (nefrite intersticial), na pelve renal (pielonefrite) ou
no sistema excretor (cistite, obstrução ou ruptura).
A análise do perfil bioquímico sérico e a urinálise são meios práticos para avaliar a função renal.
· Método direto e mais preciso: TFG, mas pouco usado na veterinária;
· Se utiliza mais métodos indiretos:
Existem vários meios de avaliar a insuficiência renal com base no histórico, no perfil
bioquímico e na avaliação da urina. Entre esses, podemos incluir a identificação de anúria, poliúria,
azotemia, uremia, anormalidades eletrolíticas, hipoalbuminemia, densidade urinária inadequada,
presença de cilindros, cistite e hematúria.
Exames diagnósticos
complementares : depuração de creatinina, excreção fracionada de sódio, avaliação da
proteinúria e ultrassonografia.
Na glomerulonefrite, a perda de albumina pelo ultrafiltrado no glomérulo é indicativa da perda de sua
função. Se a doença for grave o suficiente e os néfrons remanescentes não conseguirem mais
compensar tal disfunção, ocorrerão proteinúria, hipoalbuminemia e, possivelmente, ascite e edema.
A incapacidade de
concentrar urina (isostenúria) ocorre quando aproximadamente 66% dos néfrons não estão funcionando
adequadamente. Já a azotemia só é observada quando aproximadamente 75% dos néfrons estão
comprometidos. No entanto, o achado único de azotemia não nos permite chegar a essa dedução,
visto que sua origem pode ser pré-renal, renal ou pós-renal.
TGF: É o volume de plasma filtrado pela cápsula de Bowman do capilar glomerular por
unidade de tempo. A TFG de 3 a 6 mℓ/min/kg é normal em cães e a de 2 a 4 mℓ/min/kg é normal em
gatos.
Sua avaliação é dependente de fluxo adequado do sangue para os rins, pressão sanguínea,
intersticial e intratubular, assim como do número de néfrons funcionais.
métodos indiretos, que evidenciam a diminuição da TFG.
derivados de análises séricas da concentração do nitrogênio ureico [UN], creatinina [Cr], [fósforo] e
[cálcio], em conjunto com as informações obtidas pela urinálise completa e/ou proteinúria e
depuração de creatinina, assim como a excreção fracionada de sódio, entre outros, são amplamente realizados na rotina.
Conforme a TFG diminui, a concentração de nitrogênio ureico e
creatinina aumenta; no entanto, para que isso ocorra, deve haver ao menos redução superior a 75% na
TFG.
Então, azotemia, em conjunto com a urina
diluída ou poliúria causada por insuficiência renal, só será detectada quando grande parte da massa
renal estiver afetada. Portanto, tais dados não são indicadores precoces da insuficiência renal.
importante observar que nenhum parâmetro bioquímico sérico pode indicar a irreversibilidade
do dano renal e que, apesar de os glomérulos não apresentaremcapacidade de regeneração, os
túbulos têm extraordinária capacidade regenerativa caso as membranas basais estejam preservadas.
Desde
que os valores plasmáticos de creatinina estejam dentro do intervalo de referência, 50% de perda
funcional não seriam detectados pela mensuração de [Cr] e [UN], devido à reserva funcional renal ou
pela hipertrofia compensatória dos néfrons remanescentes, os quais mantêm os valores plasmáticos
de [Cr] dentro do intervalo de “normalidade” para cães.
Deve ser observado que a [Cr] é melhor indicador da TFG do que a [UN], pois a velocidade de
produção da [Cr] e sua excreção são relativamente constantes, além de não ser metabolizada por
processos extrarrenais.
 (
Concentrada:
Causa Pré- renal
Turgor cutâ
neo, albumina e outros elevado.
Exceção: diminuição de ADH, 
pois pode impedir que os túbulos concentrem a urina. Isso pode causar confusão em casos que o animal apresente azotemia por desidratação e a urina esteja diluída pela interferência de substância tais como hipercalcemia, esteróides ou na piometra, etc.
)A concentração plasmática de creatinina dentro dos valores de referência não significa que os rins
estejam normais: indica que mais de 25% da massa renal estão funcionando adequadamente para
excretar creatinina e mantê-la dentro do intervalo de normalidade.
Nitrogênio ureico e creatinina
A principal função do sistema urinário é a de excretar o nitrogênio ureico (UN) e a creatinina.
Quando essa função é perdida, as concentrações plasmáticas de UN e de Cr aumentam – condição
chamada de AZOTEMIA.
 (
Não concentrada:
Causa renal
Agudox crônico: histórico, exame físico, VG, albumina
Agudo: estava bem ontem, bom estado corpóreo, VG, albumina normal a aumentada
Crônico: semanas, perda de peso, VG e albumina diminuídos.
Localização: glomérulo, túbulo, interstício, pelve.
Urinálise: 
Glomerular= proteína +++
Tubular: cilindros +++
Interstício= crônico 
Pelve: cilindros, leucócitos, eritrócitos e bactérias
)A azotemia é o parâmetro laboratorial que melhor indica problemas relacionados com o sistema urinário e pode ter origem pré-renal, renal e pós-renal. A azotemia pré renal ocorre na hipovolemia (p. ex., desidratação, choque). A azotemia renal é causada por lesões em um dos cinco locais: glomérulo, túbulo, interstício, pelve renal ou vasos sanguíneos. A azotemia pós renal
pode ser decorrente de obstrução em qualquer local após o néfron ou na ruptura de estruturas do sistema urinário.
 Azotemia
Densidade urinária específica
(DEU)
Concentrada Não concentrada 
A falha no suprimento sanguíneo aos rins (desidratação,
insuficiência cardíaca e choque), as falhas dos rins (várias doenças) ou a falha em eliminar urina
(obstrução ou ruptura do sistema urinário) podem resultar em aumento sérico de [Cr] e [UN]. Caso a
Cr e o UN não estejam sendo excretados em quantidades adequadas, haverá aumento de suas
concentrações plasmáticas (azotemia), podendo levar ao aparecimento de sinais clínicos do acúmulo
de toxinas nos pacientes, processo esse conhecido como uremia. Embora essas duas substâncias
estejam no perfil bioquímico, o aumento das duas significa a mesma coisa: diminuição da TFG.
Nenhuma das duas substâncias aumentará até que aproximadamente 75% dos néfrons estejam
afuncionais.
A hemorragia GI causa aumento de [UN] sem aumento de [Cr]. O sangue, no sistema GI, é
degradado e reabsorvido como aminoácidos e amônia. A amônia é, então, convertida pelo fígado em
UN e excretada pelos rins. Para que isso ocorra, não se faz necessária hemorragia tão grave ao ponto
de causar anemia.
Outra possibilidade são as “refeições com alta carga de proteína”, as quais aumentam a produção de UN no período pós-prandial, mas não causam azotemia em pacientes normais.
Todas as espécies excretam [UN] pelas glândulas salivares. No entanto, somente os ruminantes e cavalos têm flora capaz de converter [UN] em aminoácidos, de reabsorvê-los e de excretar UN em quantidade significativa pelo sistema GI.
Cães normais alimentados com refeições altamente proteicas podem ter leve aumento na [UN],
com pico máximo de 6 h após a alimentação e duração de até 18 h. A proteína é quebrada no sistema
GI, ocorrendo a produção de amônia, a qual é reabsorvida e convertida em UN no fígado. Esse é o
princípio para a diminuição da ingestão proteica em pacientes com insuficiência renal. 
Outros fatores não
renais que podem aumentar a concentração sérica de [UN] incluem: hemorragia intestinal (a porção
de globina da hemoglobina é uma proteína); sepse e jejum (podem causar aumento do catabolismo proteico); e diminuição da perfusão renal (favorece a reabsorção tubular de UN). 
Condições que podem diminuir a produção de UN são: insuficiência hepática, shunt intra ou extra-hepático,
desnutrição, diurese e hipertireoidismo (apesar de aumentar o catabolismo, aumenta a TFG e, durante
o período de caquexia, pode também ocorrer a diminuição a concentração de creatinina).

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