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MELISSA COSTA – ENFERMAGEM 5º PERÍODO (TERAPIA INTENSIVA) É um estado de hiperperfusão celular generalizado no qual a liberação de oxigênio no nível celular é inadequada para atender as necessidades metabólicas. A avaliação rápida com reconhecimento e resposta precoces ao choque é essencial para a recuperação do paciente. VISÃO GERAL O adequado fluxo sanguíneo para os tecidos e as células exige uma bomba cardíaca efetiva, vasculatura ou sistema circulatório adequado e volume sanguíneo suficiente. Com um desses componentes comprometido, a perfusão tissular é insuficiente. Independentemente da etiologia, as respostas geradas são: hipoperfusão dos tecidos, hipermetabolismo e ativação da resposta inflamatória. Portanto, o choque afeta o metabolismo aeróbio, meio pelo qual o organismo produz energia na forma de ATP. O corpo responde aos estados de choque por meio de uma ativação no sistema nervoso simpático e da composição da resposta inflamatória e hipermetabólica. A FALHA DOS MECANISMOS COMPENSATÓRIOS DE RESTAURAR EFETIVAMENTE O EQUILÍBRIO FISIOLÓGICO É A VIA FINAL DE TODOS OS TIPOS DE CHOQUE E RESULTA EM DISFUNÇÃO DE ÓRGÃO-ALVO E MORTE. FISIOPATOLOGIA ALTERAÇÕES CELULARES: As células precisam suprir sua necessidade de oxigênio e suprimento de energia através do metabolismo anaeróbio. O que resulta em baixa produção de energia com os nutrientes em um ambiente intracelular acidótico. Edema celular: Ocorre devido a permeabilidade da membrana celular, ela fica túrgida permitindo que eletrólitos e líquidos sejam deslocados para dentro e para fora da célula. Morte celular: Como a bomba de sódio-potássio fica comprometida, estruturas celulares – sobretudo a mitocôndria – são lesionadas resultando na morte da célula. Lactato: A anaerobiose resulta no acúmulo de acido lático, ele precisa ser removido da célula e transportado até o fígado onde será convertido em glicose e glicogênio até causar acidose metabólica. Hiperglicemia: Em estado de estresse, as catecolaminas, o cortisol, o glucagon, as citocinas inflamatórias e os mediadores são liberados. A ativação dessas substâncias promove a gliconeogênese (formação de glicose a partir de fontes não carboidratos). O glicogênio que foi armazenado no fígado é convertido em glicose pela glicogenólise para atender as demandas metabólicas e, por conseguinte, aumenta a concentração de glicose sérica. Falência do órgão: A ativação contínua da resposta de estresse causa uma depleção dos depósitos de glicogênio que resulta no aumento da proteólise. Radicais livres: A incapacidade do corpo de obter nutrientes e oxigênio suficientes para o metabolismo celular normal causa um acúmulo de produtos finais metabólicos nas células e nos espaços intersticiais. Hipoperfusão celular: A cascata de coagulação, associada ao processo inflamatório, fica excessivamente produtiva e resulta em pequenos coágulos que se alojam na microcirculação. RESPOSTAS VASCULARES: Os mecanismos regulatórios locais (autorregulação), estimulam a vasodilatação ou vasoconstricção em resposta aos mediadores bioquímicos que são liberados pela célula e comunicam sobre a necessidade de oxigênio e nutrientes. SEM TRATAMENTO FLUXO SANGUÍNEO INADEQUADO PARA AS CÉLULAS OFERTA INSUFICIENTE DE OXIGÊNIO E NUTRIENTES HIPOXIA CELULAR MORTE CELULAR DISFUNÇÃO DE ALGUM ÓRGÃO MORTE MELISSA COSTA – ENFERMAGEM 5º PERÍODO (TERAPIA INTENSIVA) MEDIADOR BIOQUÍMICO: É UMA SUBSTANCIA – LIBERADA POR UMA CÉLULA OU POR CÉLULAS IMUNES – QUE DISPARA UMA AÇÃO NA ÁREA DA CÉLULA OU MIGRA PELA CORRENTE SANGUÍNEA ATÉ UM LOCAL DISTANTE E DISPARA A AÇÃO. REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL: É necessário que os três componentes principais do sistema circulatório (volume sanguíneo, a bomba sanguínea e a vasculatura) respondam efetivamente aos complexos de sistema do feedback neural, químico e hormonal para manter uma PA adequada e perfundir os tecidos corporais. Ela é regulada através da interação complexa entre esses sistemas de feedback que afetam o débito cardíaco e a resistência periférica. O débito cardíaco é o produto do volume sistólico e da frequência cardíaca. Já a resistência periférica é determinada pelo diâmetro da arteríola. Barorreceptores: Quando a PA cai, catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) são liberadas a partir da medula da suprarrenal. Elas aumentam a frequência cardíaca e causam vasoconstricção, que permite restaurar a PA. Quimiorreceptores: Regulam a PA e a frequência respiratória com praticamente o mesmo mecanismo em resposta às alterações nas concentrações de oxigênio e dióxido de carbono no sangue. Rins: Regulam a PA através da liberação de renina (enzima necessária para a conversão final de angiotensina I em angiotensina II). Essa estimulação e, por conseguinte, a vasoconstricção levam indiretamente à liberação de aldosterona do córtex da suprarrenal, promovendo a retenção de sódio e água. Logo após, a hipernatremia estimula a liberação de ADH pela hipófise, fazendo com que os rins retenham ainda mais água na tentativa de elevar o volume sanguíneo e a PA. ESTÁGIOS DO CHOQUE Progride em continuum e pode ser caracterizado como inicial ou tardio, dependendo dos sinais e sintomas e da gravidade geral da disfunção dos órgãos. Quanto mais cedo as intervenções forem instituídas ao longo desse continuum, maior é a chance de sobrevida do paciente. ESTÁGIO COMPENSATÓRIO: A PA permanece normal. A vasoconstricção, o aumento da frequência cardíaca e o aumento da contratilidade do coração, contribuem para a manutenção do débito cardíaco adequado. É resultante da estimulação do sistema nervoso simpático e da subsequente liberação de catecolaminas. O corpo desvia sangue de órgãos como a pele, os rins e o sistema digestório para o cérebro, coração e os pulmões para assegurar o suprimento sanguíneo adequado para esses órgãos vitais. Como resultado, a pele pode estar fria e pálida, os sons intestinais hipoativos e o débito cardíaco diminuído em resposta à liberação de aldostenora e ADH. ACHADO CLÍNICO MANIFESTAÇÃO PRESSÃO ARTERIAL Normal FREQUÊNCIA CARDÍACA >100 bpm ESTADO RESPIRATÓRIO >20 ic/min; 𝑃𝑎𝐶𝑂2<32 mmHg PELE Fria, pegajosa DÉBITO URINÁRIO Diminuído ESTADO MENTAL Confusão e/ou agitação EQUILÍBRIO ACIDOBÁSICO Alcalose respiratória ESTÁGIO PROGRESSIVO: Os mecanismos que regulam a PA não conseguem mais compensar, e a PAM cai abaixo dos limites normais. Os pacientes estão hipotensos e apresentando sinais de declínio mental. ACHADO CLÍNICO MANIFESTAÇÃO PRESSÃO ARTERIAL Sistólica <90 mmHg PAM <65 mmHg FREQUÊNCIA CARDÍACA >150 bpm ESTADO RESPIRATÓRIO Incursões respiratórias superficiais rápidas, estertores crepitantes. 𝑃𝑎𝑂2 <80 mmHg 𝑃𝑎𝐶𝑂2 >45mmHg PELE Mosqueada, petéquias DÉBITO URINÁRIO < 0,5 ml/kg/h ESTADO MENTAL Letardia EQUILÍBRIO ACIDOBÁSICO Acidose metabólica ESTÁGIO IRREVERSÍVEL: Representa o ponto no continuum no qual a lesão dos órgãos é tão grave que o cliente não responde ao tratamento e não consegue sobreviver. Apesar do tratamento, a PA permanece baixa. A disfunção renal e hepática, composta pela ES TÁ G IO S COMPENSATÓRIO PROGRESSIVO IRREVERSÍVEL MELISSA COSTA – ENFERMAGEM 5º PERÍODO (TERAPIA INTENSIVA) liberação de toxinas teciduais necróticas, cria uma acidose metabólica fulminante. O metabolismo anaeróbio para a piora da acidose láctica. As reservas de ATP estão quase totalmente esgotadas, e os mecanismos para o armazenamento de novos suprimentos energéticos foram destruídos. A disfunção do sistema respiratório compromete a oxigenação e a ventilação adequada (apesar do suporte ventilatório mecânico), e o sistema cardiovascular é ineficaz na manutenção adequada da PAM para a perfusão. Quando a disfunçãode múltiplos órgãos progride até a insuficiência completa deles, a morte é iminente. ACHADO CLÍNICO MANIFESTAÇÃO PRESSÃO ARTERIAL Necessita de suporte mecânico ou farmacológico FREQUÊNCIA CARDÍACA Errática ou com assistolia ESTADO RESPIRATÓRIO Exige intubação e ventilação mecânica e oxigenação PELE Icterícia DÉBITO URINÁRIO Anúria, requer diálise ESTADO MENTAL Inconsciente EQUILÍBRIO ACIDOBÁSICO Acidose profunda ESTRATÉGIAS GERAIS DE TRATAMENTO Suporte do sistema respiratório com oxigênio suplementar ou ventilação mecânica para fornecer a oxigenação adequada. Reposição de líquidos para restaurar o volume intravascular – assegurar os acessos venosos. Terapia com medicamentos vasoativos para restaurar o tônus vasomotor e melhorar a função cardíaca. Suporte nutricional para suprir as necessidades metabólicas aumentadas. TERAPIA COM AGENTES VASOATIVOS São administrados em todos os tipos de choque para melhorar a estabilidade hemodinâmica do paciente quando a reposição volêmica isoladamente não consegue manter a PAM adequada. Medicamentos específicos são escolhidos pata corrigir essa alteração hemodinâmica particular que está impedindo o débito cardíaco. Eles ajudam a aumentar a força da contratilidade miocárdica, a regular a frequência cardíaca, a reduzir a resistência miocárdica e a iniciar a vasoconstricção. Quando administrados, os sinais vitais devem ser monitorados com frequência (no mínimo a cada 15min até estarem estáveis). Os agentes vasoativos devem ser administrados por meio de um acesso venoso central, lembrando que a infiltração e o extravasamento de alguns deles provoca necrose e descamações teciduais. OS AGENTES VASOATIVOS NUNCA DEVEM SER INTERROMPIDOS ABRUPTAMENTE, PORQUE ISSO PODERIA CAUSAR INSTABILIDADE HEMODINÂMICA GRAVE, PERPETUANDO O ESTADO DE CHOQUE. Agentes inotrópicos: Atua na melhora da contratilidade, aumento do volume sistólico e do débito cardíaco. Contudo, ocorre o aumento da demanda do coração por oxigênio. (Dobutamina, Dopamina, Epinefrina e Milrinona) Vasodilatadores: Atua na redução da pré e da pós- carga, redução da demanda do coração por oxigênio. Contudo, pode causar hipotensão. (Nitroglicerina e Nitroprussida) Agentes vasopressores: Atua na elevação da pressão arterial por meio de vasoconstricção. Contudo, ocorre o aumento da pós carga e do esforço cardíaco, comprometimento da perfusão para a pele, rins, pulmões e sistema digestório. (Norepinefrina, Dopamina, Fenilefrina e Vasopressina) VASOATIVOS ALFA- ADRENÉRGICOS SÃO ESTIMULADOS, HÁ VASOCONSTRICÇÃO NOS SISTEMAS CARDIORRESPIRATÓRIO E DIGESTÓRIO, NA PELE E NOS RINS BETA- ADRENÉRGICOS β1-ADRENÉRGICOS FREQUÊNCIA CARDÍACA E CONTRAÇÃO MIOCÁRDICA β2-ADRENÉRGICOS VASODILATAÇÃO NO CORAÇÃO E NOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS E OS BRONQUÍOLOS RELAXAM