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Leucemias agudas Classificação da OMS (2016): Organização conceitual: · Neoplasias mieloides · Leucemia mieloide aguda · Mielodisplasia e subtipos · Neoplasias mieloproliferativas · Síndromes mielodisplasia/mieloproliferativa (característica mista) · Neoplasias linfoides: · Neoplasia dos precursores linfoides (pode ser B ou T) · Linfoma não-Hodkin · Linfomas (células maduras) de células B maduras · Linfomas de células T maduras · Linfoma de Hodkin LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) E LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA (LLA) · Quadro clínico abrupto. Normalmente quando são mais agressivas, são mais curáveis. As indolentes tendem a ser incuráveis. · Curáveis, porém a mortalidade é alta. LMA · É uma doença clonal (forma-se um clone neoplásico de células alteradas) do tecido hematopoético caracterizada pela proliferação anormal de células progenitoras da linhagem mieloide. Linfopoese preservada. · Produção insuficiente das células sanguíneas normais → anemia, neutropenia e plaquetopenia (insuficiência medular) · Ativação de proto-oncogenes e mutações em genes supressores que regulam o ciclo celular. · Representa cerca de 15-20% das leucemias agudas na infância e 80% das leucemias agudas no adulto. A LMA é predominante do adulto e a LLA predomina na infância. É mais comum agudo ou crônico? Depende do subtipo histológico, faixa etária e distribuição no mundo. No geral, na população tem mais leucemia crônica. · Fatores de risco: · Doenças genéticas: síndromes de down, Klinefelter; · Doenças hematológicas: SMD, LMC; · Exposição a radiações e alguns quimioterápicos – pacientes que tem tumores sólidos e fazem tratamento quimioterápico tem risco de desenvolver. · Exposição a agentes químicos: solventes, pesticidas. Classificação FAB: Francesa, americana e britânica – é a classificação antiga. O defeito dela é que é baseada em alterações morfológicas e que varia muito entre os observadores. Vai de M0 (indiferenciada) → M7. Classificação OMS: da ênfase a alterações genéticas e moleculares. Essa classificação permite um tratamento mais personalizado, diminuindo consequências do tratamento ao paciente. Uma coisa importante pra classificação foi a identificação dos antígenos que cada célula expressa e baseado nisso, torna-se a base da imunofenotipagem. É como se fosse a imunohistoquimica, que trabalha com tecidos sólidos, marca com anticorpo monoclonal e identifica através da reação antígeno-anticorpo qual antígeno aquelas células expressam. Na imunofenotipagem é a mesma coisa, só que o tecido é líquido, como a medula óssea. Qualquer tecido liquido pode fenotipar: um derrame pleural, um liquido ascitico, líquor. Essa avaliação tem uma correlação com classificação FAB: células mais indiferenciadas tem o CD34 e ao evoluir perdem CD34 e expressam outros antígenos celulares de células diferenciadas CD33, CD15. Quadro clínico: · Quadros clínicos parecidos entre si. Não dá pra diferenciar pelo quadro clínico. · Sinais e sintomas relacionados com a infiltração da medula óssea pela leucemia → inibe a hematopoese normal. Existe uma parada na maturação e se prolifera apenas de células imaturas, diminuindo a formação de células maduras. · Anemia: fadiga, palidez e anorexia. · Plaquetopenia: sangramentos de gravidade variável. Leve gengivorragia, epistaxe; grave: sangramento de SNC. · Neutropenia e leucocitose às custas de aumento de blastos (desvio pra esquerda não escalonado). O blasto não tem boa função de fagocitose: como o indivíduo tem uma neutropenia, acaba apresentando infecções e febre sem foco aparente. · Na LMA-M3 geralmente há leucopenia – leucemia dos promielócitos. Isso gera uma pancitopenia. · A infiltração leucêmica pode levar à hepatomegalia, esplenomegalia, hipertrofia das gengivas (principalmente por conta do componente monocítico), dor óssea (porque o osso possui um espaço reduzido e com a proliferação celular aumenta a pressão dentro do osso e a distensão do periósteo causa a dor). · A leucocitose pode ser muito intensa. Pode ocorrer infiltração da pele e do SNC (na LLA é mais comum de acometer o SNC do que na LMA). · As células mieloides são muito maiores que a hemácia. Quando tem leucocitose >100.000/mm³ isso pode levar a LEUCOESTASE causando sintomas respiratórios (infiltrado pulmonar), oculares e em SNC (confusão mental, tontura e zumbido). Células grandes com dificuldade de circular. · Hiperuricemia (alto turnover celular): essas células são destruídas e produzidas muito rapidamente. Isso aumenta a produção de purinas e pirimidinas de DNA que aumentam o ácido úrico causando consequências renais. · LMA-M3: Sangramentos por coagulopatia tipo CIVD. Isso porque os promielocitos tem muito grânulos e ao liberar tem substâncias que podem ativar a cascata de coagulação. Leucemia cútis: infiltração cutânea pela leucemia Infiltração gengival: isso ocorre em leucemia que tem o componente de monócitos principalmente a M4 e M5 na classificação FAB. Resumo: · Anemia: fadiga, astenia, dispneia, sincope e cefaleia. · Trombocitopenia: epistaxe, hematoma, petéquias e sangramento gengival (manif. Principal). · Neutropenia: infecções e neutropenia febril. · Gerais: emagrecimento e perda de apetite, dor óssea, sintomas neurológicos. · CIVD: sangramento ou trombose. · Leucostase: confusão, dispneia, dor torácica. Diagnóstico · Quadro clínico · Hemograma: anemia normo normo; plaquetopenia; leucocitose com blastos mieloides, exceto na LMA-M3 (leucopenia). · Mielograma: aspiração com agulha o conteúdo medular (esterno ou crista ilíaca posterior). · Caracterização morfológica das células leucêmicas – classificação FAB; · Presença de bastonetes de Auer (característico da linhagem mieloide); · Blastos> 20% (o percentual normal de blastos é de até 5%); · Não é obrigatório realizar biópsia de MO. · Imunofenotipagem: marcação das células leucêmicas com anticorpos monoclonais → observar expressão de antígenos característicos de diferenciação mieloide conforme a fase de maturação. É um exame bem específico. Não se começa a tratar Leucemia sem imunofenotipagem, visto que a morfologia engana muito; · Citogenética: pesquisa de alterações com implicação prognóstica → decisão terapêutica na indução ou após a terapia de indução. Sempre que possível. · Biologia molecular: PCR ou FISH; pesquisa de alterações moleculares com implicação prognóstica → decisão terapêutica na indução, formas de consolidação e monitorização de doença residual mínima. Fundamentação de cada exame: A imunofenotipagem funciona da seguinte forma: a célula expressa determinado antígeno, eu marco esse antígeno com um anticorpo monoclonal e depois fazemos a revelação desse antígeno. Com isso temos uma amplificação dessa positividade pra que seja possível enxergar com os aparelhos. A citogenética se refere a analise dos cromossomos: é como se fosse uma cultura celular, estimula-se a mitose; os cromossomos serão pareados e iremos observar se existe alguma anormalidade estrutural ou numérica (normal 22 pares autossômicos e 1 par sexual). Biologia molecular: cromossomos são formados por genes (sequências de DNA) que podem codificar proteínas. Eu posso pesquisar a proteína que o cromossomo codifica e essa é a base para os métodos da biologia molecular. (os métodos de biologia molecular são: PCR, fisher) Alguns blastos mieloides, células grandes muito maiores que as hemácias que as vezes ‘entopem’ a pequena circulação. Bastonetes de Auer: como essas células são da linhagem granulocitica e contem grânulos. Quando eles se juntam no citoplasma eles formam o bastonete de Auer. A presença desse bastonete me confirma que a célula é da linhagem MIELOIDE. Laudo da imunofenotipagem: Citometria de fluxo é a imunofenotipagem. Tratamento da LMA: · Hidratação vigorosa; prevenção de síndrome de lise tumoral (pelo aumento do ac úrico) – alopurinol ou rasburicase (eles reduzem o ácido úrico); · Acesso venoso central de longa permanência (para fazer a quimioterapia); · RX de tórax, ECO (função cardíaca e monitoração durante tratamento com drogas cardiotóxicas),hemograma e bioquímica; · Terapia antiemética – quimioterapia causa muito vômito. · Não precisa ir pra UTI pra tratar Leucemia. Enfermaria para controle de dados vitais: TA, FC, temperatura · Antiparasitários, antibióticos profilático ou terapêutico, antifúngicos. · Suporte transfusional: hemácias, plaquetas. · Em jovens: criopreservação de sêmen; óvulos. A quimioterapia tem risco de causar infertilidade. Tratamento quimioterápico: · Indução da remissão: objetivo de destruir todas as células leucêmicas e reestabelecer a hematopoese; todos realizam. Não tem como fazer transplante sem esse controle de doença. · Esquema baseado em antraciclina e citarabina: 7x3 (7 dias seguidos ligados na bomba de infusão, muitos efeitos colaterais) · LMA-M3: QT baseada em antraciclina e ATRA (tratamento mais brando). · Remissão: blastos <5%; Hb acima de 10 e plaquetas normais acima de 100.000 – análise por volta do dia 30 após início da QT. · Consolidação: objetivo de eliminar doença residual e evitar a recidiva; considerar fatores prognósticos. · Quimioterapia: citarabina em altas doses (03 a 04 ciclos) · LMA-M3: conforme o risco estabelecido ao diagnostico; · Transplante de medula óssea: autólogo, alogênico; Fatores prognósticos: Risco intermediário ou alto: transplante. Considerar idade e comorbidades. Taxa de cura: 30 a 40%. LLA Doença clonal que se caracteriza pelo acúmulo de linfoblastos em numerosos órgãos e tecidos, sobretudo medula óssea e sangue periférico. Leucemia mais comum na infância; corresponde a 20% das leucemias agudas no adulto. Doença sensível à quimioterapia: 60-80% atingem remissão completa, porém somente 30-40% alcançam sobrevida prolongada; Na infância: taxas de cura de quase 80%. Podem apresentar fenótipo B (mais comum) ou T. Classificação FAB: LLA-L1; LLA-L2; LLA-L3 Associacao viral: LLA-L3/linfoma de burkitt – EBV Pode ocorrer crise blástica linfoide de LMC. Classificação da OMS: Quadro clínico: · Sinais e sintomas relacionados com insuficiência da medula óssea e invasão dos órgãos por células leucêmicas. · Anemia; petéquias, epistaxe em consequencia da plaquetopenia · Febre: liberação de citocinas pelos blastos; presença de infecção · Linfonodomegalia, esplenomegalia e hepatomegalia – presente em 50% dos casos · Presença de massa mediastinal – LLA-T (diferenciação linfoide T acontece no timo) · Comprometimento de SNC (os blastos rompem a barreira hematoencefálica e provocam uma irritação, meningite leucêmica): cefaleia, vômitos, letargia, rigidez de nuca; · LLA pode infiltrar qualquer órgão; · LLA-L1 mais comum na infância; LLA-L2 mais comum em adultos Diagnóstico: · Hemograma: anemia normocítica e normocrômica; plaquetopenia; leucocitose com blastos linfoides (paciente com >700 mil, essas células circulam porque são menores. Se fosse mieloide, morreria por leucostase); raras vezes com leucopenia. · Mielograma: caracterização morfológica das células leucêmicas – classificação FAB; blastos >20%; não é mandatório realizar biopsia de medula óssea. · Imunofenotipagem: marcação das células leucêmicas com anticorpos monoclonais → observar expressão de antígenos característicos de diferenciação linfoide conforme a fase de maturação; fenótipo pode ser B ou T. · Citogenética: pesquisa de alterações com implicação prognostica → decisão terapêutica após a terapia de indução; · Biologia molecular: PCR ou FISH; pesquisa de alterações moleculares com implicação prognostica → decisão terapêutica na indução e forma de consolidação. LLA L1 LLA L2 LLA L3 (vacuolização) CÉLULAS LINFOIDES: · Algumas estão na medula óssea: célula tronco, pro-B, pré-B e célula B imatura = Leucemia linfoide aguda · Outras estão no compartimento periférico = + maduras = linfomas ou leucemias cronicas · O plasmócito, a célula final de diferenciação da célula linfoide B = mieloma multiplo Avaliação diagnóstica igual a LMA. Tratamento da LLA Medidas gerais: as mesmas da LMA · Hidratação vigorosa; prevenção de síndrome de lise tumoral (pelo aumento do ac úrico) – alopurinol ou rasburicase (eles reduzem o ácido úrico); MUITO MAIS IMPORTANTE DO QUE NA LMA porque é muito mais agressiva na apresentação. · Acesso venoso central de longa permanência (para fazer a quimioterapia); · RX de tórax, ECO, hemograma e bioquímica, USG bolsa escrotal (a doença tem tropismo por infiltrar dois órgãos fora da medula óssea: SNC e bolsa escrotal) · Terapia antiemética – quimioterapia causa muito vômito. · Estudo do líquor para citologia oncótica · Não precisa ir pra UTI pra tratar Leucemia. Enfermaria para controle de dados vitais: TA, FC, temperatura · Antiparasitários, antibióticos profilático ou terapêutico, antifúngicos. · Suporte transfusional: hemácias, plaquetas. · Em jovens: criopreservação de sêmen; óvulos. A quimioterapia tem risco de causar infertilidade. Tratamento quimioterápico: · Indução da remissão: objetivo de destruir todas as células leucêmicas e reestabelecer a hematopoese; todos realizam. Não tem como fazer transplante sem esse controle de doença. · Esquema baseado em corticoide, ciclofosfamida, vincristina, citarabina, metotrexate: Hiper-CVAD; CODOX-M – drogas que penetram bem ao SNC · Associação de inibidores de tirosinaquinase se Ph1 + · Profilaxia de SNC; postergar punção se leuco muito elevado; · Remissão: blastos <5%; Hb acima de 10 e plaquetas normais acima de 100.000 – análise por volta do dia 30 após início da QT. · Consolidação: objetivo de eliminar doença residual e evitar a recidiva; considerar fatores prognósticos. · Quimioterapia: protocolos longos, com manutenção · Transplante de medula óssea: alogênico – conforme estratificação prognostica Fatores prognósticos em LLA: A maioria das alterações citogenéticas mais comuns da infância tem prognostico favorável. Enquanto isso, as alterações citogenéticas mais comuns do adulto tem prognostico desfavorável.
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