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2 AUDIÊNCIA TRABALHISTA A disciplina de audiência trabalhista, definida doutrinariamente como um ato complexo, abordará os diversos conceitos e procedimentos relativos à sequência dos seus atos processuais, que integram a sistemática jurídica, visando o deslinde de um conflito travado pelas partes, por meio do processo judicial, destacando que é o ato processual mais importante. No que concerne a disciplina de prova, serão examinados vários meios definidos pelo direito como idôneos para convencer o juiz da ocorrência ou não de determinados fatos, bem como seus diferentes tipos e procedimentos, realizados no bojo do processo para o justo cumprimento da tutela jurisidicional por parte do Estado-Juiz, por meio de uma decisão definitiva ou terminativa de mérito. Por fim, será definida a clássica distinção entre conciliação e transação, examinando os sujeitos da Relação jurídica processual e as regras a eles aplicáveis; bem como o termo de conciliação, a sua irrecorribilidade pelas partes e a natureza das parcelas envolvidas no objeto do acordo. Sendo assim, ao final desta disciplina, com base em seus objetivos: 1. O aluno deverá ser capaz de identificar os requisitos básicos de petição inicial, por via das noções gerais apresentadas; 2. O aluno deverá ser capaz de identificar os efeitos do comparecimento ou não das partes em audiência, e suas consequências; 3. O aluno deverá ser capaz de diferenciar as espécies de prova, mormente no que tange o ônus da prova e o cerceamento de defesa no caso concreto. 3 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Introdução Olá, Pessoal! Sejam bem- vindos! Hoje é nossa segunda aula e vamos iniciar o estudo sobre Audiência Trabalhista com uma abordagem ampla acerca da teoria e da prática concernente ao Instituto apresentando, um conceito para a disciplina, assim como seus fundamentos, natureza jurídica e princípios. A seguir, trataremos das partes na Audiência Trabalhista. Objetivo: 1. Conhecer as partes na audiência: comparecimento das partes, arquivamento, revelia, confissão, representação do empregado e do empregador. 4 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Conteúdo Audiência contínua Ainda sobre o Dissídio Individual, você verá nesta aula aspectos gerais e especiais da Audiência, além de informações sobre presença das partes. Audiência Contínua (art. 849 da CLT): A audiência deve ser contínua, mas se não for possível concluir a audiência por motivo de força maior, marca-se para a primeira data possível, independentemente de notificação, pois as partes são intimadas na própria audiência para a data seguinte. Hoje, o fracionamento é realizado em função do grande volume de processos. Presença das partes à audiência Comparecimento obrigatório das partes (art. 843 da CLT): regra geral. A CLT, no entanto, permite a representação das partes: Representação do empregador (art. 843, § 1º, da CLT e Súmula 377 do TST): de acordo com a lei, o empregador pode indicar preposto que tenha conhecimento do fato, mas, se o preposto fizer alguma declaração indevida, a responsabilidade será do empregador. Ou seja, o preposto não pode comparecer à audiência e dizer que não sabe nada. Se não tiver conhecimento dos fatos, isso é uma confissão ficta, presumida dos fatos declarados pela outra parte. O preposto não presta compromisso com o juízo para dizer a verdade. O representante do empregador pode prestar depoimento no seu nome, quer dizer, a representação é ampla. Segundo a súmula do TST, o preposto deve ser empregado da empresa. As partes são qualificadas nos moldes das informações dadas pelo reclamante (em conjunto com os documentos fornecidos e que se referem ao caso, como CTPS, recibo de salário, TRCT, extrato do FGTS e outros). Em relação à Reclamada: 5 AUDIÊNCIA TRABALHISTA • LITISCONSÓRCIO PASSIVO – grupos de empresas (Súmula 129 do TST), empreitada, terceirização (Súmula 331 do TST), subempreitada (art. 455 da CLT); • SÓCIOS – fase de conhecimento: exceção (art. 2º da CLT); fase de execução: desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do CC e art. 28 do CDC); • MASSA FALIDA – deve indicar nome e endereço do administrador judicial. Mencionar a razão social da empresa, precedida de MASSA FALIDA DE.... (Lei 11.101/2005 – artigo 75, V, do NCPC); • RECLAMADO FALECIDO – o nome deve preceder de ESPÓLIODE... Representação do empregado (art. 843, §2º, da CLT e art. 844, § único, da CLT): aquele que representa o empregado não presta depoimento. O mais comum é tentar ter a audiência tirada de pauta antes de iniciá-la. Trata-se de modalidade de representação limitada, destinada, tão somente, a evitar a penalidade resultante da ausência injustificada. Do não comparecimento das partes e suas consequências Conheça as consequências para as partes que não comparecerem em audiências. Reclamante: arquivamento (art. 844 e 732 da CLT e súmula 268 do TST). A natureza do arquivamento é de extinção do processo sem julgamento do mérito. O empregado pode entrar novamente com a reclamação, mas o reclamante será penalizado caso falte a duas reclamações sem justificar- se, só podendo entrar novamente com a reclamação seis meses depois, que leva o nome de perempção parcial. Reclamado: revelia e confissão quanto à matéria de fato (art. 844 da CLT e Súmula 122 do TST). Parte da doutrina entende que, estando presente o advogado da parte, não se considera o reclamado revel, pois o animus de se defender está presente. O TST não entende assim, conforme a súmula 122. Art. 861 – É facultado ao empregador fazer-se representar na audiência pelo gerente, ou por qualquer outro preposto que tenha conhecimento do 6 AUDIÊNCIA TRABALHISTA dissídio, e por cujas declarações será sempre responsável. Súmula nº 377 do TST PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO (nova redação): Res. 146/2008, DJ 28.04.2008, 02 e 05.05.2008 – Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Obs.: se foi adiado o prosseguimento e a audiência marcada para nova data, incorre a confissão de qualquer das partes que faltarem – súmulas 9 e 74 do TST. Não é porque houve confissão que será julgado improcedente o pedido. O jus postulandi O jus postulandi – previsão: art. 791 da CLT (facultativo). Pela CLT, no processo trabalhista, a parte detém os jus postulandi para facilitar o acesso ao poder judiciário. Os honorários advocatícios somente são devidos quando o trabalhador recebe salário inferior a duas vezes o salário mínimo e está assessorado pelo órgão sindical. Controvérsia – acerca do art. 133 da CF/88: o advogado é indispensável à administração da justiça, nos limites da lei, ou seja, o texto constitucional admitiu a restrição da regra pelas normas infraconstitucionais. Entretanto, vários autores entendiam que o art. 791 da CLT havia sido revogado. Interpretação do TST – Súmula 425: não se limitou à interpretação literal da CLT. O TST considerou que deveria haver uma atenuação do art. 791 da CLT, 7 AUDIÊNCIA TRABALHISTA porque a parte não consegue realizar alguns atos sozinha. O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Observação: honorários advocatícios de sucumbência – súmulas 219 do TST (nova redação dada pela resolução 174 do TST) e 329 do TST: honorários de sucumbência, em regra, não são devidos. As exceções estão na Súmula 219 do TST: se a parte estiver sendo representada por sindicato e for hipossuficiente; em ação rescisória, quandoo ente sindical figura como substituto processual; e se as lides não derivarem da relação de emprego, assim em processos que envolvam entes sindicais ou estes com empresas, como na ação de cobrança de contribuições, haverá sim estipulação de honorários advocatícios. Assistência judiciária: Art. 14 da Lei 5.584/70. Como não há previsão de defensoria, quem presta assistência é o sindicato de classe. Atividade proposta O Banco Alfa S/A não enviou preposto para a audiência designada logo após a distribuição da reclamação, embora estivesse presente o seu advogado, com procuração. Informe o seu entendimento sobre a situação do reclamado, em relação à matéria fática. Referências JUNIOR, José Cairo. Curso de Direito Processual do Trabalho. Bahia: Juspodivm, 2015. 8 AUDIÊNCIA TRABALHISTA LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2015. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2015. TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Curso de Direito Processual do Trabalho. Vol. I e II. São Paulo: LTr, 2009. Exercícios de fixação Questão 1 9 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Em se tratando de dissídio individual, a norma processual trabalhista prevê, como regra, a realização de audiência UNA, ou seja, em um determinado ato processual, será realizada a tentativa de conciliação, a instrução processual e o julgamento. Nesse sentido: a) Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, sendo ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos (se houverem) e, em seguida, será efetuado o interrogatório doslitigantes. b) Caso o reclamante não compareça à audiência inaugural, mesmo presente seu advogado, a sessão deverá necessariamente seradiada. c) É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, mas cujas declarações não obrigarão oproponente. d) Aberta a audiência, o Juiz proporá a conciliação, sendo que, se não houver acordo, o reclamado poderá apresentar defesa oral no tempo máximo de 10 (dez)minutos. e) Deverão estar presentes o reclamante e o reclamado na audiência de julgamento, independentemente do comparecimento de seus representantes. Questão 2 Considere: I. O reclamante juntou documento com a petição inicial, cuja assinatura foi impugnada pelo reclamado na contestação. II. O reclamado alega ter terminado o contrato de trabalho e o reclamante sustenta a continuidade de sua vigência. III. O reclamante pleiteia horas extras que o reclamado alega não serem devidas em razão do exercício de cargo de direção. Em tais situações, o ônus da prova é do: a) Reclamado. b) Reclamante, reclamado e reclamante,respectivamente. c) Reclamado, reclamante e reclamado,respectivamente. d) Reclamante, reclamado e reclamado,respectivamente. e) Reclamante. 10 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Questão 3 Assinale a alternativa INCORRETA. a) Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. b) Na audiência, é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o preponente. c) Na audiência inicial, não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa. d) A reclamação trabalhista do menor de 16 anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público Estadual ou curador nomeado em juízo. e) No procedimento sumaríssimo, não se fará a citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado. Questão 4 Dina, empregada da empresa X, foi dispensada sem justa causa. Com a rescisão de seu contrato de trabalho, na semana seguinte, ajuizou reclamação trabalhista em face de sua ex-empregadora. Na data da audiência UNA, Dina não compareceu por ter se confundido com o horário marcado e, sendo assim, o processo foi arquivado. No dia seguinte, seu advogado ajuizou nova reclamação trabalhista. Neste caso, esta nova reclamação trabalhista. a) Será extinta com resolução do mérito, uma vez que Dina deveria aguardar o prazo de seis meses para ajuizamento de nova reclamação. b) Será extinta sem resolução do mérito, uma vez que Dina deveria aguardar o prazo de seis meses para ajuizamento de nova reclamação. c) Não precisará aguardar nenhum prazo para ajuizar nova ação. d) Será extinta sem resolução do mérito, uma vez que, em razão de entendimento Sumulado pelo Tribunal Superior do Trabalho, Dina deveria aguardar pelo menos cinco dias para o ajuizamento de nova reclamação. 11 AUDIÊNCIA TRABALHISTA e) Não precisará aguardar nenhum prazo para ajuizar nova ação.terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, sendo ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver, e após será efetuado o interrogatório dos litigantes. Questão 5 Conforme legislação específica, sobre as audiências trabalhistas, o comparecimento das partes e as consequências de suas ausências, é INCORRETO afirmar: a) As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas como regra, sendo que o juiz manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os assistentes que as perturbarem. b) Nas audiências trabalhistas, é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. c) Se por doença ou qualquer outro motivo, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente na audiência, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão ou pelo seu sindicato. d) O não comparecimento do reclamado à primeira audiência designada como UNA, importa em revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. e) O não comparecimento do reclamante à primeira audiência designada como UNA, importa na confissão quanto à matéria fática, não ocorrendo o arquivamento da ação. Aula 2 Exercícios de fixação Questão 1 - E 12 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Justificativa: Dispõe o artigo 844 da CLT que o não comparecimento do reclamante à audiência importa em arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa em revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. Assim, a jurisprudência do TST estabeleceu em sua Súmula 212 que é revel a empresa que deixa de enviar seu representante ou preposto à audiência, mesmo estando presente seu advogado, devidamente constituído. Dessa forma, não se trata apenas da ausência de defesa, mas pela ausência do representante legal.Pois,a OAB veda a atuação simultânea do advogado,na qualidade de patrono e de preposto da empresa, no mesmo processo (Lei nº 8.906/94, Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, artigo 3º, Código de Ética e Disciplina da OAB, artigo 23). Questão 2 - D Justificativa: O legislador trabalhista estabeleceu, com fulcro no art. 818 da CLT, que “a prova das alegações incumbe à parte que as fizer”, adotando a teoria dinâmica da prova. De acordo com essa teoria, o ônus da prova será estabelecido diante do caso concreto, repassando tal encargo para a parte com condições possíveis de suportá-lo, sob a ótica da celeridade, economia e eficácia. Portanto, na seara trabalhista, a relação não se estabelece entre o ônus da prova e a posição da parte na relação processual, ou com a natureza do fato afirmado, como constitutivo, impeditivo, modificativo ou extintivo, conforme preceitua o art. 333 do CPC. Este diploma legal adotou a teoria estática da prova, ao determinar o plano de quem tem o dever do ônus da prova, afirmando que cabe ao autor a prova do fato constitutivo e, aoréu, a dos fatos impeditivo, modificativo e extintivos do direito do autor, independentemente da análise do caso concreto. Questão 3 - D Justificativa: Consoante o art. 793 da CLT, a reclamação trabalhista do menor de 16 anos ou pessoa destituída de capacidade será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público Estadual ou curador nomeado em juízo. Questão 4 - C 13 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Justificativa: Segundo a CLT, no caso, não haverá necessidade de aguardar prazo para o ajuizamento de uma nova Reclamação trabalhista. Ademais, não se trata de apresentação de contestação, pois esta deve ser apresentada no ato da primeira audiência, e tampouco de perempção, já que não se trata da hipótese dos artigos 731 e 732 da CLT. Questão 5 - E Justificativa: Conforme o art. 844, parágrafo único, da CLT, o não comparecimento do reclamante à audiência importa em arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa em revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. Ocorrendo, entretanto, motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento, designando nova audiência. 14 AUDIÊNCIA TRABALHISTA Márcia dos Santos Pimentel Nunes possui Graduação em Ciências Jurídicas pela Universidade Cândido Mendes e Pós-Graduação em Direito pela Universidade Cândido Mendes, com Especialidade em Direito Processual Civil pela Universidade Cândido Mendes. Atualmente, é Professora de Direito e Processo do Trabalho da Pós-Graduação da Universidade Estácio de Sá. Atuou como Professora de Direito e Processo do Trabalho da Universidade Estácio de Sá, Professora de Pós- Graduação em Gestão Estratégica de Recursos Humanos, ministrado pelo método EAD da UNESA, e como advogada orientadora do NPJ da Universidade Estácio de Sá. Professora convidada do Curso Lexus para exame da OAB. É Advogada Associada do Escritório NPA Advogados Associados, atuando nas áreas de consultoria e contencioso trabalhista. David Bezerra de Medeiros é Mestre em Direito pela FADISP; Pós-graduado em Direito Previdenciário pela UNIFMU; Pós-graduado em Docência de Ensino Superior pela Uninove; Pós-graduando em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela EPD (Escola Paulista de Direito); advogado trabalhista e previdenciarista. Introdução Conteúdo Audiência contínua Presença das partes à audiência Em relação à Reclamada: Do não comparecimento das partes e suas consequências Atividade proposta Referências Exercícios de fixação Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Aula 2 Exercícios de fixação
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