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A �nica mercadoria que Cuba comercia � gente! E o governo do PT compra _ Reinaldo Azevedo - Blog - VEJA

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Reinaldo Azevedo
Análises políticas em um dos blogs mais acessados do
Brasil
Assine o Feed RSS | Saiba o que é
 
23/08/2013
às 17:34
Mão de obra análoga à escravidão, sim! Ou:
Estatuto do Estrangeiro será usado para manter
cativos os médicos cubanos. Ou ainda: A única
mercadoria que Cuba comercia é gente! E o
governo do PT compra
Leio na Folha que “O procurador José de Lima Ramos Pereira, que comanda no
órgão a Coordenadoria Nacional de Combate às Fraudes nas Relações de
Trabalho, disse que a forma de contratação fere a legislação trabalhista e a
Constituição.” E se registra uma fala do procurador: “O Ministério Público do
Trabalho vai ter que interferir, abrir inquérito e chamar o governo para
negociar”. A chamada precarização do trabalho, considerando-se as leis
brasileiras, está dada já pela natureza do contrato que os cubanos manterão com
o Brasil. Ramos Pereira explica por que a contratação dos cubanos é “totalmente
irregular”. Diz ele: “A relação de emprego tem de ser travada diretamente entre
empregador e empregado. O governo será empregador na hora de contratar e
dirigir esses médicos, mas, na hora de assalariar, a remuneração é feita por Cuba
ou por meio de acordos. Isso fere a legislação trabalhista”. A reportagem da
Folha ouve ainda o auditor fiscal do Trabalho Renato Bignami, que afirma ser
prematuro acusar as condições de trabalho dos cubanos no Brasil de análogas à
escravidão. Diz ele: “Não são só os salários aviltantes que são considerados para
essa situação. Há fatores como jornadas exaustivas e condições degradantes”.
Ramos Pereira está certo. Os contratos ferem a legislação brasileira. Já Bignami
está errado. Estamos, sim, diante de um trabalho análogo à escravidão. Pior: o
Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815) acabará atuando em favor dos mercados de
escravos (o governo cubano) e os compradores (o governo brasileiro). Já chego
lá. Antes, algumas questões.
Em primeiro lugar, consultem, quando houver tempo, as considerações do
próprio Ministério do Trabalho sobre as características do trabalho análogo à
escravidão. Nem todas precisam ser satisfeitas para que ele esteja caracterizada.
Bastam algumas — ou, sei lá, uma única, mas que defina a relação. Dou um
exemplo: a servidão por dívida. Ainda que o trabalhador tivesse as melhores
condições, com toda a proteção, e morasse numa casa confortável, haveria
trabalho análogo à escravidão se estivesse preso ao patrão por uma dívida
Mão de obra análoga à escravidão, sim! Ou: Estatuto do Estrangeiro se... http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/mao-de-obra-analoga-a-esc...
1 de 77 24/04/2014 11:23
impagável, que lhe tivesse sido imposta como precondição para conseguir o
emprego. É claro que as coisas não acontecem desse modo. Esse tipo de servidão
quase sempre é acompanhada das piores condições. Estou apenas raciocinando
por hipótese para demonstrar que a essência do trabalho análogo à escravidão é a
agressão à liberdade de ir e vir — ainda que fosse no paraíso.
E é o que acontecerá com os cubanos. O roubo que será praticado pelo governo
cubano é, claro!, relevante. Igualmente escandaloso é o fato de que o governo
brasileiro está “comprando” um lote de profissionais de um mercados — no
caso, o estado cubano, que usa essa mão de obra como fonte de divisas. Países
costumam ganhar dinheiro vendendo tecnologia ou com os royalties que ela
rende; costumam ganhar dinheiro vendendo commodities; costumam ganhar
dinheiro vendendo manufaturados; costumam ganhar dinheiro por intermédio de
multinacionais, que fazem a remessa de lucros para as matrizes. Não se tem
notícia, no mundo moderno — ou me citem um exemplo —, de um país que
obtenha dividendos vendendo a mão de obra de milhares de pessoas. Trabalho
análogo à escravidão, sim.
Famílias
Lá no manual do Ministério do Trabalho, vocês verão que há um capítulo sobre a
família dos trabalhadores. Nos locais onde se explora a mão de obra análoga à
escravidão, os familiares costumam ser parte da equação porque, também eles,
dividem com o trabalhador explorado os abrigos precários que servem de
moradia. Romper a relação corresponderia, pois, a deixá-los ao relento. Melhor
um teto caindo aos pedaços do que teto nenhum.
No caso dos cubanos, a família também é parte da equação, mas de modo um
pouco distinto. Os profissionais chegarão sem as suas respectivas famílias. Não
se trata de uma opção, mas de uma imposição. A tirania cubana não lhes dá
licença para deixar a ilha. Assim, mantém a garantia de que esses profissionais
jamais desertarão. Ora, essa situação é muito diferente, em essência, daquela
outra? Em certo sentido, é ainda pior: se um médico cubano pedisse asilo ao
Brasil, não estaria apenas expondo seus entes queridos a agruras. Estaria
condenado a não vê-los nunca mais. E, sabemos, sempre estará a possibilidade
de o governo brasileiro repetir a atuação gloriosa de Tarso Genro e mandá-los de
volta para o colo dos facinorosos Fidel e Raúl Castro, como fez com aqueles
dois pugilistas.
Assim, os médicos cubanos — ainda que todos filiados ao Partido Comunista e
considerados “quadros” do socialismo (mas a gente sabe como são essas coisas
nas ditaduras) — não são livres para ir e vir. Não são livres para fazer suas
escolhas. Não são livres para decidir que destino dar às suas respectivas carreiras
e vidas. Em Cuba, fiquei sabendo a partir de depoimentos dados por esses
médicos a venezuelanos que conheço, há duas formas de recrutamento: existe os
que se apresentam voluntariamente para a tarefa, e há aqueles que são
“escolhidos” pelo partido, sem a possibilidade de dizer “não”. A commodity de
Cuba é gente; a manufatura de Cuba é gente. Os tiranos exportam e reimportam
quem lhes der na telha. Têm a vida desses profissionais na mão.
Estatuto do Estrangeiro
Vi o ministro Antonio Patriota a dizer que não há nada de errado nesse tipo de
contrato e que é uma vontade da sociedade brasileira. Já que ele não se
envergonhou, senti vergonha em seu lugar, uma vez que compartilhamos, ao
menos, a nacionalidade. Os cubanos que chegarão ao Brasil vão receber um visto
provisório, o que lhes impõe limitações severas para trabalhar — que, noto, são
adotadas por todas as democracias. É que as democracias de fato não costumam
importar escravos…
Uma relação que, em tudo, caracteriza trabalho análogo à escravidão recebe,
então, o reforço involuntário do Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815). Eles
entrarão no Brasil com visto temporário, que pode ser de até dois anos,
prorrogável por mais um ano. O Artigo 100 da referida lei estabelece nesse caso
(em azul):
Art. 100. O estrangeiro admitido na condição de temporário, sob regime de
contrato, só poderá exercer atividade junto à entidade pela qual foi
contratado, na oportunidade da concessão do visto, salvo autorização
expressa do Ministério da Justiça, ouvido o Ministério do Trabalho.
Eis aí: ainda que quisesse exercer alguma outra função, não poderia. A ditadura
cubana e a má-fé do governo brasileiro se aproveitam de uma lei que, em si, não
é discricionária para manter o trabalho análogo à escravidão.
E se evidência faltasse…
De reto, se evidência faltasse, há uma outra, escandalosa, ditada pela natureza
Mão de obra análoga à escravidão, sim! Ou: Estatuto do Estrangeiro se... http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/mao-de-obra-analoga-a-esc...
2 de 77 24/04/2014 11:23
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dos fatos. O Brasil abriu a inscrição para receber os médicos, inclusive os
estrangeiros. Por que os cubanos não se apresentaram? Porque não podiam.
Porque não são livres paraisso. Mas não são por quê? Quem os impede? Ora, o
ente que detém a titularidade de sua mão de obra, que fala em seu lugar, que
assina em seu lugar, que decide em seu lugar, que recebe o pagamento pelo
trabalho em seu lugar: o estado cubano. E é com esse ente que o Brasil celebrou
o acordo.
Há médicos de sobra em Cuba e sei lá mais onde? Que o Brasil, então, abra as
suas portas, que submeta os candidatos aos testes devidos, que eles busquem
revalidar aqui seus diplomas e que passem a atuar como indivíduos livres.
Ocorre que o PT não escolheu a liberdade, mas a escravidão. Se esse negócio
prosperar sem uma resposta firme do Ministério Público do Trabalho, ele estará
para sempre desmoralizado. Quero ver com que cara vai tentar combater o
trabalho análogo à escravidão que remanesce, sim, em certas áreas do país. Terá
de dizer por que essa é uma prerrogativa do governo do PT.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: médicos cubanos, trabalho escravo
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285 Comentários
Guilherme Frederico Lamb
-
13/09/2013 às 3:43
COMPRA COM O DINHEIRO DO CONTRIBUINTE
1.
A. Soares
-
26/08/2013 às 17:58
… e, se o governo do PT pagar os 10 mil e os médicos receberem
700 reais, será que os camaradas de Cuba não poderão retribuir
esse repasse de verba do trabalho escravo, doando uma polpuda
contribuição para o caixa2 do PT. Será???
2.
Alex Wie
-
3.
1,8 milGostoGosto
Mão de obra análoga à escravidão, sim! Ou: Estatuto do Estrangeiro se... http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/mao-de-obra-analoga-a-esc...
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