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CUIDADOS IMEDIATOS Consiste nos cuidados realizados nas 2 primeiras horas após o parto. São eles: 1. Limpar as vias aéreas quando necessário. Às vezes é suficiente apenas a limpeza manual de secreções. A aspiração ativa das vias aéreas está indicada nos casos de aspiração de mecônio, sangue ou secreção. 2. Secar o RN com um campo estéril e aquecido após o período expulsivo. 3. Contato imediato pele a pele com sua mãe, para evitar hipotermia e favorece a relação mãe-filho, a contração uterina e o início precoce do aleitamento materno. 5. Realizar o pinçamento/campleamento do cordão umbilical, quando a pulsação das artérias umbilicais se interrompe e existe perfusão satisfatória da pele. Deve ser realizado entre 1 a 3 minutos depois do nascimento. Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical. 6. Identificar o recém-nascido. 7. Avaliar o APGAR do 5º minuto. 8. Determinar a idade gestacional. 9. Avaliar as medidas antropométricas (peso, altura e perímetro cefálico). 10. Administrar vitamina K1 para a prevenção do sangramento precoce por deficiência desta vitamina (doença hemorrágica do RN) e também evita o sangramento posterior. Deve-se administrar 1mg intramuscular. 11. Realizar profilaxia ocular que evita as infecções oculares no RN que poderão ser transmitidas em sua passagem pelo canal de parto. Retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou umedecida com água. Posteriormente, aplica-se colírio oftálmico de antibiótico, como: tetraciclina 1%, nitrato de prata 1%, eritromicina 0,5%, iodo-povidona ou 2,5% (PVPI 2,5%). Aplica-se em ambos os olhos dentro da 1ª hora após o nascimento, abrindo as pálpebras com os dedos e aplicando as gotas no ângulo interno da pálpebra inferior. 12. Detecção de incompatibilidade sanguínea materno-fetal a partir da coleta de sangue da mãe e do cordão umbilical para determinar os antígenos dos sistemas ABO e Rh. No caso de mãe Rh negativo, deve-se realizar pesquisa de anticorpos anti- D por meio do Coombs indireto na mãe e Coombs direto no sangue do cordão umbilical. O ambiente térmico adequado para o RN é de 24ºC a 26ºC, sem corrente de ar na sala de parto e 36ºC na mesa onde será atendido após o parto. CUIDADOS MEDIATOS Cuidados realizados após as 2 primeiras horas de vida, preferencialmente antes de o bebê completar 12 horas de vida. Os cuidados são: 1.Higiene corporal; 2. Exame físico completo; 3. Avaliação das capacidades de alimentação; 4. Vínculo mãe-bebê; 5. Avaliação da perda ponderal. 6. Administração das vacinas de hepatite B e BCG. EXAME FÍSICO Admite um exame que vai do externo para o interno e no sentido crânio-caudal. Inspeção, palpação, percussão e ausculta devem ser aplicadas nos diversos segmentos examinados. EXAME FÍSICO GERAL INSPEÇÃO: descartar a presença de malformações e faces típicas de algumas síndromes. Analisar se há sinais de angústia respiratória (gemidos inspiratórios ou expiratórios, batimento de aletas nasais, retrações de fúrcula ou torácica), cianose e alterações da frequência respiratória. Deve-se ainda analisar a hidratação e o choro (deve ser estimulado). PELE TEXTURA E UMIDADE: - RN pré-termo extremo possui pele muito fina e gelatinosa; - RN a termo tem pele lisa, brilhante, úmida e fina; - RN pós-termo ou com insuficiência placentária ou com hipotireoidismo congênito, pele seca, enrugada, apergaminhada e com descamação acentuada. COR: A pele normal possui cor rosada, sendo que nas crianças filhas de pais negros apresentam maior quantidade de melanina nos mamilos, região periungueal, na pele da borda do umbigo e na genitália. Pletora (vermelho arroxeado) é observada em RNs policitêmicos, hiperoxigenados ou com hipertermia. A palidez acentuada pode ser por anemia (aguda ou crônica), vasoconstrição periférica ou choque. A presença de uma linha delimitando um hemicorpo com eritema e outro com coloração normal é conhecida como fenômeno de Arlequim, condição benigna. A cianose é decorrente da presença de pelo menos 5g de hemoglobina não saturada, comum em casos de níveis de hemoglobina acima de 15g/dL. É comum nas extremidades, que se apresentam frias ao toque, regredindo com o aquecimento. MILIUM SEBÁCEO: consiste em pontos brancos (< 1 mm), localizados na base do nariz, queixo e fronte, devido à distensão e obstrução das glândulas sebáceas, decorrentes da ação do estrogênio materno. Desaparecem em poucas semanas. LANUGO: são pelos finos que recobrem a região do ombro e da escápula. Mais comum em RN prematuro. Desaparecem em dias. VÉRNIX CASEOSO: mais em prematuros (34 e 36 semanas). É um material gorduroso e esbranquiçado, que protege a pele e garante isolamento térmico. MANCHAS MONGÓLICAS: manchas azul- acinzentadas localizadas no dorso e nas regiões glútea e lombossacra. São mais comuns nas raças negras e oriental e regridem nos primeiros 4 anos. ERITEMA TÓXICO: aparece nos primeiros dias sob a forma de lesões eritematosas multiformes (pápulas, máculas e algumas vesículas), Pode ser desencadeado por estímulos mecânicos de atrito ou pressão. Regride espontaneamente (as vezes em horas). IMPETIGO: infecção com formação de pus (piogênica), causada por Staphylococcus aureus. Inicia com lesões eritematosas puntiformes e com 1 a 2 dias evolui para vesículas, que se pustulizam ou tornam-se bolhas (impetigo bolhoso). Quando se rompem formam crostas amarelo- acastanhadas. É contagioso. MÁCULAS VASCULARES: manchas de cor salmão que estão presentes na nuca, pálpebra superior e fronte. As máculas da nuca podem persistir por mais tempo. HEMANGIOMAS: formas vasculares mais extensas e elevadas que podem ser patológicas. Aproximadamente 50% desaparecem até os 5 anos. ICTERÍCIA: cor amarelada da pele e conjuntiva, decorrente de sua impregnação por bilirrubina. EQUIMOSES:manchas comuns principalmente nos prematuros, e sua localização depende da apresentação e dos traumas sofridos durante o parto. PETÉQUIAS: quando generalizadas devem ser investigadas. SUBCUTÂNEO A quantidade de tecido subcutâneo costuma ter 1 cm nos RNs a termo. Quando o turgor é firme, a criança está em um bom estado nutricional. Turgor pastoso é típico de desnutrição ou por insuficiência placentária. GÂNGLIOS Deve palpar todas as cadeias: cervicais, occipitais, submandibulares, axilares e inguinais. Habitualmente o RN apresenta raros pequenos gânglios em torno de 3mm. Em infecções congênitas pode haver hipertrofia ganglionar. MUCOSAS Avalia-se cor, umidade e presença de lesões. O exame da mucosa conjuntival está prejudicado pela irritação causada pelo nitrato de prata a 1%. MUSCULATURA São avaliados o tônus e o trofismo. Um RN normal a termo apresenta hipertonia em flexão dos membros. ESQUELETOS E ARTICULAÇÕES Deve-se avaliar a presença de deformidades ósseas, inadequações de mobilidade e dor à palpação de todos os ossos e articulações do RN. Realizar a manobra de Ortolani. CRÂNIO Verificar a presença de assimetrias, que podem ser transitórias, principalmente após parto por via baixa, tendo diâmetro ântero-posterior aumentado. Faz a palpação das suturas cranianas podendo observar sobreposições das bordas dos ossos do crânio (cavalgamentos). Ao palpar as fontanelas, a fontanela bregmática quando abaulada sugere aumento da pressão intracraniana (meningite, hidrocefalia e edema cerebral), e quando deprimida é sinal de desidratação. A lambdoide geralmente é pequena, quando grande está associada a hipotireoidismo e síndrome de Down. O perímetro craniano deve ser medido passando pela glabela e proeminência occipital. No RN a termo varia de 33 a 37cm. OLHOS Deve examinar as pálpebras que podem estar edemaciadas. Observar a distância entre os olhos e entre os cantos internos das pálpebras, a posição da fenda palpebral e a presença de sobrancelhas, cílios e epicanto. A conjuntiva podeestar hiperemiada por causa do nitrato de prata. Nos RNs pré-termo a esclera pode estar levemente azulada. ORELHA Deve-se verificar a forma, a consistência e a implantação dos pavilhões auriculares, e a presença de condutos auditivos externos, fístulas retroauriculares e apêndices pré-auriculares. NARIZ Observar a permeabilidade nasal ao ar inspirado e expirado e a ausência de batimentos de aletas nasais. Deve se atentar para deformidades nasais. Obstruções são comuns. BOCA Deve analisar se há desvios ou paralisias. Analisar a mucosa, em busca de aftas (de Brednar) ou de saliva espessa (desidratação). Também deve avaliar a gengiva e a língua (e sua mobilidade) e o tamanho da mandíbula. PESCOÇO Deve-se palpar a parte mediana do pescoço a fim de se detectar o crescimento anormal da tireoide (bócio) e a presença de fístulas, cistos e restos de arcos branquiais. Analisar o esternocleidomastoideo em busca de um torcicolo congênito. TÓRAX Detectar o formato normal (cilíndrico). No a termo, o perímetro (passando pelos mamilos) é de 2cm menor que o cefálico. O apêndice xifoide é saliente. Os mamilos e as glândulas mamárias medem no RN a terno, cerca de 1cm. APARELHO RESPIRATÓRIO A frequência respiratória média é de 40 a 60 incursões por minuto (contada em 1 minuto). APARELHO CARDIOVASCULAR O ictus cordis (pulsação do coração) em geral não é visível e a palpação do precórdio é pouco perceptível. É fundamental a palpação cuidadosa dos pulsos periféricos. A frequência cardíaca varia, em média, de 120 a 140bpm, mas apenas acima de 160 que se deve avaliar. Na ausculta cardíaca do RN, sopros ou arritmias podem ser transitórios. ABDOME Na inspeção observa um abdome semigloboso com perímetro abdominal de 2 a 3 cm menor que o cefálico. Não se visualiza ondas peristálticas. O coto umbilical inicialmente é gelatinoso, ele seca progressivamente, mumificando-se perto do 3º ou 4º dia de vida, e costuma desprender-se do corpo em torno do 6º ao 15º dia. Deve realizar higiene do coto com álcool a 70%. A eliminação de mecônio começa nas primeiras 24 a 36 horas, de forma viscosa, verde escura e composto por sais biliares, células epiteliais de descamação, sucos digestivos e lanugo. Após 3 a 4 dias, as fezes tornam-se de transição com coloração amarelo-esverdeada e liquefeitas. Durante a palpação abdominal, é possível a palpação da borda do fígado a cerca de 2cm do rebordo costal direito, na linha mamilar. APARELHO URINÁRIO A primeira diurese costuma ocorrer na sala de parto ou nas primeiras 48h. APARELHO GENITAL SEXO MASCULINO: O pênis normal de um RN mede de 2 a 3cm. A glande não costuma ser exposta, nem com a tentativa de retração do prepúcio, e o orifício prepucial é estreito. A bolsa escrotal é rugosa no RN a termo. Sua palpação permite verificar a presença dos testículos, assim como sua sensibilidade, tamanho e consistência. SEXO FEMININO: nas pré-termo os grandes lábios podem ser quase inexistentes, e nas crianças a termo eles chegam a recobrir totalmente os pequenos lábios. Afastados os grandes lábios, avalia-se o sulco entre os grandes e pequenos lábios, frequentemente recobertos de vérnix. Afastando-se os pequenos lábios examina-se o hímen. É comum a saída de secreção esbranquiçada ou translúcida em consequência da ação do estrógeno materno. ÂNUS Faz apenas a inspeção, podendo-se verificar, por palpação delicada, o tônus anal. O ânus costuma distar cerca de 1cm da borda inferior da vulva ou da implantação do escroto SISTEMA NERVOSO Ao nascer, a criança costuma ficar durante cerca de 1 a 2 horas muito desperta, e a seguir dorme por algumas horas, por vezes até 12 horas. Deve avaliar: postura, movimentação espontânea, resposta ao manuseio e choro. REFLEXOS SUCÇÃO: manifesta-se quando os lábios da criança são tocados por algum objeto, desencadeando-se movimentos de sucção dos lábios e da língua. VORACIDADE: ou de procura manifesta-se quando é tocada a bochecha perto da boca, fazendo com que a criança desloque a face e a boca para o lado do estímulo. Está presente no bebê até os 3 meses de idade. PREENSÃO: A preensão palmoplantar se obtém com leve pressão do dedo do examinador na palma das mãos da criança e abaixo dos dedos do pé. MARCHA: e o apoio plantar podem ser pesquisados segurando-se a criança pelas axilas em posição ortostática. Ao contato das plantas do pé com a superfície, a criança estende as pernas até então fletidas. Se a criança for inclinada para a frente, inicia a marcha reflexa. FUGA À ASFIXIA: coloca-se a criança em decúbito ventral no leito, com a face voltada para o colchão. Em alguns segundos o RN deverá virar o rosto liberando o nariz para respirar adequadamente. CUTÂNEO-PLANTAR: é obtido fazendo-se estímulo contínuo da planta do pé a partir do calcâneo no sentido dos artelhos. Os dedos adquirem postura em extensão. MORO: é desencadeado por algum estímulo brusco como bater palmas ou estirar bruscamente o lençol onde a criança está deitada. O reflexo consiste em uma resposta de extensão- abdução dos membros superiores (eventualmente dos inferiores), com abertura dos dedos da mão, e em seguida de flexão-adução dos braços, com retorno à posição original. Costuma desaparecer por volta dos 6 meses. MAGNUS-DE-KLEIJN (DO ESGRIMISTA): em que, com a criança posicionada em decúbito dorsal, o examinador com uma das mãos estabiliza a região anterior do tórax e com a outra vira a cabeça da criança para o lado. A resposta esperada é a extensão dos membros do lado para o qual a face está voltada e a flexão dos membros voltados para o outro lado. OLHOS DE BONECA: que é desencadeado quando se promove a rotação lateral da cabeça do RN, e os olhos seguem lentamente para o lado da rotação. BABKIN: é uma reação à pressão simultânea das palmas das mãos do bebê. Com esse estímulo, a criança abre a boca e mantém a cabeça na linha média levantando sua cabeça. Pode também haver fechamento dos olhos e flexão do antebraço do bebê.
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