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APÊNDICE
C N
CIÊNCIAS DA
NATUREZA
C
CIÊNCIAS
HUMANAS
HL
LINGUAGENS
E CÓDIGOS
C M
MATEMÁTICA
T
APÊNDICE - 1ª SEMANA
SUMÁRIO
 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
ENTRE LETRAS
GRAMÁTICA 5
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 17
LITERATURA 27
REDAÇÃO 37
INGLÊS 43
ESPANHOL 53
 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
HISTÓRIA
HISTÓRIA GERAL 63
HISTÓRIA DO BRASIL 71
GEOGRAFIA
GEOGRAFIA 1 79
GEOGRAFIA 2 89
FILOSOFIA 101
SOCIOLOGIA 109
 CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
BIOLOGIA
BIOLOGIA 1 115
BIOLOGIA 2 127
BIOLOGIA 3 139
FÍSICA
FÍSICA 1 149
FÍSICA 2 159
FÍSICA 3 169
QUÍMICA
QUÍMICA 1 179
QUÍMICA 2 189
QUÍMICA 3 201
 MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
MATEMÁTICA
MATEMÁTICA 1 215
MATEMÁTICA 2 225
MATEMÁTICA 3 233
GRAMÁTICA L C
LINGUAGENS
E CÓDIGOS
6
Sala
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
A CONDIÇÃO HUMANA
Leia o trecho do livro Bem-vindo ao deserto do real!, de Slavoj Žižek, para responder à(s) 
questão(ões) a seguir.
 Numa antiga anedota que circulava na hoje falecida República Democrática Alemã, um operário 
alemão consegue um emprego na Sibéria; sabendo que toda correspondência será lida pelos cen-
sores, ele combina com os amigos: “Vamos combinar um código: se uma carta estiver escrita em 
tinta azul, o que ela diz é verdade; se estiver escrita em tinta vermelha, tudo é mentira.” Um mês 
depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul: “Tudo aqui é maravilhoso: as lojas 
vivem cheias, a comida é abundante, os apartamentos são grandes e bem aquecidos, os cinemas 
exibem filmes do Ocidente, há muitas garotas, sempre prontas para um programa – o único senão 
é que não se consegue encontrar tinta vermelha.” Neste caso, a estrutura é mais refinada do que 
indicam as aparências: apesar de não ter como usar o código combinado para indicar que tudo o 
que está dito é mentira, mesmo assim ele consegue passar a mensagem. Como? Pela introdução da 
referência ao código, como um de seus elementos, na própria mensagem codificada.
(Bem-vindo ao deserto do real!, 2003.)
1. (Unesp 2018) “Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul [...].”
 Assinale a alternativa que expressa, na voz passiva, o conteúdo dessa oração. 
a) Um mês depois, uma carta escrita em tinta azul seria recebida pelos amigos. 
b) Os amigos deveriam ter recebido, um mês depois, uma carta escrita em tinta azul. 
c) Um mês depois, uma carta escrita em tinta azul foi recebida pelos amigos. 
d) Um mês depois, uma carta escrita em tinta azul é recebida pelos amigos. 
e) Os amigos receberiam, um mês depois, uma carta escrita em tinta azul. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Para responder à(s) questão(ões), leia o trecho da obra Os sertões, de Euclides da Cunha (1866 – 
1909), em que se narram eventos referentes a uma das expedições militares enviadas pelo governo 
federal para combater Antônio Conselheiro e seus seguidores sediados em Canudos.
Oitocentos homens desapareciam em fuga, abandonando as espingardas; arriando as padiolas, em 
que se estorciam feridos; jogando fora as peças de equipamento; desarmando-se; desapertando 
os cinturões, para a carreira desafogada; e correndo, correndo ao acaso, correndo em grupos, em 
bandos erradios, correndo pelas estradas e pelas trilhas que as recortam, correndo para o recesso 
das caatingas, tontos, apavorados, sem chefes...
Entre os fardos atirados à beira do caminho ficara, logo ao desencadear-se o pânico – tristíssimo 
pormenor! – o cadáver do comandante. Não o defenderam. Não houve um breve simulacro de re-
pulsa contra o inimigo, que não viam e adivinhavam no estrídulo dos gritos desafiadores e nos 
estampidos de um tiroteio irregular e escasso, como o de uma caçada. Aos primeiros tiros os ba-
talhões diluíram-se.
Apenas a artilharia, na extrema retaguarda, seguia vagarosa e unida, solene quase, na marcha 
GRAMÁTICA
VERBOS: NOÇÕES PRELIMINARES, MODOS INDICATIVO, SUBJUNTIVO E IMPERATIVO 
E VOZES VERBAIS
LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias
7
habitual de uma revista, em que parava de quando em quando para varrer a disparos as macegas 
traiçoeiras; e prosseguindo depois, lentamente, rodando, inabordável, terrível...
[...]
Um a um tombavam os soldados da guarnição estoica. Feridos ou espantados os muares da tração 
empacavam; torciam de rumo; impossibilitavam a marcha.
A bateria afinal parou. Os canhões, emperrados, imobilizaram-se numa volta do caminho...
O coronel Tamarindo, que volvera à retaguarda, agitando-se destemeroso e infatigável entre os 
fugitivos, penitenciando-se heroicamente, na hora da catástrofe, da tibieza anterior, ao deparar 
com aquele quadro estupendo, procurou debalde socorrer os únicos soldados que tinham ido a Ca-
nudos. Neste pressuposto ordenou toques repetidos de “meia-volta, alto!”. As notas das cornetas, 
convulsivas, emitidas pelos corneteiros sem fôlego, vibraram inutilmente. Ou melhor – aceleraram 
a fuga. Naquela desordem só havia uma determinação possível: “debandar!”.
Debalde alguns oficiais, indignados, engatilhavam revólveres ao peito dos foragidos. Não havia 
contê-los. Passavam; corriam; corriam doudamente; corriam dos oficiais; corriam dos jagunços; 
e ao verem aqueles, que eram de preferência alvejados pelos últimos, caírem malferidos, não se 
comoviam. O capitão Vilarim batera-se valentemente quase só e ao baquear, morto, não encontrou 
entre os que comandava um braço que o sustivesse. Os próprios feridos e enfermos estropiados 
lá se iam, cambeteando, arrastando-se penosamente, imprecando os companheiros mais ágeis...
As notas das cornetas vibravam em cima desse tumulto, imperceptíveis, inúteis...
Por fim cessaram. Não tinham a quem chamar. A infantaria desaparecera...
(Os sertões, 2016.) 
2. (Unifesp 2018) Em “Um a um tombavam os soldados da guarnição estoica.” (4º parágrafo), o 
termo destacado é um 
a) verbo transitivo direto e indireto. 
b) verbo intransitivo. 
c) verbo transitivo indireto. 
d) verbo de ligação. 
e) verbo transitivo direto. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Leia o trecho inicial do conto “A doida”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à(s) 
questão(ões) a seguir.
A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado. E a rua descia para o córrego, onde 
os meninos costumavam banhar-se. Era só aquele chalezinho, à esquerda, entre o barranco e um 
chão abandonado; à direita, o muro de um grande quintal. E na rua, tornada maior pelo silêncio, 
o burro que pastava. Rua cheia de capim, pedras soltas, num declive áspero. Onde estava o fiscal, 
que não mandava capiná-la?
Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho. Só com essa intenção. 
Mas era bom passar pela casa da doida e provocá-la. As mães diziam o contrário: que era horro-
roso, poucos pecados seriam maiores. Dos doidos devemos ter piedade, porque eles não gozam 
dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoados. Não explicavam bem quais fossem esses 
benefícios, ou explicavam demais, e restava a impressão de que eram todos privilégios de gente 
adulta, como fazer visitas, receber cartas, entrar para irmandades. E isso não comovia ninguém. 
A loucura parecia antes erro do que miséria. E os três sentiam-se inclinados a 1lapidar a doida, 
isolada e agreste no seu jardim.
Como era mesmo a cara da doida, poucos poderiam dizê-lo. Não aparecia de frente e de corpo intei-
ro, como as outras pessoas, conversando na calma. Só o busto, recortado numa das janelas da fren-
te, as mãos magras, ameaçando. Os cabelos, brancos e desgrenhados. E a boca inflamada, soltando 
xingamentos, pragas, numa voz rouca. Eram palavras da Bíblia misturadas a termos populares, dos 
quais alguns pareciam escabrosos, e todos fortíssimos na sua cólera.
Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto (contava 
mais de sessenta anos, e loucura e idade, juntas, lhe lavraram o corpo). Corria, com variantes, a 
história de que fora noiva de um fazendeiro, e o casamento uma festa estrondosa; mas na própria 
noite de núpcias o homem a repudiara, Deus sabepor que razão. O marido ergueu-se terrível e em-
purrou-a, no calor do bate-boca; ela rolou escada abaixo, foi quebrando ossos, arrebentando-se. Os 
dois nunca mais se veriam. Já outros contavam que o pai, não o marido, a expulsara, e esclareciam 
8
que certa manhã o velho sentira um amargo diferente no café, ele que tinha dinheiro grosso e 
estava custando a morrer – mas nos 2racontos antigos abusava-se de veneno. De qualquer modo, 
as pessoas grandes não contavam a história direito, e os meninos deformavam o conto. Repudiada 
por todos, ela se fechou naquele chalé do caminho do córrego, e acabou perdendo o juízo. Perdera 
antes todas as relações. Ninguém tinha ânimo de visitá-la. O padeiro mal jogava o pão na caixa de 
madeira, à entrada, e eclipsava-se. Diziam que nessa caixa uns primos generosos mandavam pôr, à 
noite, provisões e roupas, embora oficialmente a ruptura com a família se mantivesse inalterável. 
Às vezes uma preta velha arriscava-se a entrar, com seu cachimbo e sua paciência educada no cati-
veiro, e lá ficava dois ou três meses, cozinhando. Por fim a doida enxotava-a. E, afinal, empregada 
nenhuma queria servi-la. Ir viver com a doida, pedir a bênção à doida, jantar em casa da doida, 
passaram a ser, na cidade, expressões de castigo e símbolos de 3irrisão.
Vinte anos de uma tal existência, e a legenda está feita. Quarenta, e não há mudá-la. O sentimen-
to de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave, uma coisa 
aberrante, instalou-se no espírito das crianças. E assim, gerações sucessivas de moleques passa-
vam pela porta, fixavam cuidadosamente a vidraça e lascavam uma pedra. A princípio, como justa 
penalidade. Depois, por prazer. Finalmente, e já havia muito tempo, por hábito. Como a doida res-
pondesse sempre furiosa, criara-se na mente infantil a ideia de um equilíbrio por compensação, 
que afogava o remorso.
Em vão os pais censuravam tal procedimento. Quando meninos, os pais daqueles três tinham feito 
o mesmo, com relação à mesma doida, ou a outras. Pessoas sensíveis lamentavam o fato, sugeriam 
que se desse um jeito para internar a doida. Mas como? O hospício era longe, os parentes não se 
interessavam. E daí – explicava-se ao forasteiro que porventura estranhasse a situação – toda ci-
dade tem seus doidos; quase que toda família os tem. Quando se tornam ferozes, são trancados no 
sótão; fora disto, circulam pacificamente pelas ruas, se querem fazê-lo, ou não, se preferem ficar 
em casa. E doido é quem Deus quis que ficasse doido... Respeitemos sua vontade. Não há remédio 
para loucura; nunca nenhum doido se curou, que a cidade soubesse; e a cidade sabe bastante, ao 
passo que livros mentem.
(Contos de aprendiz, 2012.)
 § 1lapidar: apedrejar.
 § 2raconto: relato, narrativa.
 § 3irrisão: zombaria.
 3 (Unifesp 2019) “Como a doida respondesse sempre furiosa, criara-se na mente infantil a ideia 
de um equilíbrio por compensação, que afogava o remorso.” (5º parágrafo)
Em relação ao trecho que o sucede, o trecho sublinhado expressa ideia de 
a) finalidade. 
b) causa. 
c) proporção. 
d) comparação. 
e) consequência. 
 4. (Unicamp 2018) O brasileiro João Guimarães Rosa e o irlandês James Joyce são autores reveren-
ciados pela inventividade de sua linguagem literária, em que abundam neologismos. Muitas vezes, 
por essa razão, Guimarães Rosa e Joyce são citados como exemplos de autores "praticamente intra-
duzíveis". Mesmo sem ter lido os autores, é possível identificar alguns dos seus neologismos, pois 
são baseados em processos de formação de palavras comuns ao português e ao inglês.
Entre os recursos comuns aos neologismos de Guimarães Rosa e de James Joyce, estão:
i. Onomatopeia (formação de uma palavra a partir de uma reprodução aproximada de um som 
natural, utilizando-se os recursos da língua); e
ii. Derivação (formação de novas palavras pelo acréscimo de prefixos ou sufixos a palavras já exis-
tentes na língua).
Os neologismos que aparecem nas opções abaixo foram extraídos de obras de Guimarães Rosa (GR) 
e James Joyce (JJ). Assinale a opção em que os processos (i) e (ii) estão presentes: 
9
a) Quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém) e tattarrattat (JJ, Ulisses). 
b) Transtrazer (GR, Grande sertão: veredas) e monoideal (JJ, Ulisses). 
c) Rtststr (JJ, Ulisses) e quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém).
d) Tattarrattat (JJ, Ulisses) e inesquecer-se (GR, Ave, Palavra). 
 5. (Unicamp 2017) 
 
Do ponto de vista da norma culta, é correto afirmar que “coisar” é 
a) uma palavra resultante da atribuição do sentido conotativo de um verbo qualquer ao substan-
tivo “coisa”. 
b) uma palavra resultante do processo de sufixação que transforma o substantivo “coisa” no verbo 
“coisar”. 
c) uma palavra que, graças a seu sentido universal, pode ser usada em substituição a todo e qual-
quer verbo não lembrado. 
d) uma palavra que resulta da transformação do substantivo “coisa” em verbo “coisar”, reiterando 
um esquecimento. 
 
10
E.O.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
 Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder à(s) 
questão(ões).
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. 
Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, 
outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício 
da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para 
respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação 
de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí 
ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas 
a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros 
as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste 
grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, 
naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, 
mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escra-
vidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. 
Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo 
dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro 
também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de 
contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos 
que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e 
iam ganhá-lo fora, quitandando.
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas 
folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por 
onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-
-se-á generosamente” – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou 
ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. 
Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse.
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento 
da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações 
reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade 
de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, 
aindaque por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à 
desordem.
(Contos: uma antologia, 1998.)
1. (Unesp 2018) “Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse.” (4º 
parágrafo)
Na oração em que está inserido, o termo destacado é um verbo que pede 
a) apenas objeto direto, representado pelo vocábulo “lho”. 
b) objeto direto e objeto indireto, ambos representados pelo vocábulo “lho”. 
c) objeto direto, representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto indireto, representado pelo vo-
cábulo “lho”. 
d) apenas objeto indireto, representado pelo vocábulo “quem”. 
e) objeto direto, representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto indireto, representado pelo vo-
cábulo “quem”. 
2. (Fuvest 2019) I. Diante da dificuldade, municípios de diferentes regiões do país realizaram um 
segundo “dia D” neste sábado. O primeiro ocorreu em 18 de agosto. A adesão, no entanto, ainda 
ficou abaixo do esperado. Agora, a recomendação é que estados e municípios façam busca ativa 
para garantir que todo o público-alvo da campanha seja vacinado.
 (Folha de S. Paulo. São Paulo. 03/09/2018.)
11
II. Pensar sobre a vaga, buscar conhecer a 
empresa e o que ela busca já faz de você al-
guém especial. Muitos que procuram o bal-
cão de emprego não compreendem que os 
detalhes são fundamentais para conseguir a 
recolocação. Agora, não pense que você vai 
conseguir na primeira investida, a busca por 
um novo emprego requer paciência e persis-
tência, tenha você 20 anos ou 50. (Balcão de 
Emprego. Disponível em: <https://emprega-
brasil.com.br/>)
O termo “Agora” pode ser substituído, res-
pectivamente, em I e II e sem prejuízo de 
sentidos nos dois textos, por 
a) Neste momento; Por conseguinte. 
b) Neste ínterim; De fato. 
c) Portanto; Ademais. 
d) Todavia; Então. 
e) Doravante; Mas. 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: 
Leia o trecho do romance S. Bernardo, de 
Graciliano Ramos, para responder à(s) 
questão(ões) a seguir.
O caboclo mal-encarado que encontrei um 
dia em casa do Mendonça também se acabou 
em desgraça. Uma limpeza. Essa gente quase 
nunca morre direito. Uns são levados pela 
cobra, outros pela cachaça, outros matam-se.
Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se 
da pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta. 
Deixou viúva e órfãos miúdos. Sumiram-se: 
um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas 
comeram o segundo, o último teve angina e 
a mulher enforcou-se.
Para diminuir a mortalidade e aumentar a 
produção, proibi a aguardente.
Concluiu-se a construção da casa nova. Julgo 
que não preciso descrevê-la. As partes prin-
cipais apareceram ou aparecerão; o resto é 
dispensável e apenas pode interessar aos 
arquitetos, homens que provavelmente não 
lerão isto. Ficou tudo confortável e bonito. 
Naturalmente deixei de dormir em rede. 
Comprei móveis e diversos objetos que entrei 
a utilizar com receio, outros que ainda hoje 
não utilizo, porque não sei para que servem.
Aqui existe um salto de cinco anos, e em cin-
co anos o mundo dá um bando de voltas.
Ninguém imaginará que, topando os obstá-
culos mencionados, eu haja procedido in-
variavelmente com segurança e percorrido, 
sem me deter, caminhos certos. Não senhor, 
não procedi nem percorri. Tive abatimentos, 
desejo de recuar; contornei dificuldades: 
muitas curvas. Acham que andei mal? A ver-
dade é que nunca soube quais foram os meus 
atos bons e quais foram os maus. Fiz coisas 
boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas 
ruins que deram lucro. E como sempre tive a 
intenção de possuir as terras de S. Bernardo, 
considerei legítimas as ações que me leva-
ram a obtê-las.
Alcancei mais do que esperava, mercê de 
Deus. Vieram-me as rugas, já se vê, mas o 
crédito, que a princípio se esquivava, agar-
rou-se comigo, as taxas desceram. E os ne-
gócios desdobraram-se automaticamente. 
Automaticamente. Difícil? Nada! Se eles en-
tram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se 
não entram, cruzem os braços. Mas se virem 
que estão de sorte, metam o pau: as tolices 
que praticarem viram sabedoria. Tenho visto 
criaturas que trabalham demais e não pro-
gridem. Conheço indivíduos preguiçosos que 
têm faro: quando a ocasião chega, desenros-
cam-se, abrem a boca – e engolem tudo.
Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primei-
ras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me 
favorável nas seguintes. Depois da morte do 
Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, 
e levei-a para além do ponto em que estava 
no tempo de Salustiano Padilha. Houve re-
clamações.
– Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o 
diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E 
quem não gostar, paciência, vá à justiça.
Como a justiça era cara, não foram à justi-
ça. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra 
do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos 
Gama, que pandegavam no Recife, estudan-
do Direito. Respeitei o engenho do Dr. Maga-
lhães, juiz.
Violências miúdas passaram despercebidas. 
As questões mais sérias foram ganhas no 
foro, graças às chicanas de João Nogueira.
Efetuei transações arriscadas, endividei-me, 
importei maquinismos e não prestei atenção 
aos que me censuravam por querer abarcar 
o mundo com as pernas. Iniciei a pomicul-
tura e a avicultura. Para levar os meus pro-
dutos ao mercado, comecei uma estrada de 
rodagem. Azevedo Gondim compôs sobre ela 
dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford 
e Delmiro Gouveia. Costa Brito também pu-
blicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e 
elogiando o chefe político local. Em consequ-
ência mordeu-me cem mil-réis.
(S. Bernardo, 1996.) 
 3. (Unesp 2019) “Na pedreira perdi um. A ala-
vanca soltou-se da pedra, bateu-lhe no peito, 
e foi a conta. Deixou viúva e órfãos miúdos. 
Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, 
as lombrigas comeram o segundo, o último 
teve angina e a mulher enforcou-se.” (2º pa-
rágrafo)
Os pronomes sublinhados referem-se, res-
pectivamente, a 
12
a) “alavanca”, “um”, “viúva e órfãos”. 
b) “pedra”, “um”, “meninos”. 
c) “pedra”, “alavanca”, “viúva e órfãos”. 
d) “alavanca”, “pedra”, “viúva e órfãos”. 
e) “alavanca”, “pedra”, “meninos”.
 4. (Unesp 2019) Verifica-se o emprego de ver-
bo no modo imperativo no seguinte trecho: 
a) “Se eles entram nos trilhos, rodam que 
é uma beleza. Se não entram, cruzem os 
braços.” (7º parágrafo) 
b) “Minhas senhoras, seu Mendonça pin-
tou o diabo enquanto viveu. Mas agora é 
isto.” (10º parágrafo) 
c) “Para diminuir a mortalidade e aumentar 
a produção, proibi a aguardente.” (3º pa-
rágrafo) 
d) “Aqui existe um salto de cinco anos, e 
em cinco anos o mundo dá um bando de 
voltas.” (5º parágrafo) 
e) “Não senhor, não procedi nem percorri. 
Tive abatimentos, desejo de recuar; con-
tornei dificuldades: muitas curvas.” (6º 
parágrafo) 
 TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: 
Leia o trecho do livro A dança do universo, 
do físico brasileiro Marcelo Gleiser, para res-
ponder à(s) questão(ões) a seguir.
Algumas pessoas tornam-se heróis contra 
sua própria vontade. Mesmo que elas tenham 
ideias realmente (ou potencialmente) revo-
lucionárias, muitas vezes não as reconhecem 
como tais, ou não acreditam no seu próprio 
potencial. Divididas entre enfrentar sua in-
segurança expondo suas ideias à opinião dos 
outros, ou manter-se na defensiva, elas pre-
ferem a segunda opção. O mundo está cheio 
de poemas e teorias escondidos no porão.
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses re-
lutantes heróis da história da ciência. Ele foi 
o homem que colocou o Sol de volta no cen-
tro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de 
tudo para que suas ideias não fossem difun-
didas, possivelmente com medo de críticas 
ou perseguição religiosa. Foi quem colocou 
o Sol de volta no centro do Universo, mo-
tivado por razões erradas. Insatisfeito com 
a falha do modelo de Ptolomeu, que aplica-
va o dogma platônico do movimento circu-
lar uniforme aos corpos celestes, Copérnico 
propôs que o equante fosse abandonado e 
que o Sol passasse a ocupar o centro do cos-
mo. Ao tentar fazer com que o Universose 
adaptasse às ideias platônicas, ele retornou 
aos pitagóricos, ressuscitando a doutrina do 
fogo central, que levou ao modelo heliocên-
trico de Aristarco dezoito séculos antes. Seu 
pensamento reflete o desejo de reformular 
as ideias cosmológicas de seu tempo apenas 
para voltar ainda mais no passado; Copérnico 
era, sem dúvida, um revolucionário conser-
vador. Ele jamais poderia ter imaginado que, 
ao olhar para o passado, estaria criando uma 
nova visão cósmica, que abriria novas por-
tas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente 
para ver os frutos de suas ideias, Copérnico 
decerto teria odiado a revolução que invo-
luntariamente causou. Entre 1510 e 1514, 
compôs um pequeno trabalho resumindo 
suas ideias, intitulado Commentariolus (Pe-
queno comentário). Embora na época fosse 
relativamente fácil publicar um manuscrito, 
Copérnico decidiu não publicar seu texto, 
enviando apenas algumas cópias para uma 
audiência seleta. Ele acreditava piamente no 
ideal pitagórico de discrição; apenas aque-
les que eram iniciados nas complicações da 
matemática aplicada à astronomia tinham 
permissão para compartilhar sua sabedoria. 
Certamente essa posição elitista era muito 
peculiar, vinda de alguém que fora educado 
durante anos dentro da tradição humanista 
italiana. Será que Copérnico estava tentan-
do sentir o clima intelectual da época, para 
ter uma ideia do quão “perigosas” eram suas 
ideias? Será que ele não acreditava muito 
nas suas próprias ideias e, portanto, queria 
evitar qualquer tipo de crítica? Ou será que 
ele estava tão imerso nos ideais pitagóricos 
que realmente não tinha o menor interesse 
em tornar populares suas ideias? As razões 
que possam justificar a atitude de Copérnico 
são, até hoje, um ponto de discussão entre 
os especialistas.
(A dança do universo, 2006. Adaptado.)
 5. (Unesp 2019) Expressam ideia de repetição 
e ideia de negação, respectivamente, os pre-
fixos das palavras 
a) “relativamente” (4º parágrafo) e “inse-
gurança” (1º parágrafo). 
b) “insatisfeito” (2º parágrafo) e “reconhe-
cem” (1º parágrafo). 
c) “retornou” (2º parágrafo) e “difundidas” 
(2º parágrafo). 
d) “reformular” (3º parágrafo) e “involun-
tariamente” (3º parágrafo). 
e) “compartilhar” (4º parágrafo) e “intitu-
lado” (4º parágrafo). 
 6. (Unesp 2019) “Tivesse vivido o suficiente 
para ver os frutos de suas ideias, Copérnico 
decerto teria odiado a revolução que invo-
luntariamente causou.” (3º parágrafo)
Em relação ao trecho que o sucede, o trecho 
sublinhado tem sentido de 
13
a) consequência. 
b) condição. 
c) conclusão. 
d) concessão. 
e) causa. 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: 
Leia o trecho inicial do conto “A doida”, de 
Carlos Drummond de Andrade, para respon-
der à(s) questão(ões) a seguir.
A doida habitava um chalé no centro do jar-
dim maltratado. E a rua descia para o cór-
rego, onde os meninos costumavam banhar-
-se. Era só aquele chalezinho, à esquerda, 
entre o barranco e um chão abandonado; 
à direita, o muro de um grande quintal. E 
na rua, tornada maior pelo silêncio, o bur-
ro que pastava. Rua cheia de capim, pedras 
soltas, num declive áspero. Onde estava o 
fiscal, que não mandava capiná-la? Os três 
garotos desceram manhã cedo, para o banho 
e a pega de passarinho. Só com essa inten-
ção. Mas era bom passar pela casa da doida e 
provocá-la. As mães diziam o contrário: que 
era horroroso, poucos pecados seriam maio-
res. Dos doidos devemos ter piedade, porque 
eles não gozam dos benefícios com que nós, 
os sãos, fomos aquinhoados. Não explicavam 
bem quais fossem esses benefícios, ou expli-
cavam demais, e restava a impressão de que 
eram todos privilégios de gente adulta, como 
fazer visitas, receber cartas, entrar para ir-
mandades. E isso não comovia ninguém. A 
loucura parecia antes erro do que miséria. 
E os três sentiam-se inclinados a 1lapidar a 
doida, isolada e agreste no seu jardim. Como 
era mesmo a cara da doida, poucos poderiam 
dizê-lo. Não aparecia de frente e de corpo 
inteiro, como as outras pessoas, conversan-
do na calma. Só o busto, recortado numa das 
janelas da frente, as mãos magras, amea-
çando. Os cabelos, brancos e desgrenhados. 
E a boca inflamada, soltando xingamentos, 
pragas, numa voz rouca. Eram palavras da 
Bíblia misturadas a termos populares, dos 
quais alguns pareciam escabrosos, e todos 
fortíssimos na sua cólera. Sabia-se confusa-
mente que a doida tinha sido moça igual às 
outras no seu tempo remoto (contava mais 
de sessenta anos, e loucura e idade, juntas, 
lhe lavraram o corpo). Corria, com variantes, 
a história de que fora noiva de um fazendei-
ro, e o casamento uma festa estrondosa; mas 
na própria noite de núpcias o homem a re-
pudiara, Deus sabe por que razão. O marido 
ergueu-se terrível e empurrou-a, no calor do 
bate-boca; ela rolou escada abaixo, foi que-
brando ossos, arrebentando-se. Os dois nun-
ca mais se veriam. Já outros contavam que o 
pai, não o marido, a expulsara, e esclareciam 
que certa manhã o velho sentira um amargo 
diferente no café, ele que tinha dinheiro 
grosso e estava custando a morrer – mas 
nos 2racontos antigos abusava-se de veneno. 
De qualquer modo, as pessoas grandes não 
contavam a história direito, e os meninos 
deformavam o conto. Repudiada por todos, 
ela se fechou naquele chalé do caminho do 
córrego, e acabou perdendo o juízo. Perdera 
antes todas as relações. Ninguém tinha âni-
mo de visitá-la. O padeiro mal jogava o pão 
na caixa de madeira, à entrada, e eclipsava-
-se. Diziam que nessa caixa uns primos ge-
nerosos mandavam pôr, à noite, provisões e 
roupas, embora oficialmente a ruptura com 
a família se mantivesse inalterável. Às ve-
zes uma preta velha arriscava-se a entrar, 
com seu cachimbo e sua paciência educada 
no cativeiro, e lá ficava dois ou três meses, 
cozinhando. Por fim a doida enxotava-a. E, 
afinal, empregada nenhuma queria servi-la. 
Ir viver com a doida, pedir a bênção à doida, 
jantar em casa da doida, passaram a ser, na 
cidade, expressões de castigo e símbolos de 
3irrisão.Vinte anos de uma tal existência, e a 
legenda está feita. Quarenta, e não há mudá-
-la. O sentimento de que a doida carregava 
uma culpa, que sua própria doidice era uma 
falta grave, uma coisa aberrante, instalou-
-se no espírito das crianças. E assim, gera-
ções sucessivas de moleques passavam pela 
porta, fixavam cuidadosamente a vidraça e 
lascavam uma pedra. A princípio, como justa 
penalidade. Depois, por prazer. Finalmente, 
e já havia muito tempo, por hábito. Como a 
doida respondesse sempre furiosa, criara-se 
na mente infantil a ideia de um equilíbrio 
por compensação, que afogava o remorso.
Em vão os pais censuravam tal procedimen-
to. Quando meninos, os pais daqueles três 
tinham feito o mesmo, com relação à mesma 
doida, ou a outras. Pessoas sensíveis lamen-
tavam o fato, sugeriam que se desse um jeito 
para internar a doida. Mas como? O hospício 
era longe, os parentes não se interessavam. 
E daí – explicava-se ao forasteiro que por-
ventura estranhasse a situação – toda cidade 
tem seus doidos; quase que toda família os 
tem. Quando se tornam ferozes, são tranca-
dos no sótão; fora disto, circulam pacifica-
mente pelas ruas, se querem fazê-lo, ou não, 
se preferem ficar em casa. E doido é quem 
Deus quis que ficasse doido... Respeitemos 
sua vontade. Não há remédio para loucura; 
nunca nenhum doido se curou, que a cidade 
soubesse; e a cidade sabe bastante, ao passo 
que livros mentem.
(Contos de aprendiz, 2012.)
 § 1lapidar: apedrejar.
 § 2raconto: relato, narrativa.
 § 3irrisão: zombaria.
14
 7 (Unifesp 2019) Em “Não aparecia de frente 
e de corpo inteiro, como as outras pessoas, 
conversando na calma” (3º parágrafo), o ter-
mo sublinhado é um verbo 
a) de ligação. 
b) transitivo direto e indireto. 
c) transitivo direto. 
d) intransitivo. 
e) transitivo indireto. 
 8. (Unifesp 2019) Derivação regressiva: for-
mação de palavras novas pela redução de 
uma palavra já existente. A redução se faz 
mediantesupressão de elementos terminais 
(sufixos, desinências).
(Celso Pedro Luft. Gramática resumida, 2004.)
Constitui exemplo de palavra formada pelo 
processo de derivação regressiva o termo su-
blinhado em: 
a) “Sabia-se confusamente que a doida ti-
nha sido moça igual às outras no seu 
tempo remoto” (4º parágrafo) 
b) “E a boca inflamada, soltando xingamen-
tos, pragas, numa voz rouca.” (3o pará-
grafo)º 
c) “Os três garotos desceram manhã cedo, 
para o banho e a pega de passarinho.” 
(2º parágrafo) 
d) “A doida habitava um chalé no centro do 
jardim maltratado.” (1º parágrafo) 
e) “O sentimento de que a doida carregava 
uma culpa, que sua própria doidice era 
uma falta grave” (5º parágrafo) 
 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Para responder à(s) questão(ões) a seguir, 
leia o trecho do livro Casa-grande e senzala, 
de Gilberto Freyre.
Mas a casa-grande patriarcal não foi apenas 
fortaleza, capela, escola, oficina, santa casa, 
harém, convento de moças, hospedaria. De-
sempenhou outra função importante na eco-
nomia brasileira: foi também banco. Dentro 
das suas grossas paredes, debaixo dos tijolos 
ou mosaicos, no chão, enterrava-se dinheiro, 
guardavam-se joias, ouro, valores. Às vezes 
guardavam-se joias nas capelas, enfeitando 
os santos. Daí Nossas Senhoras sobrecarre-
gadas à baiana de teteias, balangandãs, co-
rações, cavalinhos, cachorrinhos e correntes 
de ouro. Os ladrões, naqueles tempos piedo-
sos, raramente ousavam entrar nas capelas e 
roubar os santos. É verdade que um roubou 
o esplendor e outras joias de São Benedito; 
mas sob o pretexto, ponderável para a épo-
ca, de que “negro não devia ter luxo”. Com 
efeito, chegou a proibir-se, nos tempos co-
loniais, o uso de “ornatos de algum luxo” 
pelos negros.
Por segurança e precaução contra os corsá-
rios, contra os excessos demagógicos, con-
tra as tendências comunistas dos indígenas 
e dos africanos, os grandes proprietários, 
nos seus zelos exagerados de privativismo, 
enterraram dentro de casa as joias e o ouro 
do mesmo modo que os mortos queridos. Os 
dois fortes motivos das casas-grandes acaba-
rem sempre mal-assombradas com cadeiras 
de balanço se balançando sozinhas sobre ti-
jolos soltos que de manhã ninguém encon-
tra; com barulho de pratos e copos batendo 
de noite nos aparadores; com almas de se-
nhores de engenho aparecendo aos parentes 
ou mesmo estranhos pedindo padres-nossos, 
ave-marias, gemendo lamentações, indican-
do lugares com botijas de dinheiro. Às ve-
zes dinheiro dos outros, de que os senhores 
ilicitamente se haviam apoderado. Dinheiro 
que compadres, viúvas e até escravos lhes ti-
nham entregue para guardar. Sucedeu mui-
ta dessa gente ficar sem os seus valores e 
acabar na miséria devido à esperteza ou à 
morte súbita do depositário. Houve senhores 
sem escrúpulos que, aceitando valores para 
guardar, fingiram-se depois de estranhos e 
desentendidos: “Você está maluco? Deu-me 
lá alguma cousa para guardar?”
Muito dinheiro enterrado sumiu-se miste-
riosamente. Joaquim Nabuco, criado por sua 
madrinha na casa-grande de Maçangana, 
morreu sem saber que destino tomara a ou-
rama para ele reunida pela boa senhora; e 
provavelmente enterrada em algum desvão 
de parede. […] Em várias casas-grandes da 
Bahia, de Olinda, de Pernambuco se têm en-
contrado, em demolições ou escavações, bo-
tijas de dinheiro. Na que foi dos Pires d’Ávila 
ou Pires de Carvalho, na Bahia, achou-se, 
num recanto de parede, “verdadeira fortuna 
em moedas de ouro”. Noutras casas-grandes 
só se têm desencavado do chão ossos de es-
cravos, justiçados pelos senhores e manda-
dos enterrar no quintal, ou dentro de casa, 
à revelia das autoridades. Conta-se que o 
visconde de Suaçuna, na sua casa-grande de 
Pombal, mandou enterrar no jardim mais de 
um negro supliciado por ordem de sua justi-
ça patriarcal. Não é de admirar. Eram senho-
res, os das casas-grandes, que mandavam 
matar os próprios filhos. Um desses patriar-
cas, Pedro Vieira, já avô, por descobrir que 
o filho mantinha relações com a mucama de 
sua predileção, mandou matá-lo pelo irmão 
mais velho.
(In: Silviano Santiago (coord.). Intérpretes do Brasil, 2000.)
15
 9 (Unifesp 2019) Ao se transpor a frase “Às 
vezes guardavam-se joias nas capelas, enfei-
tando os santos.” (1º parágrafo) para a voz 
passiva analítica, o termo sublinhado assu-
me a seguinte forma: 
a) seriam guardadas. 
b) fossem guardadas. 
c) foram guardadas. 
d) eram guardadas. 
e) são guardadas. 
 10. (Fuvest 2018) Examine esta propaganda.
Por ser empregado tanto na linguagem for-
mal quanto na linguagem informal, o termo 
“legal” pode ser lido, no contexto da propa-
ganda, respectivamente, nos seguintes sen-
tidos: 
a) lícito e bom. 
b) aceito e regulado. 
c) requintado e excepcional. 
d) viável e interessante. 
e) jurídico e autorizado. 
Gabarito
E.O.
1. B 2. E 3. A 4. A 5. D 
6. B 7. D 8. C 9. D 10. A 
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOSL C
LINGUAGENS
E CÓDIGOS
19
Sala
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Sou um Evadido
Fernando Pessoa
Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu 1ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
Obra poética, 1997
1"andar a monte": andar fugindo das autoridades 
 1. (Unifesp 2019) “Rima rica” é aquela que ocorre entre palavras de classes gramaticais diferentes, 
a exemplo do que se verifica 
a) na primeira estrofe (“nasci”/“fugi”) e na segunda estrofe (“lugar”/“cansar”). 
b) na terceira estrofe (“monte”/“encontre”), apenas 
c) na segunda estrofe (“lugar”/“cansar”), apenas 
d) na primeira estrofe (“nasci”/“fugi”) e na terceira estrofe (“monte”/“encontre”).
e) na segunda estrofe (“lugar”/“cansar”) e na terceira estrofe (“monte”/“encontre”).
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Nasceu o dia e expirou.
Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul 
do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.
Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro 
pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos 
ardentes amores.
Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, 
buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado 
pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.
 José de Alencar, Iracema
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias
20
 2. (Fuvest 2017) É correto afirmar que, no texto, o narrador 
a) prioriza a ordem direta da frase, como se pode verificar nos dois primeiros parágrafos do texto.
b) usa o verbo “correr” (2º parágrafo) com a mesma acepção que se verifica na frase “Travam das armas 
os rápidos guerreiros, e correm ao campo” (também extraída do romance Iracema). 
c) recorre à adjetivação de caráter objetivo para tornar a cena mais real. 
d) emprega, a partir do segundo parágrafo, o presente do indicativo, visando dar maior vivacidade aos 
fatos narrados, aproximando-os do leitor. 
e) atribui, nos trechos “aqui lhe sorri” e “lhe entram n’alma”, valor possessivo ao pronome “lhe”. 
 3. (Enem 2016) Entrevista com Terezinha Guilhermina
Terezinha Guilhermina é uma das atletas mais premiadas da história paraolímpica do Brasil e um 
dos principais nomes do atletismo mundial. Está no Guinness Book de 2013/2014 como a “cega” 
mais rápida do mundo. 
Observatório: Quais os desafios você teve que superar para se consagrar como atleta profissional? 
Terezinha Guilhermina: Considero a ausência de recursos financeiros, nos três primeiros anos 
da minha carreira, como meu principal desafio. A falta de um atleta-guia, para me auxiliar nos 
treinamentos, me obrigava a treinarsozinha e, por não enxergar bem, acabava sofrendo alguns 
acidentes como trombadas e quedas. 
Observatório: Como está a preparação para os Jogos Paraolímpicos de 2016? 
Terezinha Guilhermina: Estou trabalhando intensamente, com vistas a chegar lá bem melhor do 
que estive em Londres. E, por isso, posso me dedicar a treinos diários, trabalhos preventivos de 
lesões e acompanhamento psicológico e nutricional da melhor qualidade.
Revista do Observatório Brasil de igualdade de Gênero, n. 6, dez. 2014 (adaptado).
O texto permite relacionar uma prática corporal com uma visão ampliada de saúde. O fator que 
possibilita identificar essa perspectiva é o(a) 
a) aspecto nutricional. 
b) condição financeira. 
c) Sprevenção de lesões. 
d) treinamento esportivo. 
e) acompanhamento psicológico. 
 4. (Enem 2015) Aquarela
O corpo no cavalete
é um pássaro que agoniza
exausto do próprio grito.
As vísceras vasculhadas
principiam a contagem
regressiva.
No assoalho o sangue
se decompõe em matizes
que a brisa beija e balança:
o verde - de nossas matas
o amarelo - de nosso ouro
o azul - de nosso céu
o branco o negro o negro
CACASO. In: HOLLANDA, H. B (Org.). 26 poetas hoje. Rio do Janeiro: Aeroplano, 2007.
Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, na década de 1970, o poema de Ca-
caso edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando 
a) as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura.
b) a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado.
c) o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a Ditadura. 
d) o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência. 
e) as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do poder armado. 
21
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
 E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados. 
 Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando 
aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma 
quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e 
esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti 
mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era 
a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo 
em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela 
saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele 
amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem 
de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência 
afrodisíaca. 
Aluísio Azevedo, O Cortiço
 5. (Fuvest 2015) O conceito de hiperônimo (vocábulo de sentido mais genérico em relação a outro) 
aplica-se à palavra “planta” em relação a “palmeira”, “trevos”, “baunilha” etc., todas presentes 
no texto. Tendo em vista a relação que estabelece com outras palavras do texto, constitui também 
um hiperônimo a palavra 
a) “alma”. 
b) “impressões”. 
c) “fazenda”. 
d) “cobra”. 
e) “saudade”. 
22
E.O.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Daí à pedreira restavam apenas uns cinquen-
ta passos e o chão era já todo coberto por uma 
farinha de pedra moída que sujava como a 
cal.
 Aqui, ali, por toda a parte, encontravam-
-se trabalhadores, uns ao sol, outros debai-
xo de pequenas barracas feitas de lona ou de 
folhas de palmeira. De um lado cunhavam 
pedra cantando; de outro a quebravam a pica-
reta; de outro afeiçoavam lajedos1 a ponta de 
picão2; mais adiante faziam paralelepípedos 
a escopro2 e macete2. E todo aquele retintim 
de ferramentas, e o martelar da forja, e o coro 
dos que lá em cima brocavam a rocha para 
lançar-lhe fogo, e a surda zoada ao longe, que 
vinha do cortiço, como de uma aldeia alarma-
da; tudo dava a ideia de uma atividade feroz, 
de uma luta de vingança e de ódio. Aqueles 
homens gotejantes de suor, bêbedos de ca-
lor, desvairados de insolação, a quebrarem, a 
espicaçarem, a torturarem a pedra, pareciam 
um punhado de demônios revoltados na sua 
impotência contra o impassível gigante que 
os contemplava com desprezo, imperturbável 
a todos os golpes e a todos os tiros que lhe 
desfechavam no dorso, deixando sem um ge-
mido que lhe abrissem as entranhas de gra-
nito. O membrudo cavouqueiro3 havia chega-
do à fralda4 do orgulhoso monstro de pedra; 
tinha-o cara a cara, mediu-o de alto a baixo, 
arrogante, num desafio surdo.
 A pedreira mostrava nesse ponto de vista 
o seu lado mais imponente. Descomposta, com 
o escalavrado5 flanco exposto ao sol, erguia-
-se altaneira e desassombrada, afrontando o 
céu, muito íngreme, lisa, escaldante e cheia 
de cordas que mesquinhamente lhe escorriam 
pela ciclópica6 nudez com um efeito de teias 
de aranha. Em certos lugares, muito alto do 
chão, lhe haviam espetado alfinetes de ferro, 
amparando, sobre um precipício, miseráveis 
tábuas que, vistas cá de baixo, pareciam pa-
litos, mas em cima das quais uns atrevidos 
pigmeus de forma humana equilibravam-se, 
desfechando golpes de picareta contra o gi-
gante.
 O cavouqueiro meneou a cabeça com ar de 
lástima. O seu gesto desaprovava todo aquele 
serviço.
 – Veja lá! disse ele, apontando para certo 
ponto da rocha. Olhe para aquilo! Sua gente 
tem ido às cegas no trabalho desta pedreira. 
Deviam atacá-la justamente por aquele outro 
lado, para não contrariar os veios da pedra. 
Esta parte aqui é toda granito, é a melhor! 
Pois olhe só o que eles têm tirado de lá – 
umas lascas, uns calhaus7 que não servem 
para nada! É uma dor de coração ver estra-
gar assim uma peça tão boa! Agora o que hão 
de fazer dessa cascalhada que aí está senão 
macacos8? E brada aos céus, creia! ter pedra 
desta ordem para empregá-la em macacos!
 O vendeiro escutava-o em silêncio, aper-
tando os beiços, aborrecido com a ideia da-
quele prejuízo.
Aluísio Azevedo, O cortiço. São Paulo: Ática, 2009.
 § Vocabulário:
 § 1 lajedos - pedras
 § 2 picão, escopro, macete - instrumentos 
de trabalho
 § 3 cavouqueiro - aquele que trabalha em 
minas e pedreiras
 § 4 fralda - parte inferior
 § 5 escalavrado - golpeado, esfolado
 § 6 ciclópica - colossal, gigantesca
 § 7 calhaus - pedras soltas
 § 8 macacos - paralelepípedos 
 1. (Uerj 2011) O texto de Aluísio Azevedo, 
que faz parte da estética naturalista, utili-
za recursos expressivos de sonoridade, como 
a onomatopeia. Considere o seguinte frag-
mento:
E todo aquele retintim de ferramentas, e 
o martelar da forja, e o coro dos que lá em 
cima brocavam a rocha para lançar-lhe fogo, 
e a surda zoada ao longe, que vinha do corti-
ço, (2º parágrafo)
Indique dois exemplos do emprego da ono-
matopeia e justifique a sua presença no tex-
to naturalista.
 2 (Unicamp 2019) Leia o texto a seguir, pu-
blicado no Instagram e em um livro do @
akapoeta João Doederlein.
 Estrela
 é quem, feito capora, se multiplicou no céu,
diria Carpinejar. são as manchas que o uni-
verso
não tem vergonha de mostrar. são as pintas
nas suas costas e as sardas no seu rosto, são 
as
memórias de quem já partiu, é onde escreve 
o
destino.
é o brilho particular que algumas pessoas
carregam no olhar.
João Doederlein, O Livro dos Ressignificados. 
São Paulo: Paralela, 2017, p 17
A ressignificação de estrela ocorre porque o 
verbete apresenta 
23
a) diversas acepções dessa palavra de modo 
amplo, literal e descritivo. 
b) cinco definições da palavra relativas à reali-
dade e uma definição figurada. 
c) vários contextos de uso que evidenciam o 
caráter expositivo do gênero verbete. 
d) uma entrada formal de dicionário e acepções 
que expressam visões particulares. 
 3 (Unicamp 2019) Há dois tipos de palavras: 
as proparoxítonas e o resto. As proparoxíto-
nas são o ápice da cadeia alimentar do léxi-
co. 
As palavras mais pernósticas são sempreproparoxítonas. Para pronunciá-las, há que 
ter ânimo, falar com ímpeto - e, despóticas, 
ainda exigem acento na sílaba tônica! Sob 
qualquer ângulo, a proparoxítona tem mais 
crédito. É inequívoca a diferença entre o ar-
ruaceiro e o vândalo. Uma coisa é estar na 
ponta – outra, no vértice. Ser artesão não é 
nada, perto de ser artífice. 
Legal ser eleito Papa, mas bom mesmo é ser 
Pontífice. 
Adaptado de Eduardo Affonso, “Há dois tipos de 
palavras: as proparoxítonas e o resto”. Disponível 
em www.facebook.com/eduardo22affonso/. 
Segundo o texto, as proparoxítonas são pa-
lavras que 
a) garantem sua pronúncia graças à exigência 
de uma sílaba tônica. 
b) conferem nobreza ao léxico da língua graças 
à facilidade de sua pronúncia. 
c) revelam mais prestígio em função de seu 
pouco uso e de sua dupla acentuação. 
d) exibem sempre sua prepotência, além de im-
porem a obrigatoriedade da acentuação. 
 4 (Unicamp 2019) Uma página do Facebook 
faz humor com montagens que combinam 
capas de livros já publicados e memes que 
circulam nas redes sociais. Uma dessas pos-
tagens envolve a obra de Henry Thoreau, 
para quem a desobediência civil é uma for-
ma de protesto legítima contra leis ou atos 
governamentais considerados injustos pelo 
cidadão e que ponham em risco a democra-
cia”.
O efeito de humor aqui se deve ao fato de 
que a montagem
a) refuta as razões para a desobediência ci-
vil com base na desculpa apresentada pela 
criança. 
b) antecipa uma possível avaliação negativa da 
desobediência sustentada pelo livro. 
c) equipara as razões da desobediência civil à 
justificativa apresentada pela criança. 
d) contesta a legitimidade da desobediência ci-
vil defendida por Thoreau
 5 (Enem 2018) 
– Famigerado? [...]
– Famigerado é “inóxio”, é “célebre”, “notó-
rio”, “notável” ...
– Vosmecê mal não veja em minha grossaria 
no não entender. Mais me diga: é desafora-
do? É caçoável? É de arrenegar? Farsância? 
Nome de ofensa?
– Vilta nenhuma, nenhum doesto. São ex-
pressões neutras, de outros usos ...
– Pois ... e o que é que é, em fala de pobre, 
linguagem de em dia de semana?
– Famigerado? Bem. É: “importante”, que 
merece louvor, respeito ..
ROSA, G. Famigerado. In: Primeiras estórias. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
Nesse texto, a associação de vocábulos da 
língua portuguesa a determinados dias da 
semana remete ao 
a) local de origem dos interlocutores. 
b) estado emocional dos interlocutores. 
c) grau de coloquialidade da comunicação. 
d) nível de intimidade entre os interlocutores. 
e) conhecimento compartilhado na comunica-
ção. 
24
 6 (Enem 2018) Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda nodosa que me pintou as costas de 
manchas sangrentas. Moído, virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes 
lanhos vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal – e houve uma 
discussão na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento da filha e esta afligiu-
-se. Irritada, ferira-me à toa, sem querer. Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó.
RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1998.
Num texto narrativo, a sequência dos fatos contribui para a progressão temática. No fragmento, 
esse processo é indicado 
a) pela a alternância das pessoas do discurso que determinam o foco narrativo. 
b) utilização de formas verbais que marcam tempos narrativos variados. 
c) indeterminação dos sujeitos de ações que caracterizam os eventos narrados. 
d) justaposição de frases que relacionam semanticamente os acontecimentos narrados. 
e) recorrência de expressões adverbiais que organizam temporalmente a narrativa. 
 7. (Enem 2018) A história do futebol é uma triste viagem do prazer ao dever. [...] O jogo se trans-
formou em espetáculo, com poucos protagonistas e muitos espectadores, futebol para olhar, e o 
espetáculo se transformou num dos negócios mais lucrativos do mundo, que não é organizado 
para ser jogado, mas para impedir que se jogue. A tecnocracia do esporte profissional foi impondo 
um futebol de pura velocidade e muita força, que renuncia à alegria, atrofia a fantasia e proíbe 
a ousadia. Por sorte ainda aparece nos campos, [...] algum atrevido que sai do roteiro e comete 
o disparate de driblar o time adversário inteirinho, além do juiz e do público das arquibancadas, 
pelo puro prazer do corpo que se lança na proibida aventura da liberdade.
GALEANO, E. Futebol ao sol e à sombra. Porto Alegre: L&PM Pockets, 1995 (adaptado).
O texto indica que as mudanças nas práticas corporais, especificamente no futebol, 
a) fomentaram uma tecnocracia, promovendo uma vivência mais lúdica e irreverente. 
b) promoveram o surgimento de atletas mais habilidosos, para que fossem inovadores. 
c) incentivaram a associação dessa manifestação à fruição, favorecendo o improviso. 
d) tornaram a modalidade em um produto a ser consumido, negando sua dimensão criativa. 
e) contribuíram para esse esporte ter mais jogadores, bem como acompanhado de torcedores. 
 8. (Enem 2018) É preciso não beber mais. Não é preciso sentir vontade de beber e não beber: é pre-
ciso não sentir vontade de beber. É preciso não dar de comer aos urubus. É preciso fechar para 
balanço e reabrir. É preciso não dar de comer aos urubus. Nem esperanças aos urubus. É preciso 
sacudir a poeira. É preciso poder beber sem se oferecer em holocausto. É preciso. É preciso não 
morrer por enquanto. É preciso sobreviver para verificar. Não pensar mais na solidão de Rogério, 
e deixá-lo. É preciso não dar de comer aos urubus. É preciso enquanto é tempo não morrer na via 
pública.
TORQUATO NETO. In: MENDONÇA, J. (Org.) Poesia (im)popular brasileira. São Bernardo do Campo: Lamparina Luminosa, 2012.
O processo de construção do texto formata uma mensagem por ele dimensionada, uma vez que 
a) configura o estreitamento da linguagem poética. 
b) reflete as lacunas da lucidez em desconstrução. 
c) projeta a persistência das emoções reprimidas. 
d) repercute a consciência da agonia antecipada. 
e) revela a fragmentação das relações humanas. 
 9. (Enem 2018) Eu sobrevivi do nada, do nada
Eu não existia
Não tinha uma existência
Não tinha uma matéria
Comecei existir com quinhentos milhões e quinhentos mil anos
Logo de uma vez, já velha
Eu não nasci criança, nasci já velha
Depois é que eu virei criança
E agora continuei velha
Me transformei novamente numa velha
Voltei ao que eu era, uma velha
PATROCÍNIO, S. In: MOSÉ, V. (Org.). Reino dos bichos e dos animais é meu nome.
Rio de Janeiro: Azougue, 2009.
25
Nesse poema de Stela do Patrocínio, a singularidade da expressão lírica manifesta-se na 
a) representação da infância, redimensionada no resgate da memória. 
b) associação de imagens desconexas, articuladas por uma fala delirante. 
c) expressão autobiográfica, fundada no relato de experiências de alteridade. 
d) incorporação de elementos fantásticos, explicitada por versos incoerentes. 
e) transgressão à razão, ecoada na desconstrução de referências temporais. 
 10. (Enem 2018) Ó Pátria amada.
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
— “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada.Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).
O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a) 
a) reverência de um povo a seu país. 
b) gênero solene de característica protocolar. 
c) canção concebida sem interferência da oralidade. 
d) escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa. 
e) artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro. 
 11.(Enem 2018) 
o que será que ela quer
essa mulher de vermelho
alguma coisa ela quer
pra ter posto esse vestido
não pode ser apenas
uma escolha casual
podia ser um amarelo
verde ou talvez azul
mas ela escolheu vermelho
ela sabe o que ela quer
e ela escolheu vestido
e ela é uma mulher
então com base nesses fatos
eu já posso afirmar
que conheço o seu desejo
caro watson, elementar:
o que ela quer sou euzinho
sou euzinho o que ela quer
só pode ser euzinho
o que mais podia ser
FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu lírico uma identidade que aqui repre-
senta a 
a) hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum. 
b) mudança de paradigmas de imagem atribuídos à mulher. 
c) tentativa de estabelecer preceitos da psicologia feminina. 
d) importância da correlação entre ações e efeitos causados. 
e) valorização da sensibilidade como característica de gênero. 
26
Gabarito
E.O.
 1. A onomatopeia é uma figura da retórica que, através de imitação ou reprodução, aproxima por 
semelhança o som de uma palavra à realidade que representa, seja o canto dos animais, o som dos 
instrumentos musicais ou o barulho que acompanha os fenômenos da natureza. “Retintim” ex-
pressa o ruído de objetos metálicos que se chocam entre si e contra a pedra, e “zoada”, o zumbido 
provocado pelas vozes e ruídos que vinham do cortiço. 
2. D 3. D 4. C 5. C 6. B
7. D 8. D 9. E 10. B 11. A
LITERATURAL C
LINGUAGENS
E CÓDIGOS
29
Sala
 1. (G1 - cftmg 2018)
Já desprezei, sou hoje desprezado,
Despojo sou, de quem triunfo hei sido,
E agora nos desdéns de aborrecido,
Desconto as ufanias de adorado.
O amor me incita a um perpétuo agrado,
O decoro me obriga a um justo olvido:
E não sei, no que emprendo, e no que lido,
Se triunfe o respeito, se o cuidado.
Porém vença o mais forte sentimento,
Perca o brio maior autoridade,
Que é menos o ludíbrio, que o tormento.
Quem quer, só do querer faça vaidade,
Que quem logra em amor entendimento,
Não tem outro capricho, que a vontade.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos de Gregório 
de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Em termos formais e temáticos, as principais 
características barrocas do soneto são, res-
pectivamente, 
a) a sintaxe rebuscada e o culto aos contrastes. 
b) o rigor métrico e a crítica ao sentimentalis-
mo. 
c) o vocabulário erudito e a reflexão sobre o 
amor. 
d) as rimas alternadas e o embate entre emoção 
e razão. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
À cidade da Bahia
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante.
LITERATURA
GREGÓRIO DE MATOS GUERRA, O BOCA DO INFERNO, E PADRE ANTÔNIO VIEIRA
LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
Matos, Gregório de. Poemas escolhidos. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2010. 
 2. (Ufjf-pism 3 2017) O poema de Gregório de 
Matos é uma crítica ao: 
a) renascimento cultural. 
b) mercantilismo. 
c) medievalismo. 
d) preconceito racial. 
e) aumento dos preços. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
A Christo S. N. Crucifica-
do estando o poeta na
última hora de sua vida.
Meu Deus que estais pendente em um ma-
deiro,
Em cuja lei protesto de viver
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro.
Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai, manso Cordeiro.
Mui grande é vosso amor e meu delito,
Porém pode ter fim todo pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.
Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.
MATOS, Gregório. In: AMADO, James (Org.) 
Obras Completas de Gregório de Matos. 
Salvador: Ed. Janaína, 1968. V. I, p. 47. 
30
 3. (Uefs 2017) Sobre as características do autor e do momento literário que ele representa encontra-
das no soneto, é correto afirmar:
I. O poema ilustra uma das razões de Gregório de Matos ter sido chamado de “Boca do Inferno”: 
a ousadia de criticar a igreja católica e o constante desafio dirigido a Deus, que, para provar a 
infinitude de seu amor, seria obrigado a perdoá-lo.
II. No poema, por força da iminência da morte, o poeta se expressa numa contrição de fé religiosa, 
com a admissão humilde da condição de pecador e a confiança de merecer a misericórdia de 
Deus, com o perdão de seus pecados.
III. Há, no poema, um jogo de ideias característico desse momento literário, que se expressa numa 
retórica de campos opostos: condição humana, pecado e punição, de um lado e, de outro, con-
dição divina, misericórdia e perdão.
IV. As expressões “vejo a minha vida anoitecer” (v. 6) e “manso Cordeiro.” (v. 8), além das contra-
dições entre “viver” (v. 2) e “morrer” (v. 3) bem como entre “ter fim” (v. 10) e “infinito” (v. 
11) revelam o uso de figuras de linguagem e de pensamento que caracterizam o Barroco.
V. Dentre as categorias que caracterizam o conjunto da obra de Gregório de Matos publicada pela 
Academia de Letras – Sacra, Lírica, Graciosa, Satírica e Ultima – este poema se insere na segun-
da categoria.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a 
a) I e II. 
b) II e IV. 
c) IV e V. 
d) II, III e IV. 
e) I, III e IV. 
 4. (Ufpr) O soneto “No fluxo e refluxo da maré encontra o poeta incentivo pra recordar seus males”, 
de Gregório de Matos, apresenta características marcantes do poeta e do período em que ele o es-
creveu:
Seis horas enche e outras tantas vaza
A maré pelas margens do Oceano,
E não larga a tarefa um ponto no ano,
Depois que o mar rodeia, o sol abrasa.
Desde a esfera primeira opaca, ou rasa
A Lua com impulso soberano
Engole o mar por um secreto cano,
E quando o mar vomita, o mundo arrasa.
Muda-se o tempo, e suas temperanças.
Até o céu se muda, a terra, os mares,
E tudo está sujeito a mil mudanças.
Só eu, que todo o fim de meus pesares
Eram de algum minguante as esperanças,
Nunca o minguante vi de meus azares.
De acordo com o poema, é correto afirmar: 
a) A temática barroca do desconcerto do mundo está representada no poema, uma vez que as coisas do 
mundo estão em desarmonia entre si. 
b) A transitoriedade das coisas terrenas está em oposição ao caráter imutável do sujeito, submetido a 
uma concepção fatalista do destino humano. 
c) A concepção de um mundo às avessas está figurada no soneto através da clara oposição entre o mar 
que tudo move e a lua imutável. 
d) A clareza empregada para exposição do tema reforça o ideal de simplicidade e bucolismo da poesia 
barroca, cujo lema fundamental era a aurea mediocritas. 
e) A sintonia entre a natureza e o eu poético embasa as personificações de objetos inanimados aliadas às 
hipérboles que descrevem o sujeito. 
31
 5. (Unisc) Assinale a alternativa incorreta. 
a) Haroldo de Campos, Augusto de Campos e 
Décio Pignatari são importantes poetas do 
Concretismo brasileiro. 
b) Tomás Antônio Gonzaga, autor de Cartas 
chilenas, é um dos mais importantes autores 
do Arcadismo brasileiro. 
c) Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu e Castro 
Alves são, respectivamente, poetas da pri-
meira, da segunda e da terceira geração do 
Romantismo brasileiro. 
d) A poesia barroca de Gregório de Matos Guer-
ra é composta exclusivamente de versos sa-
tíricos. 
e) A publicação de O mulato, de Aluísio Azeve-
do, em 1881, marca o início do Naturalismo 
no Brasil. 
32
E.O. 
 1. (G1 - ifsp) Leia o soneto abaixo, de Gregório 
de Matos Guerra, para responder à questão.
Fábio: que pouco entendes de finezas:
Quem faz só o que pode, a poucose obriga
Quem contra os impossíveis se fatiga,
a esse cede o Amor em mil 1ternezas.
Amor comete sempre altas empresas:
Pouco amor, muita sede não mitiga:
Quem impossíveis vence, esse é que instiga
vencer por ele muitas estranhezas.
As durezas da cera, o Sol abranda,
a da terra as branduras endurece:
Atrás do que resiste, o raio é que anda.
Quem vence a resistência, se enobrece:
Quem faz o que não pode, impera e manda:
Quem faz mais do que pode, esse merece.
1ternezas: ternuras
GUERRA, Gregório de Matos. A um namorado, que 
se presumia de obrar finezas. In: HOLANDA, Sérgio 
Buarque de. Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase 
Colonial. São Paulo: Perspectiva, 1979. p.65-66.
A leitura atenta do texto permite afirmar 
que 
a) se trata de soneto em versos decassílabos e 
que, portanto, escapa, em alguma medida, à 
forma e à temática do Barroco. 
b) a temática da mitologia clássica – Amor, ou 
Eros, presente nos dois primeiros quartetos 
– é o que caracteriza o soneto acima como 
Barroco. 
c) a recorrência do pronome “quem”, ao longo 
dos dois primeiros quartetos, que culmina 
na última estrofe, revela as contradições tí-
picas do Barroco. 
d) o fato de o eu lírico dirigir-se a “Fábio” e 
de fazer-lhe recomendações, na forma de 
soneto, assevera sua matriz contraditória e, 
portanto, barroca. 
e) a oposição entre fazer apenas o possível, de 
um lado, e fazer o impossível, de outro, con-
fere feição barroca ao poema, pontilhando-o 
de antíteses. 
 2. (Upe-ssa) Gregório de Matos, poeta baiano, 
que viveu no século XVI, produziu uma poe-
sia em que satiriza a sociedade de seu tem-
po. Execrado no passado por seus conterrâ-
neos, hoje é reconhecido como grande poeta, 
sendo, inclusive, sua poesia satírica fonte de 
pesquisa histórica.
Leia os poemas e analise as proposições a 
seguir:
Poema I
Triste Bahia! Oh quão dessemelhante
Estás, e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.
A ti tocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado
Tanto negócio, e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus, que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote
(Gregório de Matos)
Poema II
Horas contando, numerando instantes,
Os sentidos à dor, e à glória atentos,
Cuidados cobro, acuso pensamentos,
Ligeiros à esperança, ao mal constantes.
Quem partes concordou tão dissonantes?
Quem sustentou tão vários sentimentos?
Pois para a glória excedem de tormentos,
Para martírio ao bem são semelhantes.
O prazer com a pena se embaraça;
Porém quando um com outro mais porfia,
O gosto corre, a dor apenas passa.
Vai ao tempo alterando a fantesia,
Mas sempre com vantagem na desgraça,
Horas de inferno, instantes de alegria.
(Gregório de Matos)
I. Além de poeta satírico, o Boca do Inferno 
também cultivou a poesia lírica, compos-
ta por temas diversificados, pois nos le-
gou uma lírica amorosa, erótica e religio-
sa e até de reflexão sobre o sofrimento, a 
exemplo do poema II.
II. Considerado tanto poeta cultista quanto 
conceptista, o autor baiano revela cria-
tividade e capacidade de improvisar, se-
gundo comprovam os versos do poema I, 
em que realiza a crítica à situação eco-
nômica da Bahia, dirigida, na época, por 
Antônio Luís da Câmara Coutinho.
33
III. Em Triste Bahia, poema I, musicado por 
Caetano Veloso, Gregório de Matos identi-
fica-se com a cidade, ao relacionar a situ-
ação de decadência em que se encontram 
tanto ele quanto a cidade onde vive. O po-
ema abandona o tom de zombaria, atenu-
ando a sátira contundente para tornar-se 
um quase lamento.
IV. Os dois poemas são sonetos, forma fixa 
herdada do Classicismo, muito pouco uti-
lizada pelo poeta baiano, que desprezou 
a métrica rígida e criou poesia em versos 
brancos e livres.
V. Como poeta barroco, fez uso conscien-
te dos recursos estéticos reveladores do 
conflito do homem da época, como se faz 
presente na antítese que encerra o II po-
ema: “Horas de inferno, instantes de ale-
gria”.
Estão CORRETAS apenas 
a) I, II, III e V. 
b) I, II e IV. 
c) IV e V. 
d) I, III e IV. 
e) I, IV e V. 
 3. (Unicamp 2018) O trecho abaixo corres-
ponde à parte final do primeiro Sermão de 
Quarta-Feira de Cinza, pregado em 1672 pelo 
Padre Antonio Vieira.
“Em que cuidamos, e em que não cuidamos? 
Homens mortais, homens imortais, se to-
dos os dias podemos morrer, se cada dia nos 
imos chegando mais à morte, e ela a nós; não 
se acabe com este dia a memória da morte. 
Resolução, resolução uma vez, que sem reso-
lução nada se faz. E para que esta resolução 
dure, e não seja como outras, tomemos cada 
dia uma hora em que cuidemos bem naquela 
hora. De vinte e quatro horas que tem o dia, 
por que se não dará uma hora à triste alma? 
Esta é a melhor devoção e mais útil penitên-
cia, e mais agradável a Deus, que podeis fa-
zer nesta Quaresma. (...) Torno a dizer para 
que vos fique na memória: Quanto tenho vi-
vido? Como vivi? Quanto posso viver? Como 
é bem que viva? Memento homo.”
(Antonio Vieira, Sermões de Quarta-Feira de Cinza. 
Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2016, p.102.)
a) Levando em conta o trecho acima e o pro-
pósito argumentativo do Sermão, explique 
por que, segundo Vieira, se deve preservar 
“a memória da morte”.
b) Considere as perguntas presentes no trecho 
acima e explique sua função para a mensa-
gem final do Sermão. 
 4. (Espcex (Aman) 2018) “Se gostas de afeta-
ção e pompa de palavras e do estilo que cha-
mam culto, não me leias. Quando esse estilo 
florescia, nasceram as primeiras verduras do 
meu; mas valeu-me tanto sempre a clareza, 
que só porque me entendiam comecei a ser 
ouvido. (...) Esse desventurado estilo que 
hoje se usa, os que querem honrar chamam-
-lhe culto, os que o condenam chamam-lhe 
escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. 
O estilo culto não é escuro, é negro (...) e 
muito cerrado. É possível que somos portu-
gueses e havemos de ouvir um pregador em 
português e não havemos de entender o que 
diz?!”
Padre Antônio Vieira, nesse trecho, faz uma 
crítica ao estilo barroco conhecido como 
a) conceptismo, por ser marcado pelo jogo de 
ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio 
lógico. 
b) quevedismo, por utilizar-se de uma retórica 
aprimorada, a exemplo de seu principal cul-
tor: Quevedo. 
c) antropocentrismo, caracterizado por mostrar 
o homem, culto e inteligente, como centro 
do universo. 
d) gongorismo, ao caracterizar-se por uma lin-
guagem rebuscada, culta e extravagante. 
e) teocentrismo, caracterizado por padres es-
critores que dominaram a literatura seiscen-
tista. 
 5. (Ufrgs 2018) Leia o segmento abaixo, re-
tirado do Sermão da Sexagésima, de Padre 
Antônio Vieira, e assinale a alternativa que 
preenche corretamente a lacuna.
Supostas estas duas demonstrações; suposto 
que o fruto e efeitos da palavra de Deus, não 
fica, nem por parte de Deus, nem por par-
te dos ouvintes, segue-se por consequência 
clara que fica por parte do pregador. E assim 
é. Sabeis, cristãos, por que não faz fruto a 
palavra de Deus? Por culpa dos pregadores. 
Sabeis, pregadores, por que não faz fruto a 
palavra de Deus? Por culpa nossa. [...] Mas 
como em um pregador há tantas qualidades, 
e em uma pregação tantas leis, e os prega-
dores podem ser culpados em todas, em qual 
consistirá esta culpa? No pregador podem-se 
considerar cinco circunstâncias: __________. 
a) a pessoa, a ciência, o Evangelho, a oratória, 
os cânticos 
b) Deus, a fé, a matéria, o estilo, a voz 
c) Deus, a fé, o Evangelho, a oratória, os cânti-
cos 
d) a pessoa, a fé, o Evangelho, o estilo, os cân-
ticos 
e) a pessoa, a ciência, a matéria, o estilo, a voz 
34
 6. (Ufrgs 2017) Assinale a alternativa correta 
sobre o Sermão do bom sucesso das armas e 
o Sermão de Santo Antônio, do padre Antô-
nio Vieira.
a) No Sermão do bom sucesso das armas, o ora-dor constrói argumentos para desqualificar 
o interlocutor e, então, provar seu erro em 
proteger os holandeses. 
b) No Sermão de Santo Antônio, o orador diri-
ge-se aos peixes, a fim de destacar suas vir-
tudes, inexistentes nos homens. 
c) No Sermão do bom sucesso das armas, o 
orador simula uma interpelação a Deus para 
conclamar os maranhenses a lutarem contra 
os holandeses. 
d) No Sermão de Santo Antônio, o orador, si-
mulando dirigir-se aos peixes, repreende, 
entre outras coisas, a tendência dos homens 
a se entredevorarem. 
e) No Sermão do bom sucesso das armas, o ora-
dor simula a vitória dos holandeses, a fim 
de destacar a necessidade de os brasileiros 
abandonarem seus pecados. 
 7. (Ufrgs) Leia as seguintes afirmações sobre 
o Sermão de Santo Antônio aos peixes, de 
Padre Antônio Vieira.
I. O Sermão apresenta a estratégia de se 
dirigir aos peixes, e não aos homens, es-
tendendo o alcance crítico à conduta dos 
colonos maranhenses.
II. O Sermão apresenta elogios aos grandes 
pregadores, através de passagens do Novo 
Testamento.
III. A sardinha é eleita o símbolo do verda-
deiro cristão, por ter sido o peixe multi-
plicado por Jesus.
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas I e III. 
d) Apenas II e III. 
e) I, II e III. 
 8. (Enem PPL) Sermão da Sexagésima
Nunca na Igreja de Deus houve tantas prega-
ções, nem tantos pregadores como hoje. Pois 
se tanto se semeia a palavra de Deus, como 
é tão pouco o fruto? Não há um homem que 
em um sermão entre em si e se resolva, não 
há um moço que se arrependa, não há um 
velho que se desengane. Que é isto? Assim 
como Deus não é hoje menos onipotente, as-
sim a sua palavra não é hoje menos poderosa 
do que dantes era. Pois se a palavra de Deus 
é tão poderosa; se a palavra de Deus tem 
hoje tantos pregadores, por que não vemos 
hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, 
tão grande e tão importante dúvida, será a 
matéria do sermão. Quero começar pregan-
do-me a mim. A mim será, e também a vós; 
a mim, para aprender a pregar; a vós, que 
aprendais a ouvir.
VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2. 
São Paulo: Edameris, 1965.
No Sermão da sexagésima, padre Antônio 
Vieira questiona a eficácia das pregações. 
Para tanto, apresenta como estratégia dis-
cursiva sucessivas interrogações, as quais 
têm por objetivo principal 
a) provocar a necessidade e o interesse dos fi-
éis sobre o conteúdo que será abordado no 
sermão. 
b) conduzir o interlocutor à sua própria refle-
xão sobre os temas abordados nas pregações. 
c) apresentar questionamentos para os quais a 
Igreja não possui respostas. 
d) inserir argumentos à tese defendida pelo 
pregador sobre a eficácia das pregações. 
e) questionar a importância das pregações fei-
tas pela Igreja durante os sermões. 
 9. (Ufpe) Os movimentos ou tendências literá-
rias que surgiam na Europa letrada alcança-
ram o Brasil através dos colonizadores por-
tugueses e tiveram nomes que se destacaram 
no continente americano. A esse propósito, 
analise as afirmações a seguir. 
( ) No século XVII, o Barroco procurava, atra-
vés da ênfase na religiosidade, solucionar 
os dilemas humanos. Esse movimento foi 
introduzido no Brasil pelos jesuítas, sen-
do seu representante capital Padre Antô-
nio Vieira, cuja obra – Sermões – consti-
tui um mundo rico e contraditório. 
( ) No século XVIII, floresceu o Arcadismo 
em Minas Gerais, Vila Rica. Com o esta-
belecimento de relações sociais mais con-
centradas, formou-se um público leitor, 
elemento importante para o desenvolvi-
mento de uma literatura nacional. Entre 
o grupo de literatos, destaca-se Tomás 
Antônio Gonzaga, autor da obra lírica 
Marília de Dirceu. 
( ) O Naturalismo surgiu no século XIX, ten-
do sido, no Brasil, contemporâneo da 
Abolição e da República. O Mulato, de 
Aluísio de Azevedo, foi o primeiro ro-
mance naturalista brasileiro e o primeiro 
a abordar, de forma crítica, o racismo, o 
reacionarismo clerical e a estreiteza do 
universo provinciano no país. 
35
( ) A oscilação entre imobilismo econômico 
e modernização, na sociedade brasileira, 
foi absorvida pela produção literária, o 
que marcou os vinte primeiros anos do 
século XX. Tendo em Olavo Bilac seu prin-
cipal autor, o Parnasianismo procurou 
corresponder ao Realismo/Naturalismo 
na prosa e adotou, como lema, a objetivi-
dade e impessoalidade no tratamento dos 
temas sociais. 
( ) O chamado Romance de 30 aprofundou-
-se de forma pessimista nas contradições 
da sociedade brasileira; no entanto, al-
guns de seus autores foram politicamen-
te contraditórios. Graciliano Ramos, por 
exemplo, tenta descrever a realidade a 
partir da visão dos camponeses, como em 
Vidas Secas, mas justifica e aceita o sis-
tema da propriedade rural, como em São 
Bernardo. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
JUÍZO ANATÔMICO DOS ACHAQUES QUE PA-
DECIA O CORPO DA REPÚBLICA EM TODOS OS 
MEMBROS, E INTEIRA DEFINIÇÃO DO QUE EM 
TODOS OS TEMPOS É A BAHIA
Que falta nesta cidade?... Verdade
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
por mais que fama a exalta,
numa cidade onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.
[...]
Quais são seus doces objetos?... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?... Mestiços.
Quais destes lhes são mais gratos?... Mula-
tos.
Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao Demo o povo asnal,
Que estima por cabedal,
Pretos, Mestiços, Mulatos.
[...]
E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?... Injusta.
Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça,
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.
Que vai pela clerezia?... Simonia.
E pelos membros da Igreja?... Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?... Unha.
Sazonada caramunha,
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, Inveja e Unha.
E nos frades há manqueiras?... Freiras.
Em que ocupam os serões?... Sermões.
Não se ocupam em disputas?... Putas.
Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São Freiras, Sermões e Putas.
O açúcar já se acabou?... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?... Subiu.
Logo já convalesceu?... Morreu.
À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal lhe cresce,
Baixou, Subiu e Morreu.
[...]
In: SPINA, Segismundo. A poesia de Gregório de 
Matos. São Paulo: Edusp, 1995, p. 231-4. 
 10. (G1 - cftmg) Em sua constituição, o poema 
marca-se pela(o): 
a) regularidade formal. 
b) jogo conceptista de ideias. 
c) uso de linguagem culta e elevada. 
d) argumentação antitética e paradoxal. 
36
Gabarito
E.O.
1. E 2. A 
 3. 
a) No “Sermão da Quarta-feira de Cinzas”, 
Padre Antonio Vieira propõe que os seres 
humanos devem recordar da morte, por-
que a cada dia se aproximam mais dela e, 
consequentemente, do julgamento divi-
no, como afirma no início deste sermão: 
“Memento homo, quia pulvis es, et in 
pulverem reverentis”, ou seja, “Lembra-
-te homem, és pó e ao pó retornarás”. 
Dessa forma, argumenta, por meio do 
conceptismo, a respeito da consciência da 
morte para gerar a reflexão sobre as ações 
realizadas durante a vida terrena em prol 
de se alcançar a vida eterna. No excerto 
extraído do sermão, Vieira propõe neste 
sermão de Quaresma, portanto, o cuidado 
e atenção do cristão com o estado de sua 
alma e com sua preparação para alcançar 
o Paraíso, como pode-se evidenciar, por 
meio dos versos: “De vinte e quatro ho-
ras que tem o dia, / por que se não dará 
uma hora à triste alma? / Esta é a melhor 
devoção e mais útil penitência, / e mais 
agradável a Deus, que podeis fazer nesta 
Quaresma.”. 
b) As perguntas presentes no final do tre-
cho extraído do Sermão da Quarta-feira 
de Cinzas, de Padre Antônio Vieira, são 
retóricas, já que têm como objetivo ge-
rar a reflexão sobre a hora da morte e, 
consequentemente, o momento em que 
as ações realizadas na vida terrena serão 
cobradas. Dessa forma, as perguntas di-
recionam o devoto cristão a seguir

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