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Semiologia→ Uncisal → MED 52 → Beatriz Gonçalves Luciano Exame Físico Neurológico Principais aspectos avaliados: 1) INSPEÇÃO (ECTOSCOPIA): A inspeção geral é parte integrante e comum de todo exame físico, onde se observa o paciente como um todo; desde a postura e a facie, até se o paciente apresenta higiene adequada e suas vestimentas. A partir de anormalidades à inspeção, o examinador prestará mais atenção e fará com mais cuidado o restante do exame neurológico, direcionado para um possível diagnóstico. POSSÍVEIS ALTERAÇÕES:______________________ → Lesões nos nervos periféricos: Ex: mão em garra (n. ulnar); mão em bênção (n. mediano); queda do punho (n.radial); queda do pé (n. fibular comum e marchas. → Tremores: - De repouso: sugere parkinsionismo ( Doença de Parkinson, parkinsionismo por fármacos…); - Postural (precipitado ao manter o membro em determinada posição): comum e benigno; - De intenção (Precipitado por movimento): sugere síndrome cerebelar. → Discinesia e acinesia: presente em algumas condições. com destaque para Doença de Parkinson. → Tiques (movimentos estereotipados, breves e repetitivos): podem ser isolados ou associados à Síndrome de Tourette, TOC E TDAH. → Acatisi: (impossibilidade de se manter em uma postura sentada, quieta): pode se dever ao uso de antipsicóticos ou doenças psiquiátricas. → Distonia (movimentos de contorção repetitivos): secundária a fármacos, como levodopa (L-dopa, usado no tratamento de Doença de Parkinson). → Coreia (movimento abrupto, imotivado, semelhante a uma dança) as principais causas são a febre reumática e a doença de Huntington. → Atetose: semelhante à coreia, porém mais amplo e lento, tendo as mesmas causas. → Flapping (movimento involuntário das mãos, semelhante ao bater de asas): associado à encefalopatia hepática ou encefalopatias metabólicas em geral. FÁCEIS:______________________________________ Algumas fácies são características de doenças neurológicas. Fácies em machadinha: caraterísticas da distrofia muscular de Steinert. Fácies mongoloide: olho oblíquo e distante um do outro, rosto redondo e boa sempre entreaberta. Característica da síndrome de Down. Fácies pregueado do sofredor: característica da cefaleia em salvas, composta por expressão de dor e olheiras. Fácies acromegálica: com extremidades aumentadas (associada ao aumento do hormônio do crescimento). Fácies Parkinsoniana: caracterizada por hipomimia (reduzida expressividade), olhar fixo, pele oleosa e fronte enrugada Fácies Leonina: caracterizada pela madarose (perda dos cílios e/ou sobrancelhas), nariz espesso e largo, bochechas e mentos com nódulos e surgimento de pregas cutâneas. Característica da Hanseníase. Fácies Renal: caracterizada por edema ao redor dos olhos (predominante no período da manhã) e palidez comum. Comum em Síndrome Nefrótica e Glomerulonefrite Difusa Aguda. Semiologia→ Uncisal → MED 52 → Beatriz Gonçalves Luciano Fácies Hipocrática: olhos fundos, parados e inexpressivos, afilamento do nariz e lábios adelgaçados. Comum em Doença de Graves. Fácies Basedowiana: caracterizada por exoftalmia, olhos brilhantes, rosto magro e aspecto de espanto e ansiedade. Comum em Hipertireoidismo. Fácies Cushingóide: apresenta arredondamento do rosto e bochechas avermelhadas. Comum em pacientes que fazem uso prolongado de corticoides e em Síndrome de Cushing. Fácies Miastênica: caracterizada pela ptose palpebral (geralmente bilateral). Característica da Miastenia Grave. Fácies paralítica: característica da paralisia do nervo facial, podendo ser central - quando há paralisia apenas no quadrante inferior de um lado da face - ou periférica - quando há paralisia nos quadrantes inferior e superior de um lado da face. 2) COLUNA (CERVICAL E LOMBAR): PESCOÇO E COLUNA CERVICAL: ________________ Precisa-se avaliar: - Limitação de movimentos; - Rigidez de nuca (associada da meningite). Sinal de Brudzinski: ao realizar a flexão do pescoço do paciente, as pernas são levantadas, levando ao diagnóstico de meningite ou hemorragia subaracnoidea. COLUNA LOMBOSSACRAL:_____________________ Precisa-se avaliar: - Limitação de movimentos; - Estiramento de raíz nervosa. Sinal de Lesègue: com o paciente deitado, há dor ao levantar a pena acima de 30º. Sinal de Kernig: ao estender passivamente o joelho com as coxas fletidas, o paciente apresenta dor intensa. Obs: Os sinais de Kernig, Lasègue e Brudzinski são chamados de Sinais Meníngeos, pela sua utilidade para detectar irritações meníngeas (meningite ou hemorragia subaracnoide). 3) EQUILÍBRIO ESTÁTICO: A manutenção do equilíbrio depende de três fatores: visão, sistema vestibular e a propriocepção. É necessária a integridade de pelo menos dois dos três fatores citados para a manutenção do equilíbrio. Assim, ao “tirarmos” a visão do paciente, só lhe restam o aparelho vestibular e a propriocepção. E é nisso que se baseia o Teste de Romberg. TESTE DE ROMBERG: coloca-se o paciente, de pé, com os pés juntos, de preferência descalços e braços ao lado do corpo, observando-se a tendência de queda do Semiologia→ Uncisal → MED 52 → Beatriz Gonçalves Luciano paciente. Após 30 segundos, pede-se para o paciente fechar os olhos e observa-se novamente a tendência de queda Não toque no paciente, mas esteja pronto para protegê-lo de uma queda. Você pode sensibilizar o teste tocando nas costas do paciente ou pedindo para que ele coloque um pé atrás do outro. O Sinal de Romberg é positivo quando a capacidade de o paciente ficar em pé piora quando se fecha os olhos. Alterações: - Déficit Proprioceptivo: paciente cai assim que fecha os olhos. - Vestibulopatias: paciente cai alguns segundos após fechar os olhos (a queda é para o lado lesado). - Cerebelopatias: não apresenta Sinal de Romberg porque o paciente já apresenta dificuldade ao juntar os pés (possui base alargada) e essa dificuldade não aumenta ao fechar os olhos, salvo se houver comprometimentos vestibular ou proprioceptivo concomitante. - Ataxia frontal: não apresentam Sinal de Romberg, mas possuem uma postura estática de coluna inclinada para frente e nuca fletida. PULL TEST: o médico examinador fica de pé atrás do paciente , dando um puxão firme e súbito nos ombros deste. Avisada de antemão, uma pessoa pode recuperar o equilíbrio com até 2 passos, sendo, geralmente, anormal em pacientes com Doença de Parkinson. O examinador deve estar sempre preparado para segurar o paciente ao realizar este teste, caso contrário, uma pessoa que tenha perdido os reflexos posturais, pode cair. 4) EQUILÍBRIO DINÂMICO (MARCHA): Para analisar a marcha do paciente, já comece a observá-la nos máximos padrões possíveis assim que o paciente entra no recinto onde será examinado. Peça para o paciente caminhar até um determinado ponto (6 metros), em linha reta, e retorne até você, preferencialmente descalço. TANDEM GAIT: o paciente caminha dez passos pé ante pé. Além de avaliar a marcha, avalia o equilíbrio do indivíduo caminhando em base estreita. É percebida alteração quando há mais de dois passos laterais quando se executa a tarefa. *Obs: Observar os tendões do paciente enquanto caminha. Se houver uma “dança dos tendões”, é uma característica de lesão cerebelar. Possíveis alterações na marcha: → M. Hemiplégica/Ceifante: o paciente inicia sua marcha apenas com o membro não afetado, só avançando com o lado são, servindo o membro parético apenas como apoio. Caminha sem fletir o joelho ou tornozelo, arrastando a perna afetada em arco. Essa marcha é típica da hemiparesia da lesão piramidal (lesão do 1º neurônio motor). *Obs: Postura de Wernicke-mann: consiste em hipertonia do hemicorpo contralateral à lesão vascular com predileção pelos músculos flexores do membro superior eextensores do membro inferior - o paciente apresenta o MS flexionado e marcha ceifante/hemiplégica. É a postura típica do pós-AVE no território da artéria cerebral média. → M. Escarvante/Parética: um pé parece estar caído e sua ponta é “arrastada”, tocando no chão. É típica da lesão do 2º neurônio motor e em lesões do n. fibular profundo. → M, Atáxica Sensitiva ou Tabética: paciente bate os pés violentamente no chão. Típica das lesões da medula posterior (déficit de propriocepção),como a sífilis tabética. → M. Atáxica Cerebelar: paciente anda de pernas abertas, buscando equilíbrio. Típica de Síndrome cerebelar. → M. apráxica: dificuldade para iniciar a marcha, como se os pés estivessem colados no chão. Pode ser encontrada na hidrocefalia normobárica. → M. Parkinsoniana: paciente anda com o corpo semifletido para frente (camptocormia), em passos curtos, com tremor nas mãos e dificuldade de mudar de direção (dá a volta “em bloco”), podendo ter dificuldade de iniciar a marcha. → M. Claudicante: paciente manca para um dos lados ao andar. Típica da insuficiência arterial periférica e das lesões do aparelho locomotor. → M. Cerebelar/ Ebriosa: paciente apresenta uma base alargada, com passos irregulares, oscilantes e rápidos, um exemplo de marcha “anárquica”. → Miopática: caracterizada por fraqueza nas musculaturas proximais, provocando hipertrofia acentuada do tríceps sural e lordose do tronco. Em crianças, é bastante associada à Distrofia Muscular Duchenne. Também é chamada de Marcha de Semiologia→ Uncisal → MED 52 → Beatriz Gonçalves Luciano Trendelenburg quando associada à lesão do n. glúteo superior. → Bipiramidal: caracterizada pelo movimento excessivo dos músculos adutores, o que lhe confere o nome de marcha em tesoura. Ocorre em lesões bilaterais do trato piramidal. 5) FORÇA MUSCULAR: Deve-se examinar os principais grupos musculares, orientando o paciente a executar um movimento contra resistência, sempre comparando um músculo com o seu oposto. É avaliada e graduada conforme uma tabela que vai de 0 a 5, onde 0 é a força muscular mínima e 5 é a máxima. Sugere-se o seguinte roteiro mínimo para o exame contra a resistência: → Segmento cefálico: flexão, extensão, flexão lateral e rotação do pescoço; → Segmento braquial: abdução e adução do ombro, flexão e extensão do antebraço, flexão e extensão do punho, preensão palmar e abdução dos dedos; → Segmento crural: flexão e extensão da coxa, da perna, do pé e do hálux. Caso haja alguma dúvida sobre a força muscular dos membros deve-se realizar as manobras deficitárias. MANOBRAS DEFICITÁRIAS:_____________________ Manobra dos braços estendidos: consiste em deixar o paciente com os membros superiores suspensos em posição supina, com os dedos separados por 30 segundos. A primeira alteração evidenciada é a adução do dedo mínimo, seguida pela pronação do antebraço (Sinal de Barré) e, por fim, o braço com a paresia cai. Manobra de Raimiste: com o paciente em decúbito dorsal, solicite a ele que flexione os antebraços a 90º, mantendo as palmas voltadas uma para outra sem se encostarem por 30 segundos. Do lado parético, ocorrerá gradual queda, primeiro dos dedos, seguidos por mão e antebraço. Manobra de Mingazzini: com o paciente em decúbito dorsal. peça ao paciente que ele flexione os joelhos e o quadril a 90º e se mantenha assim por 30 segundos. Ocorrerá queda gradual da perna parética. Manobra de Barré: com o paciente em decúbito ventral, peça que ele flexione as pernas a 45º, mantendo-se assim por 30 segundos. Haverá gradual queda da perna parética. 6) TÔNUS MUSCULAR: Examina-se o tônus muscular com o paciente em decúbito dorsal e estando o mais tranquilo possível (um paciente tens ou apreensivo pode apresentar resistência voluntária ou involuntária, o que pode simular aumento do tônus). A avaliação do tônus muscular envolve três itens básicos: inspeção palpação e movimentação passiva. ALTERAÇÕES ________________________________ Hipotonia: é a redução do tônus muscular. É indicativa de doenças do Sistema Nervoso Periférico, desde colunas anteriores da medula (neuronopatia motora, poliomielite), passando pelos nervos periféricos (neuropatias sensitivas, motoras ou mistas), indo até o músculo (miopatia congênita), ou pelo comprometimento das vias proprioceptivas (tabes dorsalis), podendo ocorrer também em casos de lesões que comprometam o cerebelo (atrofias cerebelares) e gânglios basais (coreia mole). Hipertonia: é o aumento do tônus muscular. Ocorre em virtude da ausência do controle exercido pelas vias piramidal e extrapiramidal sobre as colunas anteriores da medula. E pode expressar-se, basicamente de duas formas: → Hipertonia Elástica/Espástica: - A lesão é na via piramidal; - Exagera-se no movimento ativo e abranda-se no repouso; - Oferece grau variável de resistência à movimentação passiva, tal qual a lâmina de um canivete (Sinal de Canivete); - Quase sempre acompanhada de exaltação dos reflexos miotáticos. → Hipertonia Plástica: - A lesão é na via extrapiramidal; - Abranda-se nos movimentos ativos e exacerba-se no repouso; - Intercala resistência e facilitação à realização da movimentação passiva, tal qual alavancas e engrenagens (Sinal da Roda Dentada). - Semiologia→ Uncisal → MED 52 → Beatriz Gonçalves Luciano 7) COORDENAÇÃO: O cerebelo é o órgão responsável pela sinergia e pela coordenação dos movimentos. Nos testes de coordenação recorremos às provas da função cerebelar que envolvem os membros superiores e inferiores, assim como o tronco. TESTES DE COORDENAÇÃO: ____________________ Prova dedo-nariz ou dedo -orelha: solicite que o paciente abra os braços e toque a ponta do nariz (ou lóbulo da orelha) com o indicador e repita a manobra com os olhos fechados. Alterações: - Cerebelopatias: paciente passa do nariz, independente que estar com os olhos fechados. - Perda sensitiva profunda: paciente comete erros de direção com os olhos fechados. Prova calcanhar-joelho: solicite que o paciente deslize o calcanhar de um membro sobre a outra perna até o pé e repita a manobra com os olhos fechados. Alterações: - Cerebelopatias: paciente não consegue realizar o teste. - Perda sensitiva profunda: paciente sente dificuldade com os olhos fechados. Teste de diadococinesia: oriente o paciente sentado a fazer movimentos alternados de pronação e supinação das mãos, aumentado progressivamente a velocidade dos movimentos. Se o paciente fizer normalmente, chama-se eudiadococinesia, se for alterado, chama-se disdiadococinesia e se o paciente não conseguir fazer, chama-se adiadococinesia. 8) REFLEXOS: Podem ser categorizados em dois grupos musculares ou profundos e cutaneomucosos ou superficiais. REFLEXOS PROFUNDOS _______________________ São manifestações fásicas do reflexo miotático de tração, essencialmente baseados na percussão tendinosa. → Extremidades superiores: Reflexo Bicipital: o golpe é realizado do tendão do bíceps braquial, com o antebraço pronado, que se flete e supina. Avalia o n. musculocutâneo. Reflexo Triciptal: a percussão é feita acima do olécrano e o antebraço sofre extensão. Avalia o n. radial. Reflexo braquiorradial /supinador: a percussão é feita no processo estilóide do rádio, provocando a flexão com supinação do antebraço. Avalia o n.radial. Reflexo pronador:a percussão é feita no processo estilóide da ulna, avaliando-se o n. mediano. Obs: Método de percussão no ligamento transversal do carpo: mantendo-se a mão do examinado relaxada sobre a mão do examinador, percute-se com martelo de reflexos o ligamento transversal carpiano. A resposta positiva é tida quando há flexão das falanges distais dos dedos. *O teste é doloroso em pacientes com Síndrome do túneldo carpo. → Tronco: Reflexo abdominal profundo: avalia de T6-T12 (L2-L4 havendo concomitante retração dos adutores da coxa). É feito pela percussão sobre um dedo, inserido na cicatriz abdominal, resultando no deslocamento da linha alba e da cicatriz abdominal. → Extremidades inferiores: Reflexo patelar: a percussão é feita no tendão abaixo da patela. Avalia o n. femoral. Reflexo dos adutores: a percussão é realizada no côndilo medial do fêmur. Avalia o n. obturatório. Reflexo aquileu: a percussão é feita no tendão calcâneo, resultando na flexão plantar. Avalia o n. tibial. Semiologia→ Uncisal → MED 52 → Beatriz Gonçalves Luciano REFLEXOS SUPERFICIAIS ______________________ → Extremidades superiores: Reflexo palmar: reflexo primitivo da preensão em neonatos. Avalia a integridade de C6-T1. Reflexo do palmomentoniano: pela contração do mento e de uma porção do músculo orbicular da boca em resposta a um estímulo cutâneo (atrito). → Tronco: Reflexo cutâneo abdominal: estimulação mecânica da pele do abdome, por toque leve ou atrito centrífugo ou centrípeto, promove a contração visível dos músculos abdominais, resultando no desvio lateral do umbigo e da linha alba. → Extremidades inferiores: Reflexo cremastérico: consiste na contração do músculo cremáster ao se estimular a coxa (sexo masculino). Reflexo de Geigel: consiste na contração dos grandes lábios ao se estimular a coxa. Reflexo cutaneoplantar: o estímulo plantar, com um objeto de ponta romba, provoca a flexão plantar do pé, do hálux e dos demais dedos. Sinal de Babinski: ao estímulo plantar há uma extensão e abertura dos dedos em leque. Típico de síndromes piramidais (lesão do 1º neurônio motor). Sucedâneos de Babinski: são sinais que possuem o mesmo valor semiológico, ou seja, causam extensão e abertura dos dedos em leque, indicando as mesmas lesões. São eles: - Chaddock: estímulo abaixo do maléolo lateral; - Gordon: compressão da panturrilha; - Oppenheim: compressão sobre a crista da tíbia; - Scheifer: compressão do tendão de Aquiles; - Austregésilo-Esposel: compressão da face anterior distal da coxa. 9) SENSIBILIDADE: SENSIBILIDADE SUPERFICIAL __________________ - Tátil → algodão e pincel; - Dolorosa (nocicepção) → estilete fino e agulha; - Térmica (termocepção) → tubos com água quente e gelada. SENSIBILIDADE PROFUNDA ____________________ - Vibratória (palestesia) → diz respeito a capacidade de sentir vibrações. Há o uso do diapasão em eminências ósseas (espinha ilíaca, calcâneo, cotovelo); - Barestésica (pressão) → comprimir grupamentos musculares e pedir que o paciente localize-o. - Propriocepção → movimente o hálux do paciente para cima e para baixo, perguntando a ele (de olhos fechados) a posição dos dedos. SENSIBILIDADE DISCRIMINATIVA ________________ - Estereognosia → entregar ao paciente um objeto simples (ex.: caneta, bola) para que ele o reconheça, de olhos fechados, pelo tato. - Grafestesia → desenhar um número grande na palma da mão do paciente e pedir para ele o identifique. Obs: Através desses exames e dos dermátomos acometidos, pode-se identificar a topografia da lesão (em que local da medula ela está). 10) NERVOS CRANIANOS: São 12 pares de nervos que emergem do encéfalo para inervar estruturas da cabeça, pescoço e vísceras de todo o corpo. Nervo olfatório: é o responsável pela olfação. Seu exame consiste em apresentar odores diferentes ao paciente para verificar sua capacidade de senti-los. Obs: - Normosmia: capacidade normal do n. olfatório; - Hiposmia: capacidade reduzida do n. olfatório; - Anosmia: perda total do olfato; - Cacosmia: sensação de odores fétidos sem estímulos fétidos; - Disosmia: percepção alterada de odores. Semiologia→ Uncisal → MED 52 → Beatriz Gonçalves Luciano Nervo óptico: é o responsável por transmitir informações visuais. Seu exame inclui a acuidade visual, a campimetria, a fundoscopia, além de reflexos mediados por ele. → Acuidade visual: representa a clareza e a nitidez com que enxergamos e é dada pela capacidade de distinguir entre dois pontos. Para melhor compreensão, compare a letra ‘c’ e a letra ‘o’. Se houver queda da acuidade visual e o paciente não perceber a distância entre os extremos da letra c, esta poderá ser lida como letra o. → Campimetria: consiste na avaliação da extensão do campo visual, realizada com um estilete e uma pequena esfera, avaliando quando ele é capaz de identificar a cor daquela esfera. Lesões em vias ópticas interferem diretamente no campo visual. → Fundoscopia: oftalmoscopia ou exame de fundo de olho é o exame em que se visualizam as estruturas do segmento posterior do olho (cabeça do nervo óptico, retina, vasos retinianos e coróide), dando atenção especialmente a região central da retina, denominada mácula. Alterações no campo visual: A figura acima representa o “caminho” que a imagem percorre da retina até o córtex visual (lobo occipital). Os neurônios que formam o nervo óptico recebem o estímulo sensorial (energia luminosa) e deixam o globo ocular. Algumas dessas fibras cruzam no quiasma óptico e, indo formar o trato óptico contralateral, enquanto outras não cruzam e servem para formar o trato óptico ipsilateral. Observe na figura que as fibras que vêm da porção nasal da retina são as que cruzam no quiasma óptico. E são essas fibras que são responsáveis pelo campo visual temporal. Nervos oculomotor, troclear e abducente: esses nervos (3º, 4 e 6º) controlam a movimentação ocular e são avaliados em conjunto. → Seis são os mm. extrínsecos do olho: O exame da musculatura do globo ocular é realizado pedindo para que o paciente, mantendo a cabeça fixa, siga apenas com o olhar o seu dedo, informando quando não estiver vendo (movimentar o dedo em seis direções em forma de H). → Lesões encontradas: - N. oculomotor: ptose palpebral e desvio para baixo e para lateral (estrabismo divergente); - N. troclear: há paralisia do m. oblíquo superior que resulta em diplopia. - N. abducente: há paralisia do m. reto lateral, gerando adução do olho (estrabismo convergente). → Testes apenas para o 3º par: - Reflexo fotomotor: ao iluminar diretamente um olho, ambos sofrem miose (contração) → a via aferente é o 2º par (óptico) e a via eferente é o 3º par (oculomotor). - Reflexo de acomodação: ao pedir que o paciente fixe os olhos a um ponto distante de si e rapidamente pedir que olhe para o seu dedo se aproximando do nariz, há convergência e contração do músculo tensionando o cristalino o que é acompanhado de miose pupilar. Nervo Trigêmio: é responsável pela somestesia da face e das mucosas nasal e oral. Possui três ramos: oftálmico, maxilar e mandibular. → Seu exame avalia: - Sensibilidade da face: com um pincel ou objeto de ponta romba tocar a face nas regiões referentes aos três ramos sensitivos do 5º par), comparando a sensação entre cada região com a contralateral. - Reflexo corneopalpebral: ao se tocar a córnea, há o reflexo para piscar. - Musculatura da mastigação: deve abrir e fechar contra a resistência. Nervo Facial: inerva sensitivamente os ⅔ anteriores da língua e parte do meato acústico, além de fazer a inervação motora dos músculos da mímica facial. → Paralisia Facial: o diagnóstico de paralisia facial pode ser feito já na inspeção. É importante buscar assimetria facial e apagamento das rugas de expressão ipsilateralmente ao lado acometido (o lado contralateral puxa as marcas de expressão para si). → Peça ao paciente para: Semiologia→ Uncisal → MED 52 → Beatriz Gonçalves Luciano - Fechar os olhos (haverá dificuldade em virtude da fraqueza do m. orbicular da pálpebra); - Mostrar os dentes (haverá desvio da rima labial para o lado normal, não paralisado); - Tentar assobiar (não será capaz derealizar a tarefa devido a perda de ação dos mm. bucinador e orbicular da boca). Paralisia central X Paralisia Periférica: Obs: Sinal de Myerson e Parkinson: ao percutir a glabela, o reflexo esperado é o de piscar, no entanto, tal reflexo é esgotável, com exceção dos pacientes com síndromes parkinsonianas. Nervo vestibulococlear: possui um ramo vestibular e um ramo coclear. O ramo vestibular é avaliado nos exames de equilíbrio (estático e dinâmico). Já em relação à audição, o exame de escolha é a audiometria. Na falta deste, caso haja déficit auditivo provável, podemos lançar mão de dois testes: → Teste de Weber: um diapasão deve ser colocado no topo da cabeça, equidistante das duas orelhas, vibrando. Deve-se perguntar ao paciente em qual orelha ele sente melhor a vibração. - Normal: o indivíduo percebe o som igualmente por ambos os ouvidos. - Surdez de condução: lateraliza (paciente ouve melhor) para o lado comprometido. - Surdez neurossensorial: lateraliza para o lado normal. → Teste de Rinne: coloca-se o diapasão vibrando no mastóide. Quando o paciente referir que parou de sentir a vibração, o diapasão é colocado a 2 cm do meato acústico externo. - Rinne positivo: quando o paciente volta a ouvir o diapasão vibrando, compatível com audição normal ou perda neurossensorial. - Rinne negativo: quando não há alterações, sugerindo perda condutiva. Nervo glossofaríngeo: é responsável pela inervação do ⅓ posterior da língua e, juntamente com o n. vago e o . n. facial, supre a sensibilidade do meato acústico externo. Lesões neste nervo implicam em dores na região tonsilar e tuba auditiva. Nervo vago: é o maior nervo craniano, responsável pela inervação cervical, torácica e boa parte da abdominal. Sua avaliação é feita através da deglutição e da fonação. → Para avaliar os nn. glossofaríngeo e vago (9º e 10º): - Questione a respeito de disfagia e disfonia; - Se possível, teste o reflexo do vômito; - Sinal da cortina de Vernet→ peça para o paciente abrir a boca e falar “ahhhh”, em caso de lesões unilaterais desses nervos, haverá desvio da úvula para o lado sadio. Nervo Acessório: possui um componente cranial e um espinhal. Aquele dá suporte ao vago, enquanto este inerva o mm. trapézio e esternocleidomastoideo. Sua avaliação é feita no exame da força muscular, pedindo para que o paciente levante o ombro e teste a rotação da cabeça. Nervo hipoglosso: inerva as musculaturas extrínseca e intrínseca da língua. - Lesão bilateral → nota-se disartria durante a anamnese - Lesão unilateral → língua, em repouso, apresenta leve desvio para o lado acometido. Obs: Força→ para testar a força da língua, solicite que o paciente coloque e sustente a ponta da língua contra a face interna de cada bochecha enquanto o examinador a empurra com o dedo. Melhor ainda é a utilização de um abaixador de língua aplicado diretamente a cada lateral da língua enquanto o paciente busca empurrá–lo.
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