Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
P L A T Ã O METAFÍSICA Metafísica é um dos estudos a que Platão se dedicou. Basicamente consiste no estudo daquilo que é essencial do ser, sendo essa coisa que é essencial, algo que está para além da sua matéria, ou seja, que está para além da nossa dimensão da forma, do físico. Para compreender melhor essa ideia, é interessante avaliarmos os seres pelas suas duas dimensões existentes: a dimensão física e a dimensão que diz respeito à essência, que vou chamar de dimensão da essência. A dimensão física é a nossa matéria, nossa forma, nossa parte física, parte essa que é percebida pelos nossos sentidos, ou seja, podemos ver, podemos conceber, podemos, talvez, tocar, etc., essa parte é a que se transforma, que é mutável. A dimensão física ela é o que percebemos pelas nossas experiências, pelos nossos sentidos, é a parte “palpável”, é o que vemos sofrer transformações, é o que, em palavras mais práticas, é o que presenciamos. A dimensão da essência, por sua vez, é a dimensão que diz respeito à essência dos seres, é algo que não se transforma, que não sofre mudanças, é apenas compreendido pela nossa racionalidade, não conseguimos compreende-la, percebê-la pelas nossas experiências e sentidos, apenas via razão, intelecção, racionalidade. Sendo assim, Platão vai defender a existência de uma realidade que vai além, que se encontra fora da realidade do nosso mundo sensível, ou seja, que está fora desse nosso mundo físico, fora desse mundo que a gente percebe pelos nossos sentidos, que a gente experencia. Portanto, ele vai apresentar dois mundos: - Mundo sensível - Mundo inteligível Sendo esse, essa realidade que vai além, que acabamos de mencionar anteriormente. MUNDO SENSÍVEL E MUNDO INTELIGÍVEL O mundo inteligível é o mundo das ideias, é o mundo que abriga a essência, mundo que está distante da aparência, ou seja, que ultrapassa a mera noção das aparências e das formas das coisas. O mundo inteligível é onde conseguimos conhecer e conceber o que a coisa é em si e não apenas o que pensamos sobre as coisas a partir da manifestação visível e de sua forma, ou seja, conheceríamos a coisa/o ser em si, não só aquele conhecimento de sua forma, da sua manifestação no mundo material, ou seja, no mundo sensível. É por meio desse mundo que se atinge o conhecimento verdadeiro das coisas, portanto; aqui está a verdade das coisas, o que não muda (imutável), necessita-se, assim, de reflexão, de intelecto, de razão para alcançar esse conhecimento. Nesse mundo, tem-se a perfeição. O mundo sensível é, por outro lado, a manifestação visível dos seres, a forma dos seres, é no mundo sensível que conhecemos apenas a parte que conseguimos perceber pelos nossos sentidos, somente aquilo que concebemos pela experiência. No mundo sensível, as coisas são mutáveis, passageiras, imperfeitas. TEORIA DO CONHECIMENTO A partir dessas concepções de dois mundos, a partir dessa ideia de conhecimento verdadeiro, perfeição, imperfeição, conhecer verdadeiramente, etc. que vimos no tópico anterior, fica a seguinte pergunta: Como, então, conseguimos alcançar o verdadeiro conhecimento? Como sair desse conhecimento e dessas noções que temos no mundo sensível e caminharmos, conhecermos e termos noção a respeito desse mundo inteligível? Platão afirma que é necessário subir os degraus a caminho do mundo inteligível de forma gradativa, ou seja, passo por passo. 1- Primeiro conhecemos a imagem das coisas. 2- Percepção dos objetos, mas são objetos imperfeitos, as pessoas têm diferentes impressões e percepções deles. 3- Primeiro contato com o mundo inteligível. 4- Conhecimento verdadeiro e exercício racional. Essa passagem do mundo sensível para o mundo inteligível ela acontece por meio da percepção que o indivíduo tem de contradições presentes nesse mundo sensível, ele será, portanto, reorientado. "Seria uma arte da reviravolta, uma arte que sabe como fazer o olho mudar de orientação do modo mais fácil e mais eficaz possível; não a arte de produzir nele o poder de ver, pois ele já o possui, sem ser corretamente orientado e sem olhar na direção que deveria, mas a arte de encontrar o meio para reorientá-lo." Acredito que, por meio da Alegoria da Caverna, escrita por Platão, essa noção do conhecimento, sua teoria e o seu alcance será bem mais esclarecido. Para que conseguisse explicar de forma mais clara e compreensível isso que aqui acabamos de ver, ou seja, sua visão e teoria do conhecimento, Platão utilizou de uma alegoria, fez o uso da caverna, para que pudéssemos entender melhor o que ele nos dizia. Vamos pensar, então, em uma caverna. Lá dentro, haveria homens acorrentados e que sempre estiveram acorrentados e presos. Além deles, haveria uma fogueira dentro dessa caverna e essa fogueira seria a responsável por fazer com que fossem projetadas, nas paredes da caverna, sombras, sombras referentes ao mundo para além daquela caverna. Para aqueles homens que estavam aprisionados e acorrentados naquela caverna, a imagem dessas sombras era a realidade, eram as coisas em si, era a verdade. No entanto, em algum momento, um desses homens aprisionados vai ter o desejo de se libertar de suas correntes, vai nascer dentro dele uma certa inquietação e incômodo com aquilo que estava vivendo. Por causa disso, sairá da caverna, verá a luz do sol, e não mais a luz da fogueira, e vai perceber que a verdade, as coisas em si e a realidade é aquela que ele agora se depara e não aquelas sombras que estava acostumado a ver. Essa representação da caverna traduz para nós exatamente o que Platão pensa sobre o conhecimento: que é essa noção de sairmos das aparências, das imagens que temos das coisas (representadas, na alegoria, pelas sombras) e irmos em busca da verdade, do que isso, que estamos vendo, realmente é (representado, na alegoria, pelo mundo fora da caverna). Ou seja, traduz esse alcance do conhecimento verdadeiro, iluminado pela sabedoria (representada, na alegoria, pela luz do sol); traduz a passagem das aparências e imagens para o conhecimento verdadeiro. Vale ressaltar, também, que a Alegoria da Caverna pode fazer com que comecemos discussões extremamente importantes e necessárias, como por exemplo, discutir as fake news; discutir o anseio pelo conhecimento; o anseio por sair da zona de conforto; anseio por buscar uma nova forma de viver, ver e perceber o mundo; dentre muitas outras situações que podem fazer com que nos libertemos de falsas ideias, ou de ideias que não mais nos cabem e nos completam, e seguirmos em outra direção. Por último, vamos só analisar cada figura que participa dessa alegoria: - Sombras: representa o mundo material, esse mundo considerado, por Platão, como o mundo sensível, mundo de formas, mundo onde o conhecimento não é o verdadeiro, está distante da essência das coisas, ou seja, do que as coisas realmente são. - Amos: representam a manipulação, como somos manipulados pelas falsas ideias, pelas falsas verdades. - Fogueira: representa a ilusão. - Luz do sol: representa o Bem, o conhecimento verdadeiro, o real conhecimento, as coisas e os seres em si, seria o alcance do mundo inteligível. POLÍTICA A visão que Platão tinha de política era a seguinte, sua finalidade seria a felicidade dos cidadãos e o cumprimento da justiça. Essa justiça e, também, a realização do bem comum da cidade deveriam ser realizadas, mas não com visão e com desejo de se apossar de poder. A vida e moral privadas são inferiores à pública, ou seja, os interesses pessoais não devem ultrapassar os interesses comuns. De acordo com Platão, o objetivo principal da política é alcançar a justiça e o bem comum da cidade. A forma de governo defendida por Platão seria a Sofocracia, que era um governo onde poucos governariam e esses poucos seriam filósofos, ou seja, seriam sábios e detentores do conhecimento. Segundo ele, a pólis seria dividida em três partes: magistrados, que seriam os que governariam, seriam os detentores de conhecimento e da verdade; os guerreiros que cuidariam e protegeriam a cidade; e o povo, constituído por agricultores,comerciantes e artesãos, cuja função seria a de cuidar da sobrevivência da cidade.
Compartilhar