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Universidade Federal do Pará Instituto de ciências da educação Júlia Medeiros INTERPRETAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO DO LIVRO VII DE PLATÃO Belém 2018 ANÁLISE INTERPRETATIVA: O texto de Platão, A República, trata no capítulo vii de um diálogo entre Sócrates e Glauco, onde há uma apresentação de idéias e inquietações em relação ao momento em que viviam. O diálogo mostra que os homens estão acostumados a somente enxergar o que está a sua volta, e não a realidade. A idéia de Platão é que os homens enxerguem a realidade e não vivam presos na ignorância, sem terem pensamento crítico, sem reflexões, ou seja, que os homens saiam da caverna para o real. O fugitivo é o sujeito questionador que não se contenta em aceitar passivamente as coisas, logo o caminho para o conhecimento é a crítica que leva a libertação, o sofrimento é justamente a resistência às novas idéias que causa estranheza e negação ao novo e esse momento só pode ser alcançado pela filosofia, o mundo fora da caverna representa a realidade, por tanto o sujeito fora dela é o sábio que estará apto para governar a cidade por estar mais próximo da verdade, justiça e da idéia do bem. Como se observa no trecho: “Quanto á subida para o mundo superior e a contemplação do que lá existe, se vires nisso a ascensão da alma para a região inteligível, não te terás desviado de minhas esperanças, já que tanto ambicionas conhecê-las. Só Deus sabe se está de acordo com a verdade, o que eu vejo, pelo menos, é o seguinte: no limite extremo da região do cognoscível está a idéia do bem, dificilmente perceptível, mas que, uma vez apreendida, impõe-nos de pronto a conclusão de que é a causa de tudo o que é belo e direito, a geratriz, no mundo visível, da luz e do senhor da luz, como no mundo inteligível é dominadora, fonte imediata da verdade e da inteligência, que precisará ser contemplada por quem quiser agir com sabedoria, tanto na vida pública como na particular” (NUNES, C. A. 1998, p.284). O autor quer, através de suas idéias, converter a alma do individuo, para que ele saia do mundo sensível e entre no mundo das idéias, e passe a entender a essência de cada coisa existe no mundo inteligível. Os ideais estéticos e humanistas do renascimento constituíram também uma recuperação do pensamento platônico, essa estética que se buscava era a de uma alma virtuosa e o conhecimento filosófico vai para além de libertar nosso corpo e alma têm a capacidade de mudar a sociedade. PROBLEMATIZAÇÃO: O individuo se identifica com o prisioneiro que após se libertar da caverna, contempla uma nova realidade e volta para a caverna não apenas para ajudar a libertar os seus amigos que permaneceram presos nas ilusões do mundo sensível, mas ele se torna o mais apto para governar a cidade pois si por meio da apreciação da realidade pelo intelecto é que se pode chegar a uma idéia máxima do bem, de justiça e verdade e assim trazer harmonia para a convivência entre os homes na sociedade. Como se pode compreender em: “se encontrares para os que têm de der dirigentes uma vida melhor do que o ofício de governar,conseguirás que a cidade seja bem administrada, porque somente uma cidade nessas condições é que pode ser comandada por cidadãos verdadeiramente ricos; não ricos em ouro, sem dúvida, mas no que devem ser ricos os bem-aventurados: em vida virtuosa e sábia” (NUNES, C. A. 1998,P.288) Na alegoria do mito, podemos dizer que os homens são representados pelos prisioneiros, onde são libertados para experimentar o que estará a sua volta, porem, muitos indivíduos não experimentam essa liberdade fora do mundo sensível, que seria a caverna, não enxergam a realidade, não buscam conhecer a essência de cada coisa, vivem de ilusões, sem buscar a verdade. É preciso distinguir a essência da ilusão, entre mundo sensível que é perceptível aos olhos da sociedade, conhecimento do dia a dia, o senso comum trazendo para os dias atuais que a mídia impõe uma série de ideologias de comportamentos e padrões de consumo fazendo com que a população caia em um ciclo vicioso do consumismo. Para se chegar ao inteligível é necessário o conhecimento filosófico, sair da sua zona de conforto para visualizar a verdadeira realidade, para isso é preciso a libertação dessas correntes de ilusões e elevar a alma para o mundo das idéias. A partir disso, um dos prisioneiros que se liberta da caverna e conhece o mundo fora dali, tem um novo olhar sobre as coisas se liberta do mundo de aparências para a verdadeira essência das coisas em sua volta, e Platão tenta repassar essa importância de adquirir o conhecimento e usá-lo para a libertação dos que ainda continuam na caverna, ou seja, na escuridão. Muitas vezes, as pessoas se aprisionam em pensamentos já pré-estabelecidos e não buscam um sentido racional para determinadas situações, evitando a “dificuldade” de pensar e refletir, preferindo contentar-se apenas com as informações do senso comum. O mundo inteligível só é atingido pelo individuo que percebe a realidade em sua volta a partir do pensamento critico e racional, dispensando apenas o uso dos sentidos básicos. O individuo que consegue se “libertar das correntes’ e vivenciar o mundo exterior é aquele que vai além do pensamento comum, criticando e questionando a sua realidade.
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