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Fisiologia da sensação dolorosa

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Samara Pires- MED25
�siologi�
Sensações somáticas: dor, cefaleia e sensações térmicas (Guyton
cap. 49)
1. A dor
● Dor rápida, pontual, em agulhada aguda ou elétrica → é sentida dentro de 0,1
segundo após a aplicação do estímulo doloroso;
● Dor lenta, em queimação, persistente, pulsátil, nauseante e crônica →
começa após 1 segundo ou mais, aumentando lentamente durante vários
segundos e algumas vezes durante minutos. Geralmente, está associada à
destruição tecidual.
● Receptores da dor: terminações nervosas livres;
● Excitação do tipo químico da dor: bradicinina, serotonina, histamina, íons
potássio, acetilcolina, enzimas proteolíticas. As prostaglandinas e a
substância P aumentam a sensibilidade das terminações nervosas, mas não
as excitam.
● A isquemia do tecido causa dor, a qual será mais rápida quanto mais intenso
for o metabolismo do tecido. A sensação dolorosa pode ser provocada pelo
acúmulo de ácido láctico resultante do metabolismo anaeróbio associado à
presença de agentes químicos, como a bradicinina;
● O espasmo muscular causa dor → aumento da intensidade do metabolismo
muscular + compressão de vasos sanguíneos, levando à isquemia.
Obs.: os receptores da dor não se adaptam ou se adaptam muito pouco e podem
até aumentar a sensibilidade (hiperalgesia).
2. Transmissão dos sinais dolorosos ao Sistema Nervoso Central
● Via para dor pontual rápida
- Estímulos mecânicos ou térmicos;
- Transmitidos por nervos periféricos para a medula espinhal por meio
de fibras A𝛅, as quais, acredita-se funcionam com o neurotransmissor
glutamato;
- Importante para afastar rapidamente o indivíduo do estímulo
doloroso;
- Trato neoespinotalâmico;
- Pode ser localizada com muito mais precisão em diversas áreas do
corpo do que a dor crônica lenta
● Via para dor lenta crônica
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- Estímulos dolorosos do tipo químico, mas algumas vezes por estímulos
mecânicos ou térmicos persistentes;
- Transmitida para a medula espinhal por fibras do tipo C;
- Tende a aumentar com o passar do tempo;
- Via paleoespinotalâmica → as fibras periféricas terminam na
substância gelatinosa da medula espinhal → depois se unem às fibras
de dor rápida e vão ao encéfalo pela via anterolateral;
Obs.: somente entre um décimo e um quarto das fibras da via paleoespinotalâmica
crônica ascende ao tálamo, pois a maioria termina nos núcleos reticulares do bulbo,
da ponte e do mesencéfalo, na área tectal do mesencéfalo profundamente até os
colículos superior e inferior e na substância cinzenta periaquedutal. A partir do
tronco cerebral, vários neurônios de fibras curtas transmitem sinais ascendentes da
dor pelos núcleos intralaminar e ventrolateral do tálamo e em direção de certas
regiões do hipotálamo e outras regiões basais do encéfalo.
- Acredita-se que o neurotransmissor das fibras C seja o glutamato e a
substância P (mais associada à dor crônica lenta);
- Alívio da dor → cordotomia: corte na região torácica da medula
espinhal no lado oposto ao da dor (quadrante anterolateral), embora
nem sempre seja bem-sucedida, pois nem todas as fibras cruzam para
o lado oposto e outras vias podem ser sensibilizadas após o corte.
Outra forma de aliviar a dor é cauterizar áreas dolorosas específicas
dos núcleos intralaminares do tálamo, mantendo a dor aguda como
mecanismo protetor.
3. Supressão da dor (analgesia) no cérebro e na coluna vertebral
● Sistema da analgesia: área periventricular (ao redor do terceiro ventrículo) e
da substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo + região superior da
ponte que circunda o aqueduto de Sylvius e porções do terceiro e do quarto
ventrículo → envia para o núcleo magno da rafe (ponte e bulbo) e núcleo
reticular paragigantocelular (lateralmente no bulbo) → os sinais de segunda
ordem são transmitidos pelas colunas dorsolaterais da medula espinhal →
envia para o complexo inibitório da dor nos cornos dorsais da medula
espinhal (substância gelatinosa).
- Resultado: a dor é inibida antes de chegar ao encéfalo.
- Neurotransmissores da analgesia: encefalina e serotonina
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- Morfina: quando injetada no núcleo periventricular e na substância
cinzenta periaquedutal do tronco cerebral, causa grau extremo de
analgesia, pois seus “receptores” são semelhantes aos de outro
neurotransmissor semelhante à morfina secretado naturalmente pelo
sistema nervoso.
4. Tipos de dor
● Dor referida: é quando o indivíduo sente dor em uma parte distinta de onde
ela realmente ocorre, como a dos órgãos viscerais, que é sentida na
superfície do corpo. Isso ocorre, porque as fibras nervosas viscerais fazem
sinapse na medula espinhal nos mesmos neurônios de segunda ordem que
recebem sinais dolorosos da pele, por isso a pessoa tem impressão de
sensações que se originam na pele.
● Dor visceral: os danos viscerais muito localizados raramente causam dor
grave, mas a estimulação difusa causa, como é o caso da isquemia para uma
grande área, lesão química, espasmo da musculatura lisa, especialmente em
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vísceras ocas (cólicas). O parênquima do fígado e os alvéolos pulmonares são
quase completamente insensíveis à dor.
- Dor visceral verdadeira: transmitida pelas fibras sensoriais para dor e
as sensações são referidas para áreas superficiais do corpo;
- Sensações parietais (relativas à parede): conduzidas diretamente aos
nervos espinhais locais do peritônio parietal, da pleura ou do
pericárdio → sensações estão diretamente na área dolorosa.
Obs.: por isso, pode-se dizer que a dor tem dupla transmissão → via visceral referida
e via parietal direta.
- Geralmente, quando a dor visceral é referida, ela é sentida no
segmento dermatômico de origem do órgão visceral no embrião. Ex.:
coração se origina do dermátomo do pescoço e da região superior do
tórax → dor cardíaca é referida ao lado do pescoço, sobre o ombro,
sobre os músculos peitorais, etc.

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