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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 1 – mod XII – Angélica Revisão sistema nervoso + dor + opióide EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 - Anatomia e fisiologia do SNC - Dor: mecanismos fisiológicos. Modulação da dor, dor neuropática - Dor aguda e dor crônica seus tratamentos - Droga: analgésicos opióides e não opióides - Divisão em partes é só didático, pois várias partes estão intimamente relacionadas do ponto de vista morfológico e funcional. - Sistema vai ser dividido em partes, levando em conta critérios anatômicos, embriológicos e funcionais. Também quanto à segmentação. CRITÉRIOS ANATÔMICOS SNC: dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e vertebral). Alguns gânglios localizam-se dentro do esqueleto axial. Encéfalo: situada dentro do crânio neural (cérebro, cerebelo - dorsal à ponte e bulbo - e tronco encefálico) Medula espinhal: tronco encefálico, dentro do canal vertebral. - Mesencéfalo - Ponte - Bulbo SNP: fora deste esqueleto. NERVOS: São cordões esbranquiçados, que unem o SNC aos órgãos periféricos. - Se união é feita com o encéfalo: nervos CRANIANOS. - Se união é feita com a medula: nervos ESPINHAIS. - Na extremidade dos nervos – TERMINAÇÕES NERVOSAS: - Sensitivas – aferentes - Motoras – eferentes GÂNGLIOS: Dilatações constituídas principalmente de CORPOS de neurônios. Podem ser sensitivos ou motores viscerais (SNA) - Nervos periféricos devem ter gânglios antes de chegar na medula. CRITÉRIOS EMBRIOLÓGICOS - As partes do SNC recebem o nome da vesícula primordial que lhes deu origem. Prosencéfalo telencéfalo e diencéfalo cérebro Mesencéfalo mesencéfalo Rombencéfalo metencéfalo vira cerebelo e ponte mielencéfalo vira bulbo. - O termo ISTMO – se refere a porção mais cranial da ponte, fazendo limite com o mesencéfalo. DIVISÃO DO SN FUNCIONAL - Pode-se dividir o SN de relação (somático) ou da vida vegetativa (visceral) SOMÁTICO: Relaciona o organismo com o meio ambiente. Apresenta componentes aferentes e eferentes. - Aferente: Conduz impulsos originados em receptores periféricos. - Eferente: Leva aos músculos estriados esqueléticos o comando dos centros nervosos – fazendo movimentos voluntários. VISCERAL: É aquele que se relaciona com a inervação e controle das estruturas viscerais. É importante para manutenção do meio interno. - Aferente envia impulso nervoso das vísceras para o centro nervoso. - Eferente envia dos centros nervosos até vísceras, glândulas, músculo liso e cardíaco. - Pte eferente tem como principal componente o SN Autônomo e pode ser dividido em SIMPÁTICO e PARASSIMPÁTICO. - Somático e visceral estão intimamente relacionados. DIVISÃO DO SN COM BASE NA SEGMENTAÇÃO OU METAMERIA - Segmentação no SN é evidenciada pela conexão com os nervos. Usa as semelhanças entre medula e tronco encefálico para classificar. SEGMENTAR: SN Periférico, medula espinhal e tronco encefálico (nervos típicos). Não existe córtex – e a substância cinzenta pode localizar-se por dentro da branca, como na medula. SUPRA-SEGMENTAR: Cérebro e cerebelo. Substância cinzenta localiza-se por fora da substância branca e forma uma fina camada – O CÓRTEX – que reveste toda a superfície do órgão. - COMUNICAÇÃO entre o supra-segmentar e os órgãos periféricos ocorre através do SN Segmentar. - Nervos olfatório e óptico se ligam ao cérebro, mas não são nervos típicos. - Pode-se classificar os arcos REFLEXOS em supra segmentares (quando o aferente se liga ao eferente no SN supra-segmentar) e segmentares (quando isso se faz no sistema nervoso segmentar) ORGANIZAÇÃO MOROFUNCIONAL DO SN - Nervos sensitivos, cujos corpos estão nos GÂNGLIOS SENSITIVOS, conduzem à medula ou tronco encefálico (segmentar) impulsos nervosos de receptores situados na superfície ou interior do animal. - Prolongamentos centrais destes neurônios ligam-se aos neurônios motores (somáticos ou viscerais) DIRETAMENTE – REFLEXO SIMPLES ou por meio de neurônios de associação. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 - Neurônios motores levam o impulso ao músculo ou glândula, formando arcos reflexos MONO ou POLISSINÁPTICOS. - Por este mecanismo que se tira a mão de algum lugar quente, independente da sensação de dor. Porém, o sistema nervoso supra segmentar deve ser informado, por isso, os neurônios sensitivos (segmentares se ligam aos de associação do supra segmentar.) Somente lá será interpretado como dor – e poderão ser tomados cuidados, como não encostar de novo naquele lugar. Grandes vias ascendentes que levam estes estímulos ao SupraSEG. - O movimento reflexo ocorre quando a medula está seccionada, impedindo qualquer sensação abaixo do nível da lesão. - ATO VOLUNTÁRIO: Neurônios do córtex cerebral enviam por meio de fibras descendentes aos neurônios motores (segmentares), que retransmitem a ordem aos músculos. Coordenação dos movimentos é pelo cerebelo. - CEREBELO: Recebe por meio do SN Segmentar informações do grau de contração dos músculos e envia por meio de vias descendentes impulsos que controlam a resposta motora. Sensação de dor e sensações térmicas - A dor é um mecanismo protetor, que ocorre sempre onde os tecidos são lesionados, fazendo com que o indivíduo reaja para remover esse estímulo doloroso. - Ex: sentar durante longos períodos podem destruir tecidos pela falta de fluxo sanguíneo para a pele comprimida pelo peso do corpo. - A pessoa que não sentir dor, como em lesão da coluna, pode não mover o corpo e fazer com que os tecidos sejam destruídos. TIPOS DE DOR E SUAS QUALIDADES Dor rápida/aguda/pontual: sentida dentro de 0,1s após a aplicação de estímulo doloroso. - É sentida por introdução de agulha na pele, choque elétrico ou queimadura aguda. - Geralmente resulta de lesão ou inflamação. - Não é sentida em tecidos profundos. Dor lenta/crônica/em queimação: começa depois de 1s ou mais, aumentando levemente durante vários segundos ou minutos. - Associado a destruição tecidual. - Sofrimento prolongado e quase insuportável: pode ocorrer na pele ou em quase todos os órgãos ou tecidos profundos. RECEPTORES PARA DOR E SUA ESTIMULAÇÃO - Existem receptores dispersos nas camadas superficiais da pele, bem como em certos tecidos internos, como periósteo, parede artérias, superfícies articulares, foice, tentório da abóboda craniana. - A maioria dos outros tecidos profundos está supria com terminações nervosas para a dor, porém, lesões teciduais extensas podem se somar e causar dor lenta e crônica na maioria dessas áreas. MECANISMOS DA DOR - Resulta da ativação de receptores periféricos especiais (nociceptores) por um estímulo, nocivo. - Estímulo mecânico: pressão, tumor, incisão. - Estímulo térmico: quente ou frio. - Estímulo químico: isquemia ou infecção. - Estímulo vai ser convertido num sinal elétrico do nervo, transmitido ao longo dos axônios de fibras fracamente mielinizadas ou não mielinizadas. - Dor rápida: estímulos mecânicos e térmicos. - Dor crônica: desencadeada pelos 3 estímulos. Químicos que estimulam: Bradicinina, serotonina, histamina, K, ácidos, acetilcolina, enzimas proteolíticas. - Prostaglandinas e substância P aumentam sensibilidade das terminações, mas não excitam diretamente estas terminações. - Química é mais importante para lenta e persistente. - Na dor lenta, a excitação das fibras é cada vez maior para que a pessoa fique ciente de que algo está errado. - Dor pode ter origem em estruturas somáticas e viscerais: - Dor somática é bem localizada, resultando de lesão ou doença da pele, estruturas musculoesqueléticas e articulações. - Dor visceral surge a partir de órgãos internos e pode resultar de inflamação, isquemia, oclusão de fluxo que leva a distensão. Difusa e mal localizada, associada a regiões somáticas, podendoestar associada com reflexos autonômicos exagerados. Dor neuropática: dor resultante da doença ou lesão do sistema nervoso somatossensorial periférico ou central. Ex: neuropatia diabética e dor radicular. Dor nociceptiva: resulta de lesão ou doença que afeta estruturas somáticas como pele, músculo, tendões e ligamentos, ossos e articulações. Dor mista: exemplo como o CA avançado. Dor patológica: resultado de alterações no SNP ou SNC induzidas por lesões ou doenças levando a alterações na sinalização da dor. Ex: sensibilização periférica, que desenvolve uma atividade ectópica nos nervos lesionados e com um aumento na sensibilidade. Ex 2: sensibilização central, com ativação prolongada e repetida de fibras aferentes nociceptivas. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 - São as principais responsáveis pela dor induzida por estímulos inócuos (alodinia) e aumento da dor para estímulos normalmente nocivos, observados na dor neuropática. Intensidade da lesão tecidual como estímulo para dor - Pessoa começa a sentir dor quando a pele é aquecida acima de 45°, quando os tecidos começam a ser lesados pelo calor. - Dor secundária é intimamente relacionada à INTENSIDADE QUE O DANO AOS TECIDOS OCORRE e não ao que já o ocorreu. - Intensidade da dor também está intimamente relacionada à INTENSIDADE DO DANO TECIDUAL – por causas diferentes do calor, infecção, isquemia e contusão dos tecidos. Importância especial dos estímulos dolorosos químicos durante lesão tecidual - BRADICININA é a substância que parece induzir a dor de modo mais acentuado do que as outras substâncias. - Principal responsável pela indução da dor após dano tecidual. - A intensidade da dor também se correlaciona com aumento do ÍON POTÁSSIO ou ENZIMAS PROTEOLÍTICAS que atacam diretamente terminações nervosas e estimulam a dor por fazer membranas mais permeáveis. Isquemia tecidual como causa da dor - Tecido fica dolorido em poucos minutos quando o fluxo sanguíneo é bloqueado. - Quanto maior a intensidade do metabolismo desse tecido, mais rapidamente a dor aparece. - Uma das causas é pelo acúmulo de grandes quantidades de ácido lático nos tecidos, formada em consequência do metabolismo anaeróbico (sem oxigênio) e pela bradicinina que é formada pela lesão nos tecidos. Espasmo muscular como causa da dor - Resulta em parte do efeito direto do espasmo muscular na estimulação de receptores para dor mecanossensíveis. - Outra parte, do efeito indireto dos espasmos muscular comprimindo vasos sanguíneos e levando à isquemia. - Espasmo também aumenta o metabolismo do tecido muscular, tornando a isquemia relativa ainda maior. MODULAÇÃO DA DOR: atenuação dos sinais dolorosos por uma atividade inibidora intrínseca dentro dos sistemas antes de ser entendida como uma sensação desagradável. - A maneira mais confiável de ativar esse sistema endógeno de modulação é através da sugestão de alívio da dor ou através de uma emoção intensa que desvie a atenção para longe da lesão causadora de dor. - Esses circuitos de modulação da dor podem tanto suprimir a dor como intensificá-la, pois, ocorre a presença tanto de neurônios inibidores quanto de neurônios facilitadores da dor. Por conta disso, é possível que os neurônios transmissores da dor sejam ativados por neurônios moduladores, o que explica a dor induzida por sugestão ou intensificada por expectativa. VIAS DUPLAS PARA A TRANSMISSÃO DOS SINAIS DOLOROSOS AO SNC - Apesar de todos os receptores para dor serem terminações nervosas livres, elas utilizam duas vias separadas para a transmissão de sinais dolorosos para o SNC. FIBRAS DOLOROSAS PERIFÉRICAS – FIBRAS RÁPIDAS E LENTAS - Sinais dolorosos pontuais RÁPIDOS são desencadeados por estímulos mecânicos ou térmicos. São transmitidos pelos nervos periféricos para a medula espinhal por meio de fibras A DELTA do tipo pequeno. Com velocidade entre 6 e 30 m/s - Inversamente o tipo de DOR LENTA CRÔNICA – Desencadeado principalmente por estímulos dolorosos do tipo químico, mas também por mecânicos ou térmicos. Transmissão é lenta pelas fibras TIPO C com velocidade entre 0,5 e 2 m/s. - Devido a este sistema duplo de inervação para o dor, estímulo doloroso subido causa sensação dolorosa DUPLA. - Dor pontual avisa a pessoa sobre o perigo e atua na reação imediata e a dor lenta tende a aumentar com o passar do tempo. - Essa sensação produz dor intolerável e faz com que a pessoa continue tentando aliviar a dor. - Ao entrarem na medula espinhal, vindas pelas raízes espinhais dorsais, as fibras de dor terminam em neurônios - relé nos cornos dorsais e aí tem dois sistemas para o processamento dos sinais dolorosos em seu caminho para o encéfalo. VIAS DUPLAS PARA DOR NA MEDULA ESPINHAL E NO TRONCO CEREBRAL – O TRATO NEOESPINOTALÂMICO E TRATO PALEOESPINOTALÂMICO - Ao entrar na medula espinhal, os sinais tomam duas vias para o encéfalo: TRATO NEOESPINOTALÂMICO e PALEOESPINOTALÂMICO. TRATO NEOESPINOTALÂMICO PARA DOR RÁPIDA - As fibras dolorosas do ALFA DELTA do tipo RÁPIDA – transmite principalmente dores mecânicas e térmicas agudas. - Terminam em sua maioria na lâmina I (marginal) dos cornos dorsais, excitando os neurônios de segunda ordem do trato neoespinotalâmico. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 - Esses neurônios dão origem a fibras longas que cruzam imediatamente para o lado oposto da medula espinhal e depois ascendem para o encéfalo. TERMINAÇÃO NEOESPINOTALÂMICO NO TRONCO CEREBRAL E TÁLAMO - Algumas fibras do trato neoespinotalâmico terminam nas áreas reticulares do tronco cerebral, mas a maioria segue até o tálamo sem interrupção – terminando no COMPLEXO VENTROBASAL, junto com o trato da coluna dorsal-lemnisco medial para as sensações táteis. - Algumas fibras também terminam no grupo nuclear posterior do tálamo. - Das áreas talâmicas, os sinais são transmitidos para outras áreas basais do encéfalo, bem como para o córtex somatossensorial. CAPACIDADE DO SNC EM LOCALIZAR A DOR RÁPIDA NO CORPO - É mais fácil e rápido de localizar que a dor crônica lenta. - Mas, se somente a dor for estimulada, sem estimular os táteis, a precisão é diminuída, chegando até a 10cm da área estimulada. - Quando os receptores táteis que excitam o sistema da coluna dorsal-lemnisco medial são estimulados simultaneamente, a localização pode ser quase exata. GLUTAMATO – O PROVÁVEL NEUROTRANSMISSOR DAS FIBRAS DOLOROSAS RÁPIDAS TIPO A DELTA - Um dos transmissores excitatórios mais amplamente utilizados no SNC, com duração de ação de apenas alguns milissegundos. VIA PALEOESPINOTALÂMICA PARA A TRANSMISSÃO DA DOR CRÔNICA LENTA - Esta via é um sistema muito mais antigo e transmite dor principalmente por fibras periféricas crônicas lentas do TIPO C, apesar de transmitir algumas por A DELTA também. - Nesta via, as fibras periféricas terminam na medula espinhal quase que inteiramente nas lâminas II e III dos cornos dorsais, que em conjunto, são referidas como SUBSTÂNCIA GELATINOSA. - Em seguida, maior parte dos sinais passa por um ou mais neurônios de fibra curta, dentro dos cornos dorsais, antes de entrar principalmente na lâmina V (5) – também no corno dorsal. - Aí os últimos neurônios da série dão origem a axônios longos que se unem as fibras da via de dor rápida, passando para o encéfalo pela via anterolateral. SUBSTÂNCIA P – PROVÁVEL NEUROTRANSMISSOR DAS TERMINAÇÕES NERVOSAS C – DOR LENTA - Terminações do tipo C que entram na medula espinhal liberal tanto glutamato, quando a substância P. - É liberada muito lentamente, com sua concentração aumentando em período de segundos ou mesmo minutos. PROJEÇÃO DA VIA PALEOESPINOTALÂMICA (DOR LENTA) PARA O TRONCO CEREBRAL E TÁLAMO - Esta via termina de forma difusa no tronco cerebral. - Somente um pouco dasfibras ascende até o tálamo. - A maioria das fibras termina em uma dentre 3 áreas: - NÚCLEOS RETICULARES do bulbo, ponte e mesencéfalo. - ÁREA TECTAL do mesencéfalo profundamente até colículos superior e inferior - REGIÃO CINZENTA PERIAQUEDUTAL que circunda o arqueduto de Sylvius. - Regiões basais do encéfalo são realmente importantes para o sofrimento dos animais que os cérebros foram seccionados acima do mesencéfalo. CAPACIDADE MUITO BAIXA DO SN DE LOCALIZAR A FONTA DA DOR LENTA - Localização da dor transmitida pela via paleoespinotalâmica é imprecisa, por exemplo, a dor lenta pode ser localizada em uma parte principal do corpo, como no braço ou nas pernas, mas não no ponto específico. - Isso se deve à conectividade multissinápica difusa dessa via. FUNÇÃO DA FORMAÇÃO RETICULAR, TÁLAMO E CORTEX CEREBRAL NA AVALIAÇÃO DA DOR - Retirar as áreas somatossensoriais do córtex não destrói a capacidade do animal de perceber a dor. - Portanto, é provável que os impulsos dolorosos cheguem à formação reticular do tronco cerebral, tálamo e outras regiões inferiores do encéfalo e causem percepção consciente de dor. - PERCEPÇÃO da dor é função principal dos CENTROS INFERIORES - CÓRTEX – desempenham papel importante na interpretação da qualidade da dor. CAPACIDADE ESPECIAL DOS SINAIS DOLOROSOS EM DESENCADEAR UMA EXCITABILIDADE ENCEFÁLICA GERAL - Estimulação elétrica das áreas reticulares do tronco cerebral e dos núcleos intralaminares do tálamo, áreas onde terminam os sinais de dor lenta, ter forte efeito de alerta sobre a atividade neuronal de todo o encéfalo. - Essas áreas são os centros de ALERTA. - Por isso é quase impossível dormir com dores graves. Sensações térmicas RECEPTORES TÉRMICOS E SUA EXCITAÇÃO EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 - Ser humano pode perceber diferentes graduações de frio e calor: frio congelante, gelado, frio, indiferente, morno, quente e muito quente. - Graduações térmicas são discriminadas por pelo menos três tipos de receptores sensoriais: - RECEPTORES PARA FRIO, CALOR E DOR. - Para DOR: Estimulados pelos graus extremos de frio ou calor – SENSAÇÕES DE FRIO CONGELANTE E CALOR EXTREMO. - RECEPTORES: Localizam imediatamente abaixo da pele em pontos separados discretos. - Existem muito mais PONTOS PARA FRIO do que para calor. Tem bastante nos lábios, dedos das mãos e tronco. - CALOR – Transmitido por fibras nervosas do tipo C a de 0,4 a 2 m/s. Terminações nervosas livres. - RECEPTOR PARA FRIO – Terminação nervosa mielinizada fina do TIPO A DELTA que se ramifica diversas vezes, com suas pontas fazendo deslocamento para superfícies inferiores das células epidérmicas basais. - Os sinais são transmitidos desses receptores por meio de fibras nervosas do tipo A DELTA – com velocidades de 20m/s. - Também para o frio podem ser usadas fibras nervosas do tipo C – por terminações nervosas livres ESTIMULAÇÃO DOS RECEPTORES TÉRMICOS – SENSAÇÕES DE GELADO, FRIO, INDIFERENTE, MORNO E QUENTE - Existem fibras; • PARA DOR – estimuladas pelo frio. • PARA O FRIO • PARA O CALOR • PARA A DOR – estimuladas pelo calor. - Estas fibras respondem diferentemente a níveis distintos de temperatura. - Região MUITO FRIA – Somente as fibras para dor-frio são estimuladas (se a pele realmente congelar não estimula mais as fibras). - Temperaturas para +10 ou +15°C – Impulsos para DOR-FRIO são INTERROMPIDOS e os de FRIO começam a ser estimulados (pico de estimulação em 24o), diminuindo levemente acima de 40oC. - Acima dos 30° - receptores para CALOR começam a ser estimulados, mas deixam de ser estimulados por volta dos 49°C - Perto dos 45°C as fibras de DOR CALOR começam a ser estimuladas – por causa das lesões das terminações para o frio, causadas pelo calor excessivo. - Sensações de frio congelante ou valor abrasador são parecidas. EFEITOS ESTIMULATÓRIOS DA ELEVAÇÃO E QUEDA DA TEMPERATURA – ADAPTAÇÃO DOS RECEPTORES TÉRMICOS - Quando o receptor para frio é colocado no frio abruptamente eles são fortemente estimulados, mas essa estimulação diminui com rapidez. - Se adapta em quase 100% - Com o calor acontece a mesma coisa. MECANISMO DA ESTIMULAÇÃO DOS RECEPTORES TÉRMICOS - Receptores para frio e para calor são estimulados pelas alterações de suas intensidades metabólicas e que estas resultam do fato de que a temperatura altera a velocidade das reações químicas intracelulares, por mais de duas vezes em cada alteração de 10oC. – Acredita-se nisso. SOMAÇÃO ESPACIAL DAS SENSAÇÕES TÉRMICAS - Número de terminações para frio ou calor em qualquer área do corpo é pequena – difícil avaliar graduações de temperatura quando pequenas áreas da pele são estimuladas. - Porém, quando grande área é estimulada – os sinais térmicos se somam. - Mudanças de apenas 0,001oC podem ser sentidas se afetarem toda a superfície do corpo. TRANSMISSÃO DOS SINAIS TÉRMICOS NO SN - Em geral, sinais térmicos são transmitidos por vias paralelas às vias da dor. - Ao entrar na medula espinhal, os sinais cursam por alguns segmentos de modo ascendente ou descendente no TRATO DE LISSAUER – terminando principalmente nas lâminas I, II, II dos cornos dorsais – como para a dor. - Após certo de processamento por um ou mais neurônios, os sinais cursam por longas fibras térmicas ascendentes que cruzam para o trato sensorial anterolateral oposto e terminam: áreas reticulares no tronco cerebral e complexo ventrobasal do tálamo. - Alguns sinais térmicos também são retransmitidos para o córtex somatossensorial do complexo ventrobasal. - Neurônios da área SOMATOSSENSORIAL PRIMÁRIA é diretamente responsivo à estímulo de frio ou de calor, em área específica da pele. - Remoção do giro pós-central não abole a capacidade, mas reduz – de distinguir as graduações de temperatura. Tratamento da dor aguda - AAS, paracetamol e AINE: inibem a COX. Podem ter efeitos de irritação gástrica, nefrotoxicidade. - Analgésicos opioides: produzem analgesia atuando no SNC, ativando neurônios inibidores da dor e inibindo os neurônios que transmitem o estímulo nocivo. - Tem maior eficácia, sendo o método mais confiável e efetivo para alívio rápido da dor. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 7 - Pode ser administrado VO, EV, via intranasal, retal, mucosa oral ou até mesmo com administração espinhal, intratecal ou extradural. Tratamento da dor crônica - Sensibilização do SN que ocorre sem causa evidente. 1. Pcte pode ter doença crônica dolorosa e que atualmente não tenha cura. 2. Fatores perpetuadores que tenham sido desencadeados e permanecem após a resolução do quadro. 3. Pcte pode ter disfunção psicológica, pois tem estados psicológicos que podem agravar ou até mesmo causar dor. - Anticonvulsivantes e antiarrítmicos: pctes com dor neuropática, sendo FENITOÍNA e CARBAMAZEPINA os primeiros a produzir alívio da neuralgia do trigêmeo. - Antidepressivos: NORTRIPTILINA e DESIPRAMINA - Acredita-se que estes possam potencializar a analgesia dos opióides, sendo úteis para atuar em conjunto no TTO da dor intensa e persistente. - Medicação opioide crônica: pctes com dor causada por CA, embora não muito indicado por poder ter tolerância e dependência com uso prolongado. Estudos sugerem que possa haver a hiperalgesia induzida por opióides, sendo pior ainda. GUIA DE PRESCRIÇÃO DE OPIOIDES A LONGO PRAZO - Criado pelo Centro de controle de doenças dos EUA após um aumento do uso abusivo de opióides (em especial a oxicodona), levando em conta: 1. Quando iniciar ou contínuos os opióides para dor crônica 2. A seleção, dosagem, duração, segmentos e suspensão dos opióides 3. Avaliação dos riscos e danos do uso de opióides. Opióides ÓPIO – Uma mistura extraída da planta ‘Papoula’; OPIÓIDE – Composto natural ou sintético que se liga a receptoresopióides; OPIÁCEO – Qualquer substância natural derivada do ópio (morfina). MECANISMO DE AÇÃO - Atuam em nível celular se ligando a RECEPTORES OPIÓIDES em todo sistema nervoso (SNC). - Estes receptores estão presentes principalmente no núcleo do trato solitário, área cinzenta periaquedutal, córtex cerebral, tálamo, terminações nervosas aferentes periféricas e em diversos outros órgãos. - A eficácia do opioide diretamente no compartimento central é grande, porém em situação periférica, como em um pós trauma não é tão comprovada. RECEPTORES OPIÓIDES são ligados à PROTEÍNAS G INIBITÓRIAS A ativação dessa proteína desencadeia alguns eventos: fecha canais de Ca voltagem dependentes, redução na produção de AMP e estímulo ao efluxo de K HIPERPOLARIZAÇÃO CELULAR, reduzindo excitabilidade neuronal. - Agonistas opioides puros, como a morfina, apresentam alta afinidade com receptores opioides e elevada atividade intracelular. - Antagonistas opioides, como o Naloxone, possuem afinidade com os receptores, porém nenhuma atividade intrínseca. OPIÓIDES - São encontrados em plantas (morfina) ou produzidos pelo corpo humano (endógenos), onde são amplamente distribuídos por todo o SNC. - São peptídeos que apresentam diferentes potenciais e afinidades com cada grupo de receptores opióides. - Ação: Modulação da dor, controle do sistema cardiovascular (principalmente em situações críticas. - Opióides endógenos não possuem muita relevância clínica. CLASSIFICAÇÃO DE OPIOIDES TRADICIONAL: pela potência analgésica FORTE (opioides puros) – Morfina; INTERMEDIÁRIO Buprenorfina; FRACO Codeína. ORIGEM: NATURAL Morfina, codeína, tebaína; SEMI- SINTÉTICO Diamorfina; SINTÉTICO Morfinas. FUNÇÃO: AGONISTA PURO Morfina; AGONISTA PARCIAL Buprenorfina; AGONISTA ANTAGONISTA Pentazocina; ANTAGONISTA PURO – Naloxone. AÇÕES FARMACOLÓGICAS DOS AGONISTAS OPIOIDES SISTEMA NERVOSO CENTRAL - ANALGESIA – Alívio de dores leves, contínuas e sem localização específica, provenientes de órgãos internos. - SEDAÇÃO – Alivio da dor pode ocasionar sono. - EUFORIA E DISFORIA – Podem gerar sensação de bem-estar. Caso não haja dor, a morfina pode causar agitação e inquietação. - ALUCINAÇÕES – Podem causar. - TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA – Redução do efeito em uma mesma dose da droga, quando administrada repetidamente. Também ocorre quando a droga é suspensa abruptamente, desencadeando sinais físicos e psicológicos, como agitação, irritabilidade, salivação excessiva... SISTEMA CARDIOVASCULAR - Discreta BRADICARDIA, pela redução do tônus simpático e efeito direto sobre o nó sinoatrial. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 8 - VASODILATAÇÃO PERIFÉRICA – pela liberação de histamina e redução do tônus simpático – que pode levar à HIPOTENSÃO. SISTEMA RESPIRATÓRIO - DIMINUIÇÃO DA FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA e dessensibilização dos QUIMIORRECEPTORES às alterações de - Pressão parcial e CO2. - SUPRESSÃO DO REFLEXO DA TOSSE – Codeína, por exemplo, suspende a tosse, mas não tem efeito na dor, como a morfina. SISTEMA GASTROINTESTINAL - Pode desencadear NÁUSEAS E VÔMITOS. - Retardo na absorção, aumento da pressão no sistema biliar e constipação, podem ocorrer. S. ENDÓCRINO → Inibição da secreção de Acetilcolina, prolactina e gonadotróficos. Aumento na secreção de ADH. OFTALMOLÓGICOS Pode ocorrer MIOSE PRURIDO Alguns opióides desencadeiam liberação da HISTAMINA pelos mastócitos. Prurido principalmente em face, nariz, dorso. RIGIDEZ MUSCULAR Especialmente na parede torácica – que pode interferir na ventilação. IMUNIDADE Depressão do sistema imunológico. GESTAÇÃO E NEONATOS Depressão respiratória no neonato, dependência fetal. OUTROS TIPOS DE ANALGÉSICOS - AINES inibem a COX que é responsável pela inflamação, dor, calor rubor. - PARACETAMOL Inibe a COX 3 e modula via serotoninérgica descendente. Sem muitos efeitos colaterais. - LIDOCAÍNA Inibe canais de Na, bloqueando localmente o envio de sensação dolorosa. Também inibe o reflexo de tossir. - ANTIDEPRESSIVOS Podem ser usados como coadjuvantes no tratamento da dor crônica. - CANABINOIDES Derivados da maconha. Atuam nos receptores canabinoides inibindo percepção de dor. Ilegal em muitos países. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 9 Dor referida - A pessoa sente dor em parte do corpo que dica distante do tecido muscular causador da dor. - Ex: dor em órgãos viscerais é sentida na superfície do corpo. - Ramos das fibras para a dor visceral fazem sinapse na medula espinhal, nos mesmos neurônios de segunda ordem (1 e 2) que recebem os sinais dolorosos da pele. - Quando as fibras viscerais para a dor são estimuladas, os sinais dolorosos das vísceras são conduzidos pelos mesmos neurônios que conduzem os sinais dolorosos na pele, e a pessoa sente dor na superfície. Dor visceral - Originada das diferentes vísceras do abdome e do tórax - As vísceras têm receptores sensoriais exclusivos para a dor. Dor difere da superficial em vários aspectos. - DOR GRAVE só é causada em danos viscerais MUITO LOCALIZADOS. - Qualquer estímulo que cause estimulação DIFUSA DAS TERMINAÇÕES PARA DOR nas vísceras causa dor grave. Isquemia por exemplo... CAUSA DA DOR VISCERAL VERDADEIRA - Qualquer estímulo que excite as terminações nervosas para a dor em áreas difusas das vísceras pode causar dor visceral: lesão química das superfícies das vísceras, espasmo da musculatura lisa oca, distensão excessiva oca e distensão do tecido conjuntivo que circunda ou localizado na víscera. - Qualquer dor que se origine nas cavidades TORÁCICA ou ABDOMINAL é transmitida por fibras finas do TIPO C – Só dor persistente. - Isquemia tem a mesma esquemática de outros locais. ESTÍMULOS QUÍMICOS - Algumas vezes, substâncias nocivas escapam do TGI para a cavidade peritoneal. Por exemplo, o suco gástrico ácido pode escapar, causando digestão disseminada do peritônio visceral, estimulando amplas áreas de fibras dolorosas. - Dor é forte e grave. ESPASMO DE VÍSCERA OCA - O espasmo de porção da alça intestinal, vesícula biliar, ducto biliar, ureter ou de qualquer outra víscera oca pode causar dor – possivelmente pela ESTIMULAÇÃO MECÂNICA DAS TERMINAÇÕES NERVOSAS DA DOR. - Espasmo também pode causar isquemia e provocar a reação... - Em geral estes espasmos ocorrem na forma de CÓLICAS – Com dor chegando a alto grau de gravidade e depois diminuindo. - Processo continua de modo intermitente, uma vez a cada poucos minutos. - Ciclos intermitentes resultam de períodos de contração da musculatura lisa. - Por exemplo, a cólica ocorre toda vez que a onda peristáltica percorre a alça intestinal excessivamente excitável. - Dor ocorre na apendicite, gastroenterite, constipação, menstruação, parto, doenças da vesícula biliar, obstrução ureteral. DISTENSÃO EXCESSIVA DA VÍSCERA OCA - Dor pode ser causada diretamente pela distensão ou por bloquear vasos sanguíneos que circundam víscera. VÍSCERAS INSENSÍVEIS - Parênquima do fígado, alvéolos pulmonares. - Cápsula hepática é extremamente sensível ao trauma e distensão. Ductos biliares também sensíveis. Assim como brônquios, como pleura parietal. DOR PARIETAL, CAUSADA POR DOENÇA VISCERAL - Quando doença afeta a víscera, o processo doloroso geralmente se dissemina para o peritônio, pleura ou pericárdio parietal. - Superfícies parietais, como a pele, são supridas com extensa inervação dolorosa, por nervos espinhais periféricos. - Dor na parede parietal é geralmente AGUDA. - Sempre o peritônio PARIETAL é sensível. O visceral quase não é sensível. LOCALIZAÇÃO DA DOR VISCERAL – VIAS DE TRANSMISSÃO DADOR VISCERAL E PARIETAL - Dor oriunda de diferentes vísceras frequentemente é difícil de localizar por inúmeras razões. - SN do paciente não reconhece de experiência anterior a existência dos diferentes órgãos internos – portanto qualquer dor que se origine internamente pode apenas ser localizada com imprecisão. - Sensações do abdome e tórax são transmitidas por meio das duas vias para o SNC – Via verdadeira e via parietal. Dor visceral verdadeira: Transmitida pelas fibras sensoriais para dor – nos feixes nervosos autônomos. Dor visceral referida: Transmitidas para as áreas superficiais do corpo. Longe do órgão doloroso. Dores parietais: Conduzidas diretamente para os nervos espinhais locais do peritônio parietal, pleura ou pericárdio. LOCALIZADAS NA ÁREA DOLOROSA. LOCALIZAÇÃO DA DOR REFERIDA TRANSMITIDA ATRAVÉS DE VIAS VISCERAIS EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 10 - Quando a dor visceral é referida par a superfície do corpo, a pessoa localiza no segmento dermatômico de origem do órgão visceral. VIA PARIETAL PARA A TRANSMISSÃO DA DOR ABDOMINAL E TORÁCICA - Dor oriunda das vísceras frequentemente se localiza em duas áreas na superfície do corpo, ao mesmo tempo, por causa da dupla transmissão da dor pela via VISCERAL REFERIDA e via PARIETAL DIRETA.
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