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Módulo 1 Conceitos Básicos de Estoque e Planejamento da Demanda ESTÁGIO SETORIAL DE GESTÃO DE ESTOQUES SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO SUMÁRIO Introdução 1. Fundamentos de estoques Fatos históricos Conceitos de estoque, objetivos e funções Tipos de estoque Classificação Classificação contábil Importância e avaliação dos estoques Razões para a manutenção dos estoques Razões contra os estoques Custos dos estoques Custos de compra, aquisição ou requisição Custos de falta de estoque 2. Tipos de demanda Demanda independente Demanda dependente 3. Planejamento da demanda Cálculo da previsão pelo método do último período Cálculo da previsão pelo método da média móvel Cálculo da previsão pelo método da média móvel ponderada 4. Just in Time – JIT 5. Sistema Kanban Referências SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO MÓDULO 1. Conceitos Básicos de Estoque e Planejamento da Demanda Fonte: https://www.totvs.com/wp-content/uploads/2018/08/original- 110a297c39b4bf6f831293d2e5bfb2ab.jpg Introdução Num cenário globalizado que exige cada vez mais planejamento e organização, podemos dizer que a Gestão de Estoque é considerada de grande importância no contexto da logística. Vamos entender melhor? Para iniciarmos nossa conversa relembramos que a Gestão de Estoque tem como objetivo alcançar o equilíbrio entre compras, armazenamento e entregas. Muito importante, não é mesmo? Podemos dizer, ainda, que um dos principais elementos da Gestão Logística é o conceito de gestão de estoques. Segundo Ballou (2006), estoques são acumulações de https://www.totvs.com/wp-content/uploads/2018/08/original-110a297c39b4bf6f831293d2e5bfb2ab.jpg https://www.totvs.com/wp-content/uploads/2018/08/original-110a297c39b4bf6f831293d2e5bfb2ab.jpg SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO “.... que o Faraó aja e institua funcionários na terra, tome a quinta parte dos produtos da terra do Egito durante os sete anos de abundância, e eles reúnam todos os víveres desses bons anos que vêm, armazenem o trigo sob a autoridade do Faraó, coloquem os víveres nas cidades e os guardem. Esses víveres servirão de matérias - primas, suprimentos, componentes, materiais em processo e produtos acabados que encontramos em vários pontos do processo produtivo e da logística nas empresas. Na década de 1980, a estratégia adotada pelas empresas que realizavam a gestão de estoques, considerada eficiente e eficaz, era baixar a quantidade de estoques a zero, referendada por práticas japonesas de então. O fato, em alguns casos, causou problemas a algumas empresas que não conseguiram atender a seus clientes em tempo oportuno, “arranhando” suas imagens com níveis de serviço inaceitáveis. Slack, Chambers e Johnston (2007) afirmam que, tendo como foco a produção, podemos também definir estoque como a acumulação de recursos materiais em um sistema de transformação, o que reforça dizer que todas as operações produtivas possuem algum tipo de estoque físico de material, de informação e de pessoas, geralmente chamados de filas. Na atualidade é entendido que o estoque na cadeia de suprimentos é inevitável e o importante é gerenciá-lo visando à redução de seus custos. Essa redução não pode comprometer o nível de serviço ao cliente. Sabemos que o cliente atual é mais crítico e exigente e possui muitas opções, não é mesmo? Em nosso curso estaremos abordando conceitos básicos de estoque e planejamento da demanda, modelos matemáticos de gestão de estoques, gestão de armazém, planejamento das necessidades e planejamento estratégico da armazenagem. Vamos lá? Desejamos um excelente percurso. 1. Fundamentos de estoques Vamos iniciar fazendo uma rápida viagem no tempo? Leia o trecho a seguir que trará algumas curiosidades. Fatos históricos SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO reserva à terra para os sete anos de fome que se abaterão sobre a terra do Egito, e a terra não será assolada pela fome ...” ( Gn41,33-36) Você sabia que o relato transcrito, presente na Bíblia, é a primeira descrição do uso de técnicas de gestão de estoques, onde a produção excedente de um período servisse para manter o atendimento à demanda em um momento de escassez? Vamos continuar, conhecendo mais um pouco de história? Em meados do século XVIII, iniciou-se a Revolução Industrial. Nela, existem dois fatos que merecem ser destacados para ilustrar a história da gestão dos estoques: em 1744, apareceu a primeira versão gráfica da estrutura de produto, em uma propaganda da fábrica de fogões Franklin. Em 1880, o Arsenal de Veneza apresenta um primeiro sistema completo de controle de estoques na produção de navios. Os tempos modernos se iniciam com os processos de produção em massa, tendo como exemplo as linhas de montagem desenvolvidas por Henry Ford. Com isso, vieram os desenvolvimentos de fórmulas e sistemas para resolver os problemas de gestão dos estoques e produção, que então se avolumaram devido às enormes quantidades de produção. Veja a seguir uma linha histórica a respeito de sua evolução: 1920-1940 Nesse período inicia-se a preocupação com o processo de previsão, pois os produtos se tornaram cada vez mais complexos. Em 1934, R. H. Wilson desenvolveu a fórmula de cálculo do ponto de reposição estatístico. Após a II GG, com o crescimento das carteiras de pedidos provocado pela demanda retida em face do esforço de guerra, surgiu o sistema de ordens trimestrais baseado nos pedidos de clientes/previsão de vendas. SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO 1960 -1965 As listas de itens em falta (itens críticos) começam a ser automatizadas em meados dos anos 60, com o uso das calculadoras eletromecânicas que “explodiam” as listas de material feitas em cartões perfurados, combinando-as com a técnica de ponto de reposição. Essa técnica é muito utilizada por empresas que não possuem sistemas MRP instalados ou os têm implementados com baixo grau de utilização. Em 1965, Joseph A. Orlicky, trabalhando na IBM, desenvolveu as primeiras aplicações de programas de computador para planejamento e controle do ambiente industrial, batizado de Production Information and Control System (PICS). Ao mesmo tempo, surge o advento de administrar por processos, atividade desenvolvida principalmente no Japão, conhecida genericamente como just in time, englobando a técnica de gestão de estoques. Taichii Ohno, executivo da Toyota Motor Corporation, é considerado o “pai”dos conceitos do just in time. Fonte: adaptado pelo autor Conceito de estoque, objetivos e funções: Você já consegue responder o que é estoque? Nossa literatura apresenta uma quantidade bastante extensa de conceitos para estoque. Já foram destacados as apreciações sobre o tema manifestados por Ballou (2006), Slack, Chambers e Johnston (2007). Vamos entender o que cita Moreira? Para o autor estoque vem a ser qualquer quantidade de bens físicos que sejam conservados de forma improdutiva, por algum intervalo de tempo, aguardando seu uso, ou seja, todo material parado em algum local, desde que não esteja sendo processado ou utilizado naquele momento ( MOREIRA 1998). Podemos afirmar que o importante é que os estoques estão presentes em todos os níveis da cadeia de suprimentos, desde as fontes de fornecimento até o cliente final, incluindo os estoques existentes dentro das fábricas, nos depósitos e durante o transporte. Presente, também, em todas as áreas da economia, no setor varejista, nosetor agropecuário, no setor de serviços, em nossas residências – basta verificar as despensas, dentro das geladeiras, que o estoque estará lá. Vamos analisar a imagem a seguir e assim entender com detalhes o que estamos conversando? SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Fique atento! Veja que estamos fazendo uma analogia com um reservatório de água. O fluxo de entrada de materiais é representado pelo fluxo de água no reservatório. A quantidade de material estocado é representado pelo nível de água, e o fluxo de saída de água representa a demanda por materiais no estoque. Existe, ainda, um fluxo de resíduos que também reduz o nível de estoque. As taxas de fluxo de entrada e saída determinam, em conjunto, o nível de estoque. Se entrar mais material do que sair, o estoque aumenta. Se sair mais material do que entrar, o estoque diminui. Figura 1- Diversos sistemas de estoque SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Você já compreendeu qual é a função do estoque no contexto empresarial ou produtivo? Exatamente o que você imaginou, é maximizar o resultado de vendas e o ajuste da programação da produção, minimizando o capital investido em estoques. Os estoques desempenham função reguladora do fluxo do negócio: se houvesse demanda a possibilidade de ocorrer à sincronia perfeita entre demanda e oferta, os estoques seriam dispensáveis. Vamos compreender que sem estoque a organização/empresa se vê impossibilitada de cumprir sua missão, já que o estoque funciona como amortecedor entre os vários estágios da produção até a venda do produto. Destacamos como objetivo a otimização do investimento com eficiência e eficácia, reduzindo os procedimentos destinados a reinvestir em estoques. Tipos de estoque Os estoques podem ser divididos em grupos/tipos com o intuito de facilitar o gerenciamento. Vamos descrever duas formas de classificação de estoque: a primeira considerando o seu propósito nas operações da cadeia de suprimentos e a segunda observando o tratamento contábil que recebem. Podemos encontrar, ainda, outras formas de classificação que são algumas variantes das citadas aqui em nosso conteúdo. Classificação considerando as operações na cadeia de suprimentos Nesta modalidade, segundo Slack, Chambers e Jonhston ( 2007), a existência de várias razões responsáveis pelo desequilíbrio entre fornecimento e demanda, em diferentes pontos de qualquer operação necessitam de tipos específicos de estoque. Identificam-se cinco categorias distintas de estoques, considerando seu propósito ou razão de surgimento durante as operações na cadeia de suprimentos: estoque de proteção ou segurança; estoque de ciclo; SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO estoque de antecipação; estoque no canal de distribuição; estoque obsoleto, morto ou evaporação. Veja a seguir o quadro que especifica cada tipo de operação, considerando a cadeia de suprimentos: SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Classificação para efeito contábil No ambiente organizacional os inventários representam um conjunto de informações de extrema importância para a qualidade da gestão, pois registram os ativos das empresas. Para o seu minucioso trabalho contábil classificam os estoques em cinco grandes categorias: estoque de materiais; estoque de produtos em processo; estoque de produtos acabados; estoque em trânsito; estoque em consignação. Veja a seguir o quadro que apresenta cada tipo de estoque. SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Atenção! Os estoques de materiais podem incluir classificados em: diversos tipos de itens e podem ser Matérias primas: materiais que a empresa adquire para usar no processo produtivo, geralmente incorporando-se ao produto final, ou um material de embalagem. Materiais diretos: materiais produtivos; itens que se agregam ao produto final. Materiais indiretos: materiais auxiliares ou não produtivos; itens que não agregam ao produto final. Materiais auxiliares: são os itens utilizados pela empresa, mas que pouco ou nada se relacionam com o processo produtivo, como materiais de manutenção, escritório e de limpeza. Importância e avaliação dos estoques Podemos dizer que a avaliação dos estoques torna-se fundamentalmente importante, vamos entender o motivo? A existência de estoque vem a ser condição indispensável para um perfeito funcionamento do processo de fabricação e o equacionamento da produção e das vendas. Segundo Ballou ( 2006) os estoques das indústrias são em geral maiores que os do varejo e do atacado, superando-os monetariamente na razão de dois para um. Ballou afirma, ainda, que estoques de bens duráveis apresentam variações maiores que os estoques de não duráveis, em razão da compra poder ser adiada com mais facilidade. A importância dos estoques é variável entre empresas e, consequentemente, o tratamento dado aos inventários. Diferem entre firmas e indústrias, podendo ser melhor observado pela comparação entre o capital imobilizado em estoques. Vamos entender as razões que levam as empresas a manterem estoques em suas operações e os motivos pelos quais os estoques devem ser mínimos? SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Razões para a manutenção de estoques Você já parou para pensar nos motivos que levam a investir em estoques? Vamos compreender melhor? O investimento em estoques proporciona dois objetivos estratégicos: maximizar os recursos da organização; atingir um nível satisfatório de serviço. Tais objetivos só serão alcançados se forem adotados processos de gestão eficientes e eficazes, que sirvam de diretrizes para tomada de decisões e de referência para a medição dos resultados. A manutenção de estoques ocupa, no momento e na quantidade desejados, posição de garantia contra acontecimentos imprevistos. Ballou ( 2007) destaca seis razões descritas no quadro abaixo. Vamos analisar, a seguir, as razões para a manutenção de um estoque: SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Segundo Ballou (2006), embora a manutenção de estoques implique em custos adicionais, sua utilização acaba indiretamente reduzindo os custos operacionais em outras atividades do canal de suprimentos, de tal modo que pode mais do que compensar os custos de manutenção. Razões contra os estoques Em relação ao tema em apresso, Graziani (2013) afirma que apesar dos estoques serem recursos produtivos que armazenam valor e serem necessários para compensar a imprevisibilidade dos processos organizacionais e ambientais, existem uma série de argumentos que invalidam a citada opção manutenção de estoques: os estoques são considerados um desperdício, pois o capital investido neles poderia ser mais bem empregado em melhorar a produtividade e a competitividade da empresa; a manutenção de estoques não contribui com qualquer valor direto para os produtos da empresa; os estoques às vezes acabam desviando a atenção da existência de problemas no canal de suprimento, pois possibilitam evitar o planejamento e a coordenação ao longo dos vários elos do canal; e níveis elevados de estoques tendem a gerar conformidade com o erro e as causas dos problemas não são atacadas. SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Graziani (2013) destaca que alguns custos são diretamente proporcionais à quantidade estocada, outros são inversamente proporcionais a ela, e existem aindacustos independentes da quantidade estocada, ou seja, conforme for alterada a quantidade estocada, alguns custos podem aumentar enquanto outros podem diminuir. A gestão caracteriza-se pela dificuldade em balancear os estoques visando obter o maior equilíbrio possível entre a produção e o custo total do estoque. Custos dos estoques Os custos relacionados à gestão dos estoques são extremamente relevantes para as organizações que precisam mantê-los. Ballou (2006) relaciona três categorias diferenciadas de custos vinculados a esta modalidade de gestão: custo de manutenção; custo de compra ou aquisição ou requisição ; e custo de falta de estoque. Atenção! Custos de manutenção: E quanto aos custos de manutenção? Os custos para manter estoques estão associados a todos os custos necessários para manter determinada quantidade de materiais por período definido. Destacam-se os seguintes custos: armazenagem, manuseio, seguro, deterioração e obsolescência, furtos e roubos, perdas e de oportunidade de empregar dinheiro em estoque. Esses custos, de acordo com a figura 2, são diretamente proporcionais à quantidade estocada. Analise a seguir os custos de manutenção: Figura 2 – Custos de manutenção SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Custos de compra, aquisição ou requisição Os custos de compra ou aquisição, ou ainda custos de pedir, estão relacionados a todas as despesas que a empresa despendeu para atender as quantidades requeridas para repor os estoques. Estão inclusos os custos fixos administrativos pertencentes ao processo de compra. São eles: custo do processamento de pedidos; custo de transmissão do pedido ao fornecedor ( eletronicamente ou por métodos manuais como os correios) ; custo de preparação de produção ou manuseio para atender o lote solicitado ( produção interna ); e custo de manuseio e verificação contra a nota e a quantidade física no recebimento do pedido; e custo de inspeção para verificar a qualidade do produto. Os custos de aquisição são inversamente proporcionais à quantidade estocada, isto é, quanto mais vezes se comprar ou se preparar a produção, menores serão os SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO O custo de vendas perdidas é caracterizado como o lucro perdido com o cancelamento do pedido em razão da falta do produto desejado. Apresenta dificuldade na sua mensuração em razão da falta de precisão no que se refere ao comportamento futuro do cliente quanto a novos pedidos. Os custos de atrasos estão relacionados às despesas adicionais de vendas e a custos no reprocessamento do pedido, ainda os custos extraordinários de transporte e manuseio. São medidos com mais facilidade por se tratar de gastos diretos da empresa. estoques médios e maiores serão os custos relativos ao processo tanto de compras como de preparação. Custos de falta de estoque Podemos dizer ainda que não manter estoque pode representar uma dificuldade, vamos verificar quando isso ocorre? Segundo Graziani (2013), estes custos estão associados aos casos que decorrem de modificações no fluxo de produção, e que são incorridos quando se tem de completar o estoque em casos emergenciais. Podem ocorrer dois tipos de custos de falta de estoques, conforme a reação do cliente em potencial frente a essa situação: custo de vendas perdidas; e custos de atrasos. Atenção! Michael C. Bergerac, ex diretor presidente da Revlon, Inc. afirmou que “Todo erro de gerenciamento se reflete no estoque” ( BALLOU, 2006, p.271) SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO 2. Tipos de demanda Figura 3 – Previsão de demanda Fonte: https://www.dinamicaej.com.br/wp-content/uploads/2018/09/M%C3%A9todos- de-Previs%C3%A3o-de-Demanda-Caracter%C3%ADsticas-e-Aplicabilidades.jpeg Você sabe o que é demanda? É claro que sempre trazemos demandas em nossos contextos, mas vamos a uma definição: demanda significa a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir por um preço definido em um mercado. A demanda pode ser interpretada como procura, mas não necessariamente como consumo, uma vez que é possível querer e não consumir um bem ou serviço, por diversos motivos. Segundo Graziani (2013), a forma como gerenciamos os níveis de estoque é influenciado pela natureza da demanda ao longo do período considerado. A demanda, de acordo com a sua natureza, pode ser classificada em demanda independente e demanda dependente. Vamos conhecer o significado de cada uma? Demanda independente É aquela que deve ser prevista porque não está relacionada com outro item. Decorre dos pedidos dos clientes externos como produtos acabados que são vendidos https://www.dinamicaej.com.br/wp-content/uploads/2018/09/M%C3%A9todos-de-Previs%C3%A3o-de-Demanda-Caracter%C3%ADsticas-e-Aplicabilidades.jpeg https://www.dinamicaej.com.br/wp-content/uploads/2018/09/M%C3%A9todos-de-Previs%C3%A3o-de-Demanda-Caracter%C3%ADsticas-e-Aplicabilidades.jpeg SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO diretamente a eles, e itens de manutenção, de uso interno e requisitados por clientes internos, como material de expediente. (Graziani, 2013) Analise a seguir o ressuprimento dos estoques de acordo com o tipo de demanda independente: Demanda dependente É aquela que deve ser calculada porque está relacionada ou depende de algum outro item. A demanda dependente é relativamente previsível devido à sua dependência de fatores conhecidos. Para Corrêa e Corrêa ( 2004), a decisão está sob o controle absoluto da operação: o consumo futuro dos componentes de um SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO determinado produto está diretamente correlacionado com o quantitativo a produzir do produto considerado. Figura 4 – Demanda dependente e demanda independente 3. Planejamento da demanda Figura 5 - Planejamento Fonte: https://lh3.googleusercontent.com/proxy/ksXySLDCSOb3wyPfZjyipBn8ZlJ0vFKXwVY- dObRKY4dFMMTDRh6LloP757BvptGq5W3g33Kcks- muDK5NmsnvNsOeKtDoQaaJ4VaMSWGTSEsxGST5RmEEKgbaun https://lh3.googleusercontent.com/proxy/ksXySLDCSOb3wyPfZjyipBn8ZlJ0vFKXwVY-dObRKY4dFMMTDRh6LloP757BvptGq5W3g33Kcks-muDK5NmsnvNsOeKtDoQaaJ4VaMSWGTSEsxGST5RmEEKgbaun https://lh3.googleusercontent.com/proxy/ksXySLDCSOb3wyPfZjyipBn8ZlJ0vFKXwVY-dObRKY4dFMMTDRh6LloP757BvptGq5W3g33Kcks-muDK5NmsnvNsOeKtDoQaaJ4VaMSWGTSEsxGST5RmEEKgbaun https://lh3.googleusercontent.com/proxy/ksXySLDCSOb3wyPfZjyipBn8ZlJ0vFKXwVY-dObRKY4dFMMTDRh6LloP757BvptGq5W3g33Kcks-muDK5NmsnvNsOeKtDoQaaJ4VaMSWGTSEsxGST5RmEEKgbaun SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Conversamos no início de nossa aula que planejar é essencial em nosso contexto, não é mesmo? Então podemos afirmar que as técnicas de planejamento estabelecem estimativas das quantidades a serem produzidas e, portanto, definem as quantidades de materiais que deverão ser comprados. Se a quantidade comprada de materiais for pequena, pode-se colocar em risco o atendimento aos clientes e prejudicar a imagem da empresa. Se a quantidade comprada for grande demais, ocorrerá uma imobilização excessiva de capital de giro e também aumento nos custos de estocagem. Cálculo da previsão pelo método do último período Este método de previsão é o mais simples. Consiste em utilizar como previsão parao período seguinte a quantidade que ocorreu no período anterior. Ele é muito utilizado por pequenas empresas, pois basta olhar o que foi vendido, por exemplo, no último mês para saber quanto deverá ser 1993). comprado para repor o estoque. (DIAS, Veja a seguir a previsão pelo método do último período: Fonte: Fogaça, 2008. SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO A previsão para o mês de maio, por esta técnica, significa repetir a quantidade consumida em abril. Cálculo da previsão pelo método da média móvel Falar em cálculos é sempre trazer um ponto muito importante. Vamos compreender. A obtenção da previsão para o próximo período, por este método, é feita frequentemente, pois seu cálculo é muito simples de ser efetuado. Consiste na média aritmética aplicada ao consumo dos períodos anteriores. Ou seja, somam-se todas as parcelas e divide-se pelo número de períodos. De acordo com Martins e Laugeni (2005), o cálculo é feito da seguinte forma: MMS = P1+ P2+ P3+. + Pn n Onde: P1 a Pn ⇒ Períodos (em meses, anos etc.) n ⇒ Quantidade de períodos MMS ⇒ Média Móvel Simples Observe os exemplos a seguir: I . Certa empresa vendeu um de seus produtos nas quantidades e períodos indicados no quadro 6. O procedimento de cálculo simples pode ser observado no quadro7. utilizado para encontrar a média móvel Vamos conhecer a seguir a previsão pela média móvel simples SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Fonte: Fogaça, 2008. Analise a seguir o cálculo feito a partir da média móvel simples: Fonte: Fogaça (2008) Para a obtenção da média móvel foram somadas as quantidades entre janeiro e abril dividindo-se o resultado por quatro (número de meses), este resultado será o valor previsto para o mês de maio. II. O consumo em quatro anos de uma peça foi de: 2012 – 72 2013 – 60 2014 – 63 2015 – 66 Qual deverá ser o consumo previsto para móvel, com n= 3? MMS = 60+63+66 = 63 3 A previsão para 2016 é de 63 unidades. 2016, utilizando-se o método da média Cálculo da previsão pelo método da média móvel ponderada Esta técnica consiste em aplicar pesos maiores aos últimos períodos da série. Desta forma, o resultado fica tendendo aos valores com maior peso e que vem a ser aqueles mais próximos do último período considerado (DIAS, 1993). Nesta técnica, de certa forma, atribui-se pouco peso aos valores mais distantes do momento atual e, com isto, a tendência é a de tornar o resultado da previsão mais parecido com o valor SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO do último período. A seguir, é apresentada a fórmula com a qual se efetua a previsão. O somatório dos pesos deve ser igual a 100%. Onde: Ci = Peso atribuído ao i - ésimo Segundo Dias (1993), “a determinação dos pesos ou fatores de importância deve ser feita de tal forma que a soma perfaça 100%”. Exemplo de aplicação: Conheça a seguir o cálculo efetuado no Exel: Fonte: Fogaça ( 2008) Você ao analisar o Quadro 8 percebe que na coluna VALORES, encontramos os valores que correspondem à multiplicação do percentual pela quantidade, exemplo: (10% x 380 = 38). Na última linha é feito o somatório da coluna VALORES, que indica como previsão para o mês de MAIO a quantidade de 380 unidades. Esta média poderia também ser escrita de outra forma. Veja como: MMP= 0,1 x V1 + 0,2 x V2 + 0,3 x V3 + 0,4 x V4 Onde: V1, V2, V3 e V4 correspondem às quantidades apresentadas no quadro. SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Para Nogueira (2012), Jit é um sistema de programação para puxar o fluxo de produção assegurando a pontualidade, disponibilizando o material certo, na hora certa, no local certo e no exato momento de sua utilização. MMP= 0,1 x 380 + 0,2 x 382 + 0,3 x 376 + 0,4 x 382= 380 4. Just in Time – JIT Você com certeza já ouviu falar de Just in Time (Jit), mas vamos relembrar o assunto? O Just in Time (Jit) surgiu no Japão, em meados da década de 70, tendo sido implementado pela empresa automobilística Toyota Motor Company, que buscava uma metodologia que pudesse coordenar com precisão a produção com demanda específica de diferentes modelos e cores de veículos, minimizando o tempo ou atraso. Pode-se dizer que o Just in Time é uma filosofia de gestão de estoques que defende a minimização dos níveis de estocados como forma de redução de desperdícios. Os estoques são perniciosos não somente porque ocupam espaços ou comprometem os investimentos da organização, mas principalmente por ocultarem problemas da produção. Essa filosofia é composta de práticas gerenciais que podem ser aplicadas em qualquer ambiente organizacional. Algumas expressões são geralmente utilizadas para traduzir aspectos da filosofia Jit: produção sem estoque; eliminação de desperdício; manufatura de fluxo contínuo; esforço contínuo na resolução de problemas. Atenção! Cabe destacar que a necessidade constante de atender aos clientes com qualidade, ou seja, com rapidez e baixo custo, norteou o desenvolvimento de novas ferramentas que otimizassem e customizassem o atendimento. O aumento recorrente SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO da demanda gera a necessidade de estar preparado para disponibilizar produtos a qualquer momento e em qualquer lugar. Você sabia? Que segundo Nogueira (2012), a utilização do Jit proporciona vantagens e desvantagens. Vamos conhecer? Vantagens Desvantagens diminuição de custos com estoque; pode resultar em ociosidade do empregado; melhoria na eficiência da produção; pode diminuir a produtividade; melhoria na qualidade; reação lenta às mudanças na demanda; rápida resolução de problemas; necessidade de mudanças rápidas por parte dos fornecedores; é um eficiente sistema de puxar; aumento da responsabilidade dos fornecedores. redução no estoque; melhoria na coordenação de diferentes sistemas; melhoria no relacionamento com os fornecedores. Fonte: adaptado pelo autor Podemos dizer que a utilização do Jit necessita de avaliação prévia por parte da empresa com o intuito de promover a adequada adaptação as suas ideias e conceitos. Necessário se torna analisar a cultura organizacional e o mercado de atuação. 5. Sistema Kanban Vamos começar nossa conversa a respeito do Kanbam conhecendo alguns conceitos? SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Fonte: adaptado pelo autor O Kanban operacionaliza o Jit e com isso a empresa obtém: sincronização e alinhamento da produção e abastecimento entre os diversos departamento; flexibilidade de programação; aumento da capacidade produtiva; controle visual , em tempo real, da situação de demanda e estoques de cada área e cada material ou produto; detecção imediata de gargalos de produção ou abastecimento; detecção precoce de problemas de qualidade. Para refletir O Kanban possui benefícios, mas temos também que compreender suas desvantagens. Abaixo podemos analisar e comparar. Vamos lá? Nogueira ( 2012) Kanban é uma metodologia de programação de compras, de produção e de controle de estoques extremamente preciso e ao mesmo tempo de baixo custo. “Kanban” é um termo japonês que significa cartão, desenvolvido na Toyota Motors, no Japão, que com essa filosofia de trabalho, os estoques intermediários são minimizados, provendo-se um controle por meio de quadros e cartões. Shingo (1996) Kanban significa abastecera unidade fabril, de acordo com os itens necessários, nas quantidades necessárias, no momento necessário, com a qualidade necessária para suprir a linha de montagem final sem perdas e geração de estoques. Tubino (2007) afirma que o Kanban , na prática, atua como ferramenta de comunicação visual e como dispositivo de comunicação do ponto de utilização até a operação prévia. Substitui, desse modo, as ordens de compra para os fornecedores e as ordens de produção para os setores operacionais, eliminando a documentação que seria necessária em ambientes tradicionais de manufatura. SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO Fonte: o autor Referências ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999. BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2007. . Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. . Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. . Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. CALIXTO, F. Logística: um enfoque prático. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2014. DIAS, M.A. Introdução à Logística: fundamentos, práticas, e integração. São Paulo: Atlas,2017. FOGAÇA, M.; SAMPAIO, J.,R. Logística. Palhoça: UnisulVirual, 2013. GIANESI, I. G. N. Just In Time, MRP II e OPT: um enfoque estratégico. São Paulo: Atlas, 1993. GIANESI, I. G. N.; CAON, M. Planejamento, programação e controle da produção. São Paulo: Atlas, 2001. Benefícios do sistema Kanban Desvantagens do sistema Kanban sincronização e alinhamento da produção e abastecimento entre os diversos departamentos; requer mudança de layout da fábrica para propiciar um fluxo de produção em pequenos lotes; flexibilidade de programação; requer mudança de equipamentos para diminuir os tempos de preparação de ferramentas; controle visual, em tempo real, da situação de demanda e estoques de cada área e cada material ou produto; requer que a qualidade dos produtos seja próxima a 100%, pois um contenedor com peças defeituosas paralisa toda a linha à frente; aumento da capacidade produtiva; requer mudanças de procedimentos de trabalho para uniformizar o fluxo de informação; detecção imediata de gargalos de produção ou abastecimento; dificuldade quanto ao comprometimento dos colaboradores no início do processo. detecção precoce de problemas de qualidade. SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DO EXÉRCITO GONÇALVES, P. S. Administração de Materiais. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Elieser, 2013. GRAZIANI, A., P. Gestão de estoques e movimentação de materiais. Palhoça: UnisulVirtual, 2015. KRAJEWSKI, L.; RITZMAN, L.; MALHOTRA, M. Administração de produção e operações. 8. ed. São Paulo: Pearson / Prentice Hall, 2009. MADEIRA, P.C.S. Fundamentos da Logística Empresarial e Cadeia de Abastecimento. 1ª ed, rev, Palhoça: UnisulVirtual, 2011. MARTINS, P.,G.; Alt, P., R., C. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. 3 ed . São Paulo: Saraiva, 2009. MOURA, Reinaldo Aparecido. Equipamentos de movimentação e armazenagem.6 ed. São Paulo: IMAM, 2004. NOGUEIRA, A., S. Logística empresarial: uma visão local com pensamento globalizado. São Paulo: Atlas, 2012. PAOLESCHI, B. Estoques e Armazenagem. 1ª Ed, São Paulo: Érica, 2014. SANCHES, K. R. Gestão de Suprimentos, 2ª Ed, Palhoça: UnisulVirtual, 2012. VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2000.
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