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Apostila - Produção Textual Científica

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Prévia do material em texto

1 
JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA 
LUCIANA MARTINS ARRUDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRODUÇÃO TEXTUAL 
CIENTÍFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2021 
2 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá! Este é o e-Book da disciplina de Produção Textual Científica. É 
com muita satisfação e dedicação que elaboramos este trabalho. Temos o 
objetivo de apresentar conceitos, estratégias e técnicas de produção 
acadêmico-científica por meio de uma metodologia dinâmica e inovadora, com 
foco no desenvolvimento prático e autônomo, e apoio do uso de tecnologias da 
informação e da comunicação para a Educação Superior. 
Nosso material está fundamentado nos principais conceitos teóricos 
e metodológicos, com a missão de auxiliar a promoção e consolidação do 
conhecimento profissional e científico na área de linguagem. A ideia é 
contribuirmos com a formação científica de qualidade, a partir do planejamento 
que reconheça a importância do conhecimento científico e do fazer científico. 
A sociedade atual vive uma ebulição de informações e, 
consequentemente, de novos saberes do senso comum. Porém, é de 
conhecimento universal, que, ao contrário desta diversidade de produções 
desenvolvidas no cotidiano, a sociedade possui uma grande demanda de 
produção técnico-científica. Isto é, necessidade de novos conhecimentos 
sistemáticos que, fundamentados pela atividade científica, podem contribuir 
com a resolução de problemas sociais de diversas ordens. 
É com essa premissa, e com o objetivo de auxiliá-lo(a) na produção 
de conhecimentos científicos, que pretendemos mostrar como podemos 
desenvolver essa forma de saber, bem como saber quais práticas estão 
associadas ao domínio das técnicas de produção destas formas de trabalhos 
acadêmico-científicos. 
Por isso, dividimos este e-Book em quatro Unidades. A primeira, que 
lida com os temas conhecimento, pesquisa e texto científico, abordará as 
características da formação do espírito científico, e dos produtos resultantes do 
fazer científico. A segunda abordará os tipos de produção de gêneros 
acadêmicos presentes na ciência – resumo, resenha e artigo, bem como, 
desenvolver uma grande e necessária reflexão sobre a produção de 
conhecimento teórico-metodológico na sociedade. 
3 
Na terceira apresentaremos as definições institucionais de regras e 
normatizações da prática de escrita e desenvolvimento de pesquisa científica. 
Ao final, na quarta unidade, apresentaremos algumas noções sobre ética na 
escrita do texto científico, plágio e tipos de plágio. 
Assim, por meio da leitura deste e-Book, esperamos contribuir com a 
aquisição de informações e conhecimentos sobre a prática de escrita científica 
presente no contexto acadêmico científico. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 1 
CONHECIMENTO, PESQUISA E TEXTO CIENTÍFICO.................................. 5 
 
UNIDADE 2 
GÊNEROS ACADÊMICOS – RESUMO, RESENHA E ARTIGO..................... 13 
 
UNIDADE 3 
NORMAS, ORGANIZAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO DA ESCRITA 
CIENTÍFICA...................................................................................................... 37 
 
UNIDADE 4 
ÉTICA NA ESCRITA DO TEXTO CIENTÍFICO............................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
UNIDADE 1 - CONHECIMENTO, PESQUISA E 
TEXTO CIENTÍFICO 
 
 
 
Olá! Vamos iniciar os estudos sobre a prática e produção de textos 
acadêmico-científicos, um conteúdo de muita importância para todos que estão 
desenvolvendo pesquisas e/ou disciplinas relacionadas à prática de 
investigações. A temática que desenvolvemos nesta unidade tem como foco a 
compreensão de conceitos e concepções sobre os elementos que estruturam o 
fazer científico na universidade e institutos de pesquisas. 
É de saber geral que o conhecimento é uma das bases de 
sustentação da sociedade. Podemos compreendê-lo como fundamentação 
para possíveis resoluções de problemas que vivenciamos em sociedade. Entre 
as formas de conhecimento existentes, vamos apresentar elementos e 
métodos de produção do saber científico que são desenvolvidos por meio da 
escrita de textos acadêmicos. 
Para isso, dividimos esta primeira Unidade em quatro tópicos. No 
primeiro, refletimos sobre as características do conhecimento científico. Em um 
segundo momento, no tópico 02, apresentamos os conceitos e concepções 
6 
sobre a pesquisa científica, possibilitando uma reflexão em relação aos 
princípios norteadores da produção textual em contexto acadêmico. No tópico 
03, propomos uma discussão sobre a formulação de objetos e problemas de 
pesquisas, compreendendo-os como base fundamental para a prática 
científica. Por fim, abordamos, no tópico 04, o conceito de texto acadêmico-
científico. 
A seguir, apresentamos os principais objetivos desta nossa primeira 
unidade. 
Boa leitura! E Bons Estudos! 
 
Objetivos 
• Demonstrar os conceitos dos elementos que alicerçam a produção 
científica; 
• Apresentar a base epistemológica da produção de textos acadêmico-
científicos; nas universidades, faculdades e em institutos de pesquisas 
brasileiros; 
• Apresentar concepções gerais de conhecimento, pesquisa e texto 
científico; 
• Demonstrar as noções que fundamentam teórica e metodologicamente a 
produção escrita de textos científicos. 
 
1.1 O conhecimento científico 
 
Para este primeiro tópico da Unidade 01 de nosso material, retomamos 
conceitos sobre a produção de saberes na sociedade, no sentido de 
demonstrar as características fundamentais do fazer científico. 
 
INÍCIO DE ATENÇÃO 
O senso comum presente na sociedade possui em sua estrutura diferentes 
formas de conhecimento. 
É importante reconhecermos que o conhecimento científico, diferente de outros 
presentes na sociedade, tem por especificidade fundante a adoção de 
metodologias públicas e rigorosas, que buscam em sua essência a constituição 
7 
de fundamentos e argumentos científicos, com objetividade e neutralidade. 
Porém, é possível dizermos que há condições que influenciam na produção do 
conhecimento científico, assim como outros saberes do senso comum, como o 
religioso. 
Para Demo (2000, p. 29) “conhecimento científico é o que busca fundamentar-
se de todos os modos possíveis e imagináveis, mas mantém consciência crítica 
de que alcança este objetivo apenas parcialmente, não por defeito, mas por 
tessitura própria do discurso científico”. Para o autor, o processo de 
argumentação desenvolvido por trabalhos científicos, precisam ser 
estruturados de forma que “permitam ser desmontados e superados” 
É preciso enfatizar que o conhecimento científico é discutível. Não pela mera 
polêmica, mas discute-se uma tese porque se chega a outra melhor elaborada. 
Não é a crítica pela crítica. Mas, como Pedro Demo bem colocou é a crítica e 
autocrítica porque só assim é possível ter as alterações, revisões e 
substituições dos paradigmas. 
 
1.2 A pesquisa científica 
 
Nesta sessão temos o objetivo de apresentar o conceito de pesquisa científica. 
Compreendemos que é importante para os estudantes e pesquisadores de 
universidades, faculdades e institutos de pesquisa, entenderem que o processo 
de escrita científica transcende o domínio sobre as técnicas de escrita de um 
texto acadêmico. Para que possamos desenvolver pesquisas e 
consequentemente produzir novos conhecimentos científicos, é necessário 
compreendermos que a prática de pesquisa é, nos dias de hoje, um exercício e 
trabalho de profissionais de diferentes áreas de conhecimento. 
 
As pesquisas científicas têm como propriedade fundamental a busca por 
melhorias na qualidade de vida da sociedade, bem como resolução de 
problemas sociais. Não diferente, os trabalhos científicos materializados em 
textos, sejam aqueles desenvolvidos no início, no desenvolvimento, ou ao final 
da pesquisa, se caracterizam no ambiente universitário,como gêneros 
8 
acadêmicos com diferentes estruturas. Como exemplo, podemos citar: 
resumo, resenha, artigos, e entre outros. 
Conforme vimos até aqui, foi possível perceber que a pesquisa científica se 
caracteriza enquanto um procedimento que faz uso de metodologias próprias 
com o objetivo de desenvolver conhecimentos científicos. Richardson (1999, p. 
22) nos afirma que “O método científico é o caminho da ciência para chegar a 
um objetivo. A metodologia são as regras estabelecidas para o método 
científico [...]” 
Neste sentido, também podemos retomar as contribuições de Demo (2006), 
para quem a pesquisa pode significar condição de consciência crítica e cabe 
com o componente necessário de toda proposta emancipatória. Para não ser 
mero objeto de pressões alheias, é mister encarar a realidade com espírito 
crítico, tornando-a palco de possível construção social alternativa. Aí, já não se 
trata de copiar a realidade, mas de reconstruí-la conforme nossos interesses e 
esperanças. É preciso construir a necessidade de construir caminhos, não 
receitas que tendem a destruir o desafio de construção. 
 
SUGESTÃ DE VÍDEO 
Vídeo complementar: https://www.youtube.com/watch?v=7hLqaJLQ5Q4 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=7hLqaJLQ5Q4
9 
1.3 Objeto de estudo/pesquisa e problemática 
 
Para o desenvolvimento de qualquer forma de pesquisa, 
independentemente de áreas de estudo, sempre precisamos ter em vista o 
desenvolvimento de um objeto de estudo. É a formulação e definição de um 
problema e ou fenômeno social como elemento de análise e reflexão teórico-
científica. 
Ribeiro (2016, p. 119), ao retomar os estudos de Bachelard (1996), 
propõe reconhecermos que “a constituição de um objeto de pesquisa seria 
correlata à inscrição de um nome próprio, um nome para que não seja mais 
preciso apontar o dedo. [...] Trata-se, portanto, de despir-nos desses caminhos 
imaginários – que são aqueles baseados em um julgamento moral|”. 
Conforme vimos, o desenvolvimento de um objeto de estudo está 
interligado a inscrever-se enquanto pesquisador dentro de uma proposta de 
problematização de um fenômeno da linguagem, e enfrentar os imaginários 
possíveis que podem contribuir com a resolução ou diagnóstico do problema 
levantado. 
Segundo Ribeiro (2016), é possível entender que o desenvolvimento 
de um objeto de estudo/pesquisa pode configurar-se como a construção 
singular do pesquisador que produz um texto acadêmico. 
 
- O problema científico 
Toda atividade científica requer o desenvolvimento de trabalhos 
acadêmicos que se caracterizam de formas diferentes, porém, todos possuem 
uma relação com a formulação de um objeto de estudo, que 
consequentemente se constitui a partir do desenvolvimento de um problema de 
pesquisa. 
A problemática se estrutura inicialmente por meio da dúvida de 
um pesquisador. 
 Ao se filiar a um campo teórico de investigação científica, este 
pesquisador desenvolve e seleciona métodos e técnicas científicas que o 
auxiliarão no desenvolvimento de seu estudo sobre o fenômeno 
problematizado. 
10 
1.4 O que é texto científico/acadêmico? 
 
Os textos científicos, também são conhecidos como trabalhos 
acadêmicos, que se caracterizam como uma produção textual, uma narrativa 
escrita que faz uso de conceitos e teorias para fundamentar uma reflexão e/ou 
uma análise de fenômenos sociais de diferentes áreas, resultados de 
pesquisas científicas. 
Esta forma de produção é própria da comunidade acadêmico-
científica, que no Brasil é representada em grande parte pelas universidades. 
Entre suas características, o texto científico tem uma linguagem própria e 
específica da área de estudo, mas de forma geral, se organiza por meio de 
uma linguagem objetiva, que evita ambiguidade, e tem entre como uma de 
suas preocupações, a informatividade e clareza em seus conceitos. 
Para Ribeiro (2016, p. 122), 
A escrita do texto acadêmico, para um pesquisador da área de 
linguagem, diferentemente de outras áreas de conhecimento, 
constitui-se como suporte e produto de uma investigação 
científica. É pela escrita de tal texto que os resultados da 
pesquisa empreendida são divulgados, à medida que tal escrita 
se configura como produto dessa investigação. 
 
A autora nos reforça a concepção de que, ao escrever um texto 
científico, precisamos atender duas etapas de investigação. A primeira é a de 
apresentar para sociedade os resultados da pesquisa, e a segunda é 
compreender que o texto concluído funciona como prova material da 
experiência científica desenvolvida a partir do desenvolvimento de um objeto 
de estudo. 
Para Vieira e Fabiano (2013, p. 251), 
A produção escrita de textos acadêmicos possui em sua 
estrutura procedimentos teórico-metodológicos, como a 
apresentação de um problema, a criação de um objeto de 
pesquisa e a utilização de outros discursos, como 
argumentação e sustentação da investigação, que é realizada 
pelo jovem-pesquisador. 
 
Alguns gêneros textuais acadêmico-científicos não possuem em sua 
estrutura a necessidade de objetos de estudos específicos, o resumo e a 
resenha por exemplo. Porém, estas produções são oriundas da análise de 
11 
outros textos acadêmicos que podem conter em sua estrutura, um objeto de 
pesquisa definido. 
Assim, a escrita de textos científicos demanda de quem escreve um 
domínio sobre a produção e identificação de problemas de pesquisa, objetos 
de estudo, e toda articulação de procedimentos teórico-metodológicos 
utilizados como mecanismos de argumentação. 
 
• Os tipos e as correspondências 
 
Um conteúdo importante para lembrarmos são os conceitos 
universais de tipologias textuais, como texto narrativo, descritivo e 
argumentativo. 
Estas formas de textos estão presentes e estruturam os gêneros 
textuais. No contexto acadêmico, podemos citar como exemplos a escrita de 
resumos, resenhas e artigos científicos. 
 
SAIBA MAIS: CARACTERÍSTICAS 
 
O Texto científico - revela pesquisa, possui rigor científico e visa publicação. 
Ex. monografias, teses, resenhas e artigos científicos. 
O Texto técnico - relativo às profissões, a atividades empresariais e 
repartições públicas. Ex. atas, memorandos, circulares, requerimentos, 
relatórios, avisos entre tantos outros. 
Proximidades 
As redações técnico-científicas apresentam características que são regidas 
pelos mesmos princípios básicos (no sentido amplo) que orientam a 
estruturação de qualquer texto escrito, ou seja: clareza – coesão e coerência 
- correção, obediência às normas gramaticais e objetividade. 
 
Redação técnico-científica 
Precisão do vocabulário, a exatidão dos pormenores. 
Imparcialidade e comunicabilidade: eficácia e a exatidão da 
comunicação 
Esclarecer, informar 
Objetividade 
12 
Não permite ambiguidade 
Uniformidade na estrutura, na terminologia e no estilo. 
Linguagem denotativa 
Função referencial 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BACHELARD, G. A formação do espírito científico. Contribuição para a 
psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. 
 
DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. 
 
RIBEIRO, M. A. de O. Para não apontar o dedo: a constituição de um objeto de 
pesquisa In. TOLOMEI & LIMA (Orgs.) Entre Fronteiras: reflexões entre 
linguística e literatura. São Luís: EDUFMA, 2016. 
 
RIBEIRO, M. A. de O. Contornando Nevoeiros: A escrita de um objeto de 
pesquisa In. TOLOMEI & LIMA (Orgs.) Entre Fronteiras: reflexões entre 
linguística e literatura. São Luís: EDUFMA, 2016. 
 
VIEIRA, J. A; CAMPOS, S. F; "Da Formação à Produção Escrita na 
Graduação", p. 251 -268. In: Rumos da linguística brasileira no século XXI. 
São Paulo: Blucher, 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
UNIDADE 2 – GÊNEROS TEXTUAIS 
ACADÊMICO-CIENTÍFICOS – RESUMO, 
RESENHA E ARTIGO 
 
 
Na primeira Unidade, apresentamos os conceitos fundamentais que 
norteiam a produção científica em instituições de pesquisae Ensino Superior 
do país. A partir disso, na segunda Unidade, vamos desenvolver o 
conhecimento sobre os gêneros textuais característicos do contexto 
acadêmico-científico. 
Entre os diversos gêneros textuais acadêmicos, vamos trabalhar 
com aqueles previstos na ementa de nossa disciplina. Para isso, faremos uma 
breve descrição de conceitos e características dos gêneros acadêmicos mais 
utilizados no ambiente universitário, bem como, demonstraremos técnicas de 
produção que o auxiliarão no reconhecimento, e análise dessas formas de 
produções científicas. 
Inicialmente temos uma breve apresentação conceitual, para 
posteriormente indicarmos as funções, tipos e estruturas organizacionais do 
resumo, da resenha e do artigo científico. Os exemplos consideram todas as 
normas da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), bem como os 
instrumentos de normatização de trabalhos acadêmicos da Universidade 
Estadual do Maranhão (UEMA). Porém, as normas específicas serão 
retomadas posteriormente, em outra unidade deste e-Book. 
Ao tratarmos sobre essas formas de produções escritas do ambiente 
acadêmico, é muito importante lembramos que os gêneros acadêmico-
científicos são desenvolvidos com o propósito de documentar e comunicar o 
resultado de uma investigação, isto é, de uma pesquisa científica. 
Para Severino (2014), a documentação pode ser classificada de três 
formas: a temática, a bibliográfica e a geral. Esses gêneros podem ser 
utilizados com o intuito de registrar e estudar textos conceituais e/ou narrativos 
que pretendemos apropriar e/ou analisar. 
Nesta segunda Unidade, vamos abordar o resumo e a resenha. Ao 
final apresentaremos também algumas considerações sobre a organização 
textual e técnicas de escrita do artigo científico, compreendendo esses 
trabalhos como os principais gêneros mobilizados na prática científica, seja 
para fins de estudo, ou para produção de trabalhos que apontem resultados de 
pesquisas. 
 
 
 
14 
Objetivos 
• Apresentar o conceito de gênero textual acadêmico-científico; 
• Demonstrar as características dos gêneros acadêmicos: resumo, 
resenha e artigo científico; 
• Desenvolver técnicas e procedimentos da produção escrita científica. 
 
2.1 Os gêneros textuais acadêmico-científicos: conceitos iniciais 
 
As discussões sobre o conceito de gêneros textuais e o ensino deles 
retoma anos de reflexões e demonstra, na história, a importância desse tema 
para o contexto acadêmico. Ao mesmo tempo, é perceptível as diferentes 
abordagens desses estudos que retomam a teoria dos gêneros consolidada por 
Mikhail Bakhtin (2003), em especial, a publicação do capítulo dos “Gêneros dos 
Discursos”. 
Os estudos sociointeracionistas bakhtinianos nos demonstraram que 
as práticas discursivas e os gêneros se organizam histórica e socialmente por 
meio de diferentes esferas sociais definidas pela experiencia que 
desenvolvemos em sociedade. Ou seja, os gêneros, mesmo estáveis, sofrem 
alterações e mudanças conforme suas manifestações, já que são frutos de 
práticas socioculturais. 
Entre essas práticas, há aquelas caracterizadas por serem 
produzidas no contexto acadêmico-científico. Podemos citar os resumos 
acadêmicos que são desenvolvidos para fins de estudo de uma leitura de 
disciplina, ou apresentação de um artigo científico, ou, uma resenha que 
escrevemos como forma de avaliação ou para construção de repertório 
argumentativo ou publicação. Por fim, podemos citar os artigos científicos, que 
produzimos para conclusões de cursos, disciplinas ou para publicação de 
resultados de investigações científicas. 
 
2.1.1 O gênero textual 
 
Para Marcuschi (2008, p. 189), “os gêneros textuais não são frutos 
de invenções individuais, mas formas socialmente maturadas em práticas 
comunicativas na ação linguageira”. 
15 
Conforme vimos acima, Marcuschi (2008) explica que os gêneros 
textuais, mesmo que considerados frutos de produções particulares dos 
sujeitos em sociedade, se caracterizam também como uma prática, uma ação, 
um ato de uso da linguagem em comunidade. 
 
2.1.2 O gênero textual acadêmico-científico 
 
A produção de gêneros, dentro de um contexto acadêmico, se define 
por meio de funções e características ligadas a práticas de pesquisa e 
investigação, desenvolvendo, desta forma, uma modalidade de classificação de 
gêneros ligada ao contexto da produção escrita de textos científicos. 
Para Aranha (2007), o discurso acadêmico possui uma estrutura 
linguístico-argumentativa específica para o contexto científico que influencia de 
forma vertical a prática do pesquisador, gerando a necessidade de que se 
desenvolva conhecimentos sobre a produção do texto científico. Pois, é a partir 
dos gêneros textuais desta comunidade (científica) que se materializam a 
prática de investigação, e consequentemente, a divulgação, promoção e 
consolidação de experiências de pesquisas. Em consonância, Mota-Rotth & 
Hendges (2010) apontam que a produção textual acadêmica desenvolvida no 
contexto universitário contribui com o letramento acadêmico-científico de 
alunos da graduação e pós-graduação. 
Entre os tipos de gêneros textuais acadêmico-científicos, vamos 
apresentar conceitos e técnicas de produção do resumo, da resenha e do 
artigo, além de, por meio da leitura e produção destes gêneros textuais 
acadêmicos, refletir sobre a prática e produção científica. 
 
2.2 Tipos de produções científicas 
 
Neste tópico, abordaremos as características estruturais da 
produção de textos científicos. Para isso, apresentaremos o conceito e as 
formas de organização da escrita de resumos, resenhas e artigos científicos. 
 
 
16 
2.2.1 Resumo 
 
Os resumos acadêmicos ou mesmo aqueles característicos de 
sinopses de livros, filmes e demais trabalhos de sínteses, se configuram como 
apresentações concisas das informações e dados que estão presentes no texto 
fonte analisado. 
Salvador (1978, p. 17-19) conceitua resumo como “uma 
apresentação concisa e frequentemente seletiva do texto de um artigo, obra ou 
outro documento, pondo em relevo os elementos de maior interesse e 
importância”. 
A ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas) apresenta 
03 (três) formas de classificação do resumo: indicativo, informativo e crítico. 
- Resumo indicativo: produção escrita que descreve a natureza, a 
forma e a finalidade do que é escrito, não transcende o objetivo de apontar 
indícios. Não descarta a necessidade de leitura do texto resumido. 
- Resumo informativo: escrita que possui a característica 
específica de apresentar informações. Pode substituir a leitura do texto fonte 
resumido. 
- Resumo crítico, ou resenha crítica: será objeto deste material no 
próximo tópico. 
No entendimento de Salvador (2008), o resumo tem por finalidade 
“apresentar uma visão geral de investigações feitas sobre uma determinada qu
estão, com o objetivo de reunir conhecimentos sobre o tema que deve ser expo
sto e também, ainda segundo o autor, sem discussão ou julgamento” (p. 17). 
Ou seja, é um texto que se propõe a sintetizar as principais informações 
presentes no texto original que apresenta os conhecimentos que serão 
reorganizados de forma resumida. 
 
2.1.1.1 O resumo em contexto acadêmico 
 
Ao contextualizar a produção de gêneros, Schneuwly e Dolz (1999) 
expõem que o resumo se constitui num “eixo de ensino/aprendizagem 
essencial para o trabalho de análise e interpretação de textos e, portanto, um 
17 
instrumento interessante de aprendizagem” (p. 15). Ou seja, é uma ferramenta 
que auxilia a apropriação de conceitos teóricos que mobilizaremos numa 
produção acadêmico-científica. 
No contexto da pesquisa, é comum desenvolver a prática de 
resumir, pois é uma ação regular, compreendida pelos professores da 
educação superior como forma de estudo e apropriação dos conhecimentos 
que circulam na Academia. 
Esse gênero acadêmico também possui a característica deapresentar uma imagem de sujeito autorizado a divulgar conhecimentos 
originados pela pesquisa e investigação desenvolvidas. É uma forma de 
possibilitar a criação de um sentido de verdade ao situar o discurso científico 
num lugar enquanto conhecimento validado cientificamente. 
 
INÍCIO DE ATENÇÃO 
Por que resumir um texto? 
- Sintetizar textos longos auxilia o acadêmico em todas as disciplinas. 
- Reforçar as ideias principais e lembrar dos postos-chave do conteúdo. 
Qual a finalidade de um resumo? 
Resumir é um ato de ler, analisar e escrever em poucas linhas o essencial para 
o leitor. Preparar um resumo é também uma atividade de estudo e não só de 
avaliação. 
 
• As etapas de planejamento do resumo 
1. Ler e reler o texto; 
2. Destacar os conceitos importantes e fundamentais do texto; 
3. Pontuar palavras-chave do assunto; 
4. Grifar itens e frases importantes para a compreensão do texto; 
5. Organizar as ideias principais do texto, questionando: o que está sendo 
dito no texto? Como eu explicaria este assunto para alguém? 
6. Escrever o texto com suas palavras; 
7. Iniciar pelo assunto básico/geral e depois passar para os assuntos 
específicos; 
8. Não copiar trechos do livro-texto. 
 
18 
• Procedimentos para a escrita de um resumo 
a) Leitura atenciosa do texto; 
b) Definir o tema (assunto) abordado; 
c) LER o texto por parágrafos, sublinhando as palavras-chave para serem 
a base do resumo; 
d) Fazer um resumo dos parágrafos; 
e) Reler o texto e identificar as ideias coerentes e coesas; 
f) Escrever uma primeira versão do resumo articulando o resumo dos 
parágrafos; 
g) Analisar os conceitos apresentados em comparação com a 
compreensão que se tem sobre a posição do autor do texto fonte 
resumido. 
 
ATENÇÃO 
O resumo não possui comentários pessoais! 
 
Texto 1 - Exemplo do gênero resumo de artigo científico 
 
A LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS A PARTIR DAS OBRAS LITERÁRIAS 
OBRIGATÓRIAS DO PAES PARA ALUNOS DO TERCEIRO ANO DAS 
ESCOLAS PÚBLICAS DE BACABAL 
 
Erika Vanessa Melo Barroso (UEMA) 
 
Todos os anos acontece o Processo Seletivo de Acesso à Educação Superior 
da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) – PAES, que serve como 
ponte para que muitos estudantes do último ano do Ensino Médio entrem no 
nível superior, nesse processo a UEMA disponibiliza uma lista de obras 
literárias a serem lidas pelos candidatos, entende-se que alguns candidatos a 
uma vaga no PAES podem não ter conhecimento dessas obras ou não ter 
acesso as mesmas. Dessa forma, esse trabalho se deu em virtude de oferecer 
um Projeto de Extensão com alunos do Ensino Médio das escolas públicas da 
Regional de Bacabal para contribuir com a preparação deste aluno para o 
PAES da UEMA, pois vemos o quanto o aluno vestibulando tem dificuldade em 
escrever a sua redação principalmente os alunos da escola pública, 
infelizmente essa é a realidade vivida por nós nesse momento, esperamos, 
com esse projeto, minimizar esse problema e contribuir para que esses alunos 
consigam conquistar as vagas oferecidas pela UEMA. Com isso buscou-se 
através deste projeto trabalhar as obras literárias obrigatórias do PAES e 
auxiliar os alunos na produção de textos. Esse projeto será uma forma de 
possibilitar aos alunos das escolas da rede pública o conhecimento das 
19 
referidas obras em leitura comentada, instigando ainda a produção textual ao 
final de cada obra lida. Entende-se que um leitor se destaca onde chega, pois, 
um dos principais efeitos da leitura é o aprimoramento da linguagem, da 
expressão, pois, a leitura é uma forma de lazer, de prazer, de aquisição de 
conhecimento, de enriquecimento cultural e de interação. Assim, diante dessa 
perspectiva espera-se que, ao final do curso, o aluno tenha lido todas as obras 
literárias indicadas para o PAES e dessa forma, possa ter adquirido 
conhecimento de leitura suficiente para realizar todas as provas do PAES e, 
principalmente, escrever uma boa redação. E, assim, esse projeto terá 
contribuído para minimizar uma das maiores dificuldades em nossa educação, 
que é a leitura. 
 
Palavras-chave: Leitura. Ensino. Produção Textual. Obra Literária. 
 
Fonte: https://conilufma.com.br/downloads/2021/CADERNO-DE-RESUMOS-compactado-
17062021.pdf 
 
2.2.2 A resenha 
 
Neste subtópico apresentamos conceitos, reflexões e discussões 
sobre a produção de uma ferramenta importante para o desenvolvimento de 
práticas científicas. A elaboração de uma resenha prevê, além do domínio 
linguístico de sua estrutura, o conhecimento sobre o tema central que é base 
do texto fonte objeto da resenha. A resenha é uma produção requisitada pelo 
professor e demanda uma necessidade de posicionamento crítico por parte do 
autor que a contextualiza e defende a obra objeto de análise. 
A resenha é uma das produções textuais mais utilizadas no contexto 
universitário científico. Todo sujeito que vivencia a experiência acadêmica, ao 
cursar a graduação ou cursos de pós-graduação, desenvolvem atividades de 
estudo que permitem a apropriação e mobilização de conhecimentos teóricos. 
Ao mencionarmos essas atividades acima, fazemos relação com 
duas práticas que precisamos desenvolver durante a formação. A primeira está 
relacionada à apropriação do conhecimento teórico-científico que mantemos 
contato durante os estudos em diferentes níveis. A segunda, é que após o 
desenvolvimento da apropriação para uma prática científica, é necessário 
mobilizar esses conceitos em análises de dados que subsidiam uma 
investigação. 
A resenha, mesmo possuindo a finalidade de analisar textos e emitir 
julgamentos, opiniões e posições do autor sobre o texto fonte/original, não se 
https://conilufma.com.br/downloads/2021/CADERNO-DE-RESUMOS-compactado-17062021.pdf
https://conilufma.com.br/downloads/2021/CADERNO-DE-RESUMOS-compactado-17062021.pdf
20 
configura como prática sem limites. Há uma necessidade e pressuposto para a 
sua produção. Para ser elaborada, ela requer conhecimento sobre o que é a 
ciência, suas formas de produção e domínio sobre o estudo e a leitura de 
outros textos relacionados ao texto original que é objeto de análise pelo 
resenhista. 
Assim, vejamos as características, objetivos e técnicas para o 
desenvolvimento deste gênero acadêmico-científico. 
 
• As divisões 
 
Para a metodologia científica, conforme a ABNT, a resenha crítica é 
uma das modalidades de resumos que ganhou grande espaço no contexto 
acadêmico por funcionar não só como uma produção textual com vistas à 
apropriação de conhecimentos teóricos, mas também se consagrou enquanto 
forma de trabalho requisitado para fins avaliativos e de ponto de partida para o 
desenvolvimento de outros textos acadêmicos. 
Com a conquista de maior espaço e a consolidação enquanto 
produção textual tradicional dentro da comunidade científica, foi elevada à 
categoria específica e tornou-se para os estudos metodológicos um gênero 
acadêmico específico. 
 
• A Resenha-crítica 
 
Podemos conceituar a resenha como produção escrita que, além de 
sintetizar o objeto e principais informações do texto, demarca durante sua 
construção uma avaliação crítica do sujeito que a escreve, pontuando aspectos 
de ordem positiva e negativa. Trata-se de um texto que ao mesmo tempo que 
aponta dados presentes no texto fonte, também emite, de forma construtiva, 
não pejorativa, opinião particular do autor sobre a estrutura, abordagem e estilo 
do texto original. 
 
• O objetivo do gênero resenha, as condições e exigências para 
produção 
21 
A resenha, de forma geral, configura-se como produção que visa 
divulgar manifestações culturais como livros, filmes, peças etc. É uma 
produção opinativa. no contexto acadêmico, as características básicas da 
divulgação e julgamento não se alteram. Porém, a condição de domínio sobre a 
temática é desenvolvida com maior rigor e apresenta-se como condição da 
produção de uma resenha crítica o conhecimento teórico científico sobreo 
assunto do texto que é resenhado. 
Para Motta-Roth & Hendges (2010, p. 27), “esse gênero discursivo é 
usado na academia para avaliar – elogiar ou criticar - o resultado da produção 
intelectual em uma área de conhecimento”. Ao mesmo tempo, retomando os 
ensinamentos de Cavalcante (2013), podemos compreender a resenha crítica 
como uma produção acadêmica que se caracteriza pela análise e intepretação 
de um texto, livro ou capítulo. É um gênero acadêmico que ultrapassa a noção 
de resumo de informações e traz comentários e referências complementares 
sobre o texto resenhado. 
 
O suporte e seu contexto de circulação 
 
As resenhas são desenvolvidas em contexto pedagógico tanto como 
ferramenta de avaliação, como de estudo, mas em contexto acadêmico-
científico transcende e torna-se também objeto de publicação que visa 
divulgação de uma prática de investigação. 
Motta-Roth & Hendges (2010) afirmam que “o resenhador 
basicamente descreve e avalia uma dada obra a partir de um ponto de vista 
informado pelo conhecimento produzido anteriormente sobre aquele tema”. 
 
• Dicas para a escrita 
 
O tamanho da resenha está relacionado com o seu suporte (veículo 
que a sustenta), pois o lugar destinado à sua publicação depende do espaço 
que o veículo reserva para esse tipo de texto. Para melhor compreender esta 
diversidade de estilos relacionados ao tamanho da resenha, busquem ler 
resenhas publicadas em revistas científicas. 
 
22 
• Elementos estruturais da resenha 
 
Lakatos (1991) apresenta como estrutura da resenha crítica os 
seguintes elementos: 
a) Referência bibliográfica – Autor, título, imprensa, número de páginas, 
ilustração, etc. 
b) Credenciais do Autor – Informações do autor, filiação ao campo científico, 
nome de quem realizou o estudo, informações de tempo e espaço da 
produção. 
c) Conhecimento sobre o assunto – Assunto do texto/obra, característica do 
texto/obra, conhecimentos prévios que auxiliam na compreensão do 
texto/obra resenhado. 
d) Considerações/julgamentos do autor - Conclusões, posições, recursos 
utilizados. 
e) Indicações de referências do autor – Modelo e filiação teórica – método 
utilizado. 
f) Apreciação/avaliação do resenhista - Como situa a produção e o autor em 
relação ao campo de investigação e às condições sócio-históricas da 
produção - mérito da obra/texto – contribuição social e científica - estilo - 
características da organização linguístico-textual 
 
Na mesma linha do que vimos acima, Severino (2013, p. 183-184) 
apresenta algumas características sobre o gênero resenha. 
Para o autor, há uma lógica redacional entre os elementos que 
compõe a resenha. 
a) O cabeçalho aponta os dados bibliográficos completos da 
publicação resenhada, por meio de informações sobre o autor do texto. 
Podendo ser dispensada em caso do autor ser conhecido no contexto 
acadêmico. 
Para o reconhecido autor de obras de metodologia, a síntese que 
desenvolvemos do texto precisa ser objetiva, apresentar os pontos principais e 
mais significativos presentes no texto/obra que é analisado. 
Em relação à avaliação crítica que desenvolvemos sobre o texto que 
resenhamos, ressaltamos a possibilidade de se destacar no texto aspectos 
23 
positivos e negativos da obra que é objeto da resenha, assim como podemos 
evidenciar as contribuições do conteúdo para os mais diversos setores da 
sociedade. Já a crítica relacionada a pontos negativos, precisa ser dirigida às 
ideias que são apresentadas e não ao autor enquanto pessoa. 
 
ATENÇÃO 
A resenha não possui capas, páginas de rosto etc. 
É importante demarcar considerações introdutórias e contextualizar o tema. 
Apresentar dados iniciais sobre o autor, como: quem é ele, sua área de 
formação, publicações, e posição dentro do contexto acadêmico. 
 
• O desenvolvimento da crítica 
 
Os elementos que compõem a estrutura de uma resenha, a síntese 
do conteúdo e a avaliação crítica, não são desenvolvidos de forma linear, o 
julgamento que se faz na crítica não funciona como um complemento do 
resumo de informações, mas sim como objeto de destaque e fundamento da 
produção. A presença da voz do resenhista faz parte de toda produção, 
inserindo-se de forma articulada em todo texto. 
 
• Sugestões/recomendações 
 
- A crítica pode desenvolver-se de forma moderada, técnica e 
respeitosa; 
- Os resenhistas, assim como outros críticos, se tornam objetos de 
análises do outro, que possivelmente podem qualificá-lo como "detratores da 
obra" ou de não compreenderam a produção que resenhou; 
- Conforme discutimos, Severino (2013) destaca que é importante 
contextualizar o que se analisa e seus impactos e funções na área de estudo 
e/ou cultura aos quais estão vinculados; 
- Quem escreve uma resenha pode apresentar suas próprias ideias 
e defender seu ponto de vista, concordando ou não com o autor do texto 
resenhado; 
- Incluir pequenas passagens ilustrativas, demarcando aspas e 
citando a página e o ano. 
24 
Texto 2 - Exemplo do gênero resenha crítica 
 
A anomalia poética, de Silvina Rodrigues LOPES. Belo Horizonte: Chão da 
Feira, 2019. 
 
Natália Barcelos Natalino - UERJ 
 
Quase quinze anos separam as edições portuguesa e brasileira de A 
anomalia poética, título de Silvina Rodrigues Lopes: a portuguesa, de 2005; a 
brasileira, de 2019. Outro título de sua extensa obra começou a circular por 
aqui em 2012, quando a Chão da Feira, editora belo-horizontina, reparou, em 
parte, esta lacuna editorial: trata-se da primeira e única edição brasileira de 
Literatura, defesa de atrito, atualmente esgotada. A Chão da Feira vem 
realizando, nos últimos anos, um esforço notável neste sentido: a parceria da 
editora com a Prefeitura de Belo Horizonte e a Embaixada Portuguesa no Brasil 
vem possibilitando que alguns títulos portugueses sejam, finalmente, 
viabilizados em terras brasileiras – outros portugueses, como Daniel Faria, 
Gonçalo M. Tavares, Maria Filomena Molder e Raul Brandão, também já foram 
publicados pela editora. Professora universitária, crítica literária, ficcionista, 
poeta, tradutora e editora, Silvina Rodrigues Lopes faz parte de uma tradição 
de portugueses que encontra no ensaio o investimento na palavra. Mesmo que 
de modo mais latente, percebe-se, nos escritos que compõem A anomalia 
poética – sobretudo naqueles que investem em perspectivas e concepções do 
literário –, uma problemática que se arrasta desde sua celebrada tese de 
doutorado, defendida em 1993 e publicada em 1994, na qual a autora se 
debruça nas inúmeras instâncias e processos de legitimação da (em) literatura, 
considerando elementos que perturbam a sua própria ambiguidade constitutiva. 
Lopes diagnostica diversos fatores constituintes do que ela entende como 
“processo legitimador e fundador da instituição literária”, dentre os quais, a 
formação teórica, a crítica literária, a opinião pública, os direitos de autor e a 
integração da disciplina de literatura no sistema escolar (LOPES, 1994). Todos 
esses mecanismos de circunscrição da literatura parecem ainda estar em jogo 
em A anomalia poética. 
25 
Composto por 11 ensaios, originalmente publicados ou apresentados em 
momentos e meios distintos, o livro é dividido em três seções: I. Ficção e 
testemunho; II. O artifício, a técnica; e III. Valor. Nos deteremos, nesta resenha, 
nos ensaios da primeira seção e no ensaio que dá título ao livro. O primeiro 
deles, “Literatura e circunstância”, foi originalmente publicado em 2003 na 
revista Scripta, coincidentemente também de Belo Horizonte. Apoiada na 
convicção de que há certas circunstâncias que interferem no sentido da 
singularização, o que implica, ainda, uma noção de universalização, Lopes nos 
mostra que, caso consideremos a ficcionalidade como parte do literário, a 
tendência é que a vinculemos à universalidade, passando, desse modo, a 
ignorarmos a singularidade das circunstâncias. Por conseguinte, a ensaísta 
defendeque, na medida em que a linguagem-mundo (mais real, menos 
ficcional) se impõe, um discurso questionador e construtivo – logo, pensante – 
se afirma. Como ela própria anota: “Não se trata de recusar a dimensão 
institucional da literatura, mas de não deixar que ela prevaleça no jogo de 
forças em que as obras são produzidas e recebidas. [...] Sob a designação 
‘literatura’ não só se inclui uma multiplicidade como um movimento 
desencadeador do múltiplo” (p. 13). E é também nesse mesmo ensaio que 
Silvina Rodrigues Lopes já começa a revelar, de antemão, suas principais 
recorrências teóricas – Gilles Deleuze, Jacques Derrida, Jean-Luc Nancy, 
Jean-François Lyotard e Maurice Blanchot, por exemplo –, presentes também 
nos ensaios seguintes. “A literatura no limite da ficção”, segundo ensaio, alude 
a uma questão há muito discutida e que parece não se esgotar: o problema da 
relação entre literatura e ficção. Considerando que, hoje, “a própria oposição 
entre história e ficção foi posta em causa” (p. 34), Lopes entende que, mesmo 
assim, é a ficção – enquanto pura construção de sentidos possíveis – que 
invade todos os domínios da (nossa) existência. São muitos os nós da questão, 
e por isso ela procura esclarecê-los organizando o seguinte percurso: 1) 
recorre ao pensamento ocidental, passando pela reformulação da noção de 
verossimilhança, para evidenciar uma contradição: a desvalorização da 
capacidade de invenção literária; 2) esclarece que, enquanto condição de todo 
o discurso, a ficcionalidade expõe a falha da ficção enquanto puro artifício; e 3) 
pensa como a figuração na literatura pode servir como experiência dos limites 
da ficção. Antes, esclarece: “O facto de a problemática da ficção constituir hoje 
26 
um aspecto central da teoria literária, o qual interfere com uma série de 
questões – como a do autor, do leitor, da recepção – que tradicionalmente 
fazem parte do campo da teoria e que se veem afetadas por este nó de 
convergência, que é ao mesmo tempo o lugar das mais vivas divergências” (p. 
48). Em relação aos aspectos que dizem respeito à relação entre ficção e 
realidade, a ensaísta considera as contribuições de dois autores: Nelson 
Goodman, que abala a distinção entre mundo real e mundos irreais, ao propor 
a construção de versões do mundo ou de mundos, considerando que “há 
tantas versões do mundo quantas as representações que existirem dele, 
decorrente de uma percepção que varia com o contexto e as circunstâncias” (p. 
50); Goodman sublinha, ainda, que a distinção a fazer não é exatamente entre 
realidade e ficção, mas entre não-ficção e ficção; e Käte Hamburguer, que 
estabelece uma diferença entre fingimento e ficção, não opondo ficção à 
realidade, mas sim a enunciado ou enunciado de realidade. Trata-se, portanto, 
de “sempre actualizar oposições do tipo natureza/ artifício, mundo real/ mundo 
ficcional, activo/ passivo, as quais têm por base uma concepção da linguagem, 
enquanto instrumento de representação e comunicação que se auto-anula para 
dar lugar ao outro – as imagens das coisas, a força do agir” (p. 52). Eis o 
interesse de Silvina Rodrigues Lopes: a abertura, tensão ou movimento da 
linguagem para o exterior, de modo que o leitor reinvente a linguagem da obra 
no confronto com os limites da sua própria linguagem – já que, segundo Lopes, 
“a leitura é também ela uma experiência que implica a ficcionalidade da 
linguagem” (p. 59). Logo, “Não se trata de estabelecer uma oposição ou um 
dilema entre ambas, mas de conceber a travessia da primeira como condição 
da segunda” (p. 56). Partindo de uma epígrafe de Friedrich Nietzsche em 
Humano, demasiado humano, Lopes inicia o terceiro ensaio, “Da necessidade 
à intranquilidade”, dizendo sobre como o termo “humanidade” carrega, ainda 
hoje – lembremos que o ensaio foi publicado pela primeira vez em 1999 –, um 
sentido preciso e, ao mesmo tempo, vago, para chegar à questão de um “devir- 
-outro”: para ela, o homem “foi superando uma fragilidade original face ao 
exterior” (p. 61), um processo que se tornou evidência por conta de uma 
capacidade de tornar indissociáveis a consciência da mortalidade e o desejo de 
encontro; em suas palavras: “capacidade de dizer ‘sim’, sem ignorar que é a 
afirmação que introduz o tempo pelo qual quem afirma é já outro” (p. 62). A 
27 
impossibilidade do devir-outro decorre da liquidação do humano – seja pelo 
terror, seja por meio de um outro tipo de compulsão ao silêncio. Admite, 
portanto, que o “terror” assombra ainda hoje o nosso cotidiano, e é isso que lhe 
importa saber: perceber como ele, o terror, surge a partir de uma configuração 
política e social, que, embora, em larga medida o ignore, “pois ele [o terror] não 
toma a forma habitual de ameaça mortal pura e simples, mas de morte daquilo 
que em nós é irredutível a automatismos ou se baseia em regularidades 
biológicas” (p. 62). Reconhece, no entanto, que não seria possível falar de 
terror apenas em sentido absoluto – “ele tem, para além disso, o sentido de 
uma emoção, íntima e social” (p. 63). Ainda, a ensaísta chama a atenção para 
os diferentes modos de imbecilização que nos cercam (a beleza, a força, o 
dinheiro), o que colabora para o “reforço do egocentrismo” (p. 70). Como se 
não bastasse necessitarmos cada vez de mais estímulos, caímos num estado 
de frustração, caímos na monotonia, como se nos esquecêssemos de que 
“todos os objetos são monótonos, porque são formas apenas finitas” (p. 70). 
Daí não conseguirmos mais ficarmos sós, logo, “a possibilidade do encontro 
desaparece perante a universalização de uma interação de permanência” (p. 
71). Diz, por fim, que numa hipótese catastrofista, caminharíamos para a perda 
do humano, do relacional – um tempo em que não haveria, tampouco, o terror 
enquanto emoção. E somente assim, da necessidade à intranquilidade, por 
meio desse desvio, nos afirma(ría)mos mortais. São muitas as questões que se 
colocam nas páginas seguintes de A anomalia poética, partindo desde as 
relações de estilo, gênero e exemplaridade, passando pela noção de 
hipertexto, pelas categorias de sujeito-objeto, pela dominação da indústria 
cultural, chegando até as discussões que põem em xeque os campos da arte e 
da política – considerando discussões sobre consumo, desejo e os modos 
como as sociedades acolhem as obras de arte, por exemplo. Em todas essas 
questões Silvina Rodrigues Lopes procura indagar não só os seus 
funcionamentos, como também os problemas que os cercam, sempre se 
propondo a assinalar alguns traços característicos das transformações pelas 
quais passaram tais noções ou discussões. 
Avançando um pouco mais, é em “A anomalia poética”, ensaio que dá 
título ao livro – não sem razão –, que Silvina Rodrigues Lopes assume, de vez, 
sua postura interrogatória e, em certa medida, conflituosa e combativa: Lopes 
28 
(se) interroga sobre “uma obsessiva vontade de classificação” (p. 165) que, 
segundo ela, se reflete, ainda hoje, em grande parte do discurso sobre poesia; 
uma tendência que, de acordo com o texto, serve a uma lógica de “promoção 
das poéticas” (p. 165), similar às técnicas do marketing – prática que reduz o 
poema a um mero objeto de consumo. Desse modo, o objeto-livro fica refém 
das críticas dos chamados “sacerdotes da poesia”, e não da relação que ele 
possa estabelecer diretamente com o leitor – uma poesia que se leria “sem a 
ajuda de especialistas” (p. 170). Daí, sua tese: “Um poema não é um objecto 
como os outros: não é um objecto; nunca é como os outros. É essa a sua, a 
nossa, anomalia poética” (p. 166). É essa resistência, esse embate com uma 
lógica mercantilista, que interessa a Silvina – não só esse embate, mas outros 
também, e o principal: o embate com o indizível. Esclarece, como aquela que 
segue defendendo a defesa do atrito, aquela que advoga o duelo: O duelo com 
o indizível só cada um o pode travar. Ele tanto se pode dar no mais realista 
(entendendoque este adjetivo se refere ao verosímil, à existência de referência 
ao quotidiano) como no menos realista dos poemas. O duelo é sempre com o 
real; é este, enquanto indizível, que resiste em ato ao instituído, à realidade, e 
impede que esta se feche, impede que esteja tudo dito. Sabe-se, entende-se, 
que o duelo é necessário, que não se pode fazer das linguagens fortalezas 
incólumes à intensidade dos corpos que as constroem e habitam (a sensação 
de que está tudo dito é talvez a mais mortífera). (LOPES, 2019, p. 169-171) 
Consciente de que nem tudo está dito, os escritos de Silvina Rodrigues Lopes 
direcionam seu olhar não só para os estudos de teoria da literatura e os 
estudos de literatura portuguesa, como também inclinam seu pensamento para 
a arte, acumulando conhecimentos teóricos e filosóficos – sempre na tentativa 
de se inscrever enquanto escreve; a forma ensaística, portanto. Embora nem 
mesmo as editoras portuguesas tenham realizado, até hoje, o trabalho de 
corporizar uma edição sistemática, rigorosa e acessível de toda a sua obra 
crítica, estamos, por ora, bem servidos com a edição brasileira de A anomalia 
poética, publicação que certamente já vem contribuindo para os estudos no 
campo da literatura. Torçamos para que, a curto prazo, ações de incentivo, 
apoio e distribuição possibilitem avanços como este, afinal, sua obra merece 
ser publicada, debatida e conhecida no Brasil como uma referência 
indispensável aos campos do comparativismo cultural, da teoria da literatura e 
29 
seus trânsitos nos tempos de agora – um “agora” que, talvez, nem mesmo 
Silvina Rodrigues Lopes imaginasse, quando da preparação dos ensaios, ser 
ainda um sintoma do presente. 
 
REFERÊNCIAS 
 
LOPES, Silvina Rodrigues. A legitimação em literatura. Lisboa: Edições 
Cosmos, 1994. 
LOPES, Silvina Rodrigues. A anomalia poética. Belo Horizonte: Chão da 
Feira, 2019. 
Fonte: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/matraga/article/view/56362/36898 
 
 
2.2.3 O artigo científico 
 
Uma informação importante para o jovem pesquisador iniciante é 
que o contexto acadêmico-científico brasileiro é caracterizado pelo domínio de 
pesquisas realizadas em universidades públicas, que concentram mais de 95% 
da produção científica do país. Após o desenvolvimento da investigação, uma 
das ações de todo pesquisador é apresentar e disponibilizar seus resultados 
para a comunidade científica poder, em caso de interesse, questionar, avaliar e 
debater os procedimentos e conclusões que a pesquisa realizou e gerou. 
Motta-Roth & Hendges (2010, p. 65), afirmam que 
 
O artigo é um texto, de aproximadamente 10 mil palavras, produzido 
com o objetivo de publicar, em periódicos especializados, os 
resultados de uma pesquisa desenvolvida sobre o tema específico. 
Esse gênero serve como uma via de comunicação entre 
pesquisadores, profissionais, professores e alunos de graduação e 
pós-graduação. 
 
Conforme observamos nas palavras das autoras, o artigo científico 
desenvolve uma via de comunicação entre diferentes públicos da comunidade 
científica. Ao mesmo tempo, esse fenômeno fez desse gênero a forma mais 
utilizada nos dias de hoje para apresentar uma pesquisa, e até mesmo, 
divulgá-la para conhecimento da comunidade. As produções do gênero 
acadêmico-científico artigo são, de acordo com Severino (2013, p. 182), 
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/matraga/article/view/56362/36898
30 
Destinadas especificamente a serem publicadas em revistas e 
periódicos científicos, esta modalidade de trabalho tem por finalidade 
registrar e divulgar, para público especializado, resultados de novos 
estudos e pesquisas sobre aspectos ainda não devidamente 
explorados ou expressando novos esclarecimentos sobre questões 
em discussão no meio científico. 
 
Para o referido pesquisador, esse gênero possui uma estrutura 
comum de texto científico, mas que ao mobilizar resultados de investigação, 
precisa colocar em evidência os objetivos do texto, a fundamentação teórica 
utilizada, a metodologia desenvolvida, uma análise de dados que participam da 
pesquisa, bem como as considerações que todo processo investigativo nos 
levou a compreender. Isso, além das referências bibliográficas e documentos 
que permitiram a realização da pesquisa. 
Em razão disso, neste tópico, apresentaremos mais detalhes de toda 
característica, conceito, e procedimentos que precisamos compreender para 
produzir um artigo científico. 
 
• Objetivos do tópico 
a) Apresentar o conceito de artigo científico; 
b) Demonstrar características e técnicas da produção escrita do artigo 
científico; 
c) Indicar exemplo de produção de um artigo científico 
 
ATENÇÃO 
Sobre a formatação técnica do texto, as revistas e periódicos costumam 
estabelecer normas específicas para a publicação dos artigos, cabendo ao 
autor se inteirar delas antes de enviar seu trabalho à editoria. (SEVERINO, 
2013, p. 182). 
 
• O conteúdo 
 
A produção escrita de um artigo deve apresentar, inicialmente, uma 
introdução ou apresentação que informe ao leitor o assunto, o objeto de 
estudo, os objetivos geral e específicos, a filiação teórica em que se insere 
dentro da área de estudo, os procedimentos metodológicos utilizados e a 
discussão e reflexão que será realizada. Por fim, na conclusão ou 
considerações finais, ele precisa enfatizar as contribuições da pesquisa. Além 
31 
disso, a escrita do trabalho também pode ser dividida em seções e tópicos 
numerados e com subtítulos. 
 
• Os elementos estruturais 
1. Introdução - (Problemas/ Objetivos/metodologia) 
✓ Apresentar as principais linhas de desenvolvimento da pesquisa. 
✓ Descrever para seu leitor a terminologia empregada para auxiliar a 
compreensão de sua problemática de estudo. 
✓ Não citar os resultados do trabalho. 
 
2. Revisão da literatura 
Também conhecida como “quadro teórico”, ou “fundamentação teórica”, a 
revisão da literatura se caracteriza como breve levantamento de conceitos e 
reflexões teóricas relevantes já publicados. Ela funciona como base de 
sustentação teórica do trabalho acadêmico que é desenvolvido. 
 
ATENÇÃO 
Não podemos compreender esta parte da estrutura do artigo científico como 
uma transcrição ou descrição de pequenos textos. Mas sim, como uma reflexão 
articulada sobre ideias, concepções, hipóteses, problemas, e sugestões de 
outros autores que já desenvolveram outras investigações que auxiliam na 
execução da pesquisa que é registrada enquanto texto científico no artigo. 
 
3. Materiais e métodos 
Este item é a parte do gênero que explica os procedimentos que foram 
planejados e executados para garantir a realização da pesquisa. É 
obrigatória para trabalhos que envolvem práticas experimentais, coleta de 
dados, entrevistas, ou ainda, questionários. 
A descrição dos materiais e métodos utilizados na investigação permitem 
que outros pesquisadores repitam os ensaios desenvolvidos, isto é, uma 
forma de colocar a pesquisa em teste e fortalecer seu resultado na 
comunidade científica. As técnicas e processos retirados de outros 
trabalhos, em especial, aqueles já publicados, devem ser referidos por 
citação de seu autor. 
 
32 
4. Resultados/Discussão/análises 
Ao desenvolver os resultados, as discussões e as análises, é importante: 
✓ Apresenta-los em ordem cronológica; 
✓ Utilizar tabelas e ilustrações, se achar necessário; 
✓ Os dados quantitativos, sempre que possível, precisam passar por uma 
análise estatística; 
✓ Comentário sobre os resultados; 
✓ Dar primeiros indícios sobre as conclusões; 
✓ Demarcar opiniões do autor com fundamentação teórica; 
✓ Apresentar uma relação entre causas e efeitos; 
✓ Explicar e comentar sobre contradições, teorias e princípios relativos ao 
trabalho; 
✓ Apontar formas de aplicação e impactos dos resultados obtidos; 
✓ Elaborar, se possível, uma teoria para justificar os resultados obtidos; 
✓ Indicar possibilidade de novas pesquisasa partir das experiências deste 
trabalho. 
 
5. Conclusão/considerações finais. 
A finalização de um artigo é o momento que o pesquisador, após 
desenvolver sua pesquisa com base em teorias e procedimentos teóricos, 
apresenta suas respostas, afirmações e opiniões fundamentadas nos 
resultados e nas respectivas discussões que apresentou durante todo o 
trabalho. Além disso, é preciso lembrar de alguns pontos: 
✓ Reafirmar, de maneira sintética, a ideia principal. 
✓ Responder a problemática apresentada como justificativa da pesquisa. 
✓ Demonstrar como cumpriu os objetivos do trabalho. 
✓ Apontar possíveis encaminhamentos para futuros trabalhos. 
 
• O que é o tema? 
 
É a definição de um assunto. Por meio da vinculação com um campo de 
investigação/área de estudo, escolhemos um tópico que será o tema que será 
investigado. 
 
33 
• Pontos importantes para desenvolver 
✓ Planejar o que se vai informar; 
✓ Lembrar que extensão tem relação com profundidade; 
✓ Definir limites; 
✓ Elencar as ideias fundamentais/principais e secundárias; 
✓ Estabelecer articulação entre as ideias e a temática principal; 
✓ Demarcar um enfoque. 
 
• Passos para elaboração 
 
Coleta de dados: 
✓ Levantamento da bibliografia; 
✓ Plano de leitura; 
✓ Documentação (anotação da referência); 
✓ Seleção do material coletado. 
 
Divisão preliminar: 
✓ Introdução (projeto de pesquisa); 
✓ Desenvolvimento (fundamentação teórica, explicações, 
demonstrações, análises e discussões); 
✓ Conclusão (recapitulação). 
 
ATENÇÃO 
Na divisão preliminar desenvolvemos um plano de texto do procedimento de 
escrita. Na introdução apresentamos a proposta/projeto de pesquisa que 
realizamos. No desenvolvimento descrevemos a fundamentação teórica 
articulada com explicações, exemplos, análises e discussões sobre a pesquisa. 
Finalmente, na conclusão, recapitulamos a proposta inicial de investigação e 
explicamos o que realizamos e quais as respostas que encontramos. 
 
Dicas sobre a produção escrita 
✓ O texto precisa ser objetivo e neutralizar posições pessoais do enunciador; 
✓ Fazer uso de primeira pessoa do plural ou terceira do singular na 
conjugação dos verbos; 
✓ Apresentar resultados, observações e experiências como exemplos; 
✓ Escrever dentro das normas gramaticais; 
34 
✓ Fazer uso de operadores argumentativos para articular as ideias e os 
parágrafos; 
✓ Usar referências e citações de forma articulada com discussões próprias; 
✓ Evitar uso excessivo de citações; 
✓ Não fazer cópias de outros textos; 
✓ Evitar repetição de palavras; 
✓ Evitar períodos/parágrafos muito longos. 
 
• A estrutura pós-textual 
 
As referências bibliográficas 
 
Neste item final do artigo científico, é importante demarcar todas as 
obras/textos que foram citados direta ou indiretamente no texto. Não se deve 
esquecer que a lista deve seguir uma ordem alfabética e demarcar as 
referências conforme as normas da ABNT. 
 
SAIBA MAIS 
Para Severino (2013), a listagem das obras/textos que colocamos nas 
referências bibliográficas devem obedecer sempre a regra de só descrever 
as referências de textos citados e demarcados no corpo do texto do trabalho. O 
autor faz esta lembrança porque há uma diferença entre referências 
bibliográficas e bibliografia. Sendo que a segunda pode demarcar referências e 
textos não citados, mas que possivelmente foi objeto de leitura do pesquisador. 
Um recurso, utilizado em outros gêneros acadêmicos-científicos, como o 
projeto. 
 
• Elementos para a apresentação gráfica 
 
Os artigos científicos podem ou não conter em sua estrutura tabelas, 
gráficos, mapas, desenhos, fotos etc. Porém, sempre que fizer o uso 
desses recursos, o pesquisador deve seguir algumas regras. 
✓ A ilustrações se caracterizam pelo uso de quadros, gráficos, mapas, 
desenhos e fotos. Todas precisam ser identificadas com o termo 
figura, quadro, conforme o caso, precedido por um número arábico; 
✓ As tabelas devem ser produzidas sem traços divisórios internos; 
35 
✓ A sigla deverá ser escrita em letras maiúsculas, entre parênteses, e 
ser antecedida pelo nome completo do que lhe deu origem quando 
utilizada pela primeira vez; 
✓ As notas de rodapé precisam ficar dentro das margens da página, 
separadas do corpo do texto por um espaço simples e por um 
espaçamento de 3 cm, a partir da margem esquerda; 
✓ A contagem das páginas é sequencial em todo o texto e sua 
identificação gráfica é demarcada a partir da primeira página da 
Introdução, a 2 cm da borda superior, ficando o último algarismo 
arábico a 2 cm da borda direita da folha. 
 
EXEMPLO DE ARTIGO CIENTÍFICO 
 
DO ARTIGO CIENTÍFICO AO RESUMO ACADÊMICO: OPERAÇÕES E 
ESTRATÉGIAS DE ESCRITA MOBILIZADAS POR ALUNOS DE 
GRADUAÇÃO EM LETRAS 
Roberto Barbosa Costa Filho 1 
Marcia Candeia Rodrigues 
http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/revistagepadle/article/view/4144/pdf 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 
FRANÇA, J. L. Manual para normalização de publicações técnico-
científicas. 6. ed. rev. e ampl. Belo Horizonte: UFMG, 2003. 
 
MACHADO, A. R. Revisitando o conceito de resumos. In: DIONISIO, Â. P. et 
al. (Org.) Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 138-
150. 
 
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, 
Â. P. et al. (Org.) Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, 
p. 19-36. 
 
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 
São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 
 
MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, 
resenhas. São Paulo: Atlas, 1991. 
http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/revistagepadle/article/view/4144/pdf
36 
MOTTA-ROTH, D.; HENDGES, G. R. Produção textual na universidade. São 
Paulo: Parábola, 2010 
 
NATALINO, N. B. A anomalia poética de Silvina Rodrigues Lopes. Matraga, 
Rio de Janeiro, v. 28, n. 52, p. 211-214, jan./abr. 2021. 
 
SALOMON, D. V. 1971. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 2001. 
 
SALVADOR, Â. D. Métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica. Porto 
Alegre: Sulina, 1978. 
 
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. Os gêneros escolares: das práticas de linguagem 
aos objetos de ensino. In: Revista Brasileira de Educação, nº 11, 1999, p. 5-
16. 
 
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 1ª 
ed., 2013 (e-pub). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
UNIDADE 3 - NORMAS, ORGANIZAÇÃO E 
REGULAMENTAÇÃO DA ESCRITA 
CIENTÍFICA 
 
 
Fonte: http://apoioemtudo.blogspot.com/2017/11/normas-da-abnt-orientacoes-tecnicas.html 
 
Fonte: http://www.portaldotcc.com.br/abnt/ 
 
Objetivos 
• Discutir a importância da ABNT (Associação Brasileira de Normas 
Técnicas) para a leitura, produção, divulgação e preservação dos textos 
acadêmico-científicos; 
• Mostrar que a paráfrase é um elemento constitutivo e fundamental para 
a escrita científica; 
• Apresentar a diferença entre discurso citado direto e indireto; 
• Compreender as normas e regras que orientam a construção e o 
emprego dos tipos de citação, bem como a formatação dos elementos 
textuais e pós-textuais que estruturam a pesquisa científica. 
http://apoioemtudo.blogspot.com/2017/11/normas-da-abnt-orientacoes-tecnicas.html
http://www.portaldotcc.com.br/abnt/
38 
Nas Unidades anteriores, discutimos sobre o processo de aquisição 
e de sistematização do conhecimento científico, assim como a elaboração de 
alguns textos denominados “acadêmico-científicos”, como resumo, resenha, 
artigo, etc. 
Nesta unidade, vamos conhecer algumas normas que organizam e 
regulamentam a escrita desses textos, propostas pela ABNT (Associação 
Brasileira de Normas Técnicas). Para isso, dividimos a Unidade em cinco 
seções. 
Na primeira seção, apresentamos algumas informações sobre a 
ABNT e discutimos sobre a importância desta entidade para a produção e 
divulgaçãocientífica. Na segunda, apresentamos o conceito e os tipos de 
paráfrases, assim como o de intertextualidade, mostrando que eles são 
essenciais para fundamentar a escrita dos textos acadêmico-científicos. Na 
terceira, abordamos o discurso citado direto e indireto, explicando o seu 
funcionamento no processo de escrita. Na quarta, mostramos os tipos de 
citação e as normas que orientam o seu emprego no texto. Na quinta e última 
sessão desta Unidade, mencionamos algumas normas e regras que orientam e 
organizam a formatação desses textos estruturados a partir dos elementos 
textuais e pós-textuais. 
 
3.1 A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) 
 
 
Nesta primeira seção vamos conhecer um pouco mais sobre a ABNT 
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) e entender como ela contribui para 
a leitura e a produção dos textos acadêmico-científicos. 
Segundo consta em seu site, a ABNT é uma entidade privada e sem 
fins lucrativos que foi criada em 28 de setembro de 1940, ela é o Foro Nacional 
39 
de Normalização por reconhecimento da sociedade brasileira desde a sua 
fundação. 
A ABNT trabalha em sintonia com governos e com a sociedade, 
contribuindo para a implementação de políticas públicas, promovendo o 
desenvolvimento de mercados, defendendo os direitos dos consumidores e, de 
um modo geral, zelando pela segurança de todos os cidadãos. 
Essa entidade é responsável, entre outras coisas, pela elaboração 
dos parâmetros que determinam a padronização de textos acadêmicos por 
meio das Normas Técnicas (NT). Trata-se de um documento técnico que fixa 
padrões reguladores visando garantir a qualidade de um determinado produto, 
a racionalização, a uniformidade dos meios de expressão e a comunicação. 
Essa padronização é importante porque garante que algo pode ser aprendido e 
ensinado por qualquer pessoa, uma vez que há o emprego de uma linguagem 
técnica comum. 
Sendo assim, nos perguntamos: a) Qual é a relação existente 
entre a ABNT e a escrita de textos acadêmico-científicos? e b) Por que 
devemos seguir as normas técnicas propostas por ela? 
Uma das inúmeras funções da ABNT é contribuir para a 
padronização da escrita científica estabelecendo regras utilizadas em todo o 
território nacional, como tamanho da fonte do tipo de letra utilizado, 
espaçamento entre linhas, formatação das citações diretas e indiretas e 
apresentação/organização das referências bibliográficas. São essas regras que 
normatizam, organizam e regulamentam a escrita científica contribuindo para o 
entendimento, a disseminação e a preservação das pesquisas desenvolvidas 
nas Universidades e nos Institutos, por exemplo. 
Para a ABNT, 
 
Na realidade, o conhecimento teórico ou prático, desprovido dos 
meios para sua conservação e transmissão, pouco significa em si 
mesmo. O trabalho humano se torna material por meio de 
procedimentos, regras, instruções, modelos, que podem ser 
repetidos, ensinados e aprendidos. Sem essa condição fundamental - 
a expressão do conhecimento em regras compreensíveis pelo outro - 
a civilização material não tem condições de se reproduzir. Ensinar e 
aprender a criar são atos que requerem uma linguagem comum1. 
 
 
1 Disponível em: http://www.abnt.org.br/abnt/conheca-a-abnt Acesso em 12 de maio de 2021. 
http://www.abnt.org.br/abnt/conheca-a-abnt
40 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Para saber mais sobre a ABNT ou o Foro Nacional de Normalização da ABNT, 
faça a leitura do estatuto que está disponível no link a seguir: 
http://www.abnt.org.br/images/Docspdf/ESTATUTOABNT_abril18.pdf 
 
3.2 Paráfrase 
 
Vejamos agora o conceito de paráfrase e discutimos a sua 
importância para a construção textual. Entendemos que o saber acadêmico-
científico se constrói por meio da leitura e da compilação de textos de vários 
autores. Isto porque nenhum pesquisador pode ser considerado como sendo 
detentor ou a “fonte única” de um saber científico, já que todo saber se apoia 
em outros. Do mesmo modo, a produção de um resumo, uma resenha ou um 
artigo científico requer a construção de uma ou mais paráfrases. 
Sant’Anna (1985, p. 17) explica que o termo para- phrasis é de 
origem grega e significava “continuidade ou repetição de uma sentença”. A 
paráfrase mantém com o texto original ou texto-fonte uma relação de 
intertextualidade porque o novo texto não diverge do texto parafraseado, mas 
assemelha-se a ele, mantendo a mesma perspectiva. 
Nesse sentido, o que é intertextualidade? Como a 
intertextualidade se manifesta no texto? Julia Kristeva foi a primeira a usar o 
termo intertextualidade, em 1967, e a apresentá-lo para a comunidade 
científica. Em virtude disso, todos os trabalhos que se dedicam à abordagem 
desse tema não podem deixar de citá-la e nem tampouco de evidenciar a sua 
importância para os estudos da linguagem. 
Kristeva (1974, p. 440) defende o ponto de vista de que “todo texto 
se constrói como mosaico de citações; todo texto é absorção e transformação 
de um outro texto que o antecedeu e lhe deu origem.” Logo, entende-se que a 
intertextualidade, conforme propõem Koch e Elias (2012, p. 86), 
 
é o elemento constituinte e constitutivo do processo de escrita/leitura 
e compreende as diversas maneiras pelas quais a produção/recepção 
de um dado texto depende de conhecimentos de outros textos por 
parte dos interlocutores, ou seja, dos diversos tipos de relações que 
um texto mantém com outros textos. 
http://www.abnt.org.br/images/Docspdf/ESTATUTOABNT_abril18.pdf
41 
As autoras enfatizam que a intertextualidade pode ocorrer de 
maneira explícita e/ou implícita. 
a) Intertextualidade explícita – ocorre quando há citação da fonte do 
intertexto, como acontece nos discursos relatados, nas citações e 
referências; nos resumos, resenhas e traduções; nas retomadas de textos 
de parceiro para encadear sobre ele ou questioná-lo na conversação. 
b) Intertextualidade implícita – ocorre quando não há citação expressa da 
fonte, cabendo ao interlocutor recuperá-la na memória para construir o 
sentido do texto, como nas alusões, na paródia, em certos tipos de 
paráfrases e ironias. 
 
ATENÇÃO 
A escrita do texto acadêmico-científico utiliza-se tanto da intertextualidade 
explícita quanto da implícita e esse uso pode ocorrer de modo simultâneo ou 
não. 
 
A paráfrase ou “metáfrase”, como nomeia Oliveira et al (2013, p. 
60), é a imitação de um texto escrito por outro autor, em prosa ou em verso. 
Quando utilizamos a paráfrase, reescrevemos, com nossas palavras as 
informações contidas no texto original, empregando sinônimos no intuito de 
preservar as ideias principais nele contidas. Os autores destacam que é 
comum fazer-se inversões das estruturas frasais do texto reescrito, entretanto é 
obrigatória a citação e referência ao autor da obra parafraseada. 
 
Exemplo de paráfrase: 
 
a) Texto original: “Educar, formando o caráter, eis o problema máximo cuja 
solução o momento reclama angustiosamente”. [VINÍCIUS. O mestre na 
educação. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009]. 
b) Paráfrase do texto acima: A educação deve empenhar-se, antes de mais 
nada, em formar homens de bem. 
 
De acordo com Meserani (1995), a paráfrase sempre remete a uma 
obra que lhe é anterior para reafirmá-la, esclarecê-la, deixando a 
intertextualidade marcada. Trata-se de um processo de reescrita que pode 
42 
incluir outros tipos de textos além dos literários, como os de caráter científico, 
por exemplo, e ainda a linguagem não verbal. 
Considerando as semelhanças existentes entre a paráfrase e o texto 
parafraseado, o autor a divide em dois tipos: 
 
a) Paráfrase Reprodutiva – é a tradução quase literal de um outro texto, 
servindo para reiterar, fixar, insistir, explicar, sintetizar, melhorar 
linguisticamente o texto, de forma parcial ou total. Tradicionalmente se 
conceitua a paráfrase reprodutiva como sendo simples reprodução, visto 
que o conteúdo do texto original é mantido no texto derivadoe não conta 
com expansão de ideias. Porém, esse tipo se distingue da cópia, onde há a 
transcrição total. Na reprodução, o objetivo é escrever o que for relevante 
da obra, necessitando assim por parte do produtor a habilidade de 
sintetizar. Neste caso não se pode falar em criatividade, pois se trabalha 
basicamente “no eixo de substituições semânticas, da sinonímia” 
(MESERANI, 1995, p. 100). São exemplos de paráfrases reprodutivas os 
textos de imprensa, as notícias, os resumos de novelas. 
 
ATENÇÃO 
Os textos acadêmico-científicos que constam neste e-Book, como o resumo e a 
resenha, são exemplos de paráfrase reprodutiva. 
 
Apresentamos a seguir a resenha da obra A anomalia poética, de 
Silvina Rodrigues Lopes, publicada na Revista de Estudos Linguísticos & 
Literários do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, Matraga. 
 
 
 
 
 
43 
CAPA DA OBRA 
 
Fonte: https://www.amazon.com.br/ANOMALIA-POETICA-SILVINA-RODRIGUES-
LOPES/dp/8566421191 Acesso em 30 de junho de 2021. 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Acesse a referida resenha através do link disponível a seguir: https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/matraga/article/view/56362/36898 
 
O outro tipo de paráfrase proposto por Meserani (1995) é a “Paráfrase 
Criativa”. 
b) Paráfrase Criativa – é aquela que “ultrapassa os limites da simples 
reafirmação ou resumo do texto original”, indo além da simples transcrição 
literal. Neste tipo de paráfrase, o texto se desdobra e se expande em novos 
significados. Podemos entender que há um afastamento do texto original, 
https://www.amazon.com.br/ANOMALIA-POETICA-SILVINA-RODRIGUES-LOPES/dp/8566421191
https://www.amazon.com.br/ANOMALIA-POETICA-SILVINA-RODRIGUES-LOPES/dp/8566421191
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/matraga/article/view/56362/36898
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/matraga/article/view/56362/36898
44 
ficando, contudo, no campo da semelhança, ou seja, há a mesma perspectiva, 
convergindo com o texto original, porém, expandindo-o. O texto parafrástico, 
nesta categoria, não discorda, mas distancia-se do texto original, indo além da 
simples reiteração. Trata-se de perspectivas diferentes. 
Enquanto a paráfrase reprodutiva se aproxima da reprodução, a paráfrase 
criativa possui sua dose de criação, dando origem a um novo discurso, sem, 
contudo, divergir do texto que lhe deu origem. Como exemplo de paráfrase 
criativa, podemos citar as Fanfics, processo de escrita no qual o sujeito utiliza 
a sua criatividade e reflexão, transformando o texto parafrástico em um novo 
discurso, uma nova voz. 
 
SAIBA MAIS 
A palavra “Fanfic” é uma abreviatura inglesa do termo fan fiction, um conceito 
que se refere à criação de qualquer tipo de obra a partir de uma história já 
existente. Este tipo de ficção é feito por fãs que recriam histórias de outros 
autores. A Fanfic pode ser aplicada em um romance, uma série de televisão, 
uma história em quadrinhos, enfim, a qualquer história já publicada. Do ponto 
de vista histórico, este fenômeno surgiu na década de 1930, quando alguns fãs 
de quadrinhos criaram suas próprias histórias inspiradas em seus personagens 
favoritos. 
Fonte: https://conceitos.com/fanfic/ 
 
Koch e Elias (2017, p. 102) apresentam uma lista de expressões que 
funcionam como introdutoras de paráfrase, a saber: 
✓ Isto é; 
✓ Ou seja; 
✓ Ou melhor; 
✓ Quer dizer; 
✓ Em síntese; 
✓ Em resumo; 
✓ Em outras palavras etc. 
Essas expressões promovem a ligação entre o que foi e o que será 
dito, criando um novo texto ancorado no anterior: o que foi parafraseado. 
https://conceitos.com/romance/
https://conceitos.com/fanfic/
45 
Embora existam autores que percebem a paráfrase como sendo um discurso 
sem voz e apresentando uma linguagem pouco evoluída, Sant’Anna (1985) não 
desvaloriza o trabalho realizado pelo autor da paráfrase. Segundo ele, ao 
reformular e restituir o sentido de um texto, o autor da paráfrase dá origem a 
um novo discurso que exigiu do seu produtor criatividade e trabalho reflexivo. 
Esse trabalho não deve ser confundido com plágio (assunto a ser tratado na 
próxima Unidade) ou uma mera reprodução textual. 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Amplie seus conhecimentos sobre paráfrase, intertextualidade e Fanfic. 
Leia o livro Intertextualidade, de Tiphaine Samoyault, publicado pela editora 
Hucitec, em 2008. Disponível no link: 
https://dtllc.fflch.usp.br/sites/dtllc.fflch.usp.br/files/Intertextualidade%20-
%20Livro%20completo.pdf 
Leia os artigos Parafrasear: Por quê? Pra quê?, de Onici Claro Flôres, 
publicado na Revista Letrônica. Disponível no link: 
https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/article/view/23314 
Leia A intertextualidade: um conceito em muitos olhares, de Gutemberg 
Lima da Silva e Roberta Varginha Caiado, publicado nos Anais do GELNE. 
Disponível em: http://www.gelne.com.br/arquivos/anais/gelne-
2014/anexos/708.pdf 
 
SUGESTÃO DE VÍDEO 
Assista ao vídeo O que é Fanfic? Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=kKwJ2xMcwys 
 
3.2 Discurso citado 
 
Vimos que os discursos são produzidos a partir do conhecimento de 
outros discursos que circulam na sociedade. Fazer referência ao discurso do 
outro é algo bastante comum no nosso dia a dia. 
Quando nos referimos aos discursos veiculados no contexto 
acadêmico-científico, dizemos que não é proibido usar as ideias e os conceitos 
produzidos por outros autores. No entanto, devemos saber como fazer isso, ou 
seja, como inserir o “discurso alheio” ou de “outra pessoa” em nossos textos, 
https://dtllc.fflch.usp.br/sites/dtllc.fflch.usp.br/files/Intertextualidade%20-%20Livro%20completo.pdf
https://dtllc.fflch.usp.br/sites/dtllc.fflch.usp.br/files/Intertextualidade%20-%20Livro%20completo.pdf
https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/article/view/23314
http://www.gelne.com.br/arquivos/anais/gelne-2014/anexos/708.pdf
http://www.gelne.com.br/arquivos/anais/gelne-2014/anexos/708.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=kKwJ2xMcwys
46 
sem cometer plágio. Para isso, é fundamental indicar a referência do discurso 
que foi citado diretamente ou indiretamente. 
Bakhtin (2000, p. 88) esclarece que nossas palavras não são 
“objetos virgens ainda não designados”, mas elas se cruzam e se encontram 
com as palavras do outro, de modo que todo discurso é essencialmente 
dialógico. Duas justificativas sustentam essa asserção: i) o discurso é 
construído entre pelo menos dois interlocutores que, por sua vez, são seres 
sociais; e ii) todo discurso se constrói como um “diálogo entre discursos”, ou 
seja, todo discurso mantém relações com outros discursos. 
Do ponto de vista do autor, “a palavra é uma espécie de ponte 
lançada entre mim e os outros. Se ela se apoia sobre mim numa extremidade, 
na outra apoia-se sobre o meu interlocutor. A palavra é um território comum do 
locutor e do interlocutor” (BAKHTIN, 2000, p. 63). 
O discurso citado ou “discurso alheio”, conforme Bessa e Bernardino 
(2011) e Maingueneau (2008), pode se manifestar de dois modos: discurso 
direto e discurso indireto. 
 
a) Discurso citado direto – procura conservar a integridade e a 
autenticidade do discurso alheio, esforçando-se para delimitar esse 
discurso com fronteiras nítidas e estáveis (itálico, aspas ou presença de um 
verbo introdutor). Só existe através do discurso citante, que constrói como 
quer um simulacro da enunciação citada. Nele, o locutor se constitui como 
simples porta voz das palavras do outro, que ocupam o tempo ou espaço 
na frase. 
Maingueneau (2008, p. 141) explica que por mais fiel que o discurso direto 
seja, “é sempre apenas um fragmento do texto submetido ao enunciador do 
discurso citante, que dispõe de múltiplos meios para lhe dar um enfoque 
pessoal”. 
 
b) Discurso citado indireto – o enunciador citante tem uma infinidade de 
maneiras para traduzir as falas citadas porque não são as palavras exatas 
que são relatadas, mas sim o conteúdo do pensamento.

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