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Carolina Pithon Rocha | Medicina | 3o semestre 1 Síndrome� Diarreica� O que é diarreia - aumento do número habitual de evacuações > 3x/dia - diminuição da consistência das fezes - aumento da massa fecal >200g/dia Pode ou não vir acompanhada de outros Sintomas: febre, tenesmo/urgência fecal, inapetência/anorexia (pensar em doença neoplásica), dor abdominal, flatulência, náuseas/vômitos, perda de peso (doença absortiva) Fisiopatologia o conteúdo fecal líquido origina-se de: ingesta oral (1-2L), secreções provenientes do estômago, i.delgado (muito grande), saliva, pâncreas e bile (8L) O i.delgado recebe 9-10L e absorve 6L no jejuno e 2,5L no íleo O cólon recebe cerca de 2L - 100 a 200ml saem na evacuações A diarreia é um processo complexo que raramente envolve apenas um mecanismo fisiopatológico: ex: cólera - grande estímulo à secreção, altera a motilidade, toxinas que alteram a permeabilidade da membrana ex: doenças inflamatórias intestinais - lesão da mucosa intestinal, produção de secretagogos pelo sistema imunológico ESCALA DE BRISTOL - aspectos das fezes Classificação das diarreias quanto à fisiopatologia: osmótica, secretória, inflamatória, motora, disabsortiva quanto à cronologia: aguda, persistente, crônica local de origem: alta (i.delgado - maior parte de absorção de líquido) x baixa (i.grosso) quanto à etiologia: infecciosa x não-infecciosa Classificação quanto à fisiopatologia: diarreia osmótica presença de substâncias osmoticamente ativas, pouco absorvidas na luz intestinal > retenção de água na luz intestinal para manter a osmolaridade intraluminal. Carolina Pithon Rocha | Medicina | 3o semestre 2 melhora com jejum e piora com a ingestão de alguns alimentos. pode haver distensão abdominal, hipertimpanismo, hiperemia na região anal. ex: uso de álcool, medicamentos (sorbitol, manitol), intolerância a lactose e frutose, induzida por Mg, disabsorcao de carboidratos diarreia secretória - compromete mais o i.delgado causa mais comum: infecções produtoras de enterotoxinas ex: infecção por e. coli enterotoxigênica salmonela, IECA, furosemida, d.celiaca, d.inflam intest, cafeína produção excessiva de hormônios e secretagogos ex: gastrina (gastrinoma), síndrome carcinoide (serotonina, prostaglandina, calcitonina), vipomas, outros Diarreia alta, não disentérica, geralmente indolor, pode haver febre, desidratação, taquicardia, hipotensão, que persiste com o jejum, aquosa com grande volume. diarreia inflamatória ou exsudativa secundária a processos inflamatórios, com consequente lesão de mucosa e aumento da permeabilidade intestinal, pode haver mais de um mecanismo fisiopatológico, pode ser infecciosa ou não. presença ou não de desinteria (sangue e muco nas fezes) ex: doença inflamatória intestinal, neoplasias, shiguelose, colite pseudomembranosa diarréia motora mudanças na motilidade intestinal podem influenciar na absorção de fluidos, principalmente no cólon hipomotilidade resulta em estase e supercrescimento bacteriano com consequente má absorção da bile e aumento da secreção intestinal hipermotilidade faz com que o bolo fecal não transite pelo cólon pelo tempo adequado > prejuízo à absorção ex: doenças funcionais (SII), hipertireoidismo, DM, medicamentos. diarreia disabsortiva deficiências digestivas e lesões parietais que impedem a correta digestão ou absorção principal sintoma: esteatorreia (gordura nas fezes) outros: restos alimentares nas fezes, distensão abdominal, grande volume fecal, perda ponderal ex: insuficiência exócrina do pâncreas, supercrescimento bacteriano, doença celiaca, intolerância à lactose e doença de whipple diarreia aguda duração até 14 dias manifestações associadas: náuseas, vômitos, febre, hipoatividade, outros contactantes com quadro similar, sintomas de vas principais etiologias: vírus (rotavirus, norovirus, adenovirus); bactéria (e.coli, salmonella, shigella, c.jejuni, v.cholerae); helmintos (estrongiloides, ancilostomo, necator); protozoários (giárdia, ameba); libação alcoólica Carolina Pithon Rocha | Medicina | 3o semestre 3 diarreia persistente a maioria das fontes classificam a diarreia com duração superior a 14 e inferior a 30 dias como intermitente área nebulosa: diarreia aguda prolongada? início de uma diarreia crônica? alguns poucos autores consideram que acima de 15 dias seria crônica na prática usa-se a primeira classificação diarreia crônica duração > 30 dias pode haver sinais e sintomas específicos, das etiologias subjacentes principais causas: infecciosas (protozoários e helmintos) e não-infecciosas (DII, neoplasias, intolerância à lactose, colites microscópicas, SII, medicamentoso, doença celíaca, síndrome disabsortivas) Investigação da diarreia - avaliação clínica avaliar duração do episódio avaliar o possível agente etiológico classificar a diarréia em inflamatória ou não inflamatória diarreia funcional x orgânica avaliar a gravidade do quadro diarreia no paciente com AIDS história clínica início dos sintomas, ingestão de alimentos suspeitos, uso de medicamentos número de dejeções, aspecto das fezes, volume, presença de muco ou sangue sintomas associados: febre, dor abdominal, náuseas e vômitos sinais de desidratação apresentação clínica bastante semelhante, independente do agente causador inflamatória (leucócito positivo, bactérias invasivas) x não inflamatória inflamatória bactérias invasivas ou produtoras de citotoxinas, parasitas - íleo e cólon quadro mais grave ruptura de mucosa, com perda de líquido, hemácias e leucócitos tempo de evolução, relação com alimentação, aspecto das fezes, presença de muco ou sangue, dor abdominal perda de peso, desnutrição, sangramentos, anemia alternância de ritmo intestinal fatores de risco para HIV etilismo Carolina Pithon Rocha | Medicina | 3o semestre 4 Exame físico avaliar o grau de desidratação, níveis pressóricos, temperatura, nível de consciência, estado nutricional, palidez, icterícia, presença de linfonodos ou massas abdominais, toque retal: diarreia inflamatórias, neoplasias, avaliar fístulas Indicada nas seguintes situações diarréia inflamatória sanguinolenta severa depleção de volume duração maior que 3 dias hospedeiro imunocomprometido dor abdominal importante e persistente sinais de irritação peritoneal surto na comunidade sinais de doença sistêmica Avaliação 1. descrição macroscópica das fezes: fezes aquosas, sem muco e sangue, sem febre, sugere diarreia secretória (intoxicações alimentares) 2. pesquisa de sangue oculto nas fezes - doença neoplásica 3. parasitológico de fezes 4. coprocultura 5. hemograma, vhs, pcr: avaliar grau de anemia, leucocitose, afastar doença inflamatória 6. glicemia: afastar diabetes 7. pesquisa de clostridium difficile: colite pseudomembranosa, relacionado a uso de antibióticos 8. retossigmoidoscopia e colonoscopia: doenças inflamatórias e neoplásicas 9. entero-ressonância e entero-tomografia: avaliar delgado nas doenças inflamatórias 10. cápsulas endoscopia: avaliar delgado diagnóstico diferencial incontinência fecal, diarreia fictícia, síndrome de munchausen e bulimia doença inflamatória intestinal importante causa de diarreia crônica retocolite ulcerativa (RCU): acometimento contínuo do cólon com inflamação apesar da mucosa doença de crohn (DC): acometimento salteado (pedras de calçamento), inflamação transmural, acometimento perianal, não é restrito ao cólon manifestações extra-intestinais: artrite, eritema nodoso, pioderma gangrenoso, uveíte, colangite esclerosante primária diagnóstico: colonoscopia com biópsias seriadas outros exames: provas inflamatórias, calprotectina fecal tratamento: depende da forma de acometimento da doença, localização, gravidade - opções disponíveis: mesalazina, corticóide, azatioprina, imunobiológicos Carolina Pithon Rocha | Medicina | 3o semestre 5 Etiologias - Colites microscópicas causas de diarreia crônica aquosa, não sanguinolenta com cólon de aspecto normal à colonoscopia fatores de risco: aines, ibps, estatinas, inibidores seletivos da recaptação de serotonina, tabagismo diagnóstico: colonoscopiacom biópsias seriadas colite linfocítica: > 20 linfócitos intraepiteliais/campo de grande aumento colite colagenosa: presença de banda subepitelial de colágeno > 10 micrômetros de diâmetro tratamento: budesonida Síndrome do Intestino irritável desordem gastrointestinal caracterizada por dor abdominal recorrente e alteração do hábito intestinal (diarreia ou constipação) geralmente associados a distensão fisiopatologia: alterações do eixo cérebro-intestino, gatilhos ambientais diagnósticos (critério de roma IV): dor abdominal recorrente (pelo menos 1x/semana) nos últimos 3 meses com início dos sintomas há pelo menos 6 meses + 2 dos seguintes critérios: a dor têm relação com a evacuação, mudança na frequência das evacuações, mudança na aparência das fezes ausência de sinais de alarme, história familiar de câncer colorretal Doença celíaca enteropatia sensível ao glúten: doença imunomediada do intestino delgado causada pela sensibilidade ao glúten em indivíduos geneticamente predispostos quadro clínico: diarréia volumosa, com fezes fétidas e flutuantes, esteatorreia, flatulência manifestações extra-intestinais: dermatite herpetiforme, deficiência de vitamina D, anemia ferropriva, neuropatia periférica diagnósticos: eda com biópsia de 2a porção duodenal + testes sorológicos (anti-transglutaminase) tecidual iga + iga sérico tratamento: dieta isenta de glúten Colite pseudomembranosa importante causa de diarreia em pacientes internados associa-se ao uso indiscriminado de antibióticos: fluoroquinolonas, clindamicina, cefalosporinas (qualquer um pode causar) Carolina Pithon Rocha | Medicina | 3o semestre 6 alteração da microbiota intestinal: proliferação do clostridoides difficile outros fatores de risco: uso de ibp, idade avançada, outra doença intestinal de base quadro clínico: diarréia aquosa, dor abdominal, febre, leucocitose pode evoluir para megacólon tóxico diagnóstico: toxinas A e B nas fezes - mais disponíveis, colonoscopia se alta suspeição e exames laboratoriais negativos - sempre avaliar se paciente têm condições de submeter ao exame: pseudomembranas! Tratamento: suspender o antibiótico causador vancomicina oral, fidaxomicina, metronidazol Momento anamnese como avaliar os antecedentes pessoais de um paciente com diarreia aguda? Uso de medicamento, alimentação, comorbidade prévia O que é importante avaliar e por que? Como avaliar os antecedentes pessoais de um paciente com diarréia crônica? Se exposto a algum agente, sinais e sintomas de alarme, inflamatória
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